Capítulo 66 - Luzes
London Narrando - Terça. 1 de maio.
- E é por isso que eu sumi da escola na sexta. - Admiti. - Eu estava em pânico. - Suspirei e encarei Scar. Sim, eu estava na sala do direto da escola, terça feira de manhã, assim como Aurora me pediu. Eu não acreditava que ela tinha me convencido, mas lá estava eu.
- E você está melhor agora? - Ele perguntou.
Assenti com a cabeça.
- Um pouco. - Respondi sinceramente.
- Então, tudo bem. - Disse encostando as costas em sua cadeira. - Pode ir.
- O que? - Perguntei unindo as sobrancelhas. - Não vou ser castigada nem nada?
O homem negou com a cabeça e apontou para o alto da minha cabeça.
- Deve ser difícil se assumir. - Disse baixo. - Você já tem muita coisa pra se preocupar. Deixarei passar dessa vez. - Um segundo de silêncio. - Peço que tome cuidado com suas saídas de agora em diante. Dez mil anos se passaram, mas não se sabe se com esse tempo, a raiva de alguns que não gostavam dos Senhores das Estrelas também passou.
Eu assenti com a cabeça. Aquelas palavras. Praticamente as mesmas palavras de Aurora.
- E quanto minhas aulas? - Lembrei. - Eu não pertenço ao reino do Tempo..
- Você tem sorte. - Disse. - Alguns de nossos professores gostam muito da cultura de Lúminas, então conhecem muito sobre as tradições, as dificuldades dos luminianos, seus poderes e assim vai. Podem te ajudar com seu desenvolvimento. Pelo menos pelo resto desse ano. Veremos o que fazer nos dois próximos depois.
Assenti com a cabeça uma última vez.
- Que sorte. - Sussurrei pensativa. - Achei que iria ter que me virar sozinha. - Deixei um sorriso nervoso escapar.
- Não se preocupe, London. - Scar lançou me um sorriso gentil. - Vai dar tudo certo.
Suspirei mais uma vez.
- Vai.
- Tire o resto do dia para si. Enviarei para seu email os horários das novas aulas até o fim do dia, sim? E pode usar o salão de cerimônias quando quiser treinar com privacidade. Só usamos ele ao fim de cada mês e para eventos festivos.
- Tudo bem. - E me levantei. - Muito obrigada, diretor.
Ele se levantou também é sorriu mais uma vez.
- De nada. Vai ficar tudo bem. - Disse novamente.
Deixei sua sala logo em seguida. Era cedo ainda. Todos estavam em aula, então quase ninguém andava pelo prédio principal, porém logo haveria a troca de aula onde os professores saíam e alguns alunos perambulavam pelos corredores e ficavam nas portas gritando de uma classe para a outra. Aquilo sempre me lembrou ao ensino médio.
Olhei para a esquerda, na direção de um corredor que ao dobrar, encontraria o salão.
Mordi o lábio inferior.
- Estão todos em aula, não é mesmo? - Sussurrei para o nada.
E lá estava eu, caminhando em direção ao salão e mandando mensagem para Marnie avisando que queria vê la no fim da aula ali.
Parei em frente à duas portas. Entrei no espaço devagar, verificando se tinha alguém ali. Eu estava sozinha. Encostei a porta atrás de mim e dei mais uma olhada a minha volta. O salão realmente era muito grande, o que diminuía muito o risco de eu chegar a quebrar algo em minhas tentativas de controlar meus poderes.
A primeira coisa que fiz ali, foi puxar as grossas cortinas assim ocultando as paredes de vidro.
Pronto. Agora haviam apenas algumas brechas da luz do dia entrando no espaço.
O que eu estava prestes a fazer? Aposto que você se perguntou isso. Tenho que dizer, nem eu sabia ao certo na hora.
Eu sabia que como todos os outros Senhores, os Senhores das Estrelas também podiam fazer várias pequenas coisas, pequenas coisas essas que eu ainda não sabia fazer. E eu precisava aprender.
