Capítulo 67 - Um Novo Rumo


Lassie Narrando (A gêmea do cabelo verde) - Sexta, 4 de maio.

Sentada num banco de praça ali na parte do jardim, observei alguns alunos do segundo ano conversarem algo não muito longe dali. Estavam rindo em meio as palavras.

Suspirei. Eu já tinha passado por aquele tempo onde a vida parecia mais divertida. Mais prometedora.

  Alguém se sentou ao meu lado. Eu a encarei pelo canto dos olhos.

- Faz frio, mas o céu está praticamente limpo. - Disse Tassie olhando para cima.

- Por que quis falar comigo agora? - Perguntei sendo direta. - Saudades de mim? - Brinquei.

Tassie riu.

- Na verdade, eu preciso que você me faça um favor. - E me entregou alguma coisa embrulhada que tirou de dentro de seu casaco cinza.

- O que é isso? - Dedilhei o objeto coberto. - Um livro... - Respondi assim que descobri.

- Quero que entregue isso para London. - Ela disse com os olhos em algum lugar a sua frente.

- Tudo bem, mas por que você mesma não entrega?

- Agora que entra a parte do favor. - E me encarou. - Meus poderes não são muito apropriados para uma luta, já os seus..

- Quer que eu lute com a garota? - Perguntei confusa.

- Eu quero que a ajude a aprender a lutar. - Corrigiu me. - Estou responsável pelo conteúdo que ela aprenderá até o fim do mês, tanto o teórico quanto o prático. E para o prático, preciso de sua ajuda.

- Você sabe que eu não quero me meter em nada associado a essa garota. - Lembrei a.

Sua feição se tornou séria.

- E você sabe que não adianta ficar longe dela. Deixar a menina de lado, é pedir para que outros venham instruí la. Não vai querer que ela dê de frente com Senhores que a podem manipular e trazer problemas futuramente à Aureatus inteira.

Prendi a respiração por um momento. Odiava quando Tassie tinha razão de algo e eu não.

Olhei para o livro embrulhado em um papel azul em minhas mãos por um momento e em seguida, a encarei.

- E para quando é esse favor? - Perguntei baixo já aceitando que faria aquilo.

- Para hoje à noite, logo depois do horário de recolher.

- Aqui na escola? - Minha voz se alterou novamente. - Não vai expor mais ainda a menina?

- Boa parte dos alunos estarão dormindo. Use a área de trás do prédio principal para isso. Os poucos que provavelmente verão algo serão algum funcionário ou professor. - Disse segura de suas palavras.

- Você quem sabe. - Falei quase cuspindo as palavras. - E esse livro? Do que é? - Balancei o livro na mão.

- Finalmente eu conheci a guardiã da princesa. Ela quem me pediu para dar isso a menina. Eu não tirei o embrulho mas já sei o que é. - E deixou as costas tocarem o banco. - Acho que levando em conta como isso veio parar em minhas mãos, você deve saber o que é.

Encarei o livro surpresa. Meus olhos estavam arregalados.

- É isso? Realmente é isso? - Eu não acreditava no que tinha em mãos.

  Tassie assentiu com a cabeça.

- Faça com que isso chegue nas mãos dela. - Deu me a ordem. - Mas não deixe que ela saiba que foi você quem entregou. Caso contrário, ela tentará saber como o conseguiu. Se ela descobrir sobre si antes da hora, a visão que vi irá mudar e pode ser para a pior.

Assenti com a cabeça.

- Tudo bem.

                          ~*~

- Não sabia que os professores davam aulas no período da noite. - Disse London colocando as mãos nos bolsos de seu casaco.

- Não damos. - Falei olhando a nossa volta usando os olhos de águia. Não vi ninguém. Estávamos sozinhas num grande campo com grama verde atrás do prédio principal. Tudo estava cercado por muros altos. - Tire as mãos dos bolsos. - Pedi tentando não soar grossa. Eu tinha o dom de parecer grossa até quando tentava mostrar a mais pura educação.

- Mas está frio. - Disse deixando as mãos caírem de cada lado de seu corpo.

- Não se preocupe. Vai ficar quente. - Avisei me afastando da jovem.

