CAPÍTULO 9
⚠Capítulo ⚠ bônus⚠
já votem nesse capítulo todos os outros antes.
**MICAELA**
Acordei ainda meio atordoada pelos barulhos do lado de fora da porta do meu quarto.
Levantei sonolenta e caminhei até a porta do meu quarto a abrindo. De primeira não vi ninguém no corredor que se estendia a minha frente. Mas os barulhos não vinham do corredor como eu pensei, eles vinham do quarto do meu irmão.
Revirei os olhos. Deve ser só mais uma das pobres coitadas que são afim do meu irmão. Pelo menos foi isso que eu pensei antes de ouvir um urro de dor vindo de trás da sua porta, na verdade um não, mas dois.
~ Está doendo muito? - a voz do meu irmão ressoou pela porta. Cruzes eu preferiria nunca ter ouvido isso. Comecei a me afastar quando uma segunda voz disse:
~ Você sabe que sim, fottuto bastardo. Provavelmente o mesmo que está para você. - A voz de Jesus surgiu em seguida. Revirei os olhos de novo.
Ignorei o diálogo estranho dos dois e os xingamentos de Jesus, que mais uma vez está aqui em casa, pelo visto.
Jesus e Jonas se tornaram melhores amigos desde que se conheceram no reformatório. E essa amizade continuou depois que saímos de lá, apesar depois que saímos de St. Monica, Jonas e Jesus só conversavam por mensagem.
Eu e Jonas sempre morávamos aqui em Estes Park, mas Jesus não ele morava na Califórnia antes de entrar no St. Monica e acredito que voltou para lá assim que saiu. Mantivemos conversas diárias com ele desde então, na verdade tentamos manter conversar com os dois, ele e a Amber, mas bem... Sabemos que a Amber não estava tão disponível na época.
Jesus acabou nos fazendo uma surpresa quando apareceu na cidade, dizendo que havia se mudado com sua mãe, alguma coisa envolvendo o trabalho dela, na verdade. Mas isso é uma história que pode ser contada em outra hora.
Eu coloquei minha mão na maçaneta pronta para entrar, afinal eram apenas os dois, e não meu irmão com uma garota. Apesar de que não seria a primeira vez que eu pegaria os dois dividindo uma garota.
Pensar na imagem me fez torcer o nariz, era melhor eu entrar logo e acabar logo com isso.
Eu abri a porta sem muita cerimônia entrando pelo quarto de Jonas até que os encontrei deitados de bruços, Jesus no colchão no chão e o Jonas na cama, os dois sem camisas. As costas deles...
Acho que isso é algo que nunca vou conseguir me acostumar, não importa quanto tempo passe.
Aquelas horrorosas cicatrizes. Marcas.
Aquelas marcas horrorosas, elas dizem onde estivemos e o que passamos. Não sei se um dia conseguirei olhar para as costas dos dois sem me sentir culpada por parte das cicatrizes que carregam.
- As maritacas já pararam de tagarelar? - eu preguntei cruzando os braços, ficando na frente da cama e o colchão em que os dois estavam.
Jonas levantou de leve a cabeça do travesseiro e me encarou por cima dos ombros, com um olhar frigido e sofrido, depois voltou a colocar a cara no travesseiro. Jesus por outro lado nem sequer levantou a cabeça ou disse alguma coisa, na verdade ele até chegou a falar algo, mas eu não entendi direito porque ele não tirou nem a cara do travesseiro antes.
Isso é muito estranho, Jonas normalmente odeia que eu entre no quarto dele assim, de supetão. E Jesus normalmente odeia deixar uma zoação no ar assim.
- O que a de errado com vocês? - eu perguntei me sentando na beirada da cama do Jonas, colocando minha mão na sua perna. Tem alguma coisa errada com meu irmão e eu não gosto disso.
- Entramos inverno, Micaela - Jonas resmungou seguido de um gemido de dor quando fez uma tentativa falha de se levantar. Ah.
- Ah. - foi tudo que eu consegui dizer.