Alguns muitos pensamentos me rondavam à mente nos últimos dias. Eu me perguntava o que aconteceria de agora em diante sendo a única de Lúminas a ter o paradeiro que todos sabiam. Se existia alguém ou "alguéns" nos tempos atuais que ainda tinha algum sentimento negativo quanto aos luminianos. Se realmente ainda existiam mais luminianos, quando apareceriam, e SE apareceriam.
Tenho que dizer, depois de me tornar órfã, mesmo com Liam ao meu lado, eu sempre me sentia sozinha, mas o sentimento de solidão havia sumido nos últimos meses, isso porquê finalmente eu havia me aceitado diante desse novo mundo como uma momentina (momentina é o feminino e momentino é o masculino para os Senhores de Tempo). A medida que o tempo ia passando, lá estava eu tentando me aceitar de novo e de novo.
Pisca-piscas estavam apagados num canto, eram em versão de chuva. Ficaram lindos quando os acendi ali.
"Coisas básicas", pensei. Era isso o que eu precisava aprender. Eu era uma luminiana, não é mesmo? Então eu devia aprender a controlar a luz. Torná la mais intensa ou mais fraca não devia ser problema.
Dei alguns passos para trás ficando diante das luzes.
- Calma. Eu só preciso manter a calma. - Disse a mim mesma. - E parar de falar sozinha.
Estiquei o braço esquerdo e abri a mão. Respirar fundo era importante, se convencer de que se pode fazer o que deseja é mais ainda. E não ter medo do que é uma parte de si.
A primeira coisa que tentei fazer foi tornar a luz mais forte. Não deu certo. Talvez eu precisasse visualizar o que eu queria melhor. Fechei os olhos e tentei novamente. Ao abrir, não vi diferença.
- Não é pra isso ser difícil. - Lembrei me. - Por que não dá certo?
Estiquei o outro braço e abri a mão.
Eu odiava como tudo o que eu tentava dava errado, por mais que eu tentasse.
Prendi a respiração e tentei novamente. Notei que a intensidade das pequenas luzes brancas aumentou ligeiramente.
Deixei um pequeno sorriso escapar. Não durou mais do que dois segundos, mas deu certo.
- É isso aí. - Sussurrei antes de tentar mais uma vez.
A segunda foi mais fácil. Lá estavam elas mais intensas novamente. Cheguei a ficar com medo de estarem tão fortes que estourassem as lâmpadas. Tentando deixá las cada vez mais brilhantes, comecei a dobrar os braços trazendo as mãos para trás, mas o efeito que tais movimentos trouxeram, foi diferente do esperado.
As luzes pareceram ter vida própria deixando se moverem para mim lentamente, a medida que eu as trazia.
Eram como vagalumes na noite, tomando conta do espaço a minha volta. Deixei meus braços caírem esquecendo que os usava para mantê las ali. Outra surpresa. Elas não se apagaram ou voltaram para seus lugares. Elas estavam lá, como se soubessem que eu as encarava maravilhada.
Foi naquela tarde que percebi uma coisa que ninguém nunca havia me contado. Quando colocamos uma barreira, quando colocamos um SE no caminho do que queremos, nós tornamos aquilo mais difícil de se conseguir. Era eu e apenas eu o meu maior obstáculo ali.
Não consegui deixar de encará las. Eram bonitas demais para se perder um segundo de atenção.
Imagine pontos e pontos brancos e brilhantes diante de si, parados a sua volta. Por um momento, eu senti a paz que nunca senti antes, a verdadeira paz que Liam me contava em suas histórias sobre Aureatus.
"Os homens abençoados trazidos pela mãe natureza à este mundo, sentiram pela primeira vez a paz que muitos só sentiriam depois da morte. Não foi sorte a deles, foi merecimento por todas as vezes que tentaram seu melhor conseguindo ou não realizar o que tanto almejavam."
Como se o que estivesse diante de mim já não fosse incrível, a curiosidade bateu forte, o que me fez querer tocar uma das luzes. Estava quase encostando numa delas quando todas correram para longe voltando aos seus lugares.
Surpresa com o que havia acabado de acontecer, olhei a minha volta procurando o que teria assustado as luzes.
