× capítulo 16 ×

Seonghwa não sabia o que esperar quando os seguranças retornaram e os guiaram pelos mesmos corredores que eles passaram para chegar até a sala, se ele estava se lembrando certo. A partir de certo ponto do trajeto, ele começou a se perder enquanto tentava memorizar o caminho ao mesmo tempo que tentava manter San e Wooyoung em sua linha de visão enquanto os seguranças os puxavam sem qualquer consideração ou cuidado.

Tanto Seonghwa quanto Wooyoung tentavam chamar a atenção e caminhar mais barulhentos para disfarçar os sons causados pela prótese de San, evitando que isso fosse usado por eles como uma fraqueza. Ele mal conseguia evitar que a ansiedade se espalhasse por seu corpo enquanto permaneciam na incerteza, sem saber o que aconteceria com eles até que seus amigos trabalhassem em um plano para resgatá-los. Seonghwa confiava neles, claro que sim, mas ele sabia que precisava agir como se não pudesse contar com ninguém, ele precisava tirar San e Wooyoung daquela situação a todo custo. Ele já os conhecia mais do que o suficiente para reconhecer os sinais do medo e da ansiedade se espalhando. Naquele momento mais do que nunca ele não podia ser o primeiro a cair.

Eles foram guiados pelos corredores até uma escada estreita e pouco iluminada, onde os seguranças — dois para cada um — se dividiram, descendo um antes e um depois de Seonghwa, deixando-o sem opções de fuga, San e Wooyoung na mesma situação enquanto eles avançavam pelos degraus tentando não tropeçar com a falta de visibilidade.

A escada estreita os levou até um corredor que terminava em uma sala grande demais para ser ocupada por um homem apenas. Seonghwa não o conhecia, mas suas roupas entregavam sua classe social e quanto poder ele segurava nas mãos ocupadas segurando uma rosa azul. Ele pensou em alguma forma de se colocar à frente de Wooyoung e San, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, San soltou um arquejo surpreso ao olhar para o homem, que teve sua atenção atraída para ele.

Seonghwa não sabia qual seria o resultado de tudo aquilo, mas uma expressão de choque atravessou o rosto do homem desconhecido antes que ele começasse a rir como um maníaco enquanto olhava para San.

— Então você está vivo? Eu não esperava que você fosse chegar tão longe! — falou quando acabou de rir, deixando claro que ele, quem quer que fosse, tinha uma história com San e não era coisa boa, se o rosto pálido e a expressão de pânico de San era algum indicativo.

O homem deixou a rosa sobre a mesa e se aproximou, gesticulando para que os seguranças que cuidavam de San se afastassem antes de segurá-lo pelo queixo com força, fazendo Seonghwa se debater para alcançá-los e tirar o amigo daquele lugar, mas seus captores o impediram.

— Até que cresceu bem. Quem diria! — disse, se afastando mais uma vez para olhar para San antes de se abaixar e levantar a barra direita da calça, que Seonghwa sabia que escondia sua prótese e ficou assustado com o quanto aquele homem parecia saber e como ele parecia ter poder sobre San. — Que coisa! Alguém se importou em te salvar e ainda te deu um trambolho para não ficar andando por aí incompleto.

Wooyoung se debateu com força em seu lugar.

— Tira essa sua mão podre dele.

Um de seus captores lhe acertou um tapa na cara e foi a vez de Seonghwa se debater, recebendo um puxão de cabelo antes que o homem se levantasse e finalmente tirasse o olhar de San, que soltou um suspiro trêmulo de alívio quando ele finalmente se afastou, olhando para os outros dois.

— Vocês sabem quem eu sou? — perguntou o homem, arqueando a sobrancelha esquerda com deboche. — Eu sou Choi Pilwon, CEO da Starship e pai dessa coisa que veio acompanhando vocês.

Seonghwa ficou sem saber se reagia à informação de que estava na presença da pessoa que construiu todo um império usando as dores de outras pessoas ou se se debatia mais uma vez para se aproximar de San, que tremia em seu lugar enquanto encarava o chão como se nem estivesse mais naquele espaço. De repente, o desespero de San para que o plano fosse posto em prática logo fez muito mais sentido.

— Sabe, quando eu tive meu primeiro e único filho, eu esperava que ele me desse muito orgulho. Mas ele falhou. Ele só tinha um trabalho, coisa simples, mas ele não foi capaz e só me deu dor de cabeça. Sinceramente, me arrependo de ter contribuído em qualquer grau para o nascimento dele se o mais longe que ele chegou na vida foi invadir a minha galeria — desdenhou enquanto negava com a cabeça.