Agora tudo fazia muito mais sentindo. E isso me fazia sentir dez vezes pior.
As cicatrizes doem mais que o normal no inverno.
Eles as conseguiram no período em que estávamos no St. Monica, perigosamente perto do inverno, e eu não sei se isso tem alguma relação ou não, mas todo ano, sempre no inverno, as cicatrizes doem mais do que o resto do ano. Às vezes eles sentem dores tão fortes que ficam assim, tão fracos que não conseguem nem sair da cama.
- Eu sei que você não gosta disso, mas será que poderia procurar a pomada... - Jonas começou, mas eu sabia o que ele me pediria e o impedi antes que ele se odiasse mais por pedir isso.
- Claro.
Suspirei pesadamente antes de me levantar e cama e começar a caçar a pomada milagrosa que Jonas tem um estoque no armário. Ela tira a dor deles ou pelo menos a alivia um pouco.
Eu não demorei para achar a pomada e não demorei para aplicá-la nas costas de Jonas, mesmo com seus rosnados de negação. Ele não gosta de se sentir impotente ou que eu cuide dele. Pelo primeiro caso eu não posso culpá-lo, já pelo segundo...
Assim que termino de passar a pomada por suas costas, eu o ajudo a se levantar da cama, me agachando até que seu braço passasse por meus ombros. Eu coloquei meu braço em volta do seu tronco e o impulsionei para cima, para se levantar da cama. Ele praticamente gritou de dor, e Jesus chiou com a cara no travesseiro, essa com certeza é uma das piores partes para ele, as costas se alongam e se curvam esticando as cicatrizes.
- Obrigado por isso - Jonas disse quando finalmente conseguiu ficar de pé, dando um beijo tremido na minha testa, ele seguiu se arrastando pelas paredes do quarto até chegar a porta, passando pela mesma.
Suspirei sabendo que por mais que quisesse eu não devo ir atrás dele, ele gosta de ficar sozinho em dias assim.
Olhei para Jesus ainda de bruços e com a cara no travesseiro. Seus dedos se apertavam nas bordas do colchão, brancos, pela força que apertavam a espuma. Sai de cima da cama me ajoelhando ao lado do colchão de Jesus. Encostei de leve minha mão no seu ombro, ele gemeu ao toque.
As cicatrizes de Jesus são piores do que as de Jonas, apenas de olhar as costas de Jesus pode-se comprovar isso. Ele tem cicatrizes compridas, dos ombros até o meio das costas, algumas menores, outras maiores, algumas no meio das costas outras no fim. Eu odiava isso, odiava vê-lo assim.
Me ajoelhei mais perto do rosto de Jesus e coloquei minhas mãos no seu braço onde eu sabia que não doía.
- Olha, eu sei que você odeia isso, mas, a pomada pode ajudar. - eu o ouvi fungar, sabendo o quão ele odiava se sentir assim, impotente e dependente de uma droga.
Ele tinha parado com os cigarros a meses.
- Ok, deixe ela aí, eu vou passá-la, em algum momento. - eu falou de uma forma um pouco mais auditiva que antes, mas me recusei a fazer o que ele pedia. Porque sabia que ele não iria passá-la.
- Não - disse incrédula já passando alguns pingos da pomada nas suas costas, o arrancando urros de dor, as costas são partes extremamente sensíveis para ele. - Você não consegue nem usar os braços para tirar a cara do travesseiro, eu passo.
Ele tentou argumentar, mas eu já tinha passado minha perna por cima dele, as mantendo uma em cada lado, me ajeitando ao redor dele, sem chegar nem perto das costas ou das cicatrizes. Quando eu comecei a espalhar a pomada pelas cicatrizes Jesus esperneou.
- Dio mio! - ele rugiu - Eu odeio isso.
- Eu também. - eu fui sincera. As costas do garoto tencionaram.
- Não seja complacente comigo - ele resmungou passando um dos braços por debaixo do rosto finalmente o erguendo do travesseiro.
- Por mais que não pareça eu estou sendo sincera com você, stronzo. - eu disse, continuando todo o processo até que não sobrasse mais marcas da pomada nas costas do rapaz.
