Capítulo 57 - Pressão


Lassie Narrando

Já passava das dez da noite quando os vi. Avistei os lá de cima do telhado do prédio principal com meus olhos de águia. Três iniciados pulavam o muro dos fundos da escola. Teria virado a cabeça para outro lado fingindo que não os tinha visto já que era até normal isso acontecer entre os alunos quando decidiam ir a alguma boate ou algo do tipo a aquela hora, mas ao identificar um deles ao longe, a curiosidade bateu me.

Voei pela noite em silêncio, sempre com os olhos naqueles três. Não demorou muito para que chegassem aonde queriam. Notei que ali, entre as árvores, não os via mais e sabia o porquê.

Já tendo identificado os outros dois indivíduos, tinha uma ideia do que estava bloqueando minha visão ao alto e mudei de forma. Algo que aprendi muito cedo e mantenho em segredo para mim mesma é que o preto no preto se torna invisível e um corvo entre sombras não seria notado.

  Pousei numa árvore perto dali. Encontrei primeiro meu foco. A garota dos cabelos ainda negros olhava em volta e sorria às vezes. A outra de cabelos cinza quase brancos conversava com o de cabelos vermelhos. Demorei a lembrar do nome da garota com o cabelo colorido já que até onde sabia, era apenas uma aluna comum da turma do primeiro ano de iniciados.

Logo voltei minha atenção para a Iniciada das Estrelas. Algo nela sempre me causou sensações estranhas. Talvez fosse o fato de que sua aparição e evolução podiam causar uma grande ruptura da história de Aureatus.

Por um momento, achei que ela tivesse me visto já que passava os olhos com frequência pelas árvores, mas notei logo em seguida que não procurava nada por ali, estava mais para perdida em pensamentos com os olhos no vazio.

O príncipe de Lumbras conversava com a garota dos cabelos brancos, - Marie ou Marnie o nome - e a garota de cabelos pretos apenas passava os olhos nos dois de vez em quando e voltava a se perder nas árvores.

- Pronta? - O garoto pergunta de repente a garota dos cabelos negros.

- Pronta pra quê? - Ela lhe pergunta parecendo perdida no assunto.

O príncipe arregaçou as mangas de sua blusa.

- Pode vir com tudo. - Disse parecendo se preparar para algo.

- Vir pra quê?

- A gente vai lutar.

- Lutar? eu não sei lutar. - A garota estava alarmada. - Eu não sei nem soltar uma faísca ou roubar luzes de postes, quem dirá lutar.

- London, é só fazer algo, qualquer coisa. - Ele disse pacientemente. - Eu estou esperando.

- Mas e se eu te machucar.. e se..

- Duvido. - Era impressão ou o príncipe tinha dito aquilo em tom de deboche?

A outra garota encostada na parede do que parecia ser um armazém riu.

- Eu aposto vinte áureos que ela não consegue tem fazer uma luzinha do tamanho de uma chama de vela. - Disse olhando para o garoto.

Ele riu.

- Eu aposto trinta. - E os dois riram.

- Ei. Vocês podem parar de serem folgados? - London disse fazendo bico.

- Desculpa. - A garota dos cabelos brancos pediu a amiga.

- Ah vai, London.. - Começou o garoto sorrindo. - aposta também, vai que você consegue pegar o seu celular e ligar o flash dele sem a gente perceber.. - Sim, ele estava debochando dela. E era intencional.
A garota não soube o que dizer, o encarou com uma mistura de raiva e pavor.

- Vai dar merda. - Alertou.

Marnie e o príncipe riram.

- Deixo você começar, querida. - Disse o príncipe doce. Ele se afastou dela mais uns passos e parou ali a encarando.

London o encarou de volta. Engoliu em seco e prendeu o ar.

- Eu não sei o que fazer. - Disse baixo.

- Imagine. - A outra disse. - Imagine e acredite que aquilo é real. O resto vai acontecer naturalmente. - Sussurrou.

- Tenta algo simples pra começar. - O garoto disse.

London suspirou e abaixou o olhar. Encarou o chão como quem encarava o nada e deixou se levar pelo momento.

Nada. E nada.

- É isso. - Disse ela apontando com a mão para o chão. - É isso o que acontece quando eu.. - Uma centelha. Sim, uma centelha se formou ali e foi aumentando. Diante dela a luz dançava, ia de um lado para o outro.

- Que lindo. - A de cabelos brancos disse. - Faz ficar maior.

- Não consigo.

- Consegue sim. - O príncipe disse.

Ela conseguiu. A centelha se tornou uma chama ardente azulada que brincava pelo espaço em volta da jovem. Agora subia e descia a rodeando sempre.

- Será que é só luz ou machuca? - Marnie perguntou.

- Vamos saber agora. - Henry disse. - London, tente me atingir com ela.

London cumpriu o pedido do garoto que se defendeu daquela pequena esfera de luz ao levantar uma parede composta de breu. A luz se desvaneceu.

- Senti a intensidade dela na luz. Não é muito forte mas existe o poder de causar dano ali. - Henry falou encarando Marnie. Seus olhos então se direcionaram a outra. - Vamos fazer ao contrário agora.

