Capítulo 24

Na semana seguinte ela estava no banheiro da faculdade lavando as mãos e se arrumando apressadamente, pois ficara até mais tarde estudando e estava atrasada para o trabalho. E foi então que Liara entrou, como seu intuito era apenas provocar foi logo dizendo:

-- Então, Micaela. Como está seu namorado? Ouvi dizer que tomou uma surra!

-- Não que isso seja de seu interesse, mas ele é meu noivo. E ele está muito bem, melhor ainda se manter distância dele.

-- Ah, sim! Noivo! Você enfatizou aquele dia.

-- Que bom, porque espero que tenha entendido o recado. – Respondeu ela já saindo.

-- Você é muito confiante, não é mesmo? – Disse a outra analisando as unhas e depois encarando Micaela.

-- Sou. Muito.

-- Que pena, isso vai ferir seu orgulho.

-- O que vai ferir meu orgulho?

-- Em pouco tempo ele vai estar bem aqui! – Respondeu Liara se aproximando e fazendo um gesto com o indicador indicando a palma da outra mão.

Micaela riu debochadamente e disse:

-- Você é ridícula.

-- Duvida de mim? Eu sempre consigo o que quero, Micaela. Sempre! Pergunta para o Alex?

No mesmo instante o sorriso de descaso desapareceu do rosto de Micaela e ela começou a ficar perturbada com o que a outra tinha dito.

-- Como assim?

-- Você não faz a mínima ideia, não é?

-- Do que está falando, Liara?

-- Quem você acha que avisou para o Alex qual era o novo local que o Nicolas te esperava?

-- Como é?

-- O Alex já estava bastante chateado com a interferência do seu noivo nas intenções dele como você. Depois que eu contei que o principezinho me fez de idiota jogando todo o seu charme e depois me deixando sozinha, ele ficou com muita raiva. Afinal ele queria defender minha honra, sou prima dele!

-- Você inventou essa história só por causa daquele dia?

-- Bom, não foi tudo invenção, ele realmente me deixou para ficar aos beijos com você na minha frente.

-- E daí? Você não tem nada a ver com ele. – Explodiu Micaela – E Nicolas nem estava dando atenção para você, sua oferecida!

-- Problema dele. Quem perdeu foi ele.

Aquilo foi a gora d'água para Micela. Ferir Nicolas apenas porque ele não a correspondeu? Ou foi um completo idiota que fazia tudo o que ela queria? Aquilo já era demais! Acertou uma bofetada no rosto esquerdo da garota, ela por sua vez virou o rosto de volta em direção a Micaela e disse com cinismo:

-- Perdeu a razão quando me bateu, querida.

-- E vou perder muito mais, querida!

Com um movimento rápido deu um soco no nariz de Liara a jogando para trás e deixando-a assustada com o ataque repentino.

-- Você ficou louca, Micaela? – Gritou ela.

-- Fiquei. Fiquei louca de raiva!

Micaela virou a garota de costas, torceu seu braço para trás e a prensou contra a parede deixando seu rosto colado ao azulejo frio.

-- Eu sei que tem mais coisa! Por que fez aquilo com Nicolas?

-- Do que está falando sua maluca?

-- Diga!! - Gritou Micaela apertando mais o rosto da garota.

-- Aí! Está bem.... Um cara grandalhão.... Ele pediu para o Alex fazer o serviço. E ele aceitou porque odeia o Nicolas.

-- Quem é o cara?

-- Eu não sei! Não vi direito o rosto!

Micaela bateu a cabeça da garota mais uma vez e ficou apertando o rosto de Liara com toda a força que dispunha e só parou quando suas amigas chegaram e a seguraram para que não fizesse coisa pior.

-- Micaela, pelo amor de Deus! – Disse Amália.

-- Me soltem! Eu vou acabar com essa atirada!

-- Vai se arrepender disso, Micaela. – Disse Liara, que caíra no chão, enquanto limpava o sangue do nariz – Vai se arrepender profundamente.

-- Não se atreva a chegar perto de Nicolas novamente, ou vou fazer muito pior que isso.

Suas investidas contra a garota eram bloqueadas pelas duas meninas que as seguravam.

-- O diretor vai ficar sabendo disso, e você vai ser expulsa, ou melhor.... Tudo vai para os jornais! Vai ser o melhor dia da minha vida.

-- Vai valer a pena a expulsão só por meter a mão nessa sua cara de pau, Liara. De qualquer forma não pode provar, não tem câmeras aqui.

-- Mas no corredor sim, e vão notar que eu entrei bem e saí espancada por você. Imagina a decepção do seu noivo!

-- Desgraçada! – Gritou.

E suas amigas a seguraram novamente para que ela não recomeçasse a bater na garota. Com muita dificuldade a arrastaram para fora do banheiro e para fora da faculdade.

Lá fora ela se desvencilhou dos braços das meninas e saiu andando sem dar explicações ou pedir desculpas, apenas queria andar para se acalmar um pouco.

Porém acabou dando de cara com Nicolas que chegava para busca-la, ele notou sua agitação e perguntou:

-- Aconteceu alguma coisa?

