Capítulo 52 - Encontro(part 1)


Narrador - Domingo, 2 de abril.

Ela não sabia quantas vezes já tinha lido aquela mesma mensagem nos últimos dois dias.

- O ser me manda isso e some. - Disse para si mesma olhando para as enormes janelas do refeitório. Estava sozinha numa mesa almoçando uma torta e um sorvete do lado. Às vezes, como todo mundo, London preferia besteiras à comer algo saudável em alguma de suas refeições. Como Marnie e Jun tinham ido visitar seus pais naquele fim de semana, a jovem iniciada das estrelas se sentia solitária por não ter com quem discutir quanto ao pedido de Henry para se encontrar na tarde daquele domingo ensolarado. - Ele nem sabe convidar alguém para se encontrar sem parecer que está dando uma ordem.. - Disse encarando a tela de seu celular. Era até engraçado como suas palavras saíam grossas diante do pedido mas seu sorriso demonstrava o contrário.

Sem saber o que vestir, London revirou suas roupas, jogou quase tudo na cama enquanto tentava combinar algo diante de si e em frente ao espelho.

Ela bufou depois de se cansar daquilo.

- Isso é mesmo um encontro? - Começou a se questionar. Ela encarou as roupas na cama e pegou uma blusa branca de renda com mangas que iam até seus cotovelos e que achava bonita junto a um short jeans do tipo cintura alta com poucos detalhes. Um rasgo aqui e outro ali, era tudo o que havia na peça.

Depois de por a roupa, se encarou no espelho. Estava bem, dizia para si mesma. Estava simples e bem arrumada. Não sabia se devia fazer algo a mais. Não queria alimentar falsas esperanças.

- Esperanças? Eu tenho esperanças de algo? - Nem ela sabia ao certo. Ela só sabia que sentia um frio bom na barriga. Borboletas voavam por ali. Sorriu para o espelho antes de por um par de tênis cinza.

Cutucou o cabelo, mexia e remexia nesse pensando se estaria bem ele ficar só solto. Suspirou depois de algum tempo.

- Às vezes eu odeio ser mulher. - Disse cansando de ficar em dúvida do que devia fazer.

Pegou o celular em seu criado mudo e deu uma olhada no horário. Dez minutos ainda faltavam e ela já estava pronta. Abriu a gaveta do móvel de antes e pegou sua carteira onde tinha um pouco de dinheiro e seus documentos mais básicos. A pos num bolso e o celular no outro.

Resolveu descer e ir caminhando devagar até a entrada.

Ainda faltavam dez minutos para o horário marcado, e não era só London que se adiantava.

Henry estava de calça preta jeans, como sempre, a blusa era cinza de mangas curtas e os sapatos eram pretos. Era um costume dos Senhores das Trevas usarem roupas escuras, e é claro, óculos escuros em dias de sol como aquele, já que seus olhos eram mais sensíveis que os outros Senhores daquele mundo.

Uma borboleta cujas asas eram de um azul marinho vivo passou por ele. Seus olhos a seguiram. Mesmo com as lentes escura, ainda podia ver a vivacidade daquela cor naquela pequena criatura. Surpreendeu se quando a borboleta pousou no ombro de uma garota parada ali na entrada que encarou a criatura.

- Uma borboleta pousar no ombro de alguém significa sorte. - Henry disse para London.

Ela o encarou com uma sobrancelha levantada.

- Espero. Espero mesmo. - Disse baixinho com um sorriso no rosto.

Ele sabia que mesmo com aquele sorriso, aquelas palavras eram quase que um pedido ao universo ou alguma força maior que pudesse ajudá la diante do que ela estava começando a enfrentar.

A borboleta a deixou com a mesma graça que veio até ali. Os dois iniciados a deitaram em silêncio até que esssa fosse para bem longe.

- Mas então, vossa majestade.. - London começou atraindo a atenção de Henry para si. Ela tirou o celular eo bolso e o balançou por um momento. - Mal descubro que é alguém da realeza e você já começa a dar ordens? - Ela negou com a cabeça fingindo indignação.

Henry riu de certa forma um pouco envergonhado.

- Desculpe, eu não sabia como chamar uma garota para um encontro, então acabou saindo isso..

London sorriu.

- Aceito suas desculpas.

- Minhas desculpas? - Henry perguntou enfatizando o "s" no fim das palavras.

- Pelo pedido atrapalhado e por não ter me contado sobre esse negócio de realeza..

O jovem mordeu o lábio inferior nesse momento. Assentiu logo em seguida com a cabeça diante de suas palavras.

- Então.. é um encontro? - Perguntou ela desviando do assunto.

Henry sorriu de canto.

