× capítulo 10 ×
Apesar da vontade de Seonghwa de tatuar o grupo o quanto antes, ele precisava abrir a agenda para deixar o estúdio livre por um tempo grande. Era uma tatuagem pequena e simples, mas ainda eram sete pessoas a serem tatuadas, contando ele mesmo e sem Golden porque eles ainda não sabiam como fariam aquilo funcionar sem que a identidade que ele parecia prezar tanto por deixar em segredo fosse revelada. Seonghwa sugeriu algumas opções para ele, entre elas ir tatuar só com Seonghwa e apenas ele saberia de sua identidade, o que até seria bom em questão da paz de espírito dele, ou ficar sem a tatuagem e, consequentemente, sem acesso ao compartimento. Seonghwa não o pressionou para decidir, por enquanto, deixando que Golden decidisse o que ele considerava melhor e mais seguro para ele.
Seonghwa acordou mais cedo que o de costume para poder preparar os materiais e esperar pelos demais, acordando Yeosang quando ele acabou de fazer café da manhã. Seonghwa estava ocupado guardando a louça quando ele chegou na cozinha com os cabelos molhados e olhos ainda pesados de sono por ter dormido mais tarde do que estava acostumado, ainda que ele nunca dormisse cedo a não ser que Seonghwa o obrigasse a ir dormir.
Yeosang comeu menos do que Seonghwa gostaria, mas ele não disse nada, deixando que ele configurasse Bola de Neve para ficar de olho no apartamento e nos arredores enquanto eles estavam fora. Yeosang já estava mais do que acostumado a andar de moto com ele depois de anos e Seonghwa não precisava se preocupar em perder o amigo no meio do caminho, o que já era uma facilidade. Seonghwa não demorou para estacionar em seu lugar de costume na oficina de Jongho, que já os esperava.
— Bom dia, hyung — cumprimentou com um sorriso enquanto Seonghwa e Yeosang tiravam os capacetes.
— Bom dia, Jongho — Seonghwa respondeu e Yeosang acenou.
Conversando, os três foram até o estúdio e Seonghwa destrancou a porta com seu pulso, a mesma tatuagem que abria a porta do apartamento, e deixou os outros dois entrarem enquanto as luzes acendiam automaticamente.
Yeosang, já acostumado com o espaço, foi direto sentar no sofá no canto do estúdio enquanto Jongho olhava ao redor com os olhos brilhando enquanto admiravam.
— Seu estúdio é tão bonito hyung — elogiou.
Seonghwa sorriu.
— Obrigado, minha madrinha que decorou, eu só arrumei uma coisa outra depois que ela faleceu — contou.
Jongho estava no processo de se sentar ao lado de Yeosang quando bateram na porta novamente e Seonghwa deu de cara com San e Wooyoung na porta, que sorriram para ele e San até chegou a abraçá-lo rapidamente, um abraço que ele sorriu ainda mais ao retribuir.
Os dois entraram e Seonghwa deixou que eles se fizessem confortáveis enquanto começava a separar os materiais que usaria. Entre luvas e agulhas descartáveis, tintas e máquinas, Mingi chegou e Yeosang abriu a porta para ele, que cumprimentou a todos e se envolveu na conversa.
O último a chegar, Hongjoong, chegou quando Seonghwa já estava prestes a começar a preparar as tintas sob os olhos atentos dos demais e ele não podia perder a chance de provocar.
— Achei que não nos daria o ar da vossa graça — disse com um sorriso provocativo que Hongjoong retribuiu.
— Nunca que eu vou perder a chance de olhar para esse seu rostinho bonito — retrucou com uma piscadela e Seonghwa sabia que estava corando enquanto Hongjoong se afastava para cumprimentar os outros.
Ele terminou de arrumar os materiais e equipamentos antes de se virar para o grupo distraído nas conversas e chamar a atenção.
— Bom, quem vai primeiro? — perguntou com um sorriso coberto pela máscara descartável preta.
⸻ 〤 ⸻
Embora as tatuagens fossem rápidas, surgiram algumas complicações no caminho. Entre elas a baixa tolerância à dor de Mingi, que choramingou durante todo o processo, e o drama de Hongjoong, que foi o último a ser tatuado — quando todo mundo já havia ido embora depois de concluir a própria tatuagem — e pediu o tempo inteiro para que Seonghwa beijasse seu pulso para que a dor fosse embora, pedidos esses que Seonghwa fez seu melhor para ignorar mesmo que suas bochechas estivessem coradas e calor se espalhasse por seu rosto. Cada sessão durou pouco menos de meia hora e todas as tatuagens tomaram toda a manhã que Seonghwa separou. Hongjoong ainda estava no estúdio quando Seonghwa começou o processo para fazer a própria tatuagem, alegando que não deixaria ele passar por tamanha dor sozinho e Seonghwa o provocou, dizendo que ele não sabia mais viver sem ter tê-lo por perto, e quase errou a linha quando Hongjoong concordou.
Ainda que Seonghwa tivesse passado mais tempo corando do que ele estava acostumado, ele não podia dizer que a presença de Hongjoong o desagradava, muito pelo contrário, os dois estavam convivendo cada vez melhor a ponto de sentir falta dele quando ele não estava por perto e esse não era um sentimento que ele estava acostumado. Ele não estava acostumado com nada daquilo, na verdade. Fazia tanto tempo que ele não tinha alguém flertando com ele tão abertamente que ele não sabia como reagir na maior parte do tempo, se tornando uma bagunça por dentro enquanto retrucava com muito mais coragem e confiança do que sentia de fato. Além disso, outro problema era que ele não sabia se Hongjoong estava flertando com ele por estar interessado de fato ou se era só um passatempo e ele precisava descobrir o quanto antes porque seus próprios sentimentos já estavam ultrapassando a barreira de simples interesse e ele sabia que se apaixonar quando não tinha certeza se o interesse era mútuo era cair em um terreno muito, muito perigoso e que ele não podia cometer esse erro, principalmente na situação delicada em que estava.