Em seguida daí de cima do rapaz, me ajoelhei ao seu lado, agora ele suspirava mais lividamente. O puxei pelo braço ignorando todos os xingamentos que vieram junto com o ato. Joguei seu braço pelos meus ombros iguais a Jonas. Eu meio que o ergui e o carreguei até a cama e o deixei ali na beirada dela enquanto pegava uma camiseta de Jonas para ele se vestir.
- Não preciso que me vista também, gatinha. - ele disse tomando a camisa de minhas mãos e a vestindo.
Uma pena, eu gosto de tanquinhos.
- Babaca. - eu dei um passo para trás - Se pode se virar sozinho eu vou vindo embora. - eu me virei pronta para ir quando a mão de Jesus rodeou meu pulso, me puxando para ele.
O puxão acabou me deixando entre as suas pernas, deixado suas mãos na minha cintura, que logo adentraram por debaixo da minha camisa, tocando minha pele. Eu por outro lado reconfortei minhas mãos nas suas pernas enquanto tentava recobrar o equilíbrio. Jesus abriu um sorriso verdadeiro no rosto. Um daqueles sorrisos que faziam aquelas gominhas abaixo dos olhos aparecerem.
Jesus não parecia nem um pouco incomodado com a proximidade que tomou, mas esse era o Jesus que eu conhecia, ele não se importava com o quão de intimidade ele tem com a pessoa, ele apenas... Faz o que quer.
- Obrigado, por cuidar das minhas costas, Ella. - ele deu um beijo na minha bochecha
◇◇◇
Eu vim dirigindo hoje, já que Jonas e Jesus não estavam muito aptos para isso. Jesus ainda tentou puxar conversa no carro durante o caminho para cá, mas Jonas não. E isso me preocupou.
Pelo menos agora, quase uma hora depois que saímos de casa, a pomada já começava a fazer efeito, assim eles não ficavam reclamando tanto pela dor.
Estacionei meu carro perto da entrada da quadra de basquete, para onde os eles iriam. Antes que Jonas abrisse a porta e saltasse do carro, eu segurei seu pulso o mandando um olhar significativo para o mesmo. Ele não disse nada, mas eu o conheço melhor do que ele mesmo, então quando ele me deu aquele olhar. Eu não insisti depois disso.
Ele saiu do carro mais rápido do que um raio. Ele é tão teimoso quando quer. Isso me tira muito do sério.
- Não se preocupe bambola, a pior parte já passou, eu fico de olho nele hoje. - Jesus pousou a mão no meu ombro antes de suspirar e descer do carro também.
Eu estacionei o carro e desci do carro tentando ignorar todos os olhares que me encontraram. Muitos olhares.
Nossa como eu odeio esse lugar e essas pessoas, elas podiam pelo menos ter o senso de disfarçar os olhares curiosos. As pessoas nunca cuidam da sua própria vida aqui na Academia Phillipez, todo mundo sabe da vida de todo mundo. Isso é uma merda.
Uma das poucas coisas que ainda torna a Phillipez normal, e são seus grupinhos, e posso garantir que isso a Phillipez tem de monte. Eu, tenho um certo apresso por um grupo em particular, os hippies. Eles até que são legais, mas eles queimam a grama do próprio quintal e chamam de maconha, mesmo todo mundo do colégio sabendo que aquilo é só grama normal, mas apesar de serem meio doidinhos eles até que são bem engraçados.
Temos também um grupinho que eu mesma apelidei de "As megeras". Formado pelas três garotas mais ricas da cidade, vulgo minhas antigas amigas. Sim, elas eram minhas amigas, mas só até eu e o meu irmão irmos parar no St. Monica.
Depois que eu e Jonas fomos parar lá elas me abandonaram, simplesmente fingiram que eu não existia, só assim para eu ver toda toxidade delas.
É claro que, meu renomado pai, não deixou a notícia de que seus dois filhos adotivos foram presos e levados para um reformatório. As pessoas acham que eu e meu irmão fomos morar com uma tia distante ou algo assim.
