Capítulo 19 - O Corvo
London Narrando
- Sua vez. - falei para Henry que estava a minha frente. Logo em seguida lhe dei uma leve empurrada o fazendo se virar para mim e me encarar.
- Eu não sou bom nisso. - Disse baixo.
- Foda se. - Falei dando de ombros.
- Grossa você, em?! - Ele disse já suspirando logo em seguida encarando a parede a sua frente.
Eu tinha desenhado o contorno das letras, assim ficaria mais fácil para os outros preenche las. Faltava quase nada, Henry tinha ficado com a tinta branca então seu papel era o último, adicionar brilho as letras para dar a impressão de algo 3D.
Perdido, ele apenas olhou em volta enrolando. Seus olhos até encontraram Kyung e Lyra por um momento, estando estes conversando na entrada do túnel.
- Vamos lá, Henry. - Incentivei disse ficando ao seu lado e encarando a parede. - Tá ficando bonito pra caramba.
- Também, né?! Foi você quem desenhou..
- Eu só fiz o risco do bagulho. - Respondi sacudindo minha lata de spray com a mão esquerda. - Se está bonito assim foi porque o pessoal arrasou na pintura.
- Vamos dizer que foi. - Ele disse por fim se aproximando da parede. O vi sacudir sua lata e encarar o desenho. - Você pode me ajudar aqui?
Apressei me em ficar ao seu lado novamente e animada, apontei para a parte debaixo das letras
- Comece aqui.. tenha calma e você vai conseguir logo na primeira tentativa.
Henry riu de minhas palavras.
Era incrível como uma pessoa que parecia ter tanta confiança para algumas coisas e de repente se mostrar em falta da mesma para outras.
Ele começou a fazer os pontos de luz. Estava indo muito bem, às vezes me perguntava se estava fazendo tudo certo e mesmo que nem sempre estivesse, eu apenas dizia que sim.
Lembro me de me desligar dele por alguns segundos. Estava admirando a construção quando vi um algo preto passar pela outra entrada. Seria um pássaro, talvez um corvo, não deu pra saber devido a rapidez do animal.
Não teria me ligado naquele acontecimento, teria ficado onde estava se não fosse pelo fato de que em menos de três segundos mais tarde aparentemente a mesma ave teria voado novamente por ali, e agora em direção ao lado de onde antes vinha.
Uni as sobrancelhas.
Era um corvo sim, e não sei porque mas eu tinha certeza desse ser o mesmo que tinha visto mais cedo no muro da entrada da escola.
- Está ficando bom? - Henry me perguntou.
Eu o encarei meio desnorteada e sem nem prestar atenção no que o mesmo teria feito, eu assenti com um esboço de sorriso presente para parecer convincente.
Ele se virou novamente para a parede e voltou a terminar o que fazia. Já eu apenas dei dois passos para trás e então virei me para o lado onde segui reto até a saída onde antes tinha visto o pássaro.
- Aonde está indo? - Ouvi Henry perguntar.
- Só vou ver como o tempo está, eu acho que vai chover. - Menti.
Acho que o mesmo foi convencido, não sei e nem era o meu desejo saber naquele momento.
Cheguei a saída e encarei a noite.
Haviam alguns postes por perto mas nenhum se encontrava aceso, o mato por ali era mais baixo, chegava até as canelas e não era intenso, pois dividia o chão com algumas várias pedras brancas que brilhavam de modo singelo.
O vento soprava suavemente e o céu ainda era belo. Olhei para a esquerda e então para a direita, nada da ave.
- Para de paranoia, London. - Sussurrei para mim mesma enquanto sentia os pelos de meus braços se eriçarem.
Alguém tocou meu ombro nesse momento, o que me causou um pequeno susto e me fez virar para trás imediatamente.
- Calma. - Henry disse me estranhando.
Marnie chegou logo em seguida colocando se ao lado de Henry.
- Onde é que você estava? - Perguntei lhe.
- Lá fora atendendo a uma ligação. A Lily tava comigo.. - Respondeu.
- E onde ela está?
Marnie apontou para trás com o polegar.
- Lá.. - E então uniu as sobrancelhas - Está tudo bem?
- Está. - Respondi.
Ambos arquearam uma das sobrancelhas.
- Você já terminou? - Perguntei a Henry mudando de assunto.
- Acho que sim. - Respondeu me baixo.
- Ótimo. Vamos fazer outra coisa.- Falei passando entre os dois e caminhando até onde estava o desenho.
O som de passos além dos meus me estavam próximos, com isso eu sabia que Henry e Marnie estavam atrás de mim o tempo todo.
Parei e encarei a parede.
- Ficou foda. - Disse Marnie ficando ao meu lado.
- Muito. - Henry concordou.
Virei a cabeça um pouco para o lado e continuei a encarar a frase.
