Capítulo 5
Eram 4:30 da madrugada, eu estava muito mais morta do que viva e não tenho ideia de qual era a quantidade de cafés que eu já tinha ingerido naquele dia. Mas eu e toda equipe de residentes estávamos focados em tentar encontrar o diagnóstico de uma jovem de 16 anos que deu entrada na emergência com alguns sintomas de uma possível leucemia, porém os resultados dos exames não chegaram a ser conclusivos. Me sentei diante do meu computador, mas a única coisa que eu enxergava era uma "tela em branco" pois minha mente me direcionou automaticamente para os meus livros da faculdade, até que me deu um estalo...
— Mielofibrose!
Meus colegas a minha volta me encararam e pude ver nitidamente o olhar de "ela tem razão" vindo deles. Corri pra sala do meu chefe, bati na porta enquanto Pedro vinha atrás de mim.
— Boa noite chefe, acho que consegui descobrir o problema da nossa paciente. Acredito que seja mielofibrose.
Meu chefe respira fundo e diz:
— Desenvolve a sua ideia aí pra mim.
— A mielofibrose pode ser confundida com a leucemia em algumas situações. Isso acontece porque as duas podem ocasionar a queda nos glóbulos vermelhos e plaquetas, alterações qualitativas e quantitativas nos leucócitos e aumento de órgãos como o baço, como é o caso da nossa paciente. Sem falar o cansaço, falta de ar e a palidez dela.
Imediatamente ele abaixa seus óculos e diz:
— O que você sugere então?
Respondo:
— Fazer a biópsia de medula óssea e também a análise molecular e citogenética. Se meu diagnóstico estiver correto, devemos realizar um transplante de medula antes que a doença evolua para uma leucemia, pois isso acontece em 20% dos casos de mielofibrose.
Meu chefe se levanta, respira fundo e diz:
— Fico feliz em saber que temos uma enciclopédia de medicina em forma humana por aqui. Pode ir lá, realize os exames e dê seguimento aos procedimentos. Pedro, a auxilie por favor. Meus parabéns Doutora Nicole!
Saí da sala do chefe feliz e orgulhosa de mim mesma, mas principalmente feliz pela minha paciente.
Depois de todos os exames realizados, dei por mim que já eram 10:30 da manhã. Me sento no refeitório e me permito o luxo de comer um pão e algumas frutas pra conseguir chegar pelo menos até o fim desse diagnóstico e iniciarmos logo os procedimentos. Estava tremendamente ansiosa! Enquanto mastigo, Pedro vem e se senta ao meu lado com sua torre de panquecas.
— Você pretende alimentar todos os residentes do nosso plantão?
Ele dá um sorriso amarelo e diz:
— Só aqueles que diagnosticaram a Gabriely do quarto 502! Amiga, estou super feliz por ti! Os olhos do chefe saltaram conforme você misteriosamente recitava as páginas de um livro de medicina avançada. Mas infelizmente os olhos dos nossos colegas estão expelindo veneno de tanta inveja. Todo mundo daria um braço para ter acertado esse diagnóstico!
Eu roubo uma panqueca do seu prato e digo:
— Calma! Ainda não sabemos se eu acertei! Vamos aguardar! E enquanto isso, me passa o açúcar ali. Meu café tá mais forte que minha vontade de dormir.
Algumas horas depois, tivemos a confirmação do diagnóstico e assim pude dar entrada no pedido de transplante de medula da minha paciente. Estamos ansiosos para sabermos a possível compatibilidade dos seus irmãos, mas caso não haja, torceremos para que um doador apareça logo.
Final de plantão e a única coisa que eu almejo agora é a maciez dos lençóis da minha cama, acompanhados de um bom banho anterior. Mas por mais que o sono seja enorme, a minha vontade de passar na frente dos outros residentes venenosos como a "médica que descobriu o que ninguém conseguia" era maior. Então decidi descer pelas escadas onde eles costumavam estar e acenei pra eles como uma boa colega de profissão e não como a pessoa debochada que gritava em meu interior. Peguei meu ônibus, fui pra casa e apaguei!
