03. entre livros de criminologia

—Os protagonistas podem ser adolescentes. —Jimin sugeriu, levando a sua cadeira para mais próximo da Iu.

—Sim! Seria bem interessante. —uma outra garota concordou, batucando sua caneta rosa com pompom dourado, em sua caderneta repleta de figurinhas de flores. Ela sorriu largo assim que escutou a ideia, se apressando em rabiscar os pensamentos em uma folha qualquer, mas, sem deixar de caprichar na letra.

—É uma ideia legal, de fato, no entanto, as chances de resolver o caso seriam bem menores, pois jovens não têm tantos direitos legais. Adultos têm muito privilégios, além de que, um homem já nos seus quarenta anos não seria tão estranho se ele se metesse, de repente, na criminologia. —Iu contrapôs, se ajeitando no sofazinho laranja, que combinava com as estantes de madeira escura. Assim que todos concordaram consigo, ela abriu um sorriso vitorioso, mesmo que não tivesse a intenção de excluir o Jimin. Afinal, a ideia dele realmente não era ruim.

Seus olhos percorreram pela expressão do colega de turma e clube, vendo a animação dele se esvaindo aos poucos. Assim que ele percebeu que ela lhe olhava, o garoto colocou sua mão em seu queixo, fingindo estar pensativo. Ele pensava nela, para ser mais exato.

O traje que ela usava era trivial porém, muito chamativo como de costume. Ou melhor, chamativo para o Park.

A garota usava uma saia de tenista, branca, um colete azul claro como os seus brincos de florzinha e, por baixo, uma camiseta também branca. Seu tênis rosa sempre dava um contraste incrível e adorável. Parecia que all star foi feito para ela, assim como àquela cor, que pintava suas unhas e gloss.

O seu cabelo longo estava amarrado com um prendedor magenta, que não combinava com o restante da roupa mas, o Jimin fez questão de procurar algo por toda aquela biblioteca com aquela mesma cor. E ele ficou espantado ao ver que, o livro que ela segurava possuía, justamente, a característica que procurava.

''Até o universo gosta dela'' pensou apaixonado e tonto. Tonto porque ele ficava completamente desnorteado com a Iu, era inevitável. Ele se sentia sortudo por estar vivendo na mesma época que a garota.

Talvez nunca exista alguém tão bonita e gentil como ela. O Jimin tinha que aproveitar, só não sabia como... Ainda.

—Podemos fazer assim: os protagonistas seriam um homem já de idade e sua filha adolescente! —os óculos do garoto embaçaram assim que todos sorriram em animação, comemorando seu palpite. Sua caneta rodopiou na mesinha quando ele foi fazer um high five com um amigo, deixando até mesmo seu bloco de anotações cair do seu colo.

Jimin se abaixou para pegar os objetos, resmungando por não ter recebido tanta empolgação com sua proposta. Afinal, aquele garoto havia apenas juntando ideia de outras pessoas! ''Patético'', murmurou mais xingamentos, com um tom baixo, sabendo que ninguém escutaria.

Fique com a caneta, ele não vai sentir falta. Além do mais, ele roubou parcialmente a sua ideia. —o aspirante a Vantheris cochichou em seu ouvido, dando uma risadinha maligna assim que se levantou novamente. Ele sobrepôs uma das suas sobrancelhas, tentando encorajar o Jimin com seu olhar sugestivo e malicioso.

O garoto colocou o objeto citado pelo outro no bolso da sua calça escolar, deixando em cima da mesa apenas o bloco de anotações que estava um pouco desgastado, talvez ele não sentisse falta também...

O Park logo descartou essa ideia, ignorando o seu subconsciente, voltando a se sentar.

Os alunos voltaram a jogar cartas ilusórias de propostas para a estrutura da história. Como o clube de leitura não tinha muitos participantes, os alunos foram divididos em apenas dois grupos para fazer uma redação com o gênero suspense, envolvendo criminologia, que era congênere aos livros que eles estavam compartilhando naquele mês.

Jimin deu sorte de ter entrado no grupo da Iu, assim não precisaria ficar muito tempo sem vê-la, já que os encontros do clube eram reduzidos por conta do pequeno trabalho.

Ele diria que o universo também estava gostando de si e fazendo o destino deles dois se cruzarem.

