× capítulo 11 ×

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O dia passou lentamente para Seonghwa depois do mar de emoções que teve que enfrentar durante a manhã e ele fez a tatuagem do único cliente da tarde praticamente no modo automático enquanto pensava em sua vida. Não foi surpresa para ninguém quando ele terminou a tatuagem e sequer percebeu, finalmente indo para casa, onde encontrou Yeosang em uma ligação com Golden. Ele tentou passar despercebido, sem atrapalhar o amigo em qualquer que fosse a discussão que ele tivesse tendo, mas Yeosang o viu e Seonghwa estranhou quando ele o chamou com a mão, fazendo um gesto para que ele se aproximasse.

Hyung — começou —, Golden quer falar com você.

O estranhamento se espalhou pelo corpo de Seonghwa, mas ele assentiu e Yeosang enviou a ligação para seu celular, protegido contra localizadores.

— Golden?

A voz de Golden soou do outro lado da linha, distorcida pelo efeito de voz que ele sempre usava.

— Oi, hyung — disse, a voz parecendo empolgada como de costume ainda que Seonghwa conseguisse sentir uma apreensão escondida no fundo. — Eu queria te dar um veredito sobre a tatuagem.

— Ah! E o que decidiu? — Seonghwa perguntou, curioso.

Golden hesitou por um tempo e ele deixou que ele fizesse paz com sua decisão, seja ela qual fosse.

— Vai ser só eu e você?

Seonghwa não conseguiu impedir que um sorriso surgisse em seu rosto ao pensar em conhecer pessoalmente o único membro do grupo que ele nunca encontrou pessoalmente.

— Só eu e você — garantiu.

Golden respirou fundo.

— Então eu acho que vou fazer uma tatuagem. — Seonghwa sorriu ainda mais. — Quando você pode, hyung?

Seonghwa tentou lembrar sua agenda de cor, ele não tinha cliente nenhum pelo resto da semana.

— O resto da semana inteira — respondeu. — Quando fica melhor para você?

— Pode ser amanhã? — Golden perguntou hesitante. — Pode ser que eu desista se deixar para depois.

— Pode, vou pedir pro Yeosang te enviar o endereço do estúdio, é só aparecer, eu fico lá o dia inteiro. Mas Yeosang tem acesso às câmeras, ele vai saber sua identidade também — avisou.

Golden riu.

— A essa altura do campeonato, é de se estranhar que a gente ainda não se conheça depois de anos trabalhando juntos.

Seonghwa sabia que a relação profissional de Yeosang e Golden era mais velha até que a dele e Yeosang e era estranho o suficiente que nenhum deles procurou saber mais informações, considerando que eles já tinham tanta confiança quanto se era possível ter sem se encontrar de fato.

Não foi surpresa para ninguém também que ele teve que aguentar Yeosang fazendo birra para ir com ele para o estúdio encontrar Golden pessoalmente, mas Seonghwa tinha prometido que seria apenas eles dois e cumpriria sua promessa.

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Se Seonghwa dissesse que não estava ansioso seria mentira, ele carregava seus afazeres do dia no estúdio enquanto vez ou outra lançava um olhar para a porta para ver se alguém se aproximava das portas de vidro. Nada o preparou, no entanto, para quando Golden de fato atravessou a porta, se curvando para cumprimentar Seonghwa enquanto a máscara preta escondia um sorriso que seus olhos entregavam.

Golden, vestido em uma jaqueta jeans, uma blusa branca e uma calça também jeans, tinha cabelos negros que cobriam a lateral de sua testa, divido no meio de uma forma que o deixava charmoso. Alto e esguio, talvez o mais alto do grupo, considerando que o único que podia competir com ele em altura era Mingi, Golden passava de Seonghwa por uns bons centímetros.

— Oi, hyung — disse e Seonghwa sorriu com como sua voz soava suave, diferente de como era com o efeito. — Você é bonito, eu não esperava menos de você. Você tem voz de gente bonita.

Seonghwa riu.