- Diga me, London. - Olhei para o céu. - O que já conseguiu aprender a fazer até agora?

- Estou trabalhando com luzes. - Disse pensativa. - Tentando controlar a intensidade delas. Eu consigo gerar esferas de energia também. Posso usá las para me defender.

- Algo mais? - Perguntei levantando uma sobrancelha.

- Também estou aprendendo a lidar com a gravidade. Não sabia que dava para fazer isso.

Assenti com a cabeça.

- Está num ótimo caminho. - Falei dando alguns passos sem destino para um lado e para o outro. - E tenho que dizer que controlar a gravidade é algo raro segundo os livros. Eram poucos os Senhores das Estrelas que conseguiam tal façanha. - Informei. - Talvez este venha a ser o dom herdado por você. - E então eu parei. - Mas me diga, London. - Levantei uma sobrancelha. Aquilo seria divertido. - Você acha que com o que já está aprendendo, pode se defender de qualquer coisa?

- Posso tentar. - Disse engolindo em seco.

Dei um meio sorriso.

- Boa resposta. - E caminhei de um lado para o outro novamente. - Vamos lá, então. - Parei novamente e inclinei a cabeça para o lado. - Esse será seu primeiro exercício prático. - E dei alguns vários passos para trás.

A garota ficou me olhando o tempo todo em silêncio. Havia claramente um ponto de interrogação no alto de sua cabeça. Aquilo estava ficando cada vez mais divertido.

Nesse momento, eu ainda lembrei das palavras de Tassie. "Mais uma coisa. Por favor, controle se. Do jeito que você é, pode acabar assustando a garota."

Revirei os olhos diante daquela memória. "Eu não vou assustar a garota, irei apenas ensiná la melhor que qualquer outro professor naquela escola."

- Vamos para a lição de hoje. - Falei. Não ventava naquela noite, mas isso mudou quando deixei o chão subindo rapidamente com a ajuda do vento, muito vento em mim. Eu a observei dali de cima. Seus olhos brilhavam diante daquela demonstração de poder. - Aconselho você a não usar sua habilidade com gravidade esta noite. O fogo pode ser mais agressivo ainda com gravidade baixa.

London me encarou desconfiada.

Dei lhe um meio sorriso e comecei a puxar o ar para dentro dos pulmões. Logo eu o liberei pela boca, porém o que saía ali era fogo que tocou ao chão e formou uma circunferência em volta da garota. London ainda se encolheu com medo do que via, o que só me fez sorrir mais.

Eu a observei dali de cima. Ela olhou em volta algumas vezes. Estava apavorada, tentava entender ao certo o que se passava.

- Pois bem, o seu exercício é bem simples de se fazer. - Eu gritei lá de cima a fazendo me encarar. - Apague o fogo com seus poderes.

  Vi suas sobrancelhas se unirem.

- Como? - Perguntou me. - Eu não controlo os elementos, lembra?! - Gritou de volta parecendo perdida.

- Não, você não controla. - Confirmei. -  Você é uma Senhora das Estrelas, London. Aja como tal.

- Você quer que eu apague o fogo com luz? - Gritou mais uma vez. Sua face estava dominada pelo pânico. Havia fogo, muito fogo a cercando ali. E não estava longe da mesma.

- Quem disse que os Senhores das Estrelas só controlam a luz? - Lembrei a.

- Bem, gravidade e energia não contam para me ajudar nesse caso, não é mesmo? - Perguntou irritada. - Só me resta luz.

Neguei com a cabeça.

- Um Senhor das Estrelas faz muito mais que isso. - Falei.

- Eu não sei o que fazer. Você não pode me dar uma dica? - Pediu em outro grito.

Respirei fundo diante do que ouvi. Eu não queria acabar com a diversão, mas também não queria traumatizar a criança.

- Tudo bem. - Respondi. - Aí vai uma boa. - Apontei para cima. - Os Senhores das Estrelas eram conhecidos por serem os Senhores do céu.

E mais uma vez a vi ficar confusa. Mas não durou muito aquele sentimento, logo sua face assumiu uma nova expressão. A clareza dos fatos lhe tomou. Ela olhou para o céu como se procurasse algo ali e logo pareceu achar.

