Capítulo 33 - Questionamentos


11 de Junho, segunda-feira

   O sol já começava a se mover rumo ao alto do céu e nada, nenhum sinal de Louis.

— Ele deve ter ido para uma das florestas de Lumbras, Henry. — Lyra disse seguindo para um bocejo, sendo esse o terceiro ou quarto só naquela hora.

   Os dois caminhavam para fora do castelo, indo em direção ao jardim onde as árvores estavam secas, parecendo mortas junto ao resto da vegetação, diferente do dia anterior. Enquanto o rei se sentou com toda sua graça num dos bancos cinza a poucos metros de uma fonte escandalosa, a guardiã real se limitou a se jogar no assento, deixando a cabeça pender para trás pesadamente.

— Você está já está morta, criatura. — Ele disse para a melhor amiga. — Deveria ir dormir um pouco.

   Lyra riu com o que ouviu ao mesmo tempo que lutava para manter os olhos abertos e direcionados para o céu, onde o sol ainda não batia em seus olhos.

— São oito e pouca da manhã, meu rei. — Ela o lembrou. — Não é só eu quem devo ir dormir um pouco, não acha?

— Não tem como eu dormir preocupado desse jeito com o pensamento do que o idiota do meu irmão mais novo possa estar aprontando. — Ele apontou.

— E não tem como eu dormir preocupada com o meu rei. Do jeito que você está atônito, não duvido nada eu "pregar" os olhos um pouco e você sair por aí indo se arriscar sozinho.

    O ruivo virou a cabeça para encarar melhor a mulher ao seu lado já formando uma careta no rosto para essa diante do que ouviu.

— Eu 'to' certa e você sabe bem disso. — Ela disse sem nem ao menos virar o rosto para encará-lo, pois o cansaço lhe impedia até daquele simples ato.

   Chegava a ser irritante o quanto Lyra vivia certa diante do que falava ou fazia. Mas isso também era bom, pois aquele era um dos maiores motivos pelo qual ela era a Senhora que mais confiava em seu reino.

— Ele vai fazer merda, Lyra. É só questão de tempo. — Henry disse baixo, deixando o corpo curvar para frente enquanto cruzava os dedos de uma mão nos da outra.

— Ele vai. — A morena confirmou num sussurro pesado ao reunir forças e erguer a cabeça até que pudesse olhar para frente, onde um anjo de pedra todo negro com asas enormes de mesma cor, descansava numa bela pose intimidadora na direção dos dois senhores ali, sendo cercado pela água da fonte. — Mas sei que você não deixará com que Lumbras sofra com isso.

— Tenho medo de não ser capaz de cuidar do meu povo. — Ele disse baixinho.

— Você sabe que é, você nasceu para isso, assim como a London. — Ela o lembrou.

   E ele realmente tinha nascido para governar, mas não só por ser filho mais velho do rei, e sim por muito mais. Todos sabiam que a Mãe Natureza, quando escolheu as cinco famílias reais, estava dando a elas mais do que poder além dos outros Senhores, estava dando-lhes o peso de governarem pela eternidade, cada um ao seu devido reino, governaria até o fim dos seus dias, e então a coroa seria dada a sua prole.

   Ella, a rainha atual de Momenta, tinha plena ciência disso, mas como não tinha nem um filho, precisava começar a ver um parceiro só para conceber a criança que teria tanto poder quanto ela para ser capaz de proteger o próprio reino, caso contrário, o título seria passado para o Grão-Duque e sua família, o que mudaria o rumo da história drasticamente, além de medidas incluindo a própria Mãe serem tomadas.

— Isso é o que mais me assusta, sabia? — Ele admitiu encarando a melhor amiga novamente. — Ambos temos responsabilidades enormes. Cuidar de um reino é ir além dos próprios interesses. Se Louis fizer alguma merda contra Lúminas que venha a se tornar pública, teremos sérios problemas.

— O que fará se isso acontecer? — Lyra perguntou curiosa.

   Ele se silenciou por alguns poucos segundos para então responder:

— O que precisar ser feito. Não é porque ele é meu irmão, o príncipe, que sairá ileso diante das merdas que fizer.

🌙🌙🌙

    A aula já havia começado, e a professora explicava sobre as possibilidades de alguém se encontrar em outras linhas do tempo ao tentar retornar a um certo momento já ocorrido. Mas isso não importava, não para Jun que mexia a caneta azul sem parar com o dedo, a rolando na folha do caderno, isso quando ele não desviava o olhar vez ou outra para a mesa que London costumava se sentar.