— É bom dar um rosto à pessoa — falou Seonghwa — e você também não é nada mal, Golden.

— Yunho — corrigiu, hesitante —, Yunho é o meu nome.

— É um prazer Yunho — Seonghwa respondeu com um sorriso pequeno. — Pode sentar ali — apontou para a cadeira em que costumava tatuar — que eu vou organizar as coisas.

Yunho fez como Seonghwa orientou e Seonghwa começou a separar os materiais e equipamentos antes de pegar seu tablet.

— Você não viu o design, né? — Yunho concordou com a cabeça. — Aqui — lhe estendeu o aparelho com o desenho da rosa dos ventos. — O que você acha? Quer mudar alguma coisa?

Os olhos de Yunho estudaram o tablet em suas mãos e um sorriso brotou em seus lábios enquanto Seonghwa observava, procurando por qualquer indicação de desagrado e suspirando aliviado quando não encontrou nenhuma.

Yunho devolveu o eletrônico ainda sorrindo.

— Eu adorei, não precisa mudar nada.

Com a concordância dele, Seonghwa começou a abrir os materiais descartáveis até que Yunho falou com ele novamente.

— Sabe, essa é a minha primeira tatuagem, como foi com os outros?

Seonghwa riu lembrando de algumas das reações e Yunho o acompanhou durante a quase hora que se seguiu durante a tatuagem em que pode conhecê-lo melhor.

Quando Seonghwa terminou, ele orientou quais seriam os cuidados necessários e, com um sorriso, Yunho se despediu dele depois de admirar o resultado da tinta preta em seu pulso, elogiando-o pelo trabalho bem feito. Seonghwa assistiu enquanto ele saía pela porta com um aceno, tendo a certeza de que quando o roubo acontecesse e eles não fossem mais obrigados a manter contato, ele ainda iria querer Yunho por perto.

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Os dias passaram e as coisas iam ficando mais tensas conforme o planejamento avançava e eles chegavam mais perto de realizar o roubo de fato. Com a tensão crescente e o estresse aumentando, não foi surpreendente que eles chegaram a um nível que causou um desentendimento e, por mais que ele já devesse estar esperando por isso, a briga pegou Seonghwa desprevenido.

Eles estavam em mais um de suas reuniões, no Dreamcatcher dessa vez, era madrugada e Siyeon deixou que eles usassem o espaço com a condição de que mantivessem tudo organizado para quando ela fosse trabalhar no dia seguinte.

Seonghwa sentia seu cansaço até nos ossos e os outros não estavam muito diferentes, com exceção de Yeosang que já era um filho da noite e quase não dormia sem Seonghwa obrigá-lo, todos mostravam sinais de sono e exaustão. Hongjoong estava em pé perto da mesa, andando de um lado para o outro em uma tentativa de se manter bem acordado, Wooyoung estava sentado ao lado de Seonghwa com o braço esticado sobre a mesa, a cabeça apoiada um pouco acima do cotovelo e seus olhos quase se fechando. San estava ao lado dele com a cabeça no ombro de Mingi, que tinha Jongho ao lado dele, brincando com os dedos para se distrair. Até Yunho soava cansado do outro lado da linha e não era por menos, todos estavam fazendo seus próprios trabalhos intercalados com as coisas que precisavam ser feitas e decididas antes do roubo.

Eles tinham se dividido em duplas e começado a prestar atenção nos arredores e interior da galeria. Seonghwa e Hongjoong passavam tanto tempo na cafeteria fingindo ser um casal que se encontrava ali que os funcionários, inclusive Juyeon, já os conheciam e sabiam seus pedidos de cor. Mingi e Jongho trabalhavam em um equipamento para passar pelas portas mecânicas. San e Wooyoung estudavam rotas e mais rotas para entrar e sair do prédio sem chamar atenção além de procurar e marcar cada uma das câmeras para Yeosang, que estava no processo de invadir todas — não era difícil, a questão era que eram muitas câmeras e ele precisava hackear todas sem deixar óbvio para a equipe de segurança que estava invadindo, se não ele perderia todo o trabalho e teria que recomeçar todo o processo em um sistema novo. Por fim, Yunho enviava todos os arquivos que conseguia da Starship, mantendo-os informados dos próximos passos da empresa enquanto eles terminavam de se planejar.