Primeiro a vi levantar uma mão e depois a outra. Ela respirou fundo e as chamou.

O vento agora não soprava apenas a minha volta, mas sim também em todos os lugares por ali. As nuvens se reuniram tampando boa parte da visão das estrelas naquela noite.

  Os raios ali brilhavam. Logo começou a chover. No começo bem fraquinha, logo virou um temporal.

O fogo foi diminuindo, pouco tempo depois, as chamas já haviam apagado.

London me observou o tempo todo enquanto meus pés voltavam a tocar ao chão.

Sorri mais uma vez. Agora mais satisfeita que nunca.

- Exercício terminado. - Eu disse.

  Notei quando sua cabeça se inclinou ligeiramente para o lado e ela me fitou como se estivesse a ponto de lançar um raio em mim.

- Você é louca. - Disse irritada. - Eu poderia ter me ferido ali. - E apontou para o espaço atrás de si.

- Eu não deixaria que isso acontecesse. - Falei rapidamente.

- Aham. - Disse com sarcasmo. - E se eu não tivesse pensado na chuva? E se eu não conseguisse fazer chover? Eu nunca fiz isso, sabia? Não tinha nem ideia de que era capaz de controlar o clima.

- Aí é que está. - E dei um passo à frente. - Quando os primeiros poderes de um Senhor aparecem, geralmente o mesmo tende a se agarrar no que já tem conhecimento da existência em vez de procurar obter mais. - Abri uma mão onde uma miniatura de um tornado formou se ali. - Esse foi o primeiro poder que descobri ter. - Abri a outra mão. Uma chama vermelha com partes amarelas e laranjas sr apresentou. - Eu jamais achei que pudesse controlar por completo dois grandes elementos. Nunca saberia que conseguiria tal façanha se tivesse parado e aceitado apenas o que sabia que já tinha. - E então me fixei em seus olhos. - Todos os Senhores são capazes de ter muitos dons dentro da sua divisão, mas poucos sabem realmente quais são todos esses dons. Permita se conhecer a si por completo. Depois vem os detalhes de como controlar cada pequena parte.
  
  Silêncio. London agora estava mais calma, mais observadora. A reflexão era clara em sua face.

- Terminamos por aqui, hoje. - Falei. - Como lição de casa, quero que leia mais sobre poderes mais comuns pertencentes aos Senhores das Estrelas. Dê uma olhada na história de Luminas também. Você precisa conhecer melhor suas raízes.

London assentiu com a cabeça.

- Boa noite, professora. - Disse baixo. A voz incrivelmente tomada pela calma.

- Boa noite, London.

E então se virou caminhando para o prédio principal onde provavelmente usaria o portal que a levaria para seu prédio.

  Quando ela já estava bem longe, eu dei uma olhada minha volta. Lá em cima, na cobertura do prédio principal, eu o encontrei novamente. Com meus olhos apurados, vi seu olhar seguir a garota o tempo todo enquanto ela caminhava.

- Olha só. - Sussurrei para mim mesma. - O príncipe veio assistir a aula da namorada. Interessante.

  Como se aquele dia já não tivesse sido cheio, lembrei do livro que ainda tinha dentro de meu casaco. Olhei para o príncipe uma última vez, imaginando o que exatamente o trouxera ali naquela noite e então foquei em minha missão final.

Depois de assumir a forma de um corvo, segurei o livro embrulhado em minhas garras e voei para longe.

Um minuto mais tarde, eu estava diante do quarto da garota. A janela aberta facilitou tudo. Apenas entrei no quarto e deixei o livro cair em sua cama e o olhei uma última vez.

  O conteúdo daquele objeto mudaria dramaticamente o rumo das coisas daqui um tempo, eu só esperava que fosse para a melhor.

Deixei o quarto e me misturei com a noite.

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Tem dois cap aqui pelo tanto de palavras q o watt tá mostrando. Esse eu tive q dar meus pulos pra conseguir por tudo logo. Mas eu amei fazer e como tinha tempo graças a greve, deu tudo certo.

O livro eu conto o q é assim q vier um cap da London.

Eu ri muito imaginando essa cena. A Lassie é muito doida kkkkk

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