Enfim, depois de toda a confusão, quando voltamos para cá eu nunca mais falei com elas, agora tudo o que eu recebo delas são olhares enjoados e risadinhas. Falsas.
Sinceramente, eu não sobrevivi 10 meses no Saint Mônica, para voltar para casa e ficar me estressando com essas bobagens adolescentes comuns.
Mas chega a ser engraçado pensar que, em um época, no St. Mônica eu achava que nunca voltaria par aminha vida normal.
Por fim temos os BlackShakers, o time de basquete da escola e o time mais agressivo que ja jogou na costa leste nos últimos 15 anos.
Uma curiosidade sobre eles, a escola preferem os evitá-los. Na verdade, eles os temem. Principalmente o capitão deles. 9 pior de todos.
Quieto e frio, as pessoas o olham nos corredores como se fosse uma aberração. Há boatos sobre eles que rondam o campus da escola.
Mas eu não procurei por eles, eu tinha uma linga experiência com boatos, e o que essa experiência me trouxe é que nem sempre é bom procurar por eles. Sabemos o que precisamos saber na hora certa.
Ainda há um grupo que deixei pro final, o meu grupo.
Meu grupo é formado por mim, meu irmão, o Jesus e agora pela Amber. É um grupo relativamente pequeno, mas na verdade tem muita história por trás.
E quando eu e meu irmão finalmente saímos do Saint Mônica, nosso pai nos esperava do lado de fora dos portões do reformatório pronto par anos levar de volta pra casa.
Voltamos para a Estes Park. E a primeira coisa que percebemos é que, não se pode sumir do mapa por um tempo e simplesmente voltar achando que tudo seria como antes.
Se bem que nós não eramos mais os mesmo de antes, de qualquer forma.
Quando voltamos, as pessoas começaram a fazer perguntas, mas mesmo mentindo, não parecia certo voltar a andar com as mesmas pessoas, pessoas que permitiram que levassem eu e meu irmão para um lugar ruim longe dali, por um engano.
Então quando retornarmos para Phillipez, por um grande tempo fomos somente eu e meu irmão pelos corredores do colégio.
Não foram momentos fáceis, nós nos afastamos de tudo e todos, basicamente. E eu sei que foi tão difícil pro meu irmão quanto pra mim, mas não éramos os mesmos adolescentes populares de antes, não éramos os mesmos adolescentes que entraram pelos grandes portões da Phillipez ou os mesmo que saíram deles.
Foram momentos difíceis, mas estaria mentindo se dissesse que isso não me aproximou muito mais de Jonas.
Até que um simples dia Jesus apareceu aqui na escola, do nada. É até engraçado lembrar do dia que nos reencontramos, na verdade. Ru e Jonas esbarramos com ele por acaso nos corredores da Academia e nos abraçamos como se não nos víssemos a anos, com direito a choro e tudo mais.
A vinda dele pra cá, trouxe uma alegria para as nossas vidas que não eu não sentia a muito tempo, na verdade eu não sentia isso desde o dia que nos separamos.
E agora Amber também está aqui, mesmo sabendo que a qualquer momento isso pode mudar, não é? Porque, quando foi a última vez que o universo contribuiu ao nosso favor?
Amber, Jesus e Jonas. Quantas foram as noites e as manhãs que minha mente implorava para ouvir o som dos nomes deles, com as esperanças de que aquele velho e clichê ditado "Você atrai o que fala" funcionasse. Funcionasse e os trouxessem para mim.
Quantas não foram as noites implorando aos céus que eles estivessem bem e seguros, quantas não foram as orações, pedidos, rezas, promessas feitas a qualquer ser supersticioso para me deixar vê-los de novo, apenas por um instante, apenas por um único estante para poder sentir aquela sensação de novo, a sensação de um lar a sensação de uma casa apenas mais uma vez.
Pode até parecer bobeira, mas já me disseram uma vez que os amigos são a família que escolhemos, eu nunca tinha acreditado nisso, pelo menos não antes de conhecê-los, porque de algum modo é isso que somos, isso o que nos tornamos, uma família, para os momentos bons e ruins.