- Terminaram? - Jun perguntou se aproximando com Lyra ao seu lado.
- Aham. - Disse Marnie.
- Gostei. - Lyra falou baixo.
- Também. - Jun sussurrou.
- Também. - Falei. - Vamos?
- Não quer tirar uma foto antes.. sei lá, pra ficar de recordação? - Lily me perguntou.
- Para quê? Se quisermos ver podemos vir aqui, não? - Lembrei a. - Agora vamos.
Eu não tinha reparado mas acho que estava sendo um pouco grossa na hora, pois alguns segundos depois que eu peguei minha mochila onde todos colocaram as latas de volta, deixamos o túnel e Lyra então apagou as luzes, escutei Marnie perguntar baixo para Kyung se eu estava bem.
- Sim, estou. - Falei me virando e os encarando. - Só estou com fome. - Respondi me virando para frente novamente.
Continuamos a caminhar por mais alguns minutos. Agora a conversa era outra, ou melhor, as conversas. Lyra e Henry, a dupla inseparável falava sobre o trabalho que teriam que fazer para alguma de suas aulas de trevas, enquanto os outros três falavam da lista de exercícios que tínhamos feito mais cedo.
Eu apenas fiquei em silêncio ouvindo um pouco de cada coisa, não tinha muita vontade de falar e ainda sentia os pelos de meus braços se eriçaram. Pus a culpa no vento frio, tinha que ser ele. Tinha que ser.
Chegamos ao ponto onde havíamos descido, atravessamos as linhas dos trens e paramos do outro lado junto a algumas pessoas que ali já estavam esperando. Sentei me num dos bancos de plástico transparente que havia em baixo de uma cobertura feito do mesmo, peguei o celular e os fones de ouvido, ao conecta los entre si, pua uma música qualquer e fiquei em silêncio.
Os outros apenas continuaram conversando por mais um tempo até Jun decidir se sentar do meu lado e tirar um fone de ouvido meu.
- O que foi? - Perguntou baixo.
- Eu é quem pergunto. - Perguntei baixinho tentando não parecer grossa. - Foi você quem se sentou aqui.
- Estava tudo bem mais cedo, aí do nada você ficou em silêncio.. Henry te fez algo?
Neguei com a cabeça.
- Não, eu.. apenas sinto que tem algo errado. - Respondi mantendo a voz baixa.
- O que, exatamente?
- Eu sei lá.. eu cismo com coisas desnecessárias.. achei que tinha visto uma ave dando "a louca" mais cedo.
- Dando "a louca"?
- É coisa da minha cabeça, não ligue.
- Então a sua mente é muito poderosa para ter te afetado assim.
Suspirei.
- Gente, o trem está vindo. - Lyra disse alto.
Kyung e eu nos levantamos e nos juntamos aos outros.
Foi nesse momento em que meus olhos se direcionaram a minha frente e com isso o vi parado num dos fios entre dois postes. Lá estava ele e eu podia jurar que o mesmo estava me encarando. O mesmo corvo e minutos atrás e o mesmo corvo nos encarando no muro da entrada da escola.
- Jun.. - Sussurrei puxando o mesmo pela blusa enquanto meus olhos jamais abandonam o animal.
- O que? - Ele perguntou.
- Olha! - Falei apontando em direção a ave com o queixo.
Mas não adiantou muito. O trem chegou justamente no momento em que Jun estava prestes a encontrar a criatura tampando nossa visão da mesma.
- Droga! - Falei.
- Vem, vamos. - Jun me chamou. Como eu não me mexi um sequer centímetro e os outros já entravam no meio, ele me puxou pelo pulso para dentro.
Assim que me sentei na janela e Kyung ao meu lado, eu o puxei para perto pela manga de sua blusa.
- O que..
- O corvo! Eu o vi! - Falei procurando a ave. - Ele estava nos fios há alguns segundos atrás.
- London.. - Chamou me. Eu não me virei de imediato então o mesmo segurou meu rosto pela região do queixo e me direcionou para si. Nossos olhos se encontraram e com um sussurro ele disse: - Esquece esse corvo.
- Mas eu o vi. - Disse sussurrando também.
- Eu acredito em você, eu sei que viu mas esqueça o por agora. A noite ainda não acabou, não fique perdendo seu tempo pensando nisso, entendeu?
Eu sentia meus pelos eriçados, sentia meu coração acelerado, não queria esquecer o animal mas Jun tinha razão. E seus olhos.. bem, alguma coisa neles me acalmou.
- Tá. - E suspirei.
Ele deu um pequeno sorriso fechando ligeiramente os olhos.
- Ótimo.
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Não esqueçam desse corvo.
Mano, foi muita viagem esse bag do corvo mas isso me deu uma ideia para os próximos cap. Se preparem, tem muita coisa pra acontecer ainda só nesse primeiro.
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