— Quem você pensa que é para falar assim dele? — Seonghwa retrucou antes que pudesse pensar melhor. — Quem te deu o direito? Você age como se fosse muito superior a ele, mas a sua empresa continua longe do primeiro lugar do país no tratamento da Doença da Pétala. Isso não faz de você o incopetente? — Seu tom estava mais embebido de desdém do que Seonghwa jamais usou em sua vida e ele sentiu mais do que viu o soco que recebeu. Ele não fez mais do que rir. — Acertei um nervo? É um ponto que você vem trabalhando na terapia? Acho que não está dando certo, se esse é um tópico que fere o seu ego tanto assim.

Seonghwa recebeu outro soco e ouviu as vozes de San e Wooyoung ao fundo, mas não tirou os olhos de Pilwon.

— Não ache, nem por um segundo, que ele não tem ninguém ao lado dele — falou, se aproximando do CEO ao ponto de seus narizes quase se tocarem. — Não tem poder neste mundo que me impeça de acabar com você se encostar mais um dedo nele. Em qualquer um deles.

Pilwon riu com vontade enquanto usava um lenço para limpar o sangue de Seonghwa dos dedos.

— Parece que você tem uns amigos com personalidade forte, meu filho, mas eu posso dar um jeito nisso — garantiu, se afastando. — Levem eles de volta por enquanto. Seok vai dar um fim neles e fazer parecer suicídio.

Seonghwa não deixou que o ódio desse lugar ao medo, sabendo que uma vez que o fizesse não teria mais volta, apenas ergueu a cabeça e encarou Pilwon com um olhar que prometia violência em cada forma possível até que ele fosse deixado para trás na sala enquanto eles sumiam pelos corredores.

⸻ 〤 ⸻

Os três foram levados para a mesma sala e deixados sozinhos mais uma vez. Com a ausência dos seguranças, San imediatamente começou a tremer e suas pernas perderam a força, fazendo com que ele se abaixasse, levando a mão ao peito enquanto tentava respirar.

Seonghwa e Wooyoung se aproximaram com pressa e o tatuador pegou a mão livre de San entre as suas.

— San!

— Sannie, Sannie — Wooyoung chamou, a voz beirando o desespero enquanto procurava por ferimentos físicos. — O que foi? O que aconteceu?

San ergueu o olhar, os olhos sem foco enquanto tentava controlar a própria respiração.

— Young-ah, hyung, eu não consigo respirar — falou entre arquejos pesados enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.

Seonghwa levou uma das mãos até o queixo de San e fez com que ele o olhasse.

Shhh, respira comigo, devagar.

Ele o guiava em sua respiração, incentivando-o a inspirar e expirar com calma enquanto Wooyoung afagava as costas dele em um carinho silencioso.

Eles repetiram o processo algumas vezes até que San conseguisse normalizar a respiração, caindo nos braços de Seonghwa e chorando enquanto ele fazia o seu melhor para servir de algum conforto e Wooyoung embalava os dois em seu abraço, suspirando aliviado ao ver San se acalmar.

— Seu rosto, hyung — disse ele, se afastando do abraço para avaliar o estrago causado no rosto de Seonghwa, dolorido, onde sangue começava a se acumular.

— Ah, isso? Não é nada demais, eu já recebi piores — Seonghwa respondeu, dando de ombros, para tentar aliviar o clima.

— Isso mesmo, nosso hyung não vai cair pra um velho como aquele — concordou Wooyoung, fazendo San soltar um pequeno sorriso antes de voltar a afundar o rosto no pescoço de Seonghwa, que o acolheu em um abraço enquanto os dois se encostaram na parede para ficar mais confortáveis e Wooyoung deitava a cabeça no ombro esquerdo do tatuador, que também o acolheu, e segurando a mão de San. — Nós estamos com você, Sannie.

Wooyoung levou a mão de San até os lábios e deixou um beijo carinhoso, fazendo Seonghwa sorrir.

— Os outros vão nos tirar daqui, não se preocupem.

Embora ele não pudesse confirmar quanto daquelas palavras eram verdade, Seonghwa sabia que mesmo que eles não conseguissem tirá-los de lá, seus amigos estavam dispostos a morrer tentando, assim como ele estava disposto a dar cada pedaço de si mesmo para manter os dois rapazes em segurança.

───── continua...


Notas da autora

Eita galera, o babado bateu no ventilador. O que estão achando? Nós estamos chegando no final da nossa fic, o que vocês esperam daqui pro final?

Espero que estejam gostando e até semana que vem.

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