◇◇◇
Agora com o início das aulas eu estou levando a Amber até a aula de 'feminismo matriarcado'. Mesmo que só o nome dessa aula pareça um tedio ela continua em um silêncio total desde hoje cedo o que me faz estranhar, quando ela fica muito quieta é porque está perdida em seus pensamentos, e na minha experiência isso nunca é uma coisa muito boa.
- Certo, o que está acontecendo? - eu questionei parando no meio do corredor.
Ela para também, um pouco mais a minha frente. Nós duas ficamos paradas no meio do corredor por alguns segundos olhando uma para a outra antes dela abrir a boca.
- Como? - pergunta fingindo não entender o que eu falei.
- Amber, eu te conheço, - disse cruzando meus braços - Você está muito quieta hoje, mais que o normal, quase bateu a cara em um armário que estava aberto na sua frente. O que que está acontecendo, Amber? - me aproximei colocando minhas mãos em seus braços. Sinto eles relaxarem ao toque das minhas mãos.
Ela está tensa, posso sentir. No começo da nossa amizade demorei um pouco para entender ela. Demorei para entender que quando ela fica silenciosa é porque está mergulhada na própria cabeça, que quando ela mente, não consegue deixar as mãos parada e de quando está nervosa fica tensa nos braços e ombros.
E agora ela está silenciosa, tensa e isso não bom, Amber normalmente não é tão falante com outras pessoas, mas não conosco. O problema é que Amber adora deixar seus próprios pensamentos restritos apenas para ela mesma. Pensamentos ruins, que a fazem se afundar dentro dela mesma.
Eu não estou a julgando, mas constantemente ela fica presa nesses pensamentos dela, lutando para não se afogar dentro da sua cabeça, ela nunca fala sobre eles comigo, esses pensamentos.
Ela costumava a conversar com Jonas sobre eles. Eles... Bom, na época eles estavam passando por momentos parecidos. Então, ela fala com meu irmão sobre esses pensamentos destrutivo que a botavam para baixo. Isso algumas vezes resultou em certas brigas de ciúmes entre Jesus e Jonas. Como dois grandes cães sarnentos e raivosos.
O ponto é, independente de com quem ela falar, eu sei, eu tenho certeza de que tem algo que ela está nos escondendo. Seja sobre seus sentimentos ou sobre alguma armação sua.
Mas duvido muito que ela vá contar qualquer coisa a mim agora, Amber além de muito inteligente é ardilosa, então seja lá qual plano ou fato que ela esteja escondendo, tenho certeza que ela só irá me dizer no momento mais propício do meu coração parar de bater.
- Eu não sei, depois da consulta que fiz com o Carter... - ela começou dizendo eu arregalei os olhos.
Carter. Ela foi chamada a ele? Mesmo que Amber tenha chegado a algum tempo ainda há muitas coisas que não foram ditas e contadas. E muitas coisas que não foram acertadas e isso me preocupa, demais.
- Você foi chamada a ir ao Carter?!
"Só os piores casos vão para o Carter" Jonas me contou uma vez.
- Sim... O que tem? - ela questiona levantando uma sobrancelha
- Não nada, eu só me surpreendi, eu e Jonas não precisamos passar por ele sabe, pegamos o outro psicólogo da academia, o Roger.
Sim, era verdade por ter passado por certos lugares e ocasiões e pelas normas da escola temos que passar regularmente no psicólogo ou algo do tipo, eu tinha quase certeza de que eu e meu irmão iríamos para o Carter, mas talvez nós podemos ter sido uma exceção, talvez deva ter uma mão do meu pai nisso também.
"A reputação de Carter o precede em toda a escola e muito além" Jonas também contará.
- Soube que o Carter é brutal. Eu sempre quis saber o que isso quer dizer, Jesus nunca me conta nada sobre as consultas dele. - comentei voltando a andar em direção a sala de aula, mas três passos depois percebo que Amber não me acompanhava.