A história não precisava ser extensa, portanto, esse projeto não iria durar muito. Talvez eles terminassem em menos de duas semanas ou até mesmo uma, já que havia cinco pessoas criativas trabalhando em uma única ficção. Mas, de qualquer forma, o Jimin tentaria aproveitar o tempo extra que ficaria com a garota que tanto admirava.

Um dos seus planos foi pensado logo no primeiro dia. A Iu havia começado a ler uma série de livros policiais para ter ideias para a redação, então, o Jimin pegou o terceiro volume, sabendo que ela leria um por dia, já que na biblioteca estava proibido pegar mais de dois livros por vez por conta da grande quantidade de buracos na estante. Muitos alunos demoravam demais para entregar ou sumiam, então esse foi o melhor jeito que o bibliotecário achou para melhorar a situação. E a garota nunca deixava de pegar uma obra romântica, portanto não sobrava espaço para que pudesse pegar mais de um volume criminológico.

Enfim, aquele encontro já estava no terceiro dia então o garoto tinha certeza que a sua paixonite secreta iria querer lê-lo. Sendo assim, ele escreveu uma pequena mensagem na última página, sem se identificar, já que poderia fazer isso mais para frente.

Então, assim que a reunião chegou ao fim, ele correu até as estantes de suspense, procurando pela série que a garota estava lendo.

Colocando uma balinha de café dentro do livro, ele sorriu frouxo, já imaginando a sua história de amor.

Sobre livros de criminologia, ele criaria seu próprio enredo fantasioso de romance, mesmo que os gêneros não fossem o mesmo.

—Você faz o seguinte, pega os dois primeiros volumes e eu pego os dois seguintes. —Jungkook instruiu seu amigo, seguindo junto a ele pela biblioteca.

Assim que ele chegou na estante que queria, viu que a parte dois da história ainda não estava lá, então decidiu levar até o volume cinco, tendo em mãos quatro livros, como planejou. O outro ele poderia trocar ou apenas pegar emprestado, enquanto o tempo limite de leitura não se esgotasse, com quem estivesse com o tal.

Quando chegou na mesa do bibliotecário para anotar seu nome e os títulos das obras, viu a Iu chegar na fila, estando com a cor magenta envolta dos seus braços. Era o volume dois!

—Ei, Iu, você está indo devolver ou pegar este livro? —Yoongi quem perguntou, logo após ver os olhos curiosos e animados do amigo ao seu lado.

—Devolver. Você quer lê-lo? —perguntou sorridente, já retirando uma das alças da sua mochila, imaginando que teria que emprestar o seu ticket bibliotecário ao garoto.

—Oh, sim! Obrigado. —agradeceu, também mostrando um sorriso gengival, se curvando levemente depois que pegou os dois objetos, carregando-os embaixo do braço, continuando com os outros dois volumes em suas mãos.

—Eu gostei bastante, a escrita é realmente cativante. Tem umas palavras meio difíceis, por ser um autor mais velho, mas, não atrapalha a leitura. —completou, continuando na fila para poder entregar o de romance. —Bom, você já deve ter lido o primeiro, né? —riu de si mesma, bem baixinho por estar em um lugar como aquele.

Yoongi corou dos pés a cabeça, se congelando no mesmo segundo, tendo várias reações inesperadas e confusas. JJ lhe cutucou para que ele pudesse assinar seu nome e pegar os tickets, fazendo ele se atrapalhar ainda mais, derrubando tudo que levava consigo.

Jungkook massageou suas temporadas, saindo da fila para que pudesse esperar seu amigo em outro lugar.

Assim que ele saiu da biblioteca, pôde sentir a leve brisa fria, finalmente percebendo as nuvens escuras que se formavam no céu claro como o colete de lã que a Iu usava.

Foi inevitável não associar ao azul da roupa da garota, já que ele ficou perplexo com a reação do Yoongi. Ele realmente não sabia que o outro gostava da tal citada, ou, ao menos, ficava tão desnorteado com uma simples risada.

Ele realmente não entendia o que as pessoas viam de tão esplêndido na Iu, mas, ele preferiu não questionar e deixar suas apreciações apenas para o céu, mesmo que naquela semana ele estivesse ficando escuro muito cedo.

JUNGKOOK

—Acho melhor você deixar assim mesmo. —interrompi meus amigos, batendo de leve no ombro do Yoongi.

—O vermelho não é a sua marca, 'tá legal? Eu vou pintar as pontas do meu cabelo dessa cor e você não vai me impedir. —contrapôs debochado, se afastando de mim, dando de ombros logo em seguida.

