Capítulo 55 - Sopro
Miranda Narrando.
Louis estava inquieto, caminhava de um lado para o outro, se sentava em sua poltrona, levantava e caminha mais.
- Respira. - Pedi lhe. Eu estava sentada numa mesa num canto apenas o observando.
- Você não entende, Miranda..
- Então me explica..
Ele parou e me encarou.
- Se esse segredo maldito vazar, vai dar uma merda.. - Disse parecendo assustado.
- Então não deixe vazar, ué. - Falei.
- Como se viver com isso em mente fosse fácil. - Louis riu sem humor algum.
- Então esquece. - E dei de ombros.
- Você faz parecer tudo tão fácil. - Sussurrou.
- É que pra mim é..
Ele suspirou.
Dei lhe um pequeno sorriso e abri os braços para o mesmo.
Louis nada disse, correu para mim como uma criança corre para o colo de uma mãe.
- Não fale sobre isso com ninguém. - Surrurrei. - Seja lá o que for, se for para provocar violência, é melhor que deixemos para lá.
- Você é sempre tão sábia.. - Sussurrou em meus braços.
- Eu só não suporto pensar que para resolver algo, tenha que usar violência. Revolta me pensar que tanta gente morre por não saber se sentar e conversar ou simplesmente ignorar..
Silêncio. Escutei seu suspiro novamente. Louis se afastou.
- Realmente deixar isso quieto é o melhor a se fazer. - Disse baixo parecendo pensativo.
Dei lhe um pequeno sorriso e pus me de pé.
- Fico feliz que tenha se decidido, agora vou saindo, tenho mil coisas pra fazer..
Vi sua expressão tornar se triste.
- Mas já? Você nem me dá mais atenção..
Revirei os olhos.
- Imagina.. nem conversamos todos os dias, ou fazemos leitura juntos ou sei lá o que..
Louis nada disse, seus olhos já mostravam que ele não concordava com meus argumentos.
- A gente se vê depois. - E acenei antes de sair.
Fechei a porta com um pequeno sorriso no rosto.
Passar o tempo com Louis sempre me deixava feliz.
Caminhei em silêncio pelos corredores sentindo a bota do pé esquerdo incomodar um pouco. Acho que havia alguma pequena pedra ali.
O vento da noite soprava pelas grandes janelas e ameaçava o fogo dos candelabros de parede. Um desses teve uma de suas velas apagadas.
Suspirei e me aproximei. Em silêncio, fechei os olhos e soprei o topo da vela apagada. Uma nova chama tomou conta daquele pequeno espaço. Sorri satisfeita.
- São poucos aqueles capazes de fazer algum tipo de luz sem escuridão completa. - Alguém disse atrás de mim.
Virei me imediatamente. Surpreendi me ao ver o rei de Lumbras ali. Curvei me rapidamente.
- Majestade. Perdão, eu não o ouvi chegar. - Sussurrei encarando o chão.
- Se tivesse ouvido, creio que eu não teria presenciado tamanha grandiosidade. - Disse. Eu sabia que ele sorria docemente nesse momento.
Pus me ereta novamente e o encarei.
- Obrigada pelas palavras, vossa majestade.
O rei sorriu mais uma vez e acenou com a cabeça para mim. O vi caminhar para longe e fiquei ali em silêncio com a mente vazia.
Foi então que aconteceu. Notei quando o homem ao longe mostrou se com problemas. Ao vê lo se apoiar na parede por um braço estendido, eu corri em sua direção o mais rápido que pude.
- Majestade. - Falei preocupada, a voz falhando. - O que foi? - Toquei seu ombro. Ele tentava se manter em pé, logo quase caiu novamente.
- Leve me para um canto, qualquer sala, qualquer lugar, mas me leve. Ninguém pode me ver assim. - Disse quase num sussurro.
- É claro. - Sussurrei colocando seu braço livre ao meu redor deixando me ser usada como um apoio para que ele pudesse se mover.
Caminhamos para uma das salas ali, uma que há tempos eu não entrava. A lareira estava apagada então corri para acende la depois de deixá lo na poltrona a frente dessa. Corri para fechar as portas.
O cheiro dos livros velhos se misturava agora com a lenha que queimava.
Corri para tampar as janelas com cortinas e logo em seguida me ajoelhei a sua frente.