- Ele passa no Carter? - ela pergunta, me virei para encará-la ela parecia estar totalmente surpresa, Jesus não contou isso a ela?
Jesus e Amber são praticamente unha e carne, sinceramente não sei como não são a mesma pessoa. Eles literalmente completam as frases um do outro e as vezes eles fazem isso em outra língua. Não posso dizer que não sinto ciúmes dessa amizade, mesmos os dois também sendo grudados em mim.
É só... Só sei que eles já tinham muita história antes de eu e Jonas os conhecê-los, e eles são tão ligados, eles tem uma conexão tão bonita e tão irracional, apenas não sei... Sei que posso contar com eles e com Jonas para tudo e sei que com certeza nos arriscaríamos um pelo outro, mas a conexão desses dois parece mais profunda que a minha e a de Jonas.
- Ele costumava passar, mas não sei se ainda vai.
Não tenho falado muito com Jesus ultimamente na verdade, menos quando ele aparece lá em casa. Tenho tentado evitá-lo ao máximo por inúmeros motivos.
- Olha Micaela eu preciso te contar uma cois... - ela começa a dizer antes de ser empurrada nos meus braços.
Quando olho para trás da cabeleira loira de Amber, vejo o próprio diabo em pessoa. E o diabo esbarou justamente em mim. Dio dammi pazienza.
- Ei, cuidado sua estupida é uma Capucines PM Crocodilien Mat! Ela vale a sua vida! - disse Kimberly dando tapinhas em sua Louis Vuittion como se apenas tocar em alguém fosse fazer um grande estrago nessa bolsa horrorosa.
- É uma bolsa Kimberly, apenas uma bolsa. - retruquei secamente puxando Amber para meu lado, a mesma escarava com atenção a loira na nossa frente.
Kimberly Collins, ou como eu gosto de chamá-la, a maior vadia da Phillipez, ela atende pelos dois nomes igualmente pode ter certeza. E além disso ela é uma das megeras, aquele grupo composto por três meninas que acham que podem mandar em todo mundo porque os pais têm dinheiro. Nesse grupo Kimberly é a megera suprema as outras duas meninas são apenas peões descartáveis na mente diabólica e fodida de Kimberly Collins.
- Olha só! - Kimberly fala mais alto atraindo olhares para nós, nesse momento já suspiro derrota pensando na cena que acontecerá em seguida. - Ela lembra meu nome! - ela continuou fingindo uma falsa surpresa - É bom saber que a perdedora exilada ainda sabe falar, ou você prefere que eu diga que a ex-cadela ainda sabe latir?
Eu estava me segurando para não dar a resposta que estava na ponta da minha língua a tempos, mas nem precisei me esforçar muito para isso porque Amber entrou na minha frente ficando cara a cara com Kim.
- Escuta aqui querida, eu não sei quem você pensa que é, mas se falar com ela assim de novo, próxima coisa que vai sair da sua boca serão seus dentes. - ameaçou Amber, ela deu mais um passo em direção a Kimberly.
A garota se manteve parada mesmo que tenha ficado claramente mais tensa com o tom que Amber usou. Não a culpo, as poucas vezes que vi a Amber usando esse tom, digamos que as coisas não deram muito certo pra quem o ouviu.
- Olha vejam se não é a mais nova exilada do grupo, - debochou Kim, o cinismo dela é tão desconcertante que me faz revirar os olhos - Aqui vai um conselho, não meta seu narizinho onde não é chamada ratinha, ou vai se ver comigo.
Na mesma hora eu seguro o braço da Amber com força tentando a puxar para trás porque não estou nem um pouco a fim de limpar os restos da Kimberly dos armários. Porque é isso que vai acontecer com ela se a Amber se descontrolar.
"Calma". eu sussurro em italiano para Amber.
- Você acha que me assusta, ratinha? - Amber diz ironicamente avançando lentamente até a garota com aquele caminhar assombroso e confiante que já tive o (des)prazer de presenciar algumas vezes, consegui ouvir daqui a garganta da garota engolir em seco.