—Vai ficar feio. —resmunguei, também dando de ombros. Se ele queria estragar seu cabelo com a cor que nem combinava com ele, eu nem me importava mais. Tentei ajudar, avisei que iria dar errado, mas, se ele não me escutar, o problema não é meu.

Namjoon, com seus coturnos extremamente caros, pisoteou as pedrinhas da portaria dos fundos do bar, jogando seus cabelos para trás. Juro que seus olhos brilharam tanto quanto as correntes que pesavam em seu pescoço. Ele ficava muito bonito com um colar como aquele, queria que ficasse bem em mim também.

Tenho dó de quem não gosta daquele cara, já que não pode o chamar de feio e muito menos de sem estilo. Pessoas ricas normalmente são associados à moda, já que não precisam se preocupar em gastar absurdos com simples acessórios e roupas de marca. Ele será um modelo no futuro e eu não tenho dúvidas disso.

Continuei lendo um dos livros que peguei na biblioteca no início da semana enquanto esperava o restante da banda —que na verdade não é banda, de acordo com o Jimin— chegar.

O livro não era ruim mas, eu tinha que anotar quase todas as palavras para ver o significado no dicionário. Meu bloco de notas estava repleto de palavras esquisitas que são bonitas ao mesmo tempo, e algumas frases legais que encontrei no livro. Eu tinha que comprar um caderninho novo, pois aquele já estava uma bagunça, tinha listas de compras, anotações de escola, da investigação e coisas de livros. Além dos diversos desenhos e rabiscos para acalmar.

Pensando bem, esse caos não é tão ruim pois, se alguém roubar o caderno algum dia, não irá entender nada, portanto, não corro o risco de descobrirem algo importante ou alguma informação que envolve a minha imagem. Apenas eu entendo e isso está ótimo para mim.

—Serão apenas dois filmes, isso dá aproximadamente três horas. Se demorarmos mais que isso, eu estarei ferrado. —Yoongi constatou, andando de um lado para o outro, arrastando algumas pedrinhas, fazendo um barulho irritante.

—Do que você está falando? Seu avô deve estar no quinto sono a essa hora. —Namjoon debochou, resmungando entre o tilintar das suas correntes cintilantes.

—Vocês não podem falar nada, pois meu pai é o guarda aqui, ou seja, ele é bem mais severo em questão de hora. —entrei novamente na conversa, enquanto anotava algumas novas palavras.

Yoongi deu uma risadinha falsa, estando preocupado atoa. Mas, o que ele disse era verdade. Se o Jimin e o Taehyung demorassem demais, o festival de cinema ao ar livre acabaria e eu não teria outra desculpa.

Imagina se meu pai aparece lá para ver o filme também ou para me buscar? Ficarei um mês sem poder escutar seus discos de música e ler a grande caixa de mangás que ele comprou. Tenho certeza que estarei condenado por dias sem poder comer frango frito! Cheguem logo!

—Por que demoraram tanto? —o baixinho que queria pintar as pontas do seu cabelo com uma cor que nem mesmo combinava consigo, gritou assim que os outros participantes da não banda, chegaram.

—Minha mãe é jornalista e ela achou legal fazer uma matéria sobre os filmes de hoje, ou seja, não pude dar essa desculpa para ela. Tive que dizer que iria para uma reunião do clube de leitura, então ela me deixou lá na biblioteca da escola e tive que andar muito para chegar até aqui. Portanto, não reclama não. —o outro baixinho resmungou, passando por nós e entrando no bar, ligeiramente.

Se eu participasse de algum clube seria bem mais fácil para mim. Dizer que vou a um festival não é um plano infalível, principalmente por ter horário para voltar. Se fosse um trabalho escolar o meu pai nem importaria.

—Newelvis? Oh sim, eles vinham aqui toda semana. —um cara barbudo conversava com o Jimin, estando com um pequeno copo imerso em uma bebida de cor laranja. Ele fez um barulho esquisito com a boca, dando início a um bocejo. Seus olhos se fecharam por completo em meio ao ato, mostrando suas diversas rugas. Bem velho em. —Não sei bem porque, para ser sincero. —completou sonolento, derramando o líquido colorido goela abaixo.

—Talvez eles trabalhassem nos apartamentos. Faxina, pode ser, né? —um outro homem cutucou o mais velho, esperando que ele concordasse com seus pensamentos e assim ele fez. O Jimin mudou seu campo de visão, encarando agora o que parecia ser mais jovem, portanto, poderia saber mais.

