Capítulo 3
Acordo de manhã com a luz entrando pelo friso entre as cortinas e quero me matar por não ter fechado isso direito ontem. Confesso que apesar de mortinha, estou louca por uma xícara de café bem quente e não dá pra ser a minha. Preciso descobrir que droga aquela mulher do hospital coloca em nossos cafés.
— Bom dia Nic!
Tomei um baita susto com Pedro apertando a minha cintura de surpresa.
— Fala sério que você também não consegue tomar o seu próprio café?
— Pensei que fosse só comigo! kkkkk
Pegamos os nossos cafés mágicos e nos sentamos no banco na lateral do hospital para bebê-los com calma. O que é uma tarefa praticamente impossível para residentes de medicina. Entre um gole e outro, Pedro me conta um pouco sobre sua rotina com sua irmãzinha, a Aninha. Preciso conhecer essa pessoinha que parece ser uma bebê muito mais do que fofa, inteligente e especial. Ele fica todo carinhoso quando fala dela, sinceramente fico em dúvida em quem parece ser mais "cute-cute".
— Nicole! Pedro! O que vocês estão fazendo aí fora? Tem várias ambulâncias a caminho! Parece que todos os pacientes do acidente de trem estão sendo encaminhados pra cá! Levantem essas bundas residentes daí e já pra área de trauma!
Eu e Pedro nos encaramos super frustrados, segurando ainda os nossos cafés quentinhos e cheios de esperança de tranquilidade no fundo deles.
— Será que ela faz alguma ideia de que chegamos meia hora mais cedo hoje?
Eu olho pro Pedro e respondo:
— Você acha mesmo que isso importa pra Daffiny?
Após estarmos irritados e devidamente equipados, a primeira ambulância chega e o paramédico fala:
— Mulher, 35 anos. Inconsciente após a queda...
Pedro imediatamente grita:
— Vivian! Meus Deus ela é minha irmã! Daffiny! Ela tem hipertensão e diabetes! É alérgica à dipirona.
— Ótimo Pedro, agora se afasta e vai ver os outros pacientes, vamos cuidar bem da sua irmã.
Pedro sai bastante preocupado da sala, mas sabemos que é o protocolo da emergência.
Ficamos com os pacientes com ferimentos mais leves e que estavam conscientes, pois nosso chefe não estava por perto para nos orientar. Até que conseguimos dar conta das ambulâncias em pouco tempo e assim que direcionamos os nossos pacientes, corremos para ver como estava a irmã do Pedro.
—Dafiny, cadê minha irmã? Ela estava aqui no leito 3.
Dafiny encara ele e diz:
— Foi direcionada pra neuro. Parece que ela caiu devido ao choque e a alta carga elétrica pode ter afetado alguma coisa. Acho que não chegará a ser cirúrgico. Vou chamar a Doutora Amélia pra falar com você. E não se preocupem que vou avisar pro Doutor Paulo que vocês estão aqui.
Agradecemos e ficamos no aguardo da médica.
—Doutor Pedro?
—Sim, sou eu!
— Bom Pedro, eu sou a Doutora Amélia, chefe da neurologia. Bem, a sua irmã está estável, mas ainda não acordou. Batemos uma TC e pelos resultados eu estou um pouco preocupada. Parte dos acidentes com choque elétrico ocorrem com contato na cabeça, principalmente na parte superior dela. Quando a corrente elétrica passa através do cérebro, ou por parte dele, pode produzir efeitos diversos. Os mais comuns são: Inibição do cérebro, dessincronização de seus comandos, edema, isquemia, aquecimento e dilatação. Vamos ficar de olho. Estamos monitorando ela no CTI. Sei que pode ser difícil, mas vá trabalhar e no passar do dia, eu vou te dando notícias. Mas procure ficar calmo, talvez não aconteça nada disso. Até mais Doutor Pedro!
Pedro estava pálido e basicamente sem reação. Coloquei ele sentado, dei um copo de água pra ele e disse:
— Calma Pedro, sua irmã vai ficar bem! Ela está em boas mãos. A Doutora Amélia é a chefe do setor e está cuidando pessoalmente dela.
Pedro deixa uma lágrima escapar e diz:
— Vou ligar pro meu cunhado. E você corre lá pra sala dos residentes, que apesar da Dafiny dizer que vai falar com o chefe, é bom você estar lá.
— Tem certeza?
— Tenho sim, obrigado amiga.
Passo pela sala dos residentes e vejo que ela está vazia. Vou então direto para a sala do chefe e o encontro lá.
— Bom dia Doutor Paulo. Eu estava ajudando o Pedro por conta da irmã dele...
Ele me interrompe e diz:
— Sim sim, a Daffiny me contou. Bem, separei aqui suas funções e a do Pedro, pegue aqui e vão pra ala pediátrica hoje. Doutor Alex deve estar esperando vocês.
