Capítulo 1
Um pé depois do outro. Ed já tinha atravessado o campo de arame farpado e o labirinto. Da primeira vez pareceu ter demorado uma eternidade para passar dos dois primeiros obstáculos, agora só precisava cruzar o campo minado com cuidado, pegar a chave e abrir aquela porta. Faltava mais uns dez metros de muito cuidado e sorte, afinal ele não sabia onde estavam todas as bombas. Ed não fazia ideia de que lugar era aquele, havia um muro ao seu redor e mais nada ali dentro. Respirar fundo era necessário, e fazer as escolhas certas também. Ele se concentrou nisso para dar o próximo passo, mas a decepção o invadiu quando um som conhecido ecoou pelo ambiente. De repente o campo de areia irregular, a chave e a porta se diluíram em sua frente como se fosse névoa.
Ele estendeu a mão e desligou o despertador.
Apesar de não se lembrar com exatidão quando começou a ter esse sonho ele sabia que, 1, o cenário não mudava, e 2, tinha uma sequência interessante de obstáculos: campo de arame farpado, labirinto e campo minado. No fim havia uma chave e ao lado dela uma porta que ele gostaria de saber para onde dava.
Mas agora já era, só a noite quando voltasse a dormir que conseguiria ter esse sonho novamente (durante o dia não acontecia, ele tentou depois da terceira vez).
Ed virou de bruços suspirando, sempre odiou acordar cedo, mas era o que precisava fazer se quisesse chegar na escola dentro do horário.
Desde que ganhou um despertador nunca mais precisou ser acordado com o barulho da porta batendo contra a parede. De manhã seu pai sempre parecia irritado, e isso contribuía para a força com que a porta era aberta.
Depois de se arrastar para fora da cama e se arrumar, ele desceu e seu pai não estava mais ali. Seu horário começava mais cedo, então quase nunca tomavam café juntos. Ed adiantou o lanche pois ainda que morasse perto e pudesse ir andando, era melhor evitar qualquer tipo de problema pois se seu pai soubesse que ele ficou para o lado de fora porque chegou atrasado… isso não iria ser nada bom.
Estava descendo a rua quando se deparou com a característica sirene azul e vermelha que quase sempre passava por ali iluminando as residências. Ele parou de caminhar e o carro diminuiu a velocidade, o vidro lateral foi aberto revelando o policial Hugo do lado de dentro.
— Indo pra escola? — perguntou.
— É…
— Tudo certo por aqui?
— … por enquanto…
O policial o encarou.
— Sei… e o que vai mudar isso?
— Vão abrir um bar ali na entrada — o homem se moveu no assento para olhar. — Então você vai ter que vir mais aqui.
— Mais segurança não é um problema, certo?
— Certo.
— Pois é… bem, tô te atrasando né?! Pode ir.
Hugo era uma pessoa diferente há uns cinco anos atrás quando dava aula de artes marciais em um projeto social que Ed frequentava depois da escola. Porém, um tiroteio, uma cirurgia complicada e um rim perdido o tornaram uma pessoa menos… amigável
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top