- De onde eu venho, - Amber continuou - As pessoas comem garotas mimadas igual você de café da manhã, então se a ratinha, pensar em ameaçar ou insultar eu ou meus amigos de novo, é bom pensar muito bem nisso. - O tom que Amber usou fez a garota a sua frente envermelhar de ódio. A multidão que se formou em algum momento ao redor para assistir parou de respirar.
"Ninguém nunca falou assim com a Kimberly assim" sussurrou uma garota na multidão e os múrmuros aumentaram irrompendo o silêncio deixando Kim cada vez mais vermelha de ódio.
- Oh sua.... - Kimberly levantou a mão rapidamente com seus olhos fervilhando em ódio, sua mão voou em uma trajetória certeira ao rosto de Amber parando apenas a alguns centímetros do rosto da minha amiga.
- Já chega Kimberly, não estou a fim de brigas por aqui hoje. - a voz grossa do capitão dos BlackShakers ressuou pela multidão através do corredor, que novamente parou de respirar.
Ele tinha chegado tão rápido até as duas que ninguém tinha conseguido ver a agilidade que ele conseguiu para segurar o tapa de Kimberly apenas centímetros de do rosto.
Amber virou em direção a voz com uma cara totalmente surpresa, ela encarou o capitão do time de basquete surpresa, já ele, a encarou de volta erguendo uma sobrancelha enquanto segurava o punho de Kimberly, que soltou um grunhido e se desvinculou do rapaz e saiu pisando duro abrindo caminho na multidão um minuto depois.
Amber e o Capitão dos BlackShakers trocaram mais alguns olhares cheios de significados enquanto Kimberly seguia pelos corredores, uma verdadeira conversa parecia acontecer por aqueles olhos, e então um deu as costas pro outro e seguiram abrindo caminhos opostos pela pequena multidão.
Eu, curiosa como sou, fui atrás da minha amiga, a alcançando em pouco segundos e ficando ao seu lado.
- Você vai me falar o que acabou de acontecer ali? - perguntei tentando mantendo o mesmo ritmo que o dela.
- Em que parte exatamente? - ela virou a cabeça para mim e abriu um sorriso debochado.
- A parte de você e aquele garoto praticamente se comeram pelos olhos? - desdenhei com falsa surpresa
- Não estávamos nos comendo pelos olhos. - ela disse rapidamente, mas então simplesmente parou e perguntou: - Quem é ele? - perguntou levando os olhos aos pés. Por que tenho a impressão está evitando me encarar nos olhos?
- Vocês não se conhecem? Pareciam tão íntimos. - debochei, reparando em sua postura mudar ela me olhou de forma raivosa como se dissesse para eu parar de fazer insinuações bobas e respondesse logo sua pergunta. Voltamos a andar
- Ele é o capitão dos BlackShakers, o time de basquete da Phillipez. - comento singela - Logan Harper - Amber por outro lado não parece achar tão singelo assim, ela literalmente parou no meio do corredor, estática. De novo.
- Harper? - as peças na cabeça dela pareciam se encaixar ainda mais - Aquele....Agh! - ela solta um gruído - Vuol dire che quel bastardo parlava sempre di te con má me e lui è nella stessa squadra di Jesus e Jonas, ed è ancora la merda del capitano !?! .... Agr! Giuro su Dio che se viene con me con ironia, gli farò ingoiare quei bei denti - ela esbravejei para o vento em italiano me deixando sozinha no corredor.
Meu italiano pode estar bem fraco mais tenho certeza de que ela não disse coisas bonitas a respeito do que quer que seja que ela tenha entendido sobre o capitão dos BlackShakers
"Tradução da fala da Amber:"
"- Quer dizer que aquele desgraçado estava sempre falando de vocês para mim e ele está no mesmo time que Jesus e Jonas, e ele ainda é a merda do capitão?! .... Agr! Juro por Deus se ele vier de palhaçada comigo, farei com que engula aqueles lindos dentes"
"Stronzo": idiota
"Dio dammi pazienza": Deus me dê paciência
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