Capítulo 20 - Uma Boa Magia


Narrador - No mesmo dia

Livro numa mão, uma cesta de palha dourada com um monte de objetos na outra. London carregou tudo até o lado de fora do palácio, onde se encontrava a área de encontros externos. Mesas e cadeiras se tinham em muitos cantos, uma bela fonte construída no meio de tudo ao qual suas águas eram brilhantes, árvores de fardas folhagens azuis esbranquiçadas. Já no meio daquele belo lugar, London deixou tudo sobre uma mesa e começou a tirar os objetos da cesta.

Um dos empregados do castelo correu em sua direção assim que a viu ali.

- Majestade. - A moça sorriu para ela enquanto se curvava.

London sorriu de volta.

- Bom dia. - Ela disse alegre.

- Precisa de alguma coisa? Devo lhe trazer um chá? - Perguntou para a jovem.

- Aceito o chá. Bem doce de preferência.

- Sim, majestade. Licença.

- Toda.

E assim, London voltou sua atenção para os objetos a sua frente.

- O que diabos ela está fazendo? - Perguntou Aurora para Órion lá em cima, onde os dois observavam London por uma janela do castelo.

- Eu sei lá, mas ela parece feliz, muito feliz.

- Esses dias ela parece feliz demais... - Disse Aurora pensativa.

- Deve ter sido por causa do rei ruivo. - Disse Órion.

- Henry? - A mulher lhe perguntou.

- Sim, você não viu? Ele apareceu aqui ontem de ontem. - Respondeu. - Eu vi os dois juntos conversando.

- E eles falavam sobre o quê?

Órion deu de ombros.

- Eu sei lá. Pergunta pra ela.

- Você não presta nem pra ouvir uma conversa. - Aurora pareceu irritada.

Órion pouco se importou com sua expressão fechada.

- Eu não sou abelhudo, muito menos fofoqueiro. Procuro não me meter na vida dos outros, a não ser que eu esteja no meio do assunto. - E sorriu para a mulher de um modo zombeteiro.

- Seu... - Aurora reprimiu um xingamento.

Lá em baixo, na área externa de visitas, London continuava a executar seus planos. Ela abriu o velho livro real de Lúminas em uma página que lhe havia chamado atenção uma vez.

- "Estrelas ao meio dia". - Leu ela em voz alta o título do feitiço naquela página.

  "Sendo um dos feitiços da categoria de Feitiços Positivos, tal magia não se exige um poder grandioso para ser executado, porém, há um detalhe crucial para que ocorra de maneira correta.

É preciso que o sentimento de alegria esteja presente naquele que executará o feitiço... "

- Bem, parece que o elemento principal nós já temos. - London sussurrou para si mesma. - Agora... - E pegou uma pedra branca um tanto transparente, era possível ver os dedos da jovem na parte de trás do objeto. Ela o deixou num canto da mesa separado do restante e pegou um potinho onde dentro continham o pó de algumas sementes de girassol.

- Eu acho que ela está prestes a fazer alguma das magias antigas do livro e eu vou lá ver o que é. - Disse Aurora lá de cima já criando um portal atrás de si e de Órion.

Assim que Aurora entrou, o homem foi atrás.

Ao sair do portal, os dois se encontravam ao lado de uma das belas árvores ali, essa estava carregada de belos frutos da cor azul. Órion ainda chegou a pegar uma das frutas, arrancar parte da casca e começar a comer enquanto Aurora ia em direção a London.

- Vejo que vai fazer alguma magia. - Aurora disse se colocando ao lado da mesa ao qual a princesa usava. Ela aproveitou para passar os olhos pelas páginas que estavam a vista ali.

- Sim. - London respondeu tranquila enquanto escolhia qual espaço exato usaria daquele chão empedrado branco com grama nascendo aqui e ali. Ao decidir, ela começou a jogar o pó do potinho de pouquinho em pouquinho no chão formando uma circunferência. - Quero tentar algo.

- É esse feitiço aqui que você quer tentar? - Perguntou Aurora curiosa.

- Esse mesmo.

- Mas você sabe que é preciso que o sentimento de alegria seja muito grande, não sabe? - Nesse momento, London encarou Aurora pelo canto dos olhos. Ela sabia que Aurora queria saber de alguma coisa.

- Sim, e se eu não tivesse, certamente que eu não o estaria fazendo.

- Hmm.

  Órion riu de tudo aquilo enquanto comia o restante da fruta em suas mãos.

- E posso perguntar qual o motivo que gerou sua alegria? - Aurora, curiosa, tentou saber.

  London terminou de fazer o círculo com o pó e colocou o potinho na mesa, pegou a pedra branca e encarou Aurora.

- É uma surpresa. - Ela disse. - Logo você saberá. - Virou-se para Órion. - Logo todos saberão. - E voltou para a circunferência onde tinha criado, posicionou-se no centro e respirou fundo.

Com os braços estendidos para frente as duas mãos abertas viradas para cima e a pedra no meio dessas, London deu início a parte final da magia.

-  A noite se vai, o dia se inicia, mas isso não me impede de ver - London tinha os olhos na pedra. -  estrelas ao meio-dia.

A pedra começou a brilhar com grande intensidade. Não houve ninguém ali que não fechasse os olhos nesse momento. Um raio de luz deixou o objeto e foi um direção ao solo provocando o que pareciam ser pequenas ondas de luz seguidas ali. O efeito era o mesmo de quando se joga uma pedra na água e criam-se pequenas ondas.  Assim que a luz na pedra diminuiu, London a encarou e pôde ver as primeiras luzes de cor dourada deixarem o solo e subir.

- Que lindo. - Ela sussurrou.

- Uau. - Disse Órion impressionado com a beleza daquelas luzes.

- Então é assim que funciona o feitiço. - London refletiu alto.

- Você não sabia? - Aurora perguntou.

London negou com a cabeça.

- Eu apenas sabia que iria ser algo bonito, mas não achei que seria tão... Intenso.

Aurora encarou as luzes brilhantes junto com todos. Ela sabia que um feitiço daqueles, por mais que fosse algo considerado neutro comparado aos feitiços de batalhas que existiam no velho livro real, chamaria a atenção daqueles que visitavam Lúminas e os que estivessem por perto do lugar o suficiente pra ver.

- Não sei se chegou a ler essa parte, mas o feitiço dura 12h. - Aurora informou. - E está espalhado por toda a Lúminas.

London a encarou surpresa.

- Todo mundo está vendo isso? - Não era bem o que London esperava, mas isso só a animou mais.

Aurora confirmou com a cabeça.

- Melhor ainda. - Disse a jovem princesa. - Não é algo que poucos devem ver.
                        
E assim, na quinta órbita, a de Júpiter, numa praça, moradores locais pararam o que faziam para ver as luzes deixando o logo e indo em direção ao céu. Era uma bela visão, sem dúvida.

Entre os observadores, um rosto que talvez ninguém reconhecesse, nem a própria London se lembrasse por ter sido algo muito breve. Mas lá estava ela, a mulher que a jovem princesa conversou uma vez em sua primeira visita ao reino. Ela olhou para cima com um pequeno sorriso no rosto, sabia bem que aquilo não era algo de origem natural. Ela conhecia o livro e suas magias, conhecia muito bem, aliás. A mulher encarou as luzes por mais alguns segundos e começou a caminhar para fora de Lúminas, afinal, seu lugar não era ali, mas logo estaria de volta para outra visita.

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Só deixando claro que a mulher não é o homem do prólogo, OK? Ok. E não esqueçam dele.

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