× capítulo 12 ×
Seonghwa tinha o tablet em sua mão e um desenho ia tomando forma enquanto esperava pelo resto do grupo sentado no sofá. Jongho, escondido debaixo de um carro enquanto trabalhava, cantarolava e Yeosang atualizava os códigos de Bola de Neve. Eles passaram um tempo nesse silêncio confortável até San e Wooyoung chegarem e chamar a atenção, acabando com o quietude enquanto Wooyoung se jogava sobre Yeosang em um abraço e San se sentava ao lado de Seonghwa com um sorriso tranquilo que ele retribuiu. Mingi chegou em seguida e Hongjoong por último, esse lançando um olhar e um sorriso na direção de Seonghwa que ele preferia não dar tanta atenção antes que seus pensamentos saíssem de controle como ele já tinha experienciado antes. Com a chegada deles, Yeosang se ocupou de entrar em contato com Yunho.
Com o grupo reunido mais uma vez e sabendo que era uma das últimas vezes porque as coisas finalmente estavam avançando para a execução do roubo, a tensão no ambiente cresceu, embora todos eles estivessem sendo mais cuidadosos para se manter calmos e esfriar a cabeça antes de falar qualquer coisa.
A discussão da vez era se o grupo que não entraria na galeria deveria ficar junto enquanto esperava ou espalhado e para onde o outro grupo deveria ir depois de finalizar o roubo. Yeosang, Seonghwa, San e Mingi eram a favor de manter todo mundo junto para qualquer emergência, enquanto Hongjoong, Wooyoung e Yunho defendiam que eles deveriam ficar separados para que fosse mais difícil de rastrear.
Jongho deu sua opinião e selou a decisão.
— Olha, eu acho que na pior das hipóteses a gente vai ter que se esconder de qualquer forma e vai ser mais fácil se nós tivermos mais lugares disponíveis nesse caso. Somos em oito pessoas, temos um total de seis lugares físicos em caso de necessidade, se nós estivermos separados e acabarmos descobertos vários desses lugares vão ser expostos de uma vez. Além disso, San e Wooyoung hyung precisam se preocupar com as crianças sob as asas deles, vocês querem arriscar expor eles também? — Jongho perguntou, arqueando a sobrancelha. Wooyoung negou com a cabeça. — Eu imaginei, então acho melhor ficarmos juntos antes, durante e depois porque se der tudo errado, ninguém cai com a gente.
Sinceramente, Seonghwa não gostava da mentalidade de que alguma coisa podia dar errado, porém ele sabia que era uma possibilidade como sempre foi e eles precisavam de um plano para lidar com ela. San e Wooyoung especialmente estavam correndo mais riscos e Seonghwa queria proteger Haerin e Yujin se pudesse. No fim, eles concordaram e Jongho ofereceu a oficina para abrigar todo mundo quando a coisa finalmente acontecesse.
Estava chegando o momento da verdade e eles finalmente iam começar a colocar a mão na massa.
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Hongjoong ainda sentia a necessidade de agradecer a Seonghwa pelo esporro que fez com que ele acordasse para a vida e o convidou para passar um tempo em seu apartamento. Ele não esperava, no entanto, ficar tão ansioso pela presença dele, embora talvez ele devesse ter esperado por isso porque ele sabia que seu encanto por Seonghwa estava crescendo cada vez mais e se transformando em outra coisa, algo que ele ainda não estava pronto para rotular, mas fazia com que ele procurasse por essa presença cada vez mais.
Seu apartamento continuava velho e pequeno e Hongjoong quase nunca se sentia confortável de fato ali, Seonghwa, porém, não se importou com nada além dele quando entrou e direcionou um sorriso alegre.
— Desculpa a demora, Yeosang precisou de ajuda com algumas coisas em casa e eu acabei me enrolando — disse enquanto Hongjoong fechava a porta atrás dele.
— Não tem problema.
Hongjoong o guiou pelo espaço apertado e eles se sentaram no sofá, Seonghwa se sentando sobre uma das pernas cruzadas com um braço sobre o encosto de frente para ele e Hongjoong fez o mesmo, permitindo que os dois se encarassem enquanto conversavam.
Seonghwa falava sobre o cliente que ele recebeu e chorou enquanto fazia a tatuagem, Hongjoong não pode evitar de olhar para a tatuagem que cobria seu pulso e tudo que ela significava e sorriu.
