Capítulo 41 - A Noite Dos Caçadores
Narrador - 16 de Março, quinta feira.
Em vestes negras que cobriam boa parte do corpo, a mulher dos cabelos brancos caminhava pela noite. Não demorou muito para chegar até seu destino, se pos parada de frente à biblioteca principal de Aureatus localizada no centro da mesma. Era naquele lugar que se depositava suas esperanças de encontrar a identidade daquele ao qual vira em sua visão.
Depois de cinco dias tentando encontrar tempo entre seu turno de orientadora, professora e as atividades que corrigia e planejava dos alunos, finalmente lá estava ela.
Tassie adentrou no espaço com pressa e foi logo em direção a quem ela sabia que podia ajudá la.
Uma mulher bonita dos cabelos brancos acinzentados com mechas fortemente cinzas estava em pé numa escada arrumando livros ao lado do outro na parte alta de uma prateleira onde os livros e registros eram abertos à todos.
- Celine. - Disse a mulher dos cabelos brancos ao se aproximar da outra.
- Tassie? - Perguntou a mais nova olhando para baixo e encontrando a outra ali.
Tassie sabia que se havia uma pessoa com quem podia contar para encontrar algo sobre o seu procurado, seria Celine.
As duas caminhavam agora pela parte de acesso aberto à todos. O salão estava razoavelmente cheio de outros Senhores intretidos com o que liam, alguns sentados à mesa, outros lendo em pé diante das próprias sessões.
- Diga me.. a que devo a visita? - Perguntou a mais nova.
- Eu vim em busca de informações e preciso da sua ajuda.
- Tudo bem, diga me o assunto e eu te ajudarei com o que puder.
Tassie parou de andar nesse momento fazendo com que Celine a encarasse. Ela pos suas mãos nos bolsos da frente de seu sobretudo preto e ousou perguntar:
- Mesmo que seja na sessão reservada?
Celine levantou uma de suas sobrancelhas claras e se aproximou da mais velha.
- O que procura? - Sussurrou curiosa.
- Eu tive uma visão. - Começou baixinho. - Você já deve ter ouvido os boatos sobre a volta dos Senhores Das Estrelas, não?
Celine assentiu com a cabeça.
- Sim, estou sabendo. Estão dizendo que auroras andaram circulando a escola, o que indica que um deles pode estar lá.
Tassie assentiu. Ela tinha que ser cuidadosa com o que revelava a mais para Celine, afinal, eram amigas mas não tão próximas ao ponto de comprometer um futuro que se mostrava tão delicado. Ela não podia falar sobre London.
- Pois bem, eu vi uma criatura cuja aparência era algo entre fumaça e fogo negro. Não sei explicar.. - E novamente ela pensava no que ia dizer. - Ele tentava atacar a um desses Senhores das Estrelas.
- Essa visão.. é do passado? - Celine perguntou já juntando tudo em sua mente. - Essa criatura poderia ser quem matou o rei e a rainha das Estrelas?
- Não, era do futuro. Mas pense comigo.. e se esse Senhor que ataca um Senhor das Estrelas na minha visão tiver alguma relação com o Senhor que matou aos governantes de Luminas e toda aquela gente?
- E se ele for algum descendente que se apegou ao ódio do Senhor de dez mil anos atrás e está tentando acabar com a existência dos Senhores das Estrelas se vez?
- É essa a minha pergunta. Por isso estou aqui hoje. Eu preciso saber quem é este para tentar reverter a situação antes que seja tarde e o destino já esteja selado.
- Tudo bem, conte comigo.
E assim começou a caça. A parte restrita se diferenciava do restante da biblioteca ao extremo. Era lá que os registros do cartório sobre as informações mais básicas das famílias se encontravam. O lugar era da forma de um cilindro completamente redondo. As estantes onde pergaminhos e outros tipos de papeis enrolados com informações se encontravam coladas as paredes, uma em cima da outra. O centro do espaço nada mais era do que um tubo onde um elevador podia descer por oito andares e subir mais oito. Não importa para onde Tassie olhasse, em cima ou em baixo, entre os espaços vazios das passarelas que se direcionavam ao centro, era possível ver os andares acima e abaixo assim como quem andava neles.