Ao despertar do meu desmaio de exaustão, acordo com meu celular vibrando pela quinta vez... Ai não. Quanta mensagem! Mas gente, ainda não são nem oito da manhã! Quando eu olho de quem são as mensagens, tudo faz sentido! "Filha, tá tudo bem? Você não aparece mais! Está se alimentando? Está tomando o polivitamínico que eu te mandei? A comida do hospital é boa? Quer que eu vá aí te ajudar com as roupas?" Deus do céu! Bem, resolvo mandar um áudio que fica mais fácil: "Oi mãe, tá tudo bem sim! Estou me alimentando bem, a comida do hospital é ótima e graças a você estou tomando o polivitamínico sim! Pode deixar que eu estou deixando as roupas limpinhas e dobradas nos meus dias de folga. Te amo viu? Beijos!" Apesar de todo esse exagero, eu amo o jeitinho que a minha mãe ainda cuida de mim, mesmo que à distância. E de todo jeito, ela não está tão errada quanto as minhas roupas, preciso dar um jeito nisso aqui!
Depois de dar um jeitinho nas roupas e na casa, resolvo parar pra olhar a geladeira e ver o que posso fazer de gostoso pra almoçar. Daria tudo pela lasanha da minha mãe agora! Mas já que ela está a duas cidades de mim, vai lasanha de micro-ondas mesmo! Assim que eu aperto os botões do micro, minha música é interrompida por mais mensagens, mas desta vez, nada de mamãe... "Homem, 45 anos. Procura mulher com vontade de explorar o limite entre o prazer e a dor. Gosto de dominar. Encontro a tarde em motel, despesas por minha conta." Meu corpo contraiu em excitação! Já tinha algum tempo que eu não curtia uma vibe mais pesada assim. Eu quero! Respondo a mensagem com: "Hoje?" Logo em seguida recebo: "Se possível às 17h." Envio: "Perfeito. Me envie o endereço."
Depois de almoçar, descansar e tomar um banho, abro meu armário de "roupas especiais" e pego uma calcinha de renda preta, saltos altos, vestido colado no corpo e um sobretudo por cima. Deixo na minha bolsa uma máscara e minhas algemas. Por mais que eu ache que ele vá ter lá, essas eu sei que me deixam confortável. Olho no espelho e percebo que um batom nude cai bem nesse momento. Quero estar o mais neutra possível, mas mantendo a minha sensualidade. Peço um carro de aplicativo e em seguida já me direciono lá pra fora.
O motel marcado já era conhecido por mim. Só nunca tinha ido nessa suíte. O motorista me leva até a porta da suíte e agradeço a ele deixando uma gorjeta. Desço do carro e vou caminhando em direção a porta que já estava entreaberta. Ao empurrar a porta, escuto algo parecido com um jazz e ao olhar o meu parceiro, percebo que será um fim de tarde e tanto! Um homem lindo, bem vestido, tomava uísque. Colocou um copo com uma dose que já estava servida próximo a beira da mesa assim que me viu e puxou a cadeira para que eu sentasse. Era um misto de gentileza com ordens expressas! Me senti na vibe de beber um gole, mas isso não faz parte do meu protocolo pessoal. JAMAIS beba algo que não seja servido na sua frente e que a pessoa não beba antes. E pra minha surpresa, ele bebe o copo que havia me servido e repõe novamente. Gostei da atitude! Não precisei dizer nada. Apoio minha bolsa nas costas da cadeira e bebo o uísque olhando pra ele. Parecia muito seguro, muito a vontade. Sem nenhuma dúvida, aquela não era a sua primeira vez fazendo isso. Assim que apoio meu copo na mesa, ele abre os botões de sua camisa social, coloca uma mala sobre a cama e se senta.
— Muito prazer, você é linda! Obrigado por ter vindo. Por favor, fique à vontade...
Eu me levanto da cadeira, deixo meu sobretudo cair no chão e vou me aproximando aos poucos. A cada estalo dos saltos eu vou tirando o meu vestido devagar, de forma que assim que chego em frente a ele, já estou apenas com a calcinha de renda. Me ajoelho ao pé da cama enquanto os nossos olhos não se dispersam um do outro e no segundo em que estranho sua demora, ele puxa meu queixo e começa a me beijar...
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