Hongjoong estava explicando suas novas ideias, mais elaboradas, sim, mas que também demandariam mais tempo e Seonghwa ficou preso em um limbo pensando no que faria se demorasse mais. A última carta que recebeu dizia que ele tinha um prazo de menos de dois meses para quitar a dívida antes de perder seu estúdio e ele via o tempo passando na frente de seus olhos enquanto demoravam mais e mais na fase de planejamento.

— Mas se a gente fizer assim, vai demorar ainda mais — San, para surpresa de Seonghwa, protestou.

— Sim, mas é mais seguro para nós quando a gente for entrar, vai nos manter escondidos — retrucou Hongjoong levemente impaciente por ter sido interrompido no meio de sua linha de raciocínio. — E tem menos chance de sermos pegos depois.

— A gente ' postergando esse roubo já vai fazer três meses e eu sei que ninguém esperava que fosse fácil, mas a gente está parecendo um bando de zumbi andando, fazendo cinquenta coisas ao mesmo tempo e cansados demais até para focar no que está acontecendo na nossa cara — San respondeu tão impaciente quanto. — Se for pra dar errado que dê, mas não dá para a gente continuar assim. Eu quero ver a Starship cair.

A frase final de San pegou todo mundo de surpresa porque era tão carregada de ódio e ressentimento que Seonghwa não sabia como reagir. Parecia pessoal demais, como se a empresa tivesse afetado San diretamente e, sinceramente, Seonghwa não se surpreenderia se esse fosse o caso. Todas as grandes empresas tendiam a tornar a vida das pessoas miseráveis e todo mundo tinha perdido algo ou alguém para uma, ou mais, delas. Seonghwa nunca viu as feições de San tão endurecidas, nem quando Seonghwa o encontrou com a prótese exposta, tão cheias de sentimentos ruins que, percebeu, não combinavam com ele.

Hongjoong ficou sem palavras por alguns segundos, tentando assimilar todo o ressentimento que foi jogado em seu colo quando ele menos esperava, não era de surpreender que a essa altura todos eles superassem o sono e o cansaço para observar o embate repentino dos dois. Seonghwa ficou ainda mais surpreso, no entanto, com a resposta fria de Hongjoong.

— O que você quer não importa — disse — não é a sua vontade que vai nos levar a algum lugar.

A expressão de San escalou para uma de raiva, dessa vez realmente direcionada a Hongjoong.

— E quem é que decide isso? Você? — retrucou em um tom quase de zombaria. — Você se autodenominou nosso líder, mas nenhum de nós concordou de fato com isso e agora que eu dou minha opinião sobre algo que não me agrada você diz que não vai levar a nenhum lugar sem discutir isso com ninguém? Quem te deu esse tipo de poder de decisão, Kim Hongjoong?

Seonghwa se preparou para intervir antes que as coisas escalassem para um nível irreparável, mas Hongjoong foi mais rápido que ele.

— Eu não sei qual é o seu problema com a Starship, San, mas sugiro que lide com isso por conta própria porque nenhum de nós tem obrigação nenhuma de lidar com a sua bagunça — falou em um tom quase cruel que Seonghwa nem sabia que ele era capaz de usar. — Se recomponha porque tem coisas mais importantes em jogo.

Seonghwa viu o exato momento em que a frase atingiu San, a decepção se formando, a tristeza enquanto ele olhava para Hongjoong antes de sair do bar com Wooyoung que o seguiu imediatamente depois de lançar um olhar raivoso para ele.

— Você não precisava ter dito isso, a Starship claramente é algo pessoal para ele, é muito cruel da sua parte mandar que ele se recomponha sem saber o que foi tirado dele, o que ele perdeu — disse Seonghwa, a decepção quase palpável em seu tom. — Não é justo e você não deveria dar a entender que não se importa porque tanto eu quanto você sabemos que você se importa sim.