As duas desceram cinco andares e atravessaram mais uma passarela. Sobre as bordas ligada as passarelas, foram caminhando dando a volta pelo andar enquanto Celine parava às vezes, subia e descia escadas atrás de informações. Foi preciso três horas para desistirem de seu objetivo.
- Esse lugar possui pelo menos informações de vinte gerações pertencentes a cada família, mas mesmo assim.. - Ela disse parecendo decepcionada. - Não encontravamos ninguém que provavelmente pertença ao Império das Trevas com esse tipo de poder em toda a história.
Tassie suspirou. Não havia registro algum sequer ali sobre alguém que pudesse ter aquele dom. Isso queria dizer duas coisas: quem tivera esse poder no passado, tinha vivido há mais de vinte mil anos, o que dificultaria o fato de encontrá lo e assim encontrar seu descendente. E é claro, o mais provável naquela altura e assim o que reduziria suas chances de encontrar o paradeiro à quase zero: poderia ser ele o primeiro de sua linhagem a desenvolver tais talentos.
Mais tarde naquela mesma noite, um garoto de cabelos negros lisos escorridos pela testa e orelhas, pálido e de olhos castanhos dourados se encontrava na biblioteca do castelo. Tratava se de Louis, o irmão de Henry.
Entediado com sua vida de estudos privados, aulas de dança, espada e caças, ele usava a biblioteca do lugar como seu refúgio. Eram esses os únicos momentos em que ele se sentia humano. Gostava de ler coisas sobre guerras dos humanos, revoluções e coisas do tipo. Isso o fascinava e o fazia acreditar que todas aquelas informações um dia seriam úteis para quando seu irmão fosse o rei, pois ele o ajudaria no que pudesse para o bem de seu Império.
A procura de mais um livro desses, o garoto puxou um livro e se assustou quando o som do que parecia ser algo sendo destrancado tomou conta do espaço. Era uma passagem secreta que se abria quando uma estante girava 180° graus. Ele não sabia da existência daquele lugar, já tinha lido sobre isso nos livros mas nunca achara que fosse encontrar uma na vida real.
Curioso e maravilhado com o que via, Louis adentrou no espaço encontrando como uma das primeiras coisas ali uma mesa com um mapa gigante onde tinha se desenhado algo como um risco de uma flor um tanto deformada com suas cinco pétalas de tamanhos difetentes e seu centro tocando apenas algumas dessas enquanto outras duas pareciam estar soltas. Esse era o desenho de Aureatus.
Não havia nenhuma marcação sobre um dos outros quatro territórios do continente, o que para ele, queria dizer que tudo estava em paz e isso o deixava aliviado.
A estante que antes estava torta para poder entrar no pequeno espaço já tinha se posto em seu lugar original, por isso o jovem levou um susto quando o mesmo som de antes tomou o espaço.
Louis foi rápido no raciocínio, ninguém poderia saber dele ali então esse apenas se escondeu embaixo da mesa onde aquele mapa se encontrava.
Vozes tomaram o lugar logo em seguida enquanto a estante se colocava em seu lugar mais uma vez.
- Pois bem, agora você pode me contar o que veio dizer. - Disse alguém. Era a voz de seu pai, o rei.
- É sobre as auroras na escola. Nós temos fontes confiáveis que..
- Como assim, auroras na escola? - Perguntou meu pai interrompendo o mensageiro.
- Não está sabendo ainda, meu rei? - O homem lhe perguntou. - Tenho certeza de que mandei um de meus homens vir lhe informar sobre o assunto.
- Não. Não recebi mensagem alguma. - O rei respondeu calmamente. - Alguém deve tê lo interceptado. - Disse pensando consigo mesmo.