    Como ela estava? Estava tudo bem? O que andava acontecendo nos dois Impérios opostos? Quem havia soltado de fato aquela coisa no castelo de Lúminas?

   Jun estava tão submerso em pensamentos que levou um pequeno susto ao sentir uma mão lhe tocar o ombro. Era Marnie sentada logo atrás de si, ela tinha notado os olhares do asiático para a mesa que ficou vazia desde que a melhor amiga de ambos teve que ocupar o trono às custas de uma situação tão complicada.

   Ele tocou a mão da namorada e a apertou gentilmente enquanto virara o rosto ligeiramente e sorria pequeno para ela que fez o mesmo. Um tentava acalmar o outro, mas ambos estavam tensos diante de tudo o que andava acontecendo na Aureatus ultimamente. Porém, eles não eram os únicos, pois Lily, sentada na frente da carteira que pertencia a amiga luminiana, também tinha a mente lotada de pensamentos carregados de preocupação, mas ela sabia esconder melhor do que o casal ali perto.

— Acham que essa coisa toda vai acabar em guerra, no fim das contas? — Marnie perguntou no momento em que os três se sentaram numa mesa do refeitório do prédio dos Senhores Do Tempo para almoçar.

— Na real, eu não sei. — Lily disse revirando a comida que tinha no prato. — Mas a gente deveria ser mais positivo, não?

— Dá 'pra' ver o quanto você está positiva com tudo o que vem acontecendo. — Jun disse a encarando.

    Lily deu-lhe um meio sorriso.

— Ontem estávamos comemorando o show que a London deu protegendo Lúminas, e hoje já estamos pensando em guerra... — Disse ela antes de dar a primeira garfada em uma carne grelhada ali.

— Alguém andou aprontando no baile,  Lily. Quis fazer gracinha... — Marnie disse quase num rosnado enquanto os olhos focavam na própria comida que nem tinha tocado.

— Bem, o bicho era de Lumbras. — Jun as lembrou.

— Mas sabemos que Henry nunca faria algo para prejudicar London. — Marnie rebateu.

— Então ou é alguém tentando por a culpa em Henry, ou... Aquele irmão dele... Eu não fui com a cara do garoto. — Lily disse alternando o olhar entre o casal a sua frente.

— Pelo que Henry me falou uma vez, Louis não tem vontade de assumir o trono. — Jun disse.

— Mas ele pode ter algo contra os luminianos, assim como não duvido nada mais gente de Lumbras ter algo contra...

— Lúminas também deve ter gente que odeia os lumbrianos, não duvido nada. — Marnie pressupôs. — O que me faz pensar que talvez não agora, mas mais tarde, em algum momento, vai rolar alguma coisa entre os reinos.

— Mas é por isso que eles vão se casar, não é? — Jun lembrou a namorada, agora com a voz se limitando a um sussurro.

— Sim, mas nunca se sabe...

   Lily bufou e deixou as costas tocarem o assento logo depois de largar o garfo, fazendo o casal a encarar curiosos.

— Vamos tentar pensar em outras coisas, sim? Não vai adiantar nada a gente ficar aqui se perguntando o que diabos pode acontecer futuramente aos dois reinos sendo que não cabe a nós a missão de resolvermos os conflitos alheios. — Pediu a garota respirando fundo logo depois como se tentasse acalmar a própria mente que insistia em se encher de perguntas também.

— Você está certa. — Marnie admitiu antes de voltar a encarar a própria comida.

— Eu sempre estou certa. — Lily disse sorrindo um pouquinho e fazendo os outros dois ali também sorrirem. Ela pegou o celular e começou a digitar algo no aparelho. — Estou mandando mensagem para os meninos. Vamos nos divertir um pouco.

🌙🌙🌙🌙

    O salão do Tempo estava meio vazio naquela tarde, o que ajudava a manter o clima tranquilo por ali.

— Senta aqui mesmo. — Lily pediu para Marnie se referindo a uma das pontas da mesa de sinuca antes de começar a trançar o longo cabelo da morena.

— Sua vez, Chris. — Jun avisou ao amigo que brincava com o próprio taco, girando o objeto de madeira em mãos.

— Já que a gente inventou de sair, podíamos ir comer algo. Ir num restaurante. — Sugeriu Carl enquanto já se apressava em achar um lugar para irem através do celular.

— Quero comida japonesa. — Lily disse mantendo os olhos no começo da trança embutida que fazia.

