Capítulo - 17 - 23:52h
Ema Narrando (mãe do Cristian) - 1 de junho, sexta-feira
A brisa era um pouco forte, mas eu não me incomodava. Gostava do vento frio tocando meu rosto e eriçando os pêlos de meus braços.
Encarei o grande relógio brilhando diante de mim e iluminando a noite. Os ponteiros apontavam 23:52h
Passos tornaram-se mais altos do meu lado direito até que o som parasse. Eu não precisei encará-la para saber que era Miliana ali.
- Para que o guarda chuva? - Perguntei quando notei o enorme guarda-chuva ao qual segurava pelo cabo e deixava o topo bater no chão.
Ela virou a cabeça e me encarou.
- É claro. - Falei compreendendo tudo no segundo seguinte.
- Está uma noite bonita. - Ela sussurrou enquanto o vento empurrava seus longos cachos para trás.
- Está. - Concordei.
- É muito bom vê-la novamente. - Ela disse em outro sussurro. Ela sorriu logo em seguida. - Senti saudades da minha amiga.
Eu sorri segurando o sentimento que se alastrou em mim naquele momento.
- Eu também.
- E eu também. - Disse alguém ao qual eu não consegui ver devido a uma espécie de fumaça branca que se formou ali antes do ser aparecer.
- Intrometido como sempre. - Miliana disse encarando a figura que comecara a se mostrar.
- Olá também, Mili. - Celcio sorriu para ela.
- Vai começar. - Eu sussurrei encarando o grande relógio mais uma vez. -
- Parece irritada hoje. Como está a Marnie? - Ele perguntou.
- Minha filha vai muito bem, sim. Obrigada por perguntar. - Ela respondeu fazendo questão de enaltecer a primeira palavra. - E não, não estou irritada, é que só de ver você, eu já sinto uma vontade de estrangular esse seu pescoço, sabe?
Celcio sorriu para ela.
- Fico feliz que nossa filha esteja bem. - Disse pleno. - E fico feliz que meu ser te provoque... - Ele a encarou com malícia. - Coisas.
- Seu... - Ela começou, porém eu me coloquei à sua frente e a interrompi.
- Vocês dois podem parar de flertar? - Pedi. - Mesmo vocês sendo o casal mais estranho que já conheci e eu seja muito curiosa pra entender que diabos acontece nessa relação pra vocês viverem em pé de guerra, não estamos aqui hoje para falar disso.
Silêncio.
- Desculpe. - Disse Celcio depois de alguns segundos.
Coloquei-me em meu lugar de antes.
- Sobre os últimos acontecimentos... - Eu comecei encarando a noite. - Eu estava pensando, estamos prestes a entrar numa nova Era. - O Império luminiano está renascendo enquanto o mesmo afunda Lumbras.
- Eu acredito que Lumbras está fadada a cair. - Celcio disse. - Esse se tornou o destino dessa terra depois do que fizeram a Lúminas.
- Eu acredito que possam se levantar. - Sussurrei discordando dele.
- Eles traíram a confiança do Império que mais eram próximos. Nem um sequer dos outros Impérios tem confiança mais neles. Estão sozinhos, propensos a receberem olhares indesejados, palavras indesejadas e atos do mesmo tipo.
- Seria muita maldade. - Sussurrei refletindo.
Celcio me encarou.
- Não é nada comparado ao que eles fizeram. - E suspirou. - É hora de aceitarem as consequências.
- Aceitar as consequências... - Miliana riu seca.
Ambos a encaramos sem entender o porquê fizera tal coisa.
- Eu estava dando uma olhada nas cartas esses dias. - Fez uma breve pausa. - E vi as trevas tentando devorar a luz. - Outra pausa. - Mais uma vez. - Ela respirou fundo. - É sempre o mesmo tipo de visão mostrada para mim de modos diferentes, mas sempre o mesmo. Receio que Lumbras seja mais forte do que os outros reinos, e o único reino que poderia dar de frente é Lúminas. Mas, como a história nos ensina, nem Lúminas parece ter esse poder.
Ficamos em silêncio.
Eu senti um pingo de água cair em minha bochecha.
- Eu não vi nada que eu possa confirmar minhas suspeitas e nem que possa contrariar suas palavras. - Celcio disse para Miliana de repente. - Mas eu não consigo entender como o novo rei dos lumbrianos iria tentar tocar em Lúminas. Quero dizer, eu vivo com Henry desde que o mesmo era uma criança, sei muito bem dos sentimentos dele pela princesa dos luminianos. Se mantivermos isso em mente, jamais o rei atacaria Lúminas.
Senti mais pingos. Miliana abriu seu guarda-chuva e colocou parte sobre minha cabeça. Celcio abriu seu guarda-chuva também e manteve seus olhos naquele grande relógio luminoso no meio das águas.
O silêncio havia tomado nos três. Estávamos submersos em nossos pensamentos.
- Tem algo que não faz sentido nisso tudo. - Refleti em voz alta. - Se não for Henry, quem então iria querer atacar os luminianos?
Notei quando Miliana apertou seus dedos em volta do cabo de seu guarda-chuva deixando as pontas dos mesmos esbranquiçadas de tanta força.
- Alguém que tenha muita raiva dos luminianos. - Ela disse baixo.
A chuva aumentou.
- Agora, a questão é: quem? - Perguntei.
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Já fiz o próximo capítulo. Amanhã eu posto. O de hoje ficou pequeno mesmo. Mas o de amanhã tá enooorme. Pra compensar o sumiço.
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