Capítulo 12
-- Vamos para casa! - Pediu Micaela em um tom quase infantil.
-- Tudo bem!
Já no carro Nicolas quis saber o motivo dela ficar tão assustada daquela maneira, mas Micaela se recusava a falar sobre o assunto e ficava cada vez mais nervosa.
-- Podemos, por favor, para de falar nesse assunto? Eu.... Eu não quero lembrar, eu não quero falar disso.
Ele nada mais perguntou, pois percebeu que aquilo a perturbava em um nível além do seu entendimento. Por isso apenas assentiu e a levou embora.
Chegaram um pouco tarde na casa de Chiara, mas as meninas ainda estavam acordadas esperando que Micaela chegasse. Antes que Nicolas fosse embora, porém, Duda disse:
-- No fim de semana vai ter uma festa bem legal na boate. Que tal se nós fossemos? Parece que o clima está um pouco pesado.
-- Eu acho uma boa ideia. Que horas passo aqui para pegar vocês? - Perguntou Nicolas.
-- Bom, não creio que alguém chegue lá antes da meia noite, então acho que pode vir nesse horário. Até chegarmos lá com certeza já vai estar aberto.
-- Tudo bem. Vejo vocês no final de semana.
Ele lançou um último sorriso à Micaela e partiu.
No meio da semana estavam andando pelo centro da cidade quando se depararam com um aglomerado de jornalistas, imediatamente Nicolas escondeu Micaela atrás de si, mas percebeu que o alvo não era ela, nem ele. Era outra pessoa.
-- Aquele não é Yago Fontele? - Perguntou Micaela observando melhor.
-- É sim. - Respondeu ele.
Chegaram mais perto da escadaria do prédio em que Yago entraria, e puderam ouvir melhor o que os jornalistas inquiriam.
-- Sr. Fontele, por que o senhor vai tirar o programa de intercâmbio para seu país? - Inquiriu um deles.
-- Não é algo que eu vejo como vantajoso.
-- Mas o senhor já deu milhares de bolsas de estudos em seu país e os resultados são bem satisfatórios. - Concluiu outro.
-- Sim, mas ultimamente o resultado não tem sido o mesmo. Agora se me dão licença, preciso entrar.
Ele adentrou o prédio cercado por seguranças e não deu mais nenhuma palavra sequer.
-- Eu não acredito nisso! - Disse Micaela se dirigindo a Nicolas - Esse programa era uma das melhores chances para os estudantes daqui! Como ele pode fazer isso?
-- Você não viu nada. - Se intrometeu um repórter que não os reconheceu - Ele está quebrando qualquer vínculo de estudos com os países. Parece que algum tempo atrás ele fez isso com Montanaris.
O coração de Micaela gelou e as palavras do homem pairavam em sua mente, mesmo que ele tivesse acabado de proferi-las. Justo Montanaris? Era um dos países em que mais estudantes aderiam a esse programa, todos os anos milhares deles iam para o país vizinho de Ferzo, país onde Yago era ministro, e agora ele simplesmente quebrava esse vínculo. Não era justo.
-- Montanaris? - Sussurrou ela.
Não obteve resposta alguma, já que o rapaz tinha ido embora frustrado.
-- Micaela, eu sinto muito. - Disse Nicolas para tentar consola-la.
-- Tenho que falar com ele.
Micaela começou a andar em direção ao prédio, mas foi impedida por Nicolas que entrou na sua frente.
-- Espera aí! Vai entrar lá e fazer o quê? Dizer quem é?
-- Talvez funcione!
-- Micaela, eles não irão acreditar.
-- Mas ele sim. Yago frequentava minha casa, ela me reconheceria.
-- Está certo, mas não tem chance alguma de você entrar. Ele é um parlamentar, não te deixariam chegar perto dele.
-- Alguém tem que fazer alguma coisa.
-- Acha que já não tentei?
Ela olhou para ele fixamente e perguntou:
-- Você intercedeu pelo meu país?
-- Eu tentei. Falei que Montanaris tinha uma das melhores educações do mundo. E que seria vantajoso para ele ter jovens tão bem capacitados, mas ele não quis ouvir mais nada. Estava decidido e ameaçou cortar o programa de Vienere também.
-- Obrigada! - Respondeu ela o abraçando forte, depois se recompôs e continuou - Mas eu não vou sair daqui da frente sem falar com ele.
-- Micaela, isso é perda de tempo.
-- Tenho que tentar. Pelo menos fazer algo pelo meu país.