- Como assim? - London perguntou lhe.

- Eu ataco, você se defende. - Disse já dando os primeiros passos em direção a garota.

- Espera, eu não sei.. - Ela não conseguiu terminar a frase, não tinha como. Henry a atacou com sombras que voaram em direção a garota e passaram respando pelos braços dela.

- Na próxima eu acerto. Melhor tomar cuidado. - Ele avisou.

- Mas eu não sei como me defender! - Disse London alarmada.

- Um escudo, London! - Marnie gritou.

- Ou fique desviando aí.. - Havia mais tom de deboche na sugestão de Henry. Ele lhe deu um meio sorriso.

London sabia que isso era para provocar uma boa reação nela, que os dois ali tentavam ajudá la a liberar seus poderes, mas aquele modo não estava lhe ajudando muito.

- Atrás de você. - Marnie avisou.

London só teve tempo de se virar para ver o que a amiga estava avisando. Sombras passaram por ela raspando nas laterais de seu corpo novamente deixando na mesma um rastro de medo e frio que tomou seu corpo por um momento. Seus olhos mudaram de cor por alguns segundos se tornando vermelhos. Eu sabia o que aquilo significava. As sombras lhe causaram efeito. Lembranças estavam vindo à sua mente e mesmo que estivessem ali apenas por um instante, foi o suficiente para lhe atormentarem.

- Henry, pare. - Ela pediu ao rapaz. - Isso não vai dar certo. - Sua voz quase falhava. Sua respiração estava acelerando.

Henry sabia o porque de London estar pedindo aquilo. Ele sabia que ela estava assustada com seja lá o que vira, mas Henry não iria parar, ele parecia acreditar que a pressão poderia trazer resultados.

- É só você se defender. - Disse calmamente antes de movimentar ar sombras novamente em direção a garota.

O efeito causado foi o mesmo. Olhos vermelhos, medo presente na face de london e a respiração acelerada.

- Pare! - Pediu mais alto se virando para trás sabendp que as sombras estariam lá.

- Henry, é melhor parar.. - Marnie disse parecendo se preocupar com a amiga.

Henry não deu ouvidos a ninguém. Trouxe as sombras de volta para si tocando London no caminho mais uma vez.

- Vamos lá, London, é só se defender.. - Henry disse a encarando diretamente nos olhos.

A essa altura, a garota já parecia extremamente assustada. Eu já tinha ouvido falar do efeito que tais sombras podiam causar em humanos e Senhores. Ela estava perdida com imagens do mundo real a sua frente e as lembranças que visualizava.

Henry continuou o que fazia. Ele não iria parar. Deixou as sombras diante de si irem em direção a garota.

London as encarou aterrorizada.

Marnie viu o desespero da amiga e decidiu parar com tudo aquilo. Imediatamente correu em direção a London mas se forçou a parar diante do que aconteceu.

O vermelho nos olhos da garota sumiu dando lugar a um azul brilhante. Tenho certeza de que todos ali viram. Era como se luz transbordasse de dentro dela pelos olhos brilhando fortemente para quem a vesse.

Em silêncio, London ergueu o braço abrindo a mão ao alto e trouxe uma chama azulada a vida. Era parecida com aquela chama de antes ao qual ela mal controlava, mas essa trazia aos que estivessem perto uma forte sensação de estarem diante de algo intensamente poderoso.

Nem Henry nem Marnie já haviam presenciado tal sensação assim como qualquer outro Senhor já que aquele era o tipo de poder ao qual pertencia a um Senhor das Estrelas. Agora eles sabiam como era estar diante de um poder composto de luz.

Henry deu um pequeno sorriso satisfeito com o que via. Ele trouxe suas sombras para si e se preparou para atacar.

Lançou suas sombras em direção a garota, agora não com intenção em atingir as laterais mas sim ao seu rosto atacando direto a sua mente ao atravessá la.

London foi rápida, baixou o braço ate sua frente junto a esfera que crescia quase tocando sua mão e a lançou em direção as sombras.

O impacto entre as duas forças foi algo impressionante de se ver. As sombras se despedaçaram no ar como vidro se despedaça até desaparecerem. A luz diminuiu consideravelmente como se tivesse se desgastado, mas manteve se viva e foi na direção de onde as sombras tinham vindo. Na direção de Henry.

O garoto levantou uma parede e outra parede. Foram três ao total, até que a luz perdesse a força e desvanecesse.

Silêncio.

Meus olhos encontraram a garota que agora tinha a respiração mais estabilizada e os olhos em sua cor natural.

Ela piscou algumas vezes rapidamente e deu um passo para trás.

Os três ficaram em silêncio por um momento.

- Meus parabéns. - Henry disse sorrindo para London. - Vai ser uma ótima Senhora das Estrelas.

Não fiquei mais para ver o que acontecia a seguir. Já tinha visto o necessário. Levantei voo e parti para a noite.

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Mano, fazer tudo sem se apressar é irritante .. só q tbm não dá pra correr  e vcs ficar perdidos. Minha semana de provas começou. Resultado da primeira prova: 4,5 kkkkkkk
aiai

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