Hongjoong cruzou os braços na frente do peito.

— Ele tinha que parar, a gente não vai fazer as coisas do jeito dele só porque ele quer.

— E isso poderia ter sido conversado, Hongjoong, a gente ia chegar a um meio termo nessa discussão — Seonghwa retrucou sem perder tempo — você não precisava ter sido cruel.

Hongjoong se preparou para protestar, mas Seonghwa foi mais rápido que ele.

— Não importa que a gente tenha começado como estranhos e interesseiros, não é isso que a gente é mais. Eu me importo com ele, com todos vocês, e eu sei que você também, então para de agir como se os sentimentos dele não fossem importantes. San saiu magoado e eu entendo o porquê, basta pedir desculpas e a gente vê o que faz com o resto depois porque se a gente deixar as coisas desmoronarem, aí que esse roubo não vai para frente mesmo.

Seonghwa deixou que Hongjoong visse sua sinceridade, a forma como o tratamento frio dele não era apreciado antes de se levantar para sair.

— Você tem razão — Hongjoong admitiu, arrependido — não era minha intenção machucar ele, ou qualquer um de vocês. Eu vou pedir desculpas.

Seonghwa deixou que um sorriso pequeno aparecesse em seus lábios antes de levar uma mão até o ombro dele.

— Que bom, mas não hoje — disse, deixando um aperto. — Acho que deu por hoje, a gente precisa descansar antes que a gente perca ainda mais o controle das coisas.

Ninguém protestou e Seonghwa se despediu de todo mundo, deixando Yeosang aos cuidados dos demais enquanto ia atrás de San e Wooyoung para ver como estavam.

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Hongjoong sentia a culpa pesando em seu corpo como se fosse algo físico em seus ombros. Não queria ter gritado, não queria ter dado a impressão de que estava se impondo sem se importar com a opinião dos outros e com certeza não queria ter magoado San, que claramente tinha um bom motivo para odiar a Starship se o olhar preocupado de Wooyoung foi algum indicativo. Hongjoong se sentia péssimo que Seonghwa — Seonghwa, que ele nunca viu se exaltar desde que o encontrou pela primeira vez —, tenha sentido a necessidade de defender San porque sabia que a dor dele ia além do que Hongjoong foi capaz de ver em um primeiro olhar.

Sem conseguir dormir, mesmo que seu corpo implorasse pela chance de um bom descanso, Hongjoong repassava as palavras que disse e ouviu em sua cabeça, os olhares que ele e San trocaram e a forma como ele pareceu traído quando Hongjoong deu a entender que eles não passavam de estranhos com um interesse em comum, como se eles não se importassem. Como se ele não tivesse aprendido a ver cada um dos sete que ele conheceu como parte da família que ele nunca teve. Hongjoong precisou de cada gota de autocontrole que possuía para se impedir de chocar a própria cabeça contra uma parede.

Talvez fosse impulsivo e ele talvez se arrependesse disso no futuro, mas Hongjoong se levantou da cama e trocou as roupas leves que usava para dormir por uma mais adequada para se usar fora de casa e mais quentes para protegê-lo do vento frio da noite enquanto saía de seu prédio em direção ao endereço que Wooyoung deu a ele para caso de emergência. Era uma parte da cidade que ele não conhecia bem, mas sabia que não tinha nenhuma organização responsável por ele, que ele estava majoritariamente seguro ao andar por ali.

As ruas estavam escuras e vazias enquanto ele andava, Seoul estava ocupada recuperando suas forças para mais um dia longo e Hongjoong caminhava tentando manter um ritmo confortável para chegar até San o mais rápido possível sem se exaurir no processo enquanto puxava as mangas curtas de seu casaco para cobrir suas mãos.

O endereço deu em um armazém que Hongjoong juraria ser abandonado se não fosse pela luz fraca que saía por baixo do portão fechado com menos segurança do que ele achava que era recomendado.