Nicolas bufou e ficou ali por longos minutos junto com Micaela, vendo que ela não iria ceder e provavelmente iria se meter em confusão, ele logo a agarrou pelas pernas e a colocou em cima do ombro, dizendo:
-- Vamos embora.
-- Nicolas, me solta! O que está fazendo?
-- Te livrando de um escândalo. - Respondeu ele começando a andar pela rua.
-- E me colocando em um maior ainda, as pessoas estão olhando.
-- Dane-se, deixe-as olhar, isso nunca arrancou pedaço algum.
-- Nicolas, me põe no chão.
-- Vai sonhando.
Ele parou em um cruzamento, esperando o sinal para o pedestre passar, logo uma menininha loira por volta dos cinco anos parou ao lado deles e os encarou. Depois puxou a barra do vestido da mãe e disse:
-- Olha, mamãe, um príncipe e uma princesa!
Nicolas encarou a menina, espantado. Não era possível que uma menina tão pequena os reconhecesse.
-- Olha que menina esperta! - Disse ele - E como sabe o que somos?
-- O príncipe sempre carrega a princesa assim. - Respondeu ela.
-- Eu não acho que seja assim não. - Respondeu Micaela.
-- A princesa está machucada? - Continuou a pequena.
-- Um pouco. - Respondeu Nicolas - Mas eu vou cuidar dela.
-- Talvez com um beijo melhore!
-- Por que você não tenta?
Ele colocou Micaela no chão e a virou de frente para a menina que disse:
-- Não meu, seu bobo, o seu!
Nicolas gargalhou e Micaela simplesmente não conseguiu se segurar e caiu na risada também, depois se agachou até ficar na altura da menina e respondeu:
-- Mas talvez o seu também ajude!
A menina deu um largo sorriso e beijou o rosto de Micaela. A mãe que assistia toda aquela cena com um sorriso no rosto, quando encarou Nicolas se surpreendeu.
-- Eu conheço você! - Disse ela - É o príncipe que está no país!
-- Sim, sou eu.
-- Minha nossa! Pode tirar uma foto com a minha filha?
-- Ah.... Claro!
Nicolas se agachou perto da menina e Micaela se levantou tentando se afastar, porém a pequena a segurou dizendo:
-- Quero que você fique!
-- Tudo bem.
Logo a mãe da menina tirou uma foto e agradeceu os dois, depois partiu com um sorriso maior que o da filha.
Nicolas achou graça daquilo tudo e também estava com um sorriso no rosto, mas percebeu que Micaela não.
-- O que foi? - Perguntou ele notando seu semblante sério.
-- Eu estou ferrada!
-- Por quê?
-- Ela te reconheceu, Nicolas. Com certeza vai postar sua foto em alguma rede social, com certeza vai viralizar.... E eu estava na foto.
Ele ficou um minuto em silêncio embaraçado com a situação, por fim disse:
-- Me desculpe, eu não queria....
-- Tudo bem, Nicolas. Não foi sua culpa. Acho que tudo isso foi minha culpa. Não estaria nessa encrenca se não tivesse feito o que fiz....
-- Como assim?
-- Eu fugi! Fui uma covarde. E pensei que estava protegida em meu castelo que construí, mas mal sabia que ele era feito de cartas.... E você foi o vento que soprou meu castelo. Realmente você não tem culpa disso.... Nessa teia de mentiras eu acabei me perdendo.
-- Não estou entendendo.
-- Eu me perdi de mim! Eu não sei mais quem eu sou! - Disse ela aumentando o tom de voz.
-- Como não sabe? Você é Micaela Belmok.
-- É mesmo? Pergunte às pessoas quem é Micaela Belmok. - Sussurrou.
Dizendo isso ela começou a caminhar em direção no prédio novamente e Nicolas começou a segui-la.
-- Eu tinha um propósito. - Continuou Micaela.
-- Um propósito?
-- Sim, quando eu era mais nova tinha um. Queria que se lembrassem de mim pelo que eu fiz, por ajudar, por fazer bem às pessoas e não por ser uma herdeira de um país. Mas pelo que vejo os que se lembram de mim, só se lembram como uma morta. Eu perdi minha essência. Perdi o que eu era. Simplesmente me acomodei nessa vida e não quis fazer mais nada. Eu deveria ter ficado. - Sua voz falhou - Deveria ter enfrentado.
-- Ei! - Chamou Nicolas segurando seu braço com gentileza e a fazendo se voltar para ele - Não se culpe por isso. Você era nova, estava com medo.