—Faxina? Com aquele sujeira impregnada em todos os cantos? Então eles não eram bem pagos e faziam um trabalho meia boca como este. —um dos balconistas entrou na conversa, contrapondo os clientes. Então o baixinho direcionou sua atenção para outra pessoa, novamente.

Se o local era tão sujo porque as pessoas alugavam os quartos? Pelo que os MS's disseram, muitas pessoas se hospedavam lá. O local deve ser bem barato ou, até mesmo, de graça. Não tem outra explicação.

—Onde podemos alugar um? —Yoongi tomou a vez, de prontidão, antes que o garoto de boné —desta vez, não era o acessório feio do Dragon Ball, aquele estava totalmente gravado na cor preta— pudesse falar alguma coisa.

—Aqui mesmo. —o funcionário respondeu, se afastando um pouco de onde estava, mostrando que havia um porta chaves atrás de si, quase vazio. Realmente, aquele hotel era bem famoso, aparentemente.

Enquanto o restante deles se resolviam, eu fui procurar o Namjoon, que havia se afastado da gente há algum tempo. Então, logo que o vi, fiquei atrás de si, escutando uma nova conversa.

—Você é um garoto muito jovem para usar isso. Já não mora mais com seus pais? —o homem perguntou, ajeitando seu chapéu esquisito enquanto esperava um balconista encher seu copo.

—Usar o quê? —perguntei confuso, encarando meu amigo com uma expressão espantada.

—A constância da antiga banda vindo a este bar está muito estranha, então, imaginei que poderia ser um ponto de drogas. —respondeu, se virando para mim para que o outro não pudesse escutar. —Foi apenas uma pergunta irrelevante, não irei comprar. —desta vez ele direcionou sua fala a outra pessoa que estava conosco, esta que deu um sorriso miúdo e até um pouco aliviado.

—De qualquer forma, aqui não vende. —acrescentou, finalizando seu falatório.

Coloquei um grande ''x'' na palavra ''drogas'' em meu bloco de anotações, mesmo que fosse em uma página diferente do início das informações sobre o bar. Eu entenderia, como dito antes.

Nós nos afastamos enfim e fomos a procura do Yoongi.

Namjoon disse que não faria diferença se excluíssemos os outros dois garotos que estavam juntos conosco, afinal, eles não estavam fazendo absolutamente nada, de fato.

JIMIN

—O plano é o seguinte, JJ fica com o Nam... Para de me olhar assim! —Yoongi resmungou olhando para mim, sendo que eu nem sei o que fiz!

Tudo bem que eu estava com os braços cruzados e o encarando de uma forma um pouco gozadora... digo, muito pouco mesmo, mas, não faz sentido ele ter parado sua fala por conta disso! Esse garoto enche o saco, até o Jungkook é mais suportável que ele. Sinceramente? Tomara que ele não me dê alguma função nesse plano junto a si, senão eu não faço. Vou embora na mesma hora.

Coloquei uma mão sobre meu tronco, perguntando com aquele gesto se ele estava mesmo direcionando aquele olhar furioso para mim. Yoongi é esquisito.

—Como dito antes, o Nam irá até a porta restrita...

Interrompendo sua fala novamente, mas não no modo literal. Nós achávamos que era uma completa bobagem ter um quarto com uma placa como aquela, deixaria tudo bem mais chamativo e suspeito. No entanto, a questão é: não há placa nenhuma! É apenas uma porta normal idêntica às outras.

Se nós estivéssemos mesmo entrando em um caso de investigação, os criminosos não seriam tão bobos. Aprendi isso com as leituras criminais que fiz esta semana, e tenho certeza que na minha história isso não vai acontecer. Mesmo que, se tudo for mais fácil do que na ficção, eu não iria reclamar nadinha.

—...Quando alguma outra pessoa estiver lá. Nós vimos que, constantemente entra alguém, então, quando a porta estiver aberta é só dar uma espiadinha ou algo do tipo. —completou, gesticulando com as mãos, como se estivesse guardando as informações em pastas imaginárias. Ou talvez seja só eu pensando demais e interpretando de forma muito abrangente.

Os dois garotos anteriormente citados concordaram com a cabeça.