Inseguro, ele bateu no portão de alumínio, mas ninguém saiu e ele se perguntou se a luz que ele estava vendo não era apenas uma impressão. Hongjoong se assustou quando inesperadamente o portão se ergueu, errando seu rosto por pouco, e um menino saiu por ele.

— San hyung disse que é para você ir embora — disse em uma voz monótona enquanto Hongjoong tentava entender como o garoto sabia quem ele estava procurando. — Ele não quer falar com você.

O garoto, que não parecia ter mais do que 17 anos, tinha um rosto redondo e bochechas fofas que Hongjoong se sentiria tentado a apertar se não fosse pelo olhar frio que ele lhe lançava, como se soubesse todos os pecados dele, inclusive os que ele ainda não cometeu.

— Por favor — pediu —, eu preciso falar com ele.

Quem se importava sobre como o garoto sabia? Hongjoong claramente não ia entrar se ele não quisesse, então era melhor começar a se mexer para convencê-lo a deixar que ele passasse.

O garoto o analisou, mas não fez nenhuma menção de sair do caminho.

— O que você fez? Está na cara que fez besteira e se arrependeu. Além disso, Seonghwa hyung teve muito trabalho evitando que Wooyoung hyung cometesse um homicídio hoje, alguma coisa que alguém disse deixou San hyung triste e é de conhecimento comum que não se mexe com San hyung. Algo me diz que esse alguém foi você — concluiu, arqueando uma sobrancelha.

Hongjoong estava impressionado por duas coisas: o garoto claramente sabia perceber as dicas do contexto e Seonghwa, San e Wooyoung deviam ser mais próximos do que parecia se o garoto o conhecia e era próximo o suficiente para chamá-lo de hyung.

— Eu falei o que não devia, não pensei direito e pisei na bola, eu só quero me desculpar — disse Hongjoong, seu tom de voz agoniado e ele sabia reconhecer quando ele estava próximo a chegar ao ponto de implorar para que o menino o deixasse passar.

O garoto abriu a boca para falar, mas se interrompeu quando uma mão apareceu em seu ombro.

— Pode entrar Yujin-ah, eu cuido disso — disse Wooyoung com uma delicadeza e cuidado que Hongjoong só viu direcionado para San.

O garoto, Yujin, entrou e o olhar frio de Wooyoung recaiu sobre Hongjoong, que tentava com muita força não se encolher diante dele.

— O que o traz aqui, Hongjoong-ssi? Peso na consciência?

— Eu só quero me desculpar, eu não quis ser cruel.

Wooyoung o encarou da cabeça aos pés em silêncio e Hongjoong já se preparava para o portão ser fechado em sua cara quando ele deu um passo para o lado, permitindo que ele entrasse no armazém e o deixando chocado quando percebeu o fato.

— Agradeça a Seonghwa hyung quando encontrar com ele.

Hongjoong não respondeu embora estivesse de fato agradecendo a Seonghwa e fazendo uma nota mental para agradecê-lo de fato quando o encontrasse.

Os dois seguiram pelo armazém que parecia ser maior por fora do que era de fato e poucas coisas indicavam que pessoas moravam ali, como os sofás espalhados e uma lâmpada pequena com luz fraca que permitia que eles vissem poucos palmos à frente.

Wooyoung o guiou até uma escada que não parecia segura, o que Hongjoong não comentou enquanto o seguia obedientemente pelos degraus, ainda que rezando para que eles fossem mais firmes do que pareciam. Por fim, ele o guiou até um corredor estreito com algumas portas e parou na frente da primeira, onde bateu na porta e esperou pela resposta.

San não demorou para abrir, mas Hongjoong se sentia mais ansioso a cada segundo que se passava, parado na frente da porta com as mãos suando e um discurso de desculpas passando em sua mente de novo e de novo.

Embora ele tenha se preparado para isso por algum tempo, o olhar decepcionado e ainda triste de San o desarmou mais do que ele achou que seria possível considerando que ele não se conheciam há tanto tempo assim e Hongjoong sinceramente tinha perdido a capacidade de se importar há alguns anos, mas ali estava ele, sentindo sua boca secar com o olhar de San enquanto ele abria a porta completamente, dando a ele uma visão parcial do que parecia ser um quarto atrás dele.