-- Não justifica, Nicolas. Quantas coisas eu poderia ter feito? Se eu tivesse ficado quem sabe eu poderia ter ajudado mais pessoas a conseguirem empregos e estudos....
-- Você não poderia saber....
-- Exatamente!... Mas eu não tentei. Onde eu deixei meu propósito? Hoje eu sei... agora entendi porque estou assim.... Eu fui egoísta....
-- Não....
-- Fui sim! Você tinha razão, Nicolas. Fui egoísta e só pensei em mim mesma. Só pensei no que eu queria e sequer pensei em como as pessoas ficariam com a situação dos países.... Me perdoa. Eu te decepcionei.
-- Olha para mim. - Pediu ele tomando o rosto dela entre as mãos - Você não decepcionou ninguém. Errar faz parte da vida, e reconhecer seu erro já te faz alguém melhor. Reconhecer o que fez mostra o quanto amadureceu e que está no caminho para conseguir chegar a seu propósito. E não precisa fazer tudo sozinha. Eu estou aqui e se quiser alguém para ajudar a retomar seu caminho sabe que pode contar comigo.... Você é incrível, Micaela. Uma das melhores pessoas com as quais convivi. Só me deixa chegar mais perto para te ajudar. Não se feche tanto. Deixa-me me aproximar.
Lentamente ele aproximou o rosto do dela e lhe deu um beijo carinhoso que ela retribuiu na mesma intensidade. Quando se afastou de Nicolas, Micaela pôde ver Yago já saindo do prédio. Imediatamente ela tomou uma postura séria e começou a ir na direção do homem, dizendo:
-- Os dias de covardia acabaram.
Ao se aproximar do homem logo foi barrada pelos seguranças, mas Yago acabou se interessando pela jovem e disse:
-- Podem soltá-la. - E quando ela se aproximou dele, completou - Eu conheço você.
-- Conhece. Você ia visitar meus pais com frequência.
-- Belmok! - Apesar do tom de sua voz Yago não parecia nada surpreso, pelo contrário, parecia já esperar por aquilo - Então é verdade.... Você está viva.
-- Estou.
-- Lambertini.
-- Fontele. - Nicolas o cumprimentou com o ligeiro aceno de cabeça e se posicionou atrás de Micaela, já preparado para o que poderia vir.
-- Então, o que deseja, jovem Belmok? - Perguntou o homem.
-- Por que rompeu o vínculo estudantil com Montanaris?
-- Ah, ficou sabendo disso?! Pois bem, não me interessava.
-- Por anos, mantivemos esse vínculo e agora o senhor rompe como se nada tivesse existido? - Explodiu ela indignada.
-- Engraçado você se importar tanto com seu país, garota.
-- Como assim?
-- Não foi você que fugiu e deu as costas a toda aquela situação que seu povo vivia? Não foi você quem partiu para longe e não quis saber de mais nada? Se escondeu em um país distante, presando pela própria segurança enquanto Vienere e Montanaris não podiam garantir segurança alguma de suas populações.
-- Eu.... Eu sei que podia ter ficado....
-- Podia? Era seu dever ficar. Um cidadão que ama verdadeiramente a pátria, fica e luta! Me dê um motivo para continuar investindo em seu pequeno país.
Micaela engoliu tudo aquilo que aquele homem havia dito, tratou de recobrar o equilíbrio e depois inspirando fundo respondeu:
-- Nós temos os maiores índices de aprovação em faculdade e universidades estrangeiras, além disso, o ensino superior em nosso país é gratuito, sempre investimos muito bem na área da educação. Por isso temos alto desenvolvimento tecnológico e exportamos muitos produtos que são inventados e produzidos por jovens mentes brilhantes que você recusa a aceitar em seu país.
Fontele a encarou por alguns segundos. De fato, Micaela Belmok era espirituosa, sabia muito bem argumentar e conversar sem perder a compostura. Era algo que estava em seu sangue, embora ela tenha renegado isso.
-- Engraçado. - Disse ele - Você usa a palavra "nós", mas não põe o pé onde nasceu há cinco anos. Como pode saber tanto?
-- Ficar longe do me país não quer dizer que me desconectei dele.
-- É uma pena.... Seus argumentos são bons, mas.... Não tem autoridade para nada.
Aquilo atingiu Micaela bem no centro de seu peito e ali ela se sentiu uma completa inútil. Nicolas tentou ir para cima do homem, mas Micaela o segurou e disse:
-- Não, Nick! Não adianta.