Pude notar, depois de muito tempo, que suas roupas estavam combinando. O Namjoon usava uma blusa de gola alta, assim como o JJ, e ambos estavam com correntes. Porém, as do garoto loiro eram bem mais cintilantes, talvez fossem mais caras... Além de que eles também usavam uma calça jeans escura de cintura alta, somente os sapatos eram diferentes, mas eu não pude reparar muito pois, assim que subi meu olhar, Jungkook estava com uma das suas sobrancelhas levantadas, com um olhar duvidoso.

Eu encarei por tempo demais, não acredito! Perdi metade da continuação da fala do baixinho ao meu lado por ter reparado em algo irrelevante.

Se bem que, um livro me informou que pessoas combinando roupas é sinônimo de relacionamento amoroso. Então eles devem estar namorando! O devaneio não foi tão ruim, pois, com o meu conhecimento, eu pude descobrir uma grande fofoca sem nem mesmo precisarem dizer para mim.

Eu sou um ótimo detetive, não há ninguém melhor —mesmo que tenha sido apenas uma observação da vestimenta... de qualquer forma, muitas pessoas não sabem que combinar roupas com outro alguém significa isso—.

Espera...

Eles estão namorando???

—Minnie! —Taehyung me deu um tapa na nuca, espantando minhas ideias, de supetão. Juro que vi as frases que formei, que flutuavam em frente a mim, sumindo rapidamente. —Estava pensando em que para estar com uma expressão tão apavorada? —perguntou confuso e também espantado. Será que ele não leu minha mente? Amigos não deveriam fazer isso?

—Cadê o Yoongi? —o respondi com mais uma pergunta, ignorando sua fala para que eu não precisasse contar a descoberta.

—Já entrou no quarto, vem. —me puxou pelo capuz do meu moletom, fechando a porta do local logo em seguida.

Meus planos era ir embora, caso eu ficasse com o Yoongi... Mas, essa decisão definitivamente não seria favorável a mim.

Saindo finalmente dos meus pensamentos adversos, eu foquei na ''investigação''.

O quarto não era tão sujo como imaginei, mas era bem pequeno, o que dava-lhe uma aura bagunçada. Havia uma grande cama de casal no canto, ao lado de um criado-mudo pequeno com um abajur com lâmpada amarela, que é uma cor bem feia, convenhamos, principalmente para usar de iluminação. Além disso, havia também uma otomana em frente a cama, de cor azul, quebrando toda a paleta de cores queimadas daquele lugar.

Nada chamava muita atenção ali. O Taehyung havia aberto todas as gavetas da cômoda de madeira, mas, não encontrou nada além de um jogo de cama branco... ou melhor, amarelado, com uma aparência provecta demais para ser usado. Também havia duas toalhas brancas e alguns sabonetes sem cheiro.

O banheiro não tinha nada incomum, somente um cheiro forte de veneno para baratas, então logo trancamos o cômodo.

Enquanto o Yoongi revirava toda a cama e o meu amigo olhava atrás dos quadros, eu me sentei no pequeno sofá, extremamente desconfortável. Ele não era nem um pouco fofinho e não tinha nenhuma almofada. Nem fazia barulho! Que sofá esquisito.

—Eu acho que não vamos descobrir nada, é só um quarto de hotel... —Tae murmurou, revirando seus olhos, se sentando no assento em frente a cama.

Escutei os outros dois reclamarem, tendo uma discussão boba. Então, o aspirante a Vantheris apareceu, pela primeira vez naquela noite. Eu tinha até estranhado o seu sumiço.

Levante daí. Esse sofá está estranho, parece oco. —cochichou, mesmo sabendo que apenas eu podia escutar. Então eu fiz o que ele pediu, dei uma volta na mobília, analisando cada detalhe.

A estampa do sofá era xadrez, mesclando azul com verde, mas que, de qualquer forma, não combinava com a otomana. Era fino demais, parecia um tecido, certamente não era o design real. Então, me agachei e tentei procurar alguma borda, pois pensei que talvez fosse até um lençol. Enfim achei, retirando as cores vivas, mostrando a cor real dele. Marrom, um marrom bem feio... muito feio.

Logo vi o que tentaram esconder com o xadrez chamativo. Havia marcas na base do assento do sofá, mostrando que, ao invés de sentarem ali, eles na verdade colocavam as mãos. Então foi isso que fiz, levantando o assento, juntando-o com o encosto. Era um sofá com baú. Que móvel versátil! Mas, por que ocultaram isso? Ninguém iria adivinhar sobre aquilo com a capa que colocaram.