Catei Pedro na emergência e nos direcionamos para a pediatria.
Nem preciso dizer que esse foi um plantão extremamente fofo! Mas também um tanto quanto dolorido. Aprender medicina interna é difícil, mas ver bebês recém nascidos precisando de uma cirurgia no coração com menos de 48 horas de vida é muito pior! Tem vezes que fazendo um tipo de especialidade, acabamos esbarrando em outra e mudamos o rumo de tudo, mas se tem alguma que eu não conseguiria é a cirurgia pediátrica.
Passadas algumas horas, doutora Amélia procurou o Pedro e disse que a irmã dele havia acordado, graças a Deus sem sequelas. Pedro foi vê-la e logo depois me encontrou no refeitório.
— Como ela está?
— Olha, bem até demais! Já estava até me dando bronca! Foi um susto e tanto, mas só um susto. Cara estou morrendo de fome e o seu macarrão me parece uma boa opção.
— Corre lá que metade do hospital compartilha da sua opinião.
No intervalo entre uma garfada e outra, meu celular vibrou com a mensagem: "Casal procura mulher que não tenha tabus ou preconceitos. Sem exigências. Encontro na casa deles. Amanhã às 22h" Respiro fundo e respondo: "Topo, mas quero o contato deles." Em seguida ela escreve: "Você sabe perfeitamente que eu não faço isso!" Respondo: "Me diz como que eu vou confiar de ir na casa deles? Sem antes nem conversar! Não sou garota de programa!" Em seguida recebo uma ligação:
— Alô?
— Afrouxando é dona Nicole?
— Talvez...
— Você sabe que todo mundo que entra nesse esquema é analisado e aprovado por mim pessoalmente antes. E o maior propósito é que vocês não tenham NENHUM vínculo ou contato. A não ser depois de se conhecerem, mas nunca ninguém quis repeteco. Não passo números! Não perco meu tempo e nem o tempo dos meus clientes. Não vou fazer com eles o que eu não faria com você. E essa é a última vez que te explico isso, senhorita Nicole!
—Ok. Desculpe Pérola. Hoje foi um dia difícil.
— Te passo o endereço por mensagem. Beijos.
Pedro se aproxima bem no final da ligação.
— Contatinhos?
— Pode se dizer que sim. Bem, vou lá que Doutor Alex precisa que a gente monitore aquele bebê no pós operatório. Come tudo!
— Tá né!
Entro no CTI Pediátrico e o monitor do bebê começa a disparar!
— Rápido! Vai chamar o Doutor Alex!
Enquanto isso administro a medicação intravenosa nele, mas mesmo assim não vejo efeito. Começo as compressões e em seguida o Doutor Alex chega.
— Já administrou a medicação?
—Sim!
— Então se afasta.
Ele vira o bebê de lado e em alguns segundos o batimento dele regulariza e a saturação melhora.
— Muitas vezes esses pequenos respondem melhor apenas com pequenas mudanças. Vou refazer os exames e ver exatamente o que aconteceu por aqui.
Auxilio em todo o processo. É lindo de ver o cuidado que o Alex tem com seus pequenos heróis. Procedimentos que seriam feitos por enfermeiras, ele fez questão de fazer pessoalmente. E para sorte desse pequenino serzinho, hoje ele estava em excelentes mãos que fizeram o ritmo do seu coraçãozinho se estabilizar.
Saio daquele plantão me sentindo bem, feliz e inspirada. Vou pra casa, tomo um banho e vou dormir, pois sei que minha noite vai ser agitada...
— Boa noite!
— Olá, boa noite!
— Entre querida, seja bem vinda.
Estava encantada com a simpatia que fui recebida na casa deles. O casal era jovem, eles eram bem ricos pelo visto. Tinham uma casa grande e muito bem decorada. Como de costume, me ofereceram uma bebida. Não costumo beber nesses encontros, mas dessa vez me senti à vontade para tomar uma taça de vinho com eles. Ele era alto, moreno, olhos verdes e malhado. Ela era ruiva, mais baixa, olhos castanhos e uma boca um tanto quanto convidativa. Em pouco tempo já estávamos entrosados, tendo uma conversa leve, descontraída e gostosa, até que a esposa se aproxima de mim mudando completamente de assunto e diz:
— Não aguento mais me segurar, você é linda e eu tô louca pra te beijar!
— Sua boca é uma verdadeira tentação também...
Ela me puxa pelo pescoço e nosso beijo se encaixa deliciosamente. Sua pose de boa moça vai se desfazendo conforme as suas mãos descem e vão explorando meu corpo. O perfume do seu cabelo me embriaga assim como o doce do gloss da sua boca. Ela desliza sua mão nas minhas coxas indo pra baixo do meu vestido enquanto o seu marido apoia a taça de vinho na mesa e vem andando em nossa direção enquanto arranca sua camisa...
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