Dizendo isso ela simplesmente se afastou e começou a caminhar na direção oposta do homem.
-- Você é um idiota! - Disse Nicolas para Yago.
-- Ela precisava de um choque de realidade.
-- E tinha necessidade de ser tão rude?
-- A vida não vai trata-la como uma princesinha sempre. A vida é bem mais dura que isso. Ela precisa amadurecer.
Nicolas não deu nenhuma resposta, apenas virou as costas e foi atrás de Micaela. A encontrou em um parque ali perto sentada em um banco observando as crianças que corriam entre as árvores.
Devagar ele se sentou ao lado dela e disse:
-- Não leve a sério que ele disse.
-- Ele tem razão.
-- Não, não tem.
-- Que autoridade eu tenho, Nicolas? - Perguntou ela finalmente o encarando.
-- Não é sobre autoridade que estamos falando. Ele não tinha direito de falar daquela forma com você.
-- Até quando vai tentar tirar o peso dos meus ombros?
-- Bom....
-- Sabe porquê eu não quero ir embora?
-- Por causa da Chiara de das meninas.
-- Não, não é só isso. Eu.... Eu queria saber como as pessoas vivem. Eu me sinto ligada a elas de alguma forma, eu gosto de ver como são batalhadores, e como são fortes. Eu queria viver a realidade deles para quando eu assumisse, talvez eu tivesse alguma ideia da real necessidade deles, e quem sabe eu tomaria as decisões mais acertadas. E você sabe que se eu voltar eu não vou ter esse contato com o povo. Eu sei, Nicolas, que muitas pessoas gostariam de estar no meu lugar, mas nenhuma delas imagina o quanto é sufocante crescer e viver dentro de uma redoma criada por protocolos e costumes a serem seguidos! Ninguém sabe pelo que passamos, eu sei que você me entende!
-- Perfeitamente.
-- Acontece que eu queria tomar um choque de realidade e.... Acabei sendo eletrocutada. - Brincou ela, em seguida retomou a expressão séria e continuou - É como o ditado diz, tudo que é demais faz mal.
-- Entendo que queira saber como as pessoas vivem, e entendo que queira estar perto deles. E quer saber de uma coisa? Acho isso incrível.
Nicolas mal terminou de falar e seu celular vibrou, uma mensagem havia chegado.
"Diga à Micaela que seus argumentos se provaram válidos. A aliança com Montanaris será reestabelecida. Continue com o bom trabalho. Não se pergunte como eu consegui seu número, Lambertini, tenho muitos contatos.
Y.F."
-- Parece que você conseguiu fazer um bom trabalho. - Disse Nicolas mostrando o celular para Micaela.
Ao ler a mensagem um sorriso iluminou o rosto dela e ela logo se pôs de pé dizendo com euforia:
-- Eu não acredito!
-- Eu falei que podia tudo. Continue o bom trabalho. - Nicolas disse imitando a frase de Yago para depois se levantar a abraçar Micaela.
-- Obrigada!
-- Pelo quê?
-- Você é minha inspiração.
Ou vindo isso ele a apertou mais forte a mantendo junto de seu peito.
O fim de semana chegou e às onze da noite as meninas já estavam prontas e esperando Nicolas. Ele, porém, só chegou meia noite e meia, usando calça social, colete e uma camisa com gravata. Micaela ao ver aquilo imaginou que talvez ele só tivesse peças daquele modelo na mala. Resolveu então intervir.
-- Onde está a roupa que fomos no parque? Francamente! Você vai de social numa balada?
-- Se quer saber, Belmok, eu coloco minhas roupas para lavar. - Respondeu ele debochado - Além disso, eu não poderia adivinhar que iria em uma boate. Vim para esse país para negociar.
-- Pois bem, mas agora vai à uma festa. Vamos dar um jeito nisso.
Ela rapidamente arrancou o colete e a gravata e abriu os dois primeiros botões da camisa, deixando a mostra um pedaço de pele do tórax bem definido e alguns pelos negros que ali se acumulavam.
Não demoraram muito para que saíssem. Agitadas como as meninas estavam parecia que não iam à uma balada há séculos. Quando chegaram ao local foram recepcionados por uma multidão que também estava ansiosa para aliviar ali o estresse da semana. Porém, logo passaram na frente de todos e arranjaram um camarote para ficar, parecia que quando as pessoas descobriam quem Nicolas era, elas moviam céus e terra para poder proporcionar o melhor para ele, sendo assim era fácil conseguir as coisas tendo ele ao lado.