- Do que precisa? O que posso fazer pelo senhor? - Perguntei tentando me manter calma. Sabia que ficar nervosa só me deixaria perdida perante a tal situação.
O rei respirou fundo, fechou os olhos e poiou o rosto em sua mão.
- Apenas um pouco mais de tempo. - Sussurrou me deixando confusa. - Mas isso é algo que você não pode fazer por mim, creio.
Silêncio.
- Do que fala? - Sussurrei segundos mais tarde.
- Miranda, minha criança. Você não chegou nem aos seus dezenove e já sabe mais segredos do que grande parte dos Lumbrianos. - Darius começou. - Acho que depois de já ter descoberto sobre o passado de Lumbras e Luminas, o que lhe contarei agora já não será mais tão digno de surpresa. - Continuei em silêncio. - Eu possuo as sombras dentro de mim e apenas a elas. - Sussurrou com amargura. Ele sorria tristemente. - Minha luz se foi.
Prendi a respiração por um momento. Neguei com a cabeça o que tinha acabado de ouvir. Aquilo não podia ser verdade.
- Impossível. - Falei. A voz dura. Meus olhos se enchiam de lágrimas nesse momento.
- Não é. - Disse baixo mantendo o sorriso triste no rosto. - Não me resta muito tempo. - Sussurrou. - O pouco que ainda possuo se esgota mais rápido por eu ter que fingir estar bem.
- Então não finja. - As palavras quase não saíam.
O rei jogou a cabeça para trás e respirou fundo.
- Eu só preciso me manter forte até o aniversário de Henry. - Ele encarava o vazio agora. Suas palavras pareciam mais pra si do que para mim. - Ele fará vinte em maio e depois de sua cerimônia, já poderá ascender ao trono. Lumbras estará em boas mãos.
- Não deve pensar nisso, vossa Majestade. Não deve. - Falei pegando sua mão.
- Eu tenho, minha cara. Cheguei a um nível que não há mais chances de consertar esta situação. - Disse sorrindo novamente.
Eu odiava ver aquele sorriso sem vida nos lábios de um rei que sempre fora bondoso, misericordioso e amoroso com seus súditos.
- Como isso aconteceu? - Perguntei baixinho.
- Do mesmo jeito que sempre acontece com os mais fracos de alma. - Lembrou me. - Com o tempo, a tristeza se tornou mais frequente em meu coração do que a alegria. Primeiro o conhecimento do passado de Lumbras com Luminas, então a morte dos meus pais, a responsabilidade de assumir o trono, a morte de minha esposa humana, tive que cuidar do reino e meus filhos ao mesmo tempo, tive que vê los crescer sem mal estar em seus dia a dia mesmo estando no mesmo lugar.. - O rei parecia longe com suas palavras, perdido em memórias. - Teve também traidores que um dia chamei de amigos.. - Silenciou se por um momento. - A solidão toma até os mais rodeados. - E me encarou novamente.
Assenti com a cabeça concordando com sua frase final.
- Bem, não acha que com minhas habilidades a mais eu possa ajudá lo? - Perguntei esperançosa.
- Pode ter herdado vestígios dos seus antecedentes Luminianos, minha querida, mas vestígios ainda são vestígios e seus poderes ainda estão se desenvolvendo.. - Sussurrou.
Suspirei desapontada com a resposta.
- Bem, só me resta procurar modos de retardar isso o máximo possível. - Pensei alto.
- Só peço que mantenha isso entre nós. Não quero que meus filhos sofram.
Assenti com a cabeça.
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Depois eu vou explicar direito como é essa doença, o que posso dizer por agora é que é como uma depressão, só que não há volta. Você chegou ao fundo do poço que você mesmo fez sem perceber, e não é algo que alguém possa jogar uma corda pra vc sair. Ninguém pode te ajudar dependendo da profundidade. Achei legal colocar isso dentro da história e lembrar lhes que por serem senhores das Trevas, eles não só têm que lidar com as sombras a sua volta como também as internas, por isso é muito mais complicado para esses senhores do que o restante.
Ceis lembram da Miranda né. Espero q sim. Ela não é só diferente dos outros na aparência como também tem vestígios de algum descendente Luminiano. Eu já tinha decidido que ela ia fazer alguma participação legal nessa história mas decidi aumentar o rolo. Depois conto alguma parte do passado dela e tals.
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