- Não é para ser?

- Depende.. - Disse indo para o seu lado e então seguindo a diante. Ele a seguiu com uma sobrancelha levantada. - Se tiver comida, eu posso levar como sendo um.

Henry riu.

- É assim um encontro para vocês de Londres? - Ele perguntou se pondo ao seu lado

- Não, é assim para os seres humanos que acreditam em maioria que uma boa comida deixa um encontro perfeito.

Henry sorriu mais uma vez.

- Tudo bem, então. Mas primeiro vamos a um lugar que quero que veja.

- Que lugar? - London perguntou curiosa.

- Segredo. Vem. - E puxou a garota pela mão.

Lumbras tinha uma aparência mais séria, se é que assim possamos dizer. O chão de ferro, os prédios modernos, as árvores sempre bem aparadas, as ruas com carros caros circulando e as pessoas de preto eram suas maiores características. Mas havia uma coisa, um pequeno detalhe que tornava esse reino tão interessante quanto os outros: Numa semana, Lumbras possuía seis dias com o céu tomado pelas trevas à deixando em noite, e um, sendo esse o sétimo dia, com o seu céu tomado em luz. Nesse dia, as árvores sem folhagem se tornavam mais encorpadas, e as que já possuíam, ganhavam flores. Os senhores dali usavam roupas mais coloridas, seus rostos também pareciam mais felizes. O sol brilhava forte sobre os prédios e as ruas tornando tudo mais vivo, cheio de cor. Era um outro mundo dentro daquele.

- Eu já tinha ouvido falar sobre esse fenômeno, mas nunca o presenciei. - London disse baixinho ao saírem de um trem que passava pela entrada de cada um dos reinos. Seus olhos não conseguiam se manter parados, queria ver cada vez mais. - É lindo

- Sim. - Henry concordou. - É por isso que domingo é o meu dia preferido da semana. - E sorriu. - E para me redimir com você, vou te contar um pequeno segredo.. - London o encarou curiosa. - Como o sétimo dia é de luz em Lumbras, nossos poderes sofrem uma queda um tanto razoável.

- A luz os deixa mais fracos? - Perguntou atrás de uma confirmação.

- Assim como as trevas deixam vocês, Luminianos mais fracos.

- Somos bem opostos. - Ela sussurrou refletindo.

Henry assentiu com a cabeça.

- Não conte a ninguém. - Pediu com a voz doce. - Esse segredo não é só meu.

London assentiu.

- E como sabe sobre Luminianos e a noite? - Ela perguntou.

- Fraquezas são algo que deve ser compartilhado entre as famílias reais como sinal de confiança. - Respondeu lhe. - E mesmo cada senhor sabendo a fraqueza do outro, temos em mente que se houvesse uma guerra ou algo do tipo, usar sua própria fraqueza para atingir os outros, seria algo muito baixo.

- Eu concordo. Usar a fraqueza de alguém que já foi seu próximo para prejudicar a esse, é uma maldade. - A jovem sussurrou.

- Sim. É por isso que só os primeiros reis de Aureatus compartilharam essa informação entre si. Você sabe a história do início, não sabe?

- Não. - Ela disse.

- Tudo não passa de lendas, você escolhe quais acreditar. A mais famosa é a de que humanos de bom coração foram levados para este mundo e abençoados pela terra de Aureatus com até mil anos de vida e poderes.

- Nossa.. - London sorriu.

- Como era o começo de um novo mundo, um mundo idealizado, onde não havia guerra, onde o rancor, ódio e sentimentos ruins não eram maiores que o respeito diante do próximo, os primeiros reis decidiram contar suas fraquezas uns para os outros. Essas informações eram para ser passadas e passadas. Pelos milênios. - Uma pequena pausa. - Ainda assim, acredito que nem todas as informações tenham sobrevivido ao tempo.

- Como assim?

- Nós não temos a fraqueza de um dos reinos. E acho que com os outros isso também acontece. Tais informações se perderam no tempo. E por um lado, eu desejo que isso continue acontecendo.

- Por quê? - London notou o quanto Henry parecia pensativo.

- Acredito que Aureatus vá passar por uma fase difícil logo logo..

- Que fase?

Henry a encarou. Suspirou.

- A gente devia estar falando sobre coisas bestas, não tão sérias. - Disse mudando de assunto. - Afinal, estamos num encontro. Devemos fazer coisas de encontros.

London notou que ele escondia algo nesse momento, mas não queria tentar arrancar a informação agora. Ele já tinha lhe dado a mão, o braço ela podia esperar mais um pouco. (É o ditado, pra quem não entendeu).

- Então vamos fazer coisas de encontros. - Ela disse, por fim.

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