— Só aceito comer yakisoba. — Christian deixou claro ao mesmo tempo que bateu com o taco na bola branca.

— Faz tempo que não como temaki. — Jun disse terminando a frase com um bico nos lábios grossos.

— Quero. — Marnie disse abrindo um sorriso que logo se desfez ao notar que perto deles, numa outra mesa de sinuca, haviam duas garotas, uma de cabelos roxos e a outra, de cabelos vermelhos, sendo que ambas olhavam para o grupo ali enquanto trocavam risos e cochichos.

  Jun foi o primeiro a perceber a mudança de reação da namorada, e logo seu olhar seguiu o dessa, encontrando as duas garotas.

— Parece que estão falando da gente. — Marnie disse.

— Por que estariam? — Christian perguntou curioso.

— Elas estão falando da London. — Carl avisou baixo ainda com o olhar em seu aparelho eletrônico em mãos.

— Você está ouvindo os pensamentos da ruiva? — Jun perguntou olhando a garota dos cabelos mesclados pela cor de fogo e o negro nas pontas.

   Carl assentiu com a cabeça para logo depois encarar as duas pelo canto dos olhos por um segundo. Ele voltou a atenção para o grupo, virando o corpo para os membros ali, para então dizer num sussurro:

— Estão dizendo que somos amigos de uma futura rainha fracassada.

   Jun riu em descrença.

— Elas querem morrer ou o quê? — O oriental perguntou em tom de ameaça ao se controlar para não encarar as duas ali perto outra vez.

— Isso se chama não ter o que fazer. — Christian disse esperando a bola branca bater lentamente na bola azul que estava em frente a uma boca de canto. — Aí vai falar merda.

   Marnie riu, sendo que o riso pareceu ser diante das palavras do amigo, mas na verdade era pela raiva que sentia nascer no peito. Estavam ofendendo alguém que nem estava ali, que nem tinha como se defender. Covardes, era isso o que as duas eram.

— Jun, querido. — Marnie chamou o namorado que até estranhou o termo fofo que foi direcionado a si. — 'Me dê esse taco, sim?

   Confuso com o pedido, ele estendeu o braço para ela com o objeto na mão, mas logo ele se prontificou a segurar firme o taco.

— Vai jogar, é?

— Vou. — Ela disse agarrando o objeto que ele ainda segurava. O olhar da morena se direcionou as duas ali longe. — Vou jogar ele na cara de quem eu conseguir acertar primeiro.

    Marnie ouviu Lily rir atrás de si enquanto ela mesma notava Jun segurar o taco mais forte, impedindo que a morena fizesse o que dissera.

— Marnie... — Ele a chamou em tom de repreensão.

— Prometo trazer o taco de volta até Christian parar de acertar todas as bolas e finalmente ser sua vez. — A momenta disse com um pequeno sorriso no rosto.

— Não, Marnie. Não. — Ele negou sabendo que ela falava sério. Jun podia jurar que mais um pouco, e a namorada ia soltar fogo pelos olhos de tanta que era a raiva presente em sua expressão.

   Ela bufou diante das palavras do garoto, e então tirou a mão do objeto.

— Está pronta. — Lily disse se referindo a trança que havia acabado de fazer nos cabelos brancos da morena.

— Ótimo. Obrigada, Lily. — Ela disse antes de começar a caminhar em direção às duas garotas ali que jogavam na mesa ao lado, mas continuavam com sussurros e risos.

— Merda. — Jun deixou escapar assim que percebeu para onde a namorada estava indo.

    Lily tentou prender o riso enquanto Christian parava de jogar para ver a momenta ser parada por Jun que a segurou pelo braço.

   Marnie lançou um olhar mortal para o asiático que não a largou mesmo assim, o que a fez virar o rosto para as duas que a haviam notado vir em sua direção.

— Ei, desocupadas! — Marnie disse alto para as duas, fazendo com que não só elas, mas outros senhores iniciados por ali também parassem o que faziam para encará-la. — Vocês gostam de falar merda, não gostam?

  A lumbriana ergueu a sobrancelha para a morena enquanto a fragmenta cruzava os braços.

— Está falando conosco, anjo? — A fragmenta perguntou sorrindo descaradamente.

— É cega ou o quê? — Marnie perguntou.

— Olha como ela é sem educação, Mina. Não é a toa que é amiga de uma luminianazinha... — A lumbriana disse dando um passo na direção de Marnie.