— O que é? Veio dizer mais alguma coisa que esqueceu da última vez? — perguntou, a voz sem emoção embora seus olhos e expressão deixassem claro que ele não tinha esquecido uma vírgula do que Hongjoong disse.

— Eu vim pedir desculpas — confessou —, eu não queria dar a entender que não me importo ou que nós não somos mais do que estranhos. Eu sei que não justifica e que eu deveria ter cuidado com as coisas que eu falo, mas eu só estava tão cansado, ainda estou, na verdade, e o contratante não sai do meu pescoço e tem tanta coisa em jogo que eu acabei me deixando levar e descontei em você. Eu sei que não foi justo e eu sei que falei o que não devia, mas isso 'tá me comendo vivo, eu fico reproduzindo na cabeça o que eu disse e só fica pior.

Hongjoong falou tudo de uma vez, sem parar nem para respirar, colocando tudo para fora sob os olhares de Wooyoung e San, enquanto ele mantinha os olhos fixos nos pés de San à frente da porta sem saber qual expressão os dois mostravam, assim, ele foi pego de surpresa quando alguém o pegou pela mão e o puxou para perto e dois braços o rodearam pelo pescoço.

Sinceramente, Hongjoong não se lembrava da última vez que tinha sido abraçado, com exceção do abraço que ele deu em Seonghwa quando o viu tão frágil enquanto falava sobre tudo o que tinha a perder se tudo desse errado, e ele demorou para retribuir, escondendo o rosto no pescoço de San e se surpreendendo ao perceber que seus olhos estavam úmidos.

— Eu te desculpo, eu entendo — falou, tirando um peso enorme das costas dele. — Eu peço desculpas também, por ter sido tão incisivo — continuou ele, o tom hesitante como se ele não soubesse quais palavras usar. — É só que... — fez uma pausa — a Starship, as pessoas à frente dela, me causaram tanto mal, foi tanta coisa que eu não estou pronto para explicar para nenhum de vocês ainda, é doloroso demais, mas eu vou um dia. Explicar tudo, eu quero dizer.

Hongjoong sentiu seu coração pesar. Ele sabia que tinha alguma coisa por trás de tanto ódio, tanto rancor, mas na hora ele simplesmente não percebeu e fez parecer que era insignificante, mas como poderia ser insignificante se San carregava aquele nível de dor na voz, como se só as memórias do que aconteceu com ele fossem o suficiente para enterrá-lo sob o peso do que viver? Como Hongjoong pode ser tão cego?

— Não precisa se apressar — assegurou Hongjoong —, talvez eu tenha demorado para perceber e precisado de uma ou duas broncas de Seonghwa para entender, mas nós somos mais do que desconhecidos, somos amigos agora e ninguém vai largar um amigo na mão porque ele não consegue compartilhar a dor dele ainda. Nós vamos esperar por você.

Hongjoong sentiu o sorriso de San em sua têmpora e sorriu também, acabando por cruzar olhar com Wooyoung que sorriu para ele antes de sair e deixá-los sozinhos para terminar de se resolver.

— Quer entrar, hyung? A gente pode fazer alguma coisa, tipo jogar cartas — San perguntou, voltando a exibir o olhar animado de sempre enquanto os dois se findavam o abraço.

Hongjoong sorriu e assentiu, aproveitando a chance para remendar a relação que ele mesmo quebrou.

───── continua...


Notas da autora

Heeeeey, meus amores.

E o ATEEZ no Summer Sonic???? Tô tentando me recuperar até agora.

Nossos meninos estão ficando mais próximos e as coisas estão andando. O roubo vem antes do que vocês esperam. E Golden tem um rosto agora, ele apareceu de fato, o que acharam do meu bebê?

Espero que tenham gostado desse capítulo e até semana que vem, mozis ❤️❤️❤️.

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