—Aparentemente os hóspedes não podem descobrir sobre o baú, então apenas os proprietários usam-o. Mas, a questão é, por que usariam? —meu subconsciente quem disse, porém, eu logo repeti suas palavras, para dissipar os olhares confusos dos outro dois garotos que estavam junto a mim.

Levante o tapete! —pediu novamente, então eu fui rápido em lhe obedecer. 

Para quem achou que haveria uma passagem secreta ali, se enganou, pois não havia nada. Só uma mancha de café. Eles teriam que trocar o carpete, senão acabaria danificando ainda mais, com o passar do tempo. Minha mãe quem diz. Ela já trocou o do quarto dela dezenas de vezes, mesmo quando é apenas uma mancha pequena.

—O papel de parede... —Taehyung disse de repente, voltando a retirar todos os quadros, colocando-os em cima da cama.

Algumas partes, embaixo das pinturas retiradas, estavam com o adesivo descolando levemente, provavelmente pela quantidade de vezes que colocavam e tiravam a decoração. Ou a quantidade de vezes que...

—Por que gritou? —meu amigo resmungou em um tom extremamente alto, lançando um olhar furioso para o baixinho, que fez uma expressão indignada logo em seguida.

Eu encarei o pequeno espaço da parede sem o adesivo. Era de madeira, totalmente de madeira, contendo alguns espaços grandes que também daria como esconderijo para algo. Por que todo o quarto estava camuflado???

—Se apenas proprietários usam essas partes ocultas, o que eles guardariam que não poderia ficar em suas próprias casas? —o medroso dramático voltou a falar, mas eu nem entendi direito, pois o som da sua voz gritando ainda estava ecoando em minha mente.

—Drogas. —Tae deu de ombros, como se a resposta fosse óbvia. Ele saiu de onde estava, caminhando pelo local, olhando para o chão.

Minha nossa!

Pode ser isso mesmo! Como eu adoro pessoas inteligentes como o Tete!

É como eu disse a ele há alguns dias atrás. Não poderia ser um simples hotel, afinal, a banda morava naquela cidade e, que eu saiba, eles não tinham relações ruins com os seus pais para esconder deles em um bar de velhotes.

E toda a trama aumentou em níveis extremos quando o meu amigo incrível, prodígio, esperto, ágil, maneiro e tudo mais, achou o esconderijo que eu disse que não existia! No local onde estava o tapete, ele retirou o carpete, pois, pelo visto, apenas naquele lugar, estava mal colocado. Então vimos uma portinha de madeira, muito parecida com a cor do piso falso. As pessoas que quiseram esconder tudo aquilo não eram tão tolas, no entanto, nós somos invencíveis!

—Que escuro... não vou entrar não. —Yoongi voltou a falar bobagens. Ele parecia uma criança assustada. Não disse que ele era esquisito? É mais velho que eu, mas, sou muito mais maduro.

—Por que entraríamos aqui sem iluminação nenhuma? Sem ver nada, não descobrimos nada também. É óbvio que eu trouxe uma lanterna. —sorriu de ladino, voltando até a porta para pegar sua mochila, mostrando-nos o objeto que citou anteriormente. Ou ele era muito preparado ou era muito paranoico.

Se as pessoas pagavam pelos quartos, tinha que ter luz, era o mínimo, então não iríamos precisar daquela lanterna. Porém, parecia que ele previu o futuro!

Assim que descemos a pequena escada, senti o Yoongi segurar a ponta do meu moletom e, mesmo quando o olhei indignado, ele não me soltou. Medroso!

—Sabia que o JJ está lendo um livro onde um dos personagens guarda cadáveres no porão da sua casa? Certeza que deve ter dezenas aqui! —gritou mais uma vez, resmungando quando o Taehyung lhe deu um tapa na nuca, voltando a direcionar a luz para outros lugares.

—Aqui não tem cheiro de nada e aparentemente só há poeira e caixas. —concordei com meu amigo, mesmo que eu não estivesse reparando no lugar corretamente, já que ele movia a lanterna rápido demais e meu campo de visão ficava uma confusão.

—Eles decapitaram as pessoas e colocaram nessas caixas! —arregalou seus olhos, dando alguns pulinhos, enquanto ainda se prendia a mim. O garoto estava totalmente sério há alguns minutos atrás! Que mudança de personalidade estranha.