— Não perca seu tempo com ela, Otávia. — A tal Mina disse girando o taco que tinha em mãos uma vez para logo depois passar o giz azul na ponta do objeto. — É só uma 'serzinha' irritante que nem a amiginha.

— Tem razão. — A lumbriana disse recuando e então pegando o taco que tinha largado na borda da mesa. — Logo não vamos ter que precisar mais lidar com os luminianos e quem mais pertencer a essa laia aí... — Provocou já voltando o olhar à mesa.

— Como é que é? — Foi a vez de Jun perguntar, agora também sendo tomado pela raiva.

— Isso o que você ouviu, platinado. — A lumbriana disse estreitando os olhos para ele por um segundo.

— É agora que eu mato um. — Marnie disse aproveitando que o namorado havia largado seu braço para ir com passos firmes até Otávia.

  A lumbriana só teve tempo de erguer o olhar para a morena, pois logo Marnie estava lhe agarrando pelos cabelos e os puxando.

— Repete, repete o que você disse. — A momenta mandou num quase rosnado.

    A essa altura, o salão inteiro já havia parado o movimento para observar a briga ali.

— Vai dar merda. — Christian disse passando a mão pesadamente pelos cabelos verdes.

— Só se for para a lumbriana, porque se ela tocar machucar a Marnie, vão ser duas arrancando os cabelos vermelhos dessa coisa. — Lily avisou já caminhando para o lado do valaureano só para ficar mais perto das duas ali, pois estava pronta para ir até elas se Marnie precisasse de si.

— Vamos, repete! — Marnie gritou. — Fala da minha melhor amiga de novo para você ver, fala!

— Sua vaca! — A lumbriana disse com o tom meio arrastado pela dor.

   A morena riu com o xingamento enquanto enrolava mais o cabelo da ruiva na mão. Otávia até chegou a apertar o pulso de Marnie, tentando afastá-la para longe de sua cabeça, mas a momenta estava firme em seu ato.

— Você vai se arrepender disso. — A lumbriana disse com o olhar sobre a morena logo antes de seus olhos começarem a ser tomados pelo preto que se espalhava ali.

— Marnie, cuidado! — Jun disse se aproximando da namorada rapidamente.

— Já chega! — Uma voz feminina gritou ao alto.

   Todos, incluindo as duas que brigavam encararam Tassie parada no mezanino. Marnie largou rapidamente os cabelos da lumbriana que se corrigiu, voltando a ficar ereta novamente, tendo a feição tomada pela raiva.

— Vocês duas. — A apontou com o queixo para a lumbriana e a momenta. — Para a diretoria. Agora.

🌙🌙🌙🌙🌙

— O senhor não vai fazer nada? — Otávia praticamente gritou para o homem sentado a sua frente. — Ela veio do nada e saiu provocando. Ainda puxou meu cabelo sem motivo algum.

    Marnie riu sem achar alguma graça real da situação.

— Esqueceu de falar que estava falando mal da minha melhor amiga. — Ela lembrou-a antes de voltar o olhar para o diretor que só ouvia as duas até então. — Diga-me, diretor, o que acontece se somos pegos falando mal de alguém que pertença a alguma das cinco famílias reais de Aureatus? — Marnie ergueu uma sobrancelha e estreitou os olhos para a lumbriana. — Ah, sim. Nós somos presos...

— Eu não falei nada de ninguém. — Otávia mentiu com toda sua seriedade. — Muito menos da sua amiga luminiana...

— Estou vendo que vocês duas estão agitadas hoje, meninas. — Scar disse descendo o olhar para algumas folhas que haviam no centro de sua mesa de madeira escura. — Acredito que em vez de brigar, toda essa energia pode ser usada para limpar alguns corredores, não?

  A pergunta fez os olhos avermelhados de Otávia quase saltarem para fora.

— Eu não vou limpar corredores! — Negou-se rapidamente.

   O valaureano sorriu pequeno.

— Prefere limpar o banheiro feminino do salão lumbriano, então? Que seja.

    A garota jogou as costas para trás, tocando o assento. Ela estava indignada.

— Professora Tassie? — Scar chamou a mulher que até então só estava sentada num sofá num canto da sala observando tudo. — Pode levar Otávia até o prédio de Lumbras e ver com um dos faxineiros os materiais que vela usará, por favor? — O homem, então, encarou a lumbriana que não escondia em sua face o quanto abominava a ideia. — Quanto mais cedo começar, mais cedo termina.