- Auroras foram vistas sercando a escola, meu rei. Nossas fontes dizem que foi mais especificamente o prédio que pertence ao Império do Tempo. Isso nos leva a acreditar que um dos alunos do primeiro ano pode pertencer ao Império das Estrelas.
Silêncio.
Os olhos profundos de Louis se abriram mais ao ficar surpreso com o que ouvia.
- Não é possível.. - Disse o rei. - Descobriram mais alguma coisa?
- Acreditamos que o iniciado seja uma garota, pois o andar ao qual as auroras cercavam era referente ao do dormitório feminino.
- Uma garota? - O rei perguntou pensando consigo novamente. - Pois bem, eu quero que descubram quem é e a tragam para mim. Sejam discretos. Não quero que ninguém saiba que o rei de Lumbras está envolvido nisso.
- Sim, meu rei.
- Faça isso o mais rápido possível, não podemos deixar com que tudo o que Lucios fez por este Império seja em vão. Essa garota não pode ser descoberta pelo mundo.
- Sim, meu rei. - E com isso, Louis escutou passos se afastarem.
Silêncio.
Seu pai ainda se encontrava no espaço, Louis ouviu seus passos pelo lugar e abaixou o corpo para olhar pela brecha na parte debaixo da mesa. O jovem viu quando o pai se ajoelhou em frente a um baú e passou a mão sobre o objeto enquanto seus olhos pareciam perdidos. Ele ergueu um pouco o baú tirando uma chave debaixo dali e encarou o cadeado que o trancava. Louis achou que ele abriria o objeto e tiraria algo dali mas o homem não o fez. O homem apenas suspirou, deixou a chave embaixo do baú como estava antes e se levantou para deixar o espaço logo em seguida.
Ao ouvir o som da estante voltar ao lugar, o jovem deixou a parte debaixo da mesa e foi até o baú.
Ele tirou a chave debaixo do objeto e o abriu. Lá dentro haviam alguns poucos rolos de pergaminhos que ele logo se atreveu a ler.
O ar lhe faltou por um momento, ele não estava acreditando no que lia. Não queria que fosse verdade mas era, ele sabia que era.
- Então é isso. - Disse para si mesmo num sussurro que mal saía. - Então foi isso o que aconteceu há dez mil anos. Foi assim que o reino das Estrelas tornou se extinto.
Sabe, se pararmos para pensar, é engraçado como o destino é. Ele gosta de nos surpreender. O jovem Louis logo terminou o que fazia ali, trancou o baú, guardou a chave onde antes estava e se retirou do espaço. Ele estava pálido, mais pálido que o normal de tão surpreso. Caminhava pelo castelo desnorteado, tentando processar tudo o que havia lido há pouco momento e assim chegar a uma conclusão. Mas Louis não era o único ao qual tinha tido uma surpresa naquela noite.
Dentro dos domínios da tão respeitada Instituição de Aureatus, estava um garoto dos cabelos brancos acinzentados deitado sobre uma cama na ala da enfermaria. Havia uma garota de cabelos longos morena sentada numa cadeira ao seu lado. Ela tinha adormecido assim como nos dias anteriores esperando que ele acordasse. Quase uma hora mais cedo, essa tinha deixado uma lembrança que lhe ordenaram a entregar no quarto de sua amiga. Agora ela finalmente relaxava depois de um longo e complicado dia.
A noite parecia tão calma para quem estivera
presente em tantos acontecimentos. O vento frio soprava pela janela balançando os cabelos brancos do garoto.
E é claro, como se já não fosse muita coisa acontecendo em tão pouco tempo, os pequenos olhos acinzentados do garoto se abriram. Ele não olhou quem estava perto, não reparou sequer onde estava naquele momento. Tudo o que ele tinha em mente era um nome:
- London. - Sussurrou para a noite.
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Não que eu seja de corrigir meus cap antes de mandar com frequência, mas assim, dessa vez nem passar o olho eu não passei, entalhes sorry. Porém eu gostei tanto de fazer ele que deixei assim mesmo por enquanto para q vcs pudessem ler.
Próximo cap vai ser o loko.
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