-- Só um probleminha, mas já passou.

-- Eu te conheço. Não é um probleminha, o que aconteceu?

Então ela contou toda a história para ele, inclusive o risco de expulsão, de mais escândalos e de ele talvez estar exposto. Agora falando e pensando com mais calma, notara o tamanho da burrada que havia feito.

-- Eu sou uma idiota.

-- Não é não. Calma, vamos dar um jeito nisso.

-- Vamos é? Achei que....

Um "v" profundo se formou na testa de Nicolas e ele perguntou com severidade:

-- Achou que o quê?

-- Nada, me desculpa... eu.... Sou uma imbecil. 

-- Tudo bem. Venha cá. – Dizendo isso ele a abraçou tão forte como se pudesse juntar todos os pedaços dela.

-- Só, por favor, me prometa que tomará cuidado. Talvez essa pessoa esteja perto.

-- Tomarei cuidado. Não se preocupe.

-- Pode me dar uma carona? Já estou atrasada para o serviço. Não posso faltar mais.

-- Claro! Vim aqui para isso. Entra no carro.

O motorista deu partida e rapidamente Micaela estava no serviço, no entanto não conseguiu trabalhar direito, a cabeça estava um turbilhão e ela não conseguia deixar de pensar nos fatos acontecidos. Mal podia esperar para chegar em casa e poder esquecer que aquele dia havia acontecido.

Micaela estava saindo da faculdade, novamente, quando recebeu uma mensagem de texto juntamente com a foto de Nicolas. A mensagem dizia: "Espero que tenha tido tempo para se despedir".
O coração dela gelou é começou a bater mais forte, e foi então que Nicolas surgiu na sua frente lhe lançando um sorriso.
Ela foi em direção à ele e começou a empurra-lo para sair dali.

-- Sai daqui, Nicolas!

-- O quê? Por quê?

-- Tem que sair. Por favor!

-- Eu fiz alguma coisa?

-- Não, não fez nada. Mas sai daqui! Rápido! Por favor! - Implorava ela desesperada.

-- Micaela, eu não estou te entendendo! O que está acontecendo?

-- Não dá pra explicar agora, Nicolas! Sai daqui!

Então ele estacou no lugar e mesmo que ela lhe empurrasse ou desse tapas nele, Nicolas não recuou. Sabia que ela estava desesperada e que alguma coisa tinha acontecido. A todo momento ela olhava ao redor buscando alguma coisa.

-- Pois eu não vou sair enquanto você não me falar o que há! - Disse ele determinado.

-- Por favor! - Implorou ela mais uma vez com os olhos cheios de lágrimas - Tem que sair daqui! Eu amo você, mas saia daqui. Eu não tenho tempo de te explicar!

-- Micaela....

Nicolas não teve tempo de terminar a frase, um estampido cortou o ar e algo o atingiu bem no centro do peito. Instantaneamente sangue jorrou dali e de sua boca e seu corpo pendeu todo para frente, enquanto Micaela gritava apavorada!

-- Nicolas! Não! Não, não, não! Pelo amor de Deus!

Enquanto ele estava no chão cuspindo sangue, Micaela se abaixou e tirou a blusa, fazendo uma compressa no lugar onde a bala tinha entrado para tentar estancar o sangramento.

-- Alguém me ajuda! - Gritava ela.

Mas as pessoas pareciam passar direto. Ninguém os notava ali e seu desespero aumentou quando o viu fechar os olhos e parar de respirar.

-- Nick!

Ela gritou se levantando com a respiração acelerada e o suor escorrendo pelas têmporas. A escuridão da noite não ajudava e ela demorou para associar que aquilo era apenas um pesadelo.
Pegou o celular e discou o número de Nicolas. A cada toque que ouvia e ele não atendia o coração de Micaela se apertava mais.
Por fim a voz dele soou sonolenta do outro lado:

-- Alô?

-- Nicolas! Você está bem?

-- Estou ótimo.... E você? Aconteceu algo?

-- Não eu só.... Tive um pesadelo horrível!

-- Que tipo de pesadelo?

-- Não quero falar disso! Queria apenas saber se você está bem!

-- Eu estou. Não se preocupe. Quer que eu vá aí?

-- Não! - Se apressou ela em dizer - Fique aí. Pode voltar a dormir, só.... Só tome cuidado, por favor!

-- Tomarei. Tente dormir também! Qualquer coisa pode me ligar.

-- Está bem.... Obrigada! Eu te amo.

-- Também te amo.

Logo ela desligou, mas demorou para pegar no sono novamente. O que Liara lhe disse naquele dia a deixou um pouco perturbada e com medo do que poderia acontecer.

"E lá vamos nós com mais uma dedicação. Quero dedicar esses dois capítulos que estou postando hoje, especialmente para a Luana. "Mas, Rafaela, de novo a Luana?" Sim, outra vez e de novo (Tudo bem, esse trocadilho foi horrível). Mas voltando ao assunto, hoje a dedicatória vai para essa linda que completa mais uma primavera. Parabéns, Lu, muitas felicidades e prosperidade. Obrigada por tudo! <3"

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