— O sorriso é...? — Seonghwa perguntou incerto.
— Nada — respondeu, ainda sorrindo. — Você só é muito bonito falando sobre o que gosta. — Seonghwa corou e Hongjoong ficou satisfeito com o que seu flerte que nem ele mesmo esperava causou. — Como você aprendeu a tatuar?
O sorriso de Seonghwa se tornou levemente triste de uma forma que ele talvez não percebesse semanas atrás, mas, depois de ver ele vulnerável quando recebeu a carta, Hongjoong passou a perceber melhor as nuances das emoções dele.
— Minha madrinha era tatuadora, ela que fez a tatuagem de rosa em mim quando eu completei 18 anos — contou, virando o rosto para que ele visse a tatuagem da rosa de cabeça para baixo que ele veio a se apegar tanto. — Ela me ensinou ao longo dos anos e me deixou o estúdio de herança.
Hongjoong esticou o braço e acolheu os dedos dele entre os seus, oferecendo o conforto que ele parecia precisar.
— Foi para a Doença da Pétala? — Hongjoong perguntou quietamente.
Seonghwa negou com a cabeça.
— Ela teve um infarto — explicou. — Eu não tive tempo de levar ela a um hospital e ela não resistiu.
Hongjoong sentiu uma mistura de coisas ao pensar nisso porque era triste, mas ao mesmo tempo, era bom que pelo menos uma pessoa que perdeu alguém importante não perdeu para a Doença da Pétala. Era algo que todo mundo já tinha se acostumado, perder alguém para as pétalas, e pouco se lembrava de outros problemas de saúde desde que essa doença apareceu.
— Eu sinto muito — disse ele, apertando os dedos dele entre os seus. — Eu realmente sinto muito.
— Eu sei — Seonghwa respondeu com um sorriso pequeno enquanto retribuía o aperto. — Eu também sinto, ela era uma mulher maravilhosa e eu definitivamente não estava pronto para perder ela.
Hongjoong o puxou para perto usando suas mãos interligadas e Seonghwa escondeu o rosto em seu pescoço enquanto passava o braço por sua cintura, recebendo-o um abraço desajeitado.
— Você passou por tudo sozinho?
— Mais ou menos. Eu tinha Siyeon na época porque a mãe dela era amiga da minha madrinha, mas nós não éramos tão próximos e nos tornamos amigos depois disso, ela me apoiou muito. Pouco tempo depois eu conheci o Yeosang e tudo ficou mais fácil de aguentar depois que ele entrou na minha vida — respondeu. — É por isso que a gente é do jeito que é, ele apareceu quando eu estava no momento mais difícil da minha vida e fez tudo parecer suportável.
Apertando o abraço, Hongjoong passou a fazer carinho no cabelo dele, permitindo que o silêncio se sobressaísse enquanto ele oferecia o apoio que Seonghwa precisava.
Eles passaram um bom tempo daquela forma, abraçados e compartilhando o calor e o carinho um do outro até que ficou tarde demais para que Seonghwa ficasse onde estava, por mais que Hongjoong sentisse a necessidade de manter ele ali.
Seonghwa se afastou.
— Você sabe que eu preciso ir, não sabe?
— Saber eu sei, eu só não quero que você vá — Hongjoong respondeu e Seonghwa riu.
— Você vai lidar com isso e vai me ver em breve.
Hongjoong, contrariado, permitiu que ele se levantasse e Seonghwa pegou o capacete. O dono da casa o acompanhou até a porta.
— Obrigado pelo apoio, Joong.
Com um último abraço, Hongjoong assistiu Seonghwa desaparecer ao descer as escadas.
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Desde o encontro em que Seonghwa se permitiu se abrir um pouco mais para Hongjoong, os dois vinham se encontrando com mais frequência, às vezes com pressa, às vezes com mais tempo, enquanto as coisas finalmente caminhavam para acontecer e eles estavam entrando em uma fase final do planejamento.
Yeosang, ocupado arrumando as coisas para que eles pudessem montar um setup na oficina de Jongho no tempo em que ficariam lá, carregava caixas com monitores e equipamentos e colocava no carro de Jongho enquanto Seonghwa arrumava as roupas que eles levariam. O mecânico esperava pelos dois no carro enquanto Yeosang terminava de configurar as medidas de segurança que os dois organizaram.