Hongjoong passeava pelo estúdio, olhando cada detalhe, enquanto Seonghwa organizava os equipamentos e descartava o que precisava, quando ele se aproximou dele novamente ele carregava um envelope em mãos.
— Achei isso aqui na entrada, perto da porta, acho que só jogaram por baixo — disse, entregando o envelope branco a Seonghwa.
Seonghwa sentiu seu coração apertar e a garganta fechar ao reconhecer o selo do governo pela segunda vez, encarando-o por alguns minutos como se isso fosse fazer com que a carta — e o problema — desaparecesse.
Hongjoong levou a mão ao cotovelo dele para chamar sua atenção e tirá-lo do transe.
— Seonghwa? Tudo bem? Você travou...
Ele se interrompeu no meio da frase quando Seonghwa olhou para ele, sabendo que seus olhos diziam muita coisa, sobre como ele estava cansado, sobre como aquela carta era a materialização de seus medos e Hongjoong o puxou para perto em um abraço.
— O que foi? — perguntou, suas mãos passando pelos cabelos longos enquanto ele o mantinha perto com um braço ao redor da sua cintura em um abraço tão protetor que Seonghwa se perguntou se havia no mundo lugar mais seguro que aquele. — O que é essa carta?
Por muito tempo Seonghwa se acostumou a manter seus problemas e suas dores para si mesmo, evitando preocupar a madrinha, até que ela faleceu e ele sentiu uma dor ainda maior por não tê-la por perto. Seonghwa conviveu com seu coração pesado por meses até Yeosang se aproximar, oferecendo um negócio e mais para frente uma amizade que, na época, Seonghwa não sabia o quanto seria salvo por isso. Pela primeira vez desde que Yeosang entrou em sua vida, Seonghwa estava tentado a compartilhar suas dores com outra pessoa que não era ele e isso o assustava. Assustava porque ele o fez, quando Hongjoong olhou para ele com os olhos repletos de preocupação e carinho, Seonghwa contou tudo. Sobre a morte do pai, sobre as dívidas e a possibilidade de perder o estúdio que era sua maior lembrança de sua madrinha.
— Por isso eu te liguei e fiz tudo que podia para que o roubo fosse para frente — confessou quando terminou de explicar — eu estava desesperado, ainda estou, para falar a verdade. Esse plano tem que dar certo, Hongjoong, eu não sei o que fazer se não der.
Hongjoong deixou que ele escondesse o rosto em seu pescoço.
— Vai dar certo, Seonghwa, nós vamos dar um jeito e vamos salvar esse lugar — assegurou com tanta confiança que Seonghwa acreditou nele. — Sabe, quando eu vi a forma que você trata Yeosang, as coisas ficaram claras. Eu tive até um pouco de inveja porque eu tinha o Mingi, mas nós não éramos desse jeito, a gente não passava de parceiros de trabalho e você me deu amigos. Você foi um dos principais meios que fez com que todo mundo se unisse e quando a coisa toda estourar e o roubo acontecer e nós estivermos nadando em dinheiro, você vai respirar aliviado por ter salvo isso aqui.
Seonghwa sorriu pequeno escondido no ombro de Hongjoong e se permitiu sonhar com o momento em que as coisas finalmente seriam mais fáceis.
⸻ 〤 ⸻
Sinceramente, Hongjoong ainda não tinha se recuperado da montanha russa que a manhã representou em sua vida quando Seonghwa estacionou a moto em frente ao seu prédio mais uma vez, como já estava virando costume. Em um só dia, Hongjoong tinha feito sua primeira tatuagem, visto um lado vulnerável de Seonghwa que ele nunca imaginou que veria e os dois tinham se abraçado pela primeira vez, ele já estava pronto para cair na cama e hibernar e ainda nem tinha passado do horário do almoço.
Hongjoong soltou a cintura de Seonghwa e desmontou, entregando o capacete a ele quando Seonghwa negou com a cabeça enquanto tirava o próprio capacete da cabeça, deixando Hongjoong confuso.
— Fica com você — disse ele — eu tenho outro em casa pra Yeosang e você tem andado de moto comigo com frequência, então pode ficar.
Hongjoong tentou não sorrir satisfeito com a implicação de que estaria andando de moto com Seonghwa mais vezes, considerando que ele aprendeu a apreciar cada minuto que passou na garupa com o corpo dele o mais próximo possível do seu.
— Vai ser sempre um prazer ir para qualquer lugar que vossa senhoria quiser me levar — retrucou com uma piscadela, fazendo Seonghwa corar.
— Tá bom, então, meu querido camponês galanteador, eu tenho que voltar porque eu tenho um cliente marcado para essa tarde — Seonghwa falou com um sorriso, antes de colocar o capacete de volta. — Lembra dos cuidados com a tatuagem e qualquer coisa é só me ligar.
Hongjoong concordou e se despediu, observando Seonghwa dar partida na moto e sumir na imensidão das ruas vazias de Seoul.
───── continua...
Notas da autora
Att curtinha, mas veio aí.
Espero que estejam gostando do rumo que a história tá tomando porque estamos oficialmente na metade 🥳🥳.
O que acharam da fic até aqui?? O que esperam daqui pra frente?? Me digam que eu quero saber.
Agradeço a todo mundo que vem votando semanalmente, sério, eu fico feliz de reconhecer o user de vocês toda semana.
Nos vemos semana que vem com mais uma att ❤️❤️.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top