Havia uma cadeira de madeira vazia no canto da sala. Meus olhos não teriam parado ali se não tivesse percebido quando a sombra da cadeira se mexeu ligeiramente.
Senti o eriçar dos pêlos do corpo.
A sombra se mexeu novamente, desfigurando se em seu contorno. Agora tinha nova forma.
Engoli em seco. A sombra era de um homem. Congelei quando ela mudou de forma novamente e deixou a parede correndo pelo chão como uma poça negra. Estava indo em minha direção. Rapidamente.
O ar mal saía de meus pulmões, tentei dar passos para trás mas estava muito assustada, não conseguia executar movimento algum com perfeição.
- Quem é você? - Perguntei alto, quase num grito.
A sombra então parou ali no chão, diante de mim e tomou sua forma original logo em seguida.
Era um homem, claramente um homem, mas quem?
Eu o reconheci apenas quando ele deixou de ser breu e seus traços se tornaram visíveis, logo a cor bronzeada da pele, os olhos castanhos dourados e o cabelo vermelho vivo.
- Que droga, Henry. - Falei pondo a mão no peito. - Você quase fez eu ter um treco do coração.
Henry nada disse, apenas piscou os olhos algumas vezes e virou a cabeça para encarar o pisca-pisca.
- Como conseguiu fazer aquilo? - Perguntou baixo.
- E como você fez isso? - Perguntei em relação a sua forma de sombra. - Aliás, como diabos você sabia que eu estava aqui?
- Marnie me avisou. - Disse baixo ainda encarando as luzes. Seus olhos se fixaram em mim. - Como fez aquilo?
- As luzes? Do mesmo modo que todos os Senhores das Estrelas conseguem fazer. - Respondi baixo. - Controlar as luzes é o básico do básico a se saber.
- Não desse jeito. - Disse sério. Eu via surpresa e medo em seus olhos. O que diabos estava acontecendo para ele estar daquele modo?
- Você pode me dizer o porquê de você ter sumido? - Dei um passo pra frente o fazendo recuar um. - Eu lotei sua caixa postal de mensagens e você não me respondeu. Eu fiquei preocupada. Você simplesmente sumiu.
Henry pareceu hesitar por um momento antes de responder.
- Eu tive alguns imprevistos. Precisava resolver algumas coisas antes de voltar.. - Disse calmamente. - Mas você também sumiu. Eu voltei na sexta de tarde e não a encontrei. Marnie e Jun também ficaram preocupados depois que perguntei de seu sumiço.
- Como pode ver... - E apontei para o alto da minha cabeça. - Eu também tive alguns imprevistos. Eu tentei ligar para você depois que as coisas se complicaram, mas você nem sequer tinha limpado sua caixa de mensagens, não é mesmo? - Neguei com a cabeça reprovando seu ato e suspirei. - Mas tudo bem, agora eu já resolvi o que tinha pra resolver.
- Você sabe que eu não fui para Lumbras pra passear. - Disse baixo. Eu sabia que ele se referia a morte do pai, e eu não estava ignorando o fato, mas assim como ele estava passando por um momento difícil que precisava de gente ao lado pra apoiar, eu também precisava.
- E você saberia que eu não fui para Londres para passear se tivesse ouvido sua caixa de mensagens. - Retruquei.
Henry suspirou.
A porta foi aberta.
- London? - Era Marnie entrando. - Está tudo bem por aqui?
Desviei os olhos dos dela e encarei Henry.
- Não, não está. - E me afastei do mesmo. - Eu vou para o meu quarto. Depois a gente conversa. - Disse passando por Marnie e deixando o salão. Bati a porta atrás de mim.
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Ficou um pouquinho grande kkk
Ali no momentina e momentino, gente eu ia por momenta e momento, porém como ponho em letra minúscula, poderia dar problema pra entender a frase. Aí deixei esses aí. Mas se alguém pensar num nome melhor, me manda nesse cap a sugestão.
Consegui plantar a discórdia entre os dois, finalmente. Hehehehehheheheh vai dar merda. É só o começo.
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