Capítulo 21 - Auroras


23 de fevereiro - Quinta

London Narrando

Chá de camomila, torradas com umas três camadas de manteiga e um pequeno prato com pedaços quadrados de bolo de cenoura. Era esse o meu café da manhã.

- Você sabe que vai ficar com o colesterol "lá em cima" com tanta manteiga, não sabe? - Marnie me perguntou.

Dei de ombros sem encara la, estava ocupada demais devorando mais uma torrada.

- Você sabe o quanto isso é bom? - Perguntei de boca cheia enquanto apontava para meu prato com apenas os farelos.

- Isso é veneno, London! - Disse dramática.

Com toda a cara de pau que eu possuía e meu lado cínico, lhe respondi:

- Tudo nessa vida é veneno.. - E tomei mais um gole de chá para então completar. - se deixarmos com que se exceda.

Marnie nada disse depois disso, talvez meu argumento a tivesse deixado sem palavras ou finalmente percebesse que suas tentativas estavam sendo em vão.

Tomei outro gole de chá, esse mais demorado. Encarei a paisagem além da parede de vidro ao nosso lado. O dia estava cinza e parecia querer chover.

- Eu gostaria de saber o que estão murmurando.. - Marnie disse baixo atraindo minha atenção.

- O que? - Perguntei parando para notar os outros a nossa volta. Estavam realmente murmurando.

- Vai me dizer que não notou? Logo que chegamos eu percebi. - Disse olhando em volta. - Algo muito intrigante deve ter acontecido..

- Deve ser resposta de prova que o segundo ano está passando para o primeiro. - Falei puxando o prato com bolo para mais perto. - Vem cá, coisa linda da mãe. - E sorri para o doce enquanto pegava um pedaço usando a mão mesmo.

- Você é um poço sem fundo, né? - Perguntou.

Eu ri.

- Eu só estou sendo feliz, tá?

Marnie riu.

Nesse momento, uma garota baixa, de óculos, magra e de pele morena passa por nós. Marnie a impede de continuar a caminhar ao segurar seu pulso fazendo a garota então nos encarar. Logo percebi seus cabelos cinzas. Era do segundo ano, eu acho.

- Daniella, você sabe o que está acontecendo? O que todo mundo está falando, no caso.. - Marnie perguntou lhe baixo.

- Ah, vocês ainda não estão sabendo? - Pergunta de volta.

Negamos com a cabeça. Admito, naquele momento a curiosidade me bateu.

Marnie soltou o braço da garota e então Daniella se aproximou um pouco me fazendo notar seus olhos por um segundo. Antes, devido ao dia cinzento, eu pensei os ter visto castanhos, mas então notei que eram de um vermelho escuro que quase se confundia com vinho.

- Sabem o que são Auroras Boreais, não sabem?

Assentimos com a cabeça.

- Ontem havia algumas por aqui, e adivinhem?! Rondando nosso prédio.

- O quê? - Marnie perguntou sem acreditar.

- Por que diachos auroras boreais rondariam a escola, e justamente o nosso prédio? - Perguntei sem entender mais nada.

- Aí é que está. Ninguém sabe. - E deu de ombros tão perdida quanto eu.

             ~*~

Era incrível o quanto o povo gostava de falar quando o assunto era algo novo. Eram sussurros para todos os lados durante a aula sobre as tais auroras virem dar o ar de sua graça em nossa escola.

- Eu ainda não tinha teoria ou o que falar sobre aquilo, tinha me desligado de todos no momento em que entrei na sala e vi uma lousa com matéria escrita de começo ao fim.

- Legal. - Sussurrei para Marnie com sarcasmo.

- Ativando o modo copiadora. - Disse baixinho.

  Depois de três horas e meia copiando e respondendo exercícios, guardei minhas coisas na mochila e a pus nas costas.

Minha mão esquerda doía, havia uma marca redonda vermelha no canto do dedo do meio. Certamente eu iria ficar com um calo de tanto escrever.

Suspirei e me juntei aos outros na saída.

Marnie estava mais a frente e eu tentei apressar o passo para me por ao seu lado, mas alguém me puxou pelo braço para longe de todos.

- Henry? - Perguntei quando o vi de costas para mim me puxando para algum lugar. - O que foi?

- Já te digo. - Disse sem me encarar.

Sem entender nada, eu apenas o deixei me levar para onde quer que quisesse a espera de uma explicação.

Logo Henry parou em frente a um armário de vassouras e outras ferramentas de limpeza e me puxou para dentro.

- Mas o que.. - Eu não consegui terminar, pois Henry tinha me puxado com tanta força para dentro que eu tinha batido com as costas em uma parede. - Ai!

Ele não se importou com minha reclamação, apenas fechou a porta e antes que eu me desse conta, pos um braço de um lado da minha cabeça e me encarou bem de perto com aqueles seus olhos castanhos.

- O que é que você está fazendo? - Perguntei perdida tentando ignorar aquela sua grande aproximação.

- Diga me, London.. - Começou baixo. - Você já está sabendo que coisas estranhas estão acontecendo nesta escola, não sabe?

- Sim, tipo você agora. - Falei sendo óbvia.

- Tipo as auroras ontem. - Disse ignorando o que eu falei. - Você ouviu falar disso, não ouviu?

Virei a cabeça e desviei os olhos nesse momento enquanto assentia com a cabeça. Era difícil manter o contato visual com alguém que parecia estar olhando na sua alma.

Henry não gostou do que fiz, com as pontas dos dedos em cada lado do meu queixo, ele me fez virar para a frente e o encarar novamente.

- Mantenha os olhos nos meus enquanto me responde ou acharei que está mentindo pra mim. - Disse sério. Com vergonha, eu fiz o que disse e então ele repetiu: - você ouviu falar disso, não ouviu?

- Sim, ouvi. - Respondi baixo.

- Hm.. - E desviou os olhos dos meus por um momento parecendo pensativo. - E você sabia que as auroras estavam rondando apenas um andar como se estivessem sendo atraídas por algo? - Perguntou.

Uni as sobrancelhas.

- Não.. eu nem.. - Mas uma coisa me veio a mente: - Como sabe que estavam apenas em um andar? Você as viu?

- Sim, e acredito que você também as viu já que elas estavam circulando o andar do dormitório feminino.

- Não, eu não as vi.. eu devia estar dormindo.. - Respondi.

  Henry levantou uma sobrancelha.

- Foi logo depois que fomos para nossos dormitórios, London. - Disse parecendo me contrariar.

Uni as sobrancelhas novamente. Mas que interrogatório era aquele?

- Não que eu deva alguma satisfação, Henry - Falei aumentando a voz. - mas quando cheguei, eu apenas tomei banho, escovei os dentes e fui dormir porquê estava cansada.

Ele me encarou em silêncio por alguns segundos.

- É, você diz a verdade. - Disse confiante.

- E daí? E se eu estivesse mentindo? O que tem a ver com as tais auroras, em?!

Henry então desviou os olhos dos meus por um segundo.

- Não posso dizer, se eu estiver errado, você pode ter problemas por nada.. - Disse mais baixo e com a voz levemente mais doce.

Sua mudança me acalmou um pouco mais os nervos.

- O que está acontecendo, Henry? - Perguntei baixo e preocupada. - Que problemas eu poderia ter?

Henry suspirou e com a feição mais calma, esfregou os lábios um no outro enquanto encarava o chão. De repente seus olhos voltaram aos meus e ele se aproximou mais. Tenho certeza de ter sentido meu coração pular com aquilo.

  "Perto demais, Henry, perto demais."

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E aí o bag começa a ficar louco

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