Segui o meu amigo, ficando na frente dele quando fui conferir o que realmente estava guardado. Minhas mãos tremiam um pouco, não posso negar, no entanto, eu não estava com medo! Aquele lugar só fazia muito frio...

A poeira cobriu meus dedos, quando levantei a tampa de madeira. Fechei meus olhos rapidamente, pressionando meus lábios uns nos outros. Eu não sabia o que poderia estar lá, e com todas as suposições do baixinho, eu estava receoso também... vai que...

—Papel? —Taehyung constatou, confuso. Então eu finalmente abri meus olhos, ficando atônito junto a si. —Que tipo de papel é esse? —pegou uma grande quantidade, analisando-os, passando a lanterna por toda sua extensão, juntando suas sobrancelhas em descontentamento. Nós, definitivamente, não estávamos entendendo nada.

Yoongi se afastou de mim, ficando poucos passos distante, cruzando seus braços e pressionando seus lábios, assim como eu havia feito antes. Sua imagem foi sendo consumida pelo escuro aos poucos, assim que o meu amigo movimentou a única luz que tínhamos, novamente.

Quanta bobagem!

Nós certamente estamos criando um caso criminal sozinhos, pois nada faz sentido. São papéis normais, com uma textura diferente parecida com o material usado em jornais. Onde está mistério nisso?

Se bem que, por que eles guardariam tantas caixas em um porão de quarto de hotel? Isso não se encaixa. E por que eles camuflam todo o quarto? Será que é para disfarçar a sujeira? Esse hotel deve ser realmente muito antigo, então, para não perder a clientela, eles tentam melhorar o lugar sem precisar fazer grandes reformas.

Como exemplo: colocar adesivo de papel de parede é super fácil e dá para trocar a qualquer momento, o que é muito mais prático do que fazer uma parede verdadeira sem ser de madeira e sem ter que ser finalizá-la de alguma forma. O material não é ruim e nem fino, então, mesmo que você se encoste na parede, ninguém irá perceber a má construção.

Além disso, possivelmente, o uso do porão desses cômodos deve ser pelo fato de não terem espaço para colocar todos os elementos de qualquer produto que eles façam.

Se bem que, sobre o carpete, eles têm que trocar o quanto antes.

Como não tinha mais nada de interessante para ser analisado, nós voltamos para o quarto, arrumando toda a bagunça que fizemos. Eu estava super concentrado e nem mesmo percebi que reviramos todos os cantos.

Espero que o JJ e o Namjoon tenham descoberto algo super legal, porque eu estou chateado de verdade por ter gastado tanto tempo e energia em uma investigação patética.

Nós precisamos urgentemente organizar planos melhores e começar a falar com os pais dos integrantes da antiga banda.

Escutando aqueles marmanjos nós não iremos descobrir nada e continuaremos parados no mesmo lugar.

Mesmo que, se nós acharmos os Newelvis, iremos estar jogando fora uma oportunidade única de deixar de ser invisíveis naquela escola e até mesmo na cidade, sendo conhecidos como os mais maneiros... Tanto faz! É melhor ser conhecido como o esquisito que conversa sozinho do que apresentar shows com o Jungkook. Eu iria perder a concentração e tudo daria errado!

Minha mãe sempre diz que, para tocar com maestria, nós devemos focar apenas no instrumento que temos em mãos, escutando cada toque que criamos e vendo apenas a dança das notas musicais.

No entanto, com meu arqui-inimigo do meu lado, eu não conseguiria ver nada além das suas mechas vermelhas —o que certamente explica toda a sua rebeldia, mal comportamento e tudo mais, afinal, a cor vermelha significa isso, para mim— e escutaria apenas a sua voz irritante.

Sabe quando você se prende tanto a algo ao ponto de tudo ao seu redor ficar em pleno desfoque? Eu não queria me concentrar em um cara mesquinho, mas, para quem quer que esteja lendo, não me julgue! Você não conhece o JJ, se conhecesse, também sentiria a mesma coisa.

Então, juntando todos os fatos, é melhor negar a fama e fazer algo bem mais divertido que é entrar em uma investigação super hiper mega séria!

Se bem que não está sendo tão séria assim, já que ao nosso redor só tem papel e mais papel. E estampas de móveis bem bregas... 

{...}

olá! este foi apenas o comecinho então não desistam de mim! a trama parece boba mas, vai melhorar... eu espero...

enfim, até mais! :)

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