Com tudo no porta-malas, Seonghwa entrou no banco do carona e Yeosang no de trás com Jongho dirigindo e levando-os até a oficina onde San, Wooyoung, Mingi e Hongjoong já estavam arrumando as próprias coisas. Eles sabiam que seria apertado, sete pessoas em um apartamento pequeno, mas era a melhor opção deles.
A chegada de Seonghwa e os demais foi recebida com sorrisos enquanto eles descarregavam os pertences dos dois na oficina.
Por já terem dormido no apartamento de Jongho, eles já sabiam que seria apertado e tomaram alguns cuidados, trazendo colchonetes a mais e arrumando as coisas de uma forma que coubesse todo mundo. A decisão final foi muito parecida com o dia do leilão, porém dessa vez eles se esforçaram para deixar as coisas mais confortáveis. San e Wooyoung ficariam com a cama de Jongho, uma decisão unânime desde que San revelou sua prótese para os demais, com Yeosang e Jongho em um colchão no quarto, Mingi ficou com o sofá e Seonghwa e Hongjoong dividiriam um colchão na sala.
Seonghwa ajudava Yeosang a montar o setup, tendo maior familiaridade com os equipamentos, enquanto os demais traziam outras coisas entre monitores, teclados e, claro, Bola de Neve.
— Acabou? — o hacker perguntou para Jongho depois que ele estacionou o próprio carro.
— Acabou. Precisa de ajuda?
Yeosang olhou para o pessoal que esperava uma resposta.
— Não precisa, Seonghwa hyung dá conta — respondeu, dando de ombros.
— Engraçado que ninguém me perguntou — Seonghwa provocou, fazendo o grupo rir enquanto subia em direção ao apartamento para arrumar as próprias coisas, deixando os outros dois sozinhos para terminar de arrumar as coisas que Yeosang usaria durante o tempo em que eles estariam abrigados na oficina de Jongho.
Eles acabaram rápido, permitindo que Seonghwa pudesse se concentrar em fazer o jantar. Wooyoung já tinha começado a cortar verduras quando ele chegou e o tatuador sorriu para ele, bagunçando os cabelos dele enquanto passava para lavar as mãos e colocar a mão na massa.
Os dois estavam distraídos conversando e cozinhando quando Mingi se aproximou e se fez confortável observando os dois e o trio continuou conversando enquanto os outros passavam pela cozinha e seguiam com a própria vida enquanto esperavam o jantar.
San entrou na cozinha apressado enquanto eles finalizavam o jantar, chamando a atenção dos três.
— Woo!
— Eu? — ele respondeu enquanto mexia os legumes que refogavam.
— Eu esqueci minha mochila de roupas — disse ele, fazendo Wooyoung virar para encará-lo, mais do que capaz de cozinhar sem precisar ficar olhando.
— Me diz que você está zoando comigo, San, eu juro que vou rir e esquecer — implorou, fazendo Seonghwa rir ao perceber que a expressão de San não era uma de quem estava brincando.
— Queria eu estar brincando.
A reação de Wooyoung foi quase que dor física enquanto ele olhava para o amigo sem saber o que fazer e Seonghwa se apressou a fazer uma sugestão.
— Eu posso te emprestar alguma coisa pra você vestir hoje e levo um de vocês no armazém amanhã pra pegar a bolsa.
Wooyoung e San olharam para Seonghwa com estrelas nos olhos e ele sorriu para os dois.
— Faria isso, hyung? — San perguntou com os olhos pidões que Seonghwa já conhecia a essa altura.
— Claro — respondeu ele, dando de ombros.
Wooyoung apagou o fogo e se aproximou de Seonghwa, estalando um beijo em sua bochecha que o deixou extremamente envergonhado. A voz grave de Mingi ecoou pela cozinha enquanto ele ria da expressão do tatuador, que aceitou o abraço de San enquanto mostrava a língua para ele.
— Você é o melhor hyung do mundo — disse San antes de se afastar do abraço.
Seonghwa riu enquanto trabalhava em finalizar os acompanhamentos para que todos pudessem comer.
— Pode ser qualquer um dos dois, mas nós vamos amanhã antes de eu ir para o estúdio, estejam prontos — avisou.
— Sim, senhor — Wooyoung levou uma mão à testa em uma continência — seu pedido é uma ordem.