   Otávia bufou antes de se levantar e direcionar um olhar mortal para Marnie que nem viu tal ato, pois a morena encarava a mesa do diretor. Assim que apenas a momenta ficou na sala consigo, Scar deixou as costas tocarem sua cadeira para então encará-la.

— Diga. — O homem falou.

   Ela o encarou por um momento e então respondeu:

— Carl ouviu os pensamentos dela e da outra com ela. Estavam falando mal da London. Eu não me aguentei e fui tirar satisfação, e nisso, Otávia deixou a entender que logo ela e a amiga não teriam que lidar mais com London. — Explicou. — Tem algo realmente acontecendo, não é?

   Scar suspirou ao cruzar os dedos de uma mão a outra.

— Não sei. — Ele respondeu sincero. — O que sei é que sua mãe vai me xingar se eu te deixar se meter em encrenca de novo, mocinha.

    Marnie riu.

— Me desculpe por isso. — Ela disse baixo. — Eu só estou preocupada com a London e o Henry... O senhor mesmo deve ter visto nos jornais, não é? Tentaram atacar o castelo, provocar os luminianos enquanto London dava o baile... Era uma das criaturas de Lumbras, diretor. Estão tentando por um reino contra o outro.

— Estão. — Scar concordou. — E talvez consigam, Marnie. — E passou a mão na barba escura. — É por isso que em vez de se envolver em brigas, deve ficar por perto de London. Ela vai precisar dos amigos por perto, seja lá para o que vier.

   O conselho fez a morena assentir com a cabeça. Houve um momento de silêncio.

— Diretor... — Ela o chamou pensativa. — De uma houver uma guerra entre Lúminas e Lumbras... — Um encarava o outro. — Quem acha que ganhará?

    A pergunta fez Scar erguer uma sobrancelha grossa, ele tinha sido pego de surpresa com o questionamento.

— Quem estiver mais preparado para uma guerra, senhorita. — Respondeu simplista.

— Os lumbrianos, então?! — Foi a conclusão que ela chegou.

   Mas Scar sorriu.

— Os lumbrianos nem sabiam que os luminianos estavam por aí até então, não é? Não tem como eles estarem prontos tão rápido...

— Muito menos os luminianos, afinal, eles acabaram de retornar a Aureatus.

   O olhar dos dois ali prendeu um ao outro mais uma vez. Scar ergueu novamente a sobrancelha.

— Diga-me, Marnie, se eles acabaram de voltar, depois de milênios escondidos por terem que sair de suas terras depois de serem atacados, o que acha que ficaram fazendo esse tempo todo que estiveram fora?

   Mais silêncio. A pergunta havia pego Marnie em cheio.

— Eu acho que já vou. — Ela disse se levantando ainda meio desnorteada com as teorias que se formaram em cima da pergunta alheia. — Tenho um banheiro para limpar logo...

— Retorne ao seu dormitório e vá fazer algo com seus amigos. Desligue um pouco sua mente dessa bagunça toda que Aureatus vem tendo. Vai te fazer bem. — O valaureano ordenou.

— Nada de banheiros? — Ela perguntou procurando confirmar o que tinha entendido com a ordem do diretor.

— Desde que evite mais encrencas dentro desta escola... — O homem disse.

    A momenta sorriu largamente.

— Obrigada! — E se prontificou a deixar a sala rapidamente.

   Saltitando, Marnie caminhou pelo corredor claro devido as grandes janelas de vidro ali. Ela tinha se alegrado pela pequena vitória que tivera diante da lumbriana que agora estava a caminho de limpar um banheiro, mas a felicidade não durou muito, pois logo a resposta de Scar diante de uma certa pergunta sua, voltou-lhe à mente.

   Uma guerra corria o risco de acontecer, e Marnie, assim como os outros do grupo sabiam que teriam que escolher um lado quando o momento certo chegasse, pois,de certa forma, Aureatus inteira estaria comprometida devido ao conflito dos dois reinos opostos.

    Mas Marnie já tinha escolhido um lado, e era óbvio qual seria, o que só lhe pesava mais a mente, pois no momento certo, ela sabia que enquanto estivesse ao lado de um amigo, estaria diante de outro, no qual ali, seria seu inimigo.

    Um arrepio tomou seu corpo agora que a morena caminhava à passos lentos. Scar dissera para ela se desligar um pouco de toda essa bagunça, mas Marnie sentia, sentia mais do que nunca algo chegando, algo grande, e algo ruim, muito ruim.

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