A princípio Micaela ficou junto com Nicolas em um canto enquanto as meninas dançavam sem constrangimento algum na pista. Por fim se cansou de ficar parada e foi se juntar a elas. Nicolas também se cansou do camarote e resolveu que ir para o bar, ele apenas observava o local sem jamais desgrudar os olhos da garota e daqueles olhos azuis que mais pareciam duas safiras. Eram tão hipnotizantes que ele não saberia dizer onde estava, que horas eram, quando chegara ali, e talvez nem lembrasse o próprio nome. Quando percebeu que ela vinha de volta em sua direção, tratou de recuperar a consciência.
-- Por que está parado aqui? - Perguntou ela.
-- Eu prefiro o bar. - Respondeu Nicolas virando um gole de whisky para dentro.
-- Como é que você pegava as garotas nas festas que ia se só sabe ficar parado?
-- E acha mesmo que eu precisava fazer algo?
Micaela encarou aquilo como uma brincadeira egocêntrica de Nicolas e resolveu dar uma resposta para provoca-lo.
-- Você não sabe dançar!
-- Quem disse que não?
-- Se soubesse não ficaria aí parado como uma estátua. Eis uma coisa que Nicolas Lambertini não sabe fazer.
-- Claro que sei! Só não estou com vontade. Além disso, não me sinto bem dançando.
-- Deixa de ser orgulhoso! Admita que não sabe.... Ou aceite o desafio e vem dançar comigo.
-- Você não quer me desafiar, Micaela! - Respondeu ele semicerrando os olhos.
-- Pois eu o desafio!
-- Irá se arrepender.
Ele já se aproximava mais dela quando ela desviou e disse:
-- Tudo o que precisa é de um estímulo. Vamos beber alguma coisa.
Ela pediu duas vodcas e quando o barman entregou os copos ela se dirigiu para Nicolas dizendo:
-- De uma vez só?
-- Você quer beber tudo isso de uma vez?
-- Por quê? Não aguenta, principezinho?
Ele não poderia aguentar mais ela debochando dele daquele jeito. Seu último comentário foi a gota d'água. Nicolas pegou o copo e virou tudo de uma vez sentindo o líquido descer queimando. Quando olhou de volta para Micaela, ela o encarava com perplexidade. Quando retomou a fala disse:
-- Eu só estava brincando, Nicolas!
Ele a olhou ofendido e perguntou:
-- Está falando sério? Eu bebi isso tudo de uma vez apenas porque você estava blefando?
Micaela se limitou a apenas dar de ombros e rir. Nicolas não conseguiu ficar sério também e logo caiu na gargalhada. Depois que se acalmou disse:
-- Já que eu vou ficar bêbado, por que não aproveitamos enquanto estou sóbrio?
-- Como assim aprovei....
Mas Nicolas não deixou ela terminar a frase, envolveu sua cintura com as mãos e puxou para perto buscando seus lábios com ferocidade. Dessa vez Micaela não tentou nem resistir e retribuiu o beijo. Enquanto isso Amália, que estava do outro lado da pista e um pouco alterada, gritou:
-- Uhuull. Isso aí, Mi, pega ela de jeito. Aproveita, garota!
Logo os dois foram para a pista dançar. Nicolas estava um pouco mais bêbado que Micaela e se soltara mais, no entanto, ao ver que um rapaz a olhava ele se alterou. O semblante ficou sério e irritadiço.
-- Tá olhando o quê? - Gritou para o rapaz - Tira o olho da minha mulher!
Micaela percebeu que o outro recuara um pouco enquanto Nicolas continuava a esbravejar. Tratou então de interferir, tomando o copo da mão dele e levando para o outro lado enquanto dizia:
-- Já chega! Você já bebeu demais por hoje.
-- Ele eztava te olhando!
-- Mas não está mais. Não tem motivo para tanta implicância. Acho que levei você para o mau caminho.
-- Não levou não! Ezze caminho é muito bom. Aliáz, me dá o copo.
-- Nem pensar.
-- E quem vai beber izzo?
-- Eu bebo. - Respondeu ela virando tudo na boca.
Micaela só não esperava perder o controle e acabar exagerando também. Perdeu totalmente o senso e quando percebeu já estava exatamente igual ou pior do que Nicolas.
"Olá, pessoas! Como vão? O que será que esses dois vão aprontar depois da noitada, hein? Em breve descobriremos. Agradeço por lerem até aqui. Vocês me ajudam muito. Beijos!!"
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top