Eles riram antes de Seonghwa mandar San e Mingi se espalhar pela casa para avisar os demais de que o jantar estava pronto e logo a cozinha se encheu ainda mais de vozes e risadas, fazendo o coração do tatuador aquecer ao ter tantas pessoas ao seu redor.
⸻ 〤 ⸻
A noite foi mais tranquila do que Seonghwa esperava e antes que ele percebesse, eles já estavam a caminho do armazém enquanto Wooyoung o apertava com tanta força que o tatuador se perguntou como ainda estava respirando enquanto Seoul passava por eles.
O caminho foi curto e rápido e Seonghwa podia jurar que o ladrão só faltou se jogar da moto assim que ela parou, fazendo com que ele precisasse segurar a risada ao perceber o medo estampado na expressão dele enquanto eles adentravam o armazém velho. Memórias se espalhavam por Seonghwa enquanto ele lembrava sobre a primeira vez que ele foi até o armazém, quando ele e Wooyoung tiveram um embate que levou um bom tempo para ser resolvido. Era engraçado lembrar disso quando eles se tornaram amigos quase inseparáveis.
Os dois entraram pelo portão enorme que Wooyoung parecia mais do que acostumado a levantar por conta própria e seguiram pelo espaço até serem surpreendidos por um castiçal sendo atirado na direção dele e errando a cabeça de Seonghwa por pouco.
— EI! — gritou Wooyoung antes que qualquer outra coisa pudesse ser jogada na direção deles. — Somos nós.
Antes que Seonghwa pudesse entender de fato o que estava acontecendo, ele foi envolvido em um abraço e ele não demorou a reconhecer os fios castanhos-escuro e longos de Haerin enquanto os braços dela se encontravam em suas costas.
— Oi — cumprimentou ele, retribuindo o abraço com um sorriso enorme enquanto Yujin saía do corredor para encontrar com eles. — Como vocês estão?
Haerin se afastou e Yujin tomou seu lugar, embora seu abraço tenha sido menos duradouro.
— Bem — respondeu Yujin sorrindo enquanto se aproximava de Wooyoung, o abraçando também. — Desculpa ter jogado um castiçal em vocês, hyung, a gente achou que tinha alguém invadindo.
Seonghwa riu.
— Não se preocupem, nosso amigo está de olho nos arredores, qualquer coisa ele vai avisar vocês — contou. — Se precisarem de alguma coisa é só dar um tchauzinho para a câmera.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Haerin perguntou, liderando o grupo mais para dentro do armazém.
— San esqueceu a bolsa de roupas dele — Wooyoung respondeu revirando os olhos, ainda que um tom carinhoso pesasse em sua voz.
Haerin e Yujin murmuraram seu entendimento e Wooyoung se afastou em direção ao quarto de San, onde ele deixou a bolsa sobre a cama.
— Hyung — Yujin chamou depois que o ladrão sumiu nas escadas —, cuida deles, 'tá bom? E se cuida também. Ninguém explica direito o que vocês estão fazendo, mas tomem cuidado.
Seonghwa sorriu, colocando uma mão sobre o ombro dele.
— Eu vou fazer o que eu puder para manter todo mundo seguro.
Haerin também sorriu.
— Obrigada, oppa.
Wooyoung retornou com uma bolsa sobre os ombros.
— Nós já vamos — avisou aos dois adolescentes. — Se cuidem.
O ladrão deixou um afago carinhoso no cabelo de cada um dos dois antes de guiar Seonghwa de volta para o portão.
Com um sorriso, o grupo se despediu e mais rápido do que Seonghwa esperava, ele já tinha Wooyoung grudado em suas costas mais uma vez enquanto eles voltavam para a loucura que era a oficina de Jongho naquele momento.
───── continua...
Notas da autora
Volteeeeeeeeeeei, meus amores!!!!!
Dessa vez a gente tem um pouco mais do passado do nosso Hwa e um Joong boiolinha por ele (porque eu amo e eu não resisto kkkkkkkkk. O roubo tá andando e nossos babês lá do começo Haerin e Yujin apareceram de novo (🥰🥰). Agora os meninos vão passar mais tempo juntos e a gente vai ver mais da dinâmica deles.
O que estão achando até aqui??
Espero que estejam gostando, anjos, e até semana que vem ❤️.
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