CAPÍTULO 6.5
Capitulo revisado [✔️]
Agora estamos quebrados,
quebrados, quebrados ao meio,
não tem nada que possamos fazer,
só me deixe ir, nós no veremos de novo logo
~ Little talks/ Monster of Men
**AMBER**
Antes...
Entramos no começo de junho, o que significa que logo mais as paredes desse lugar vão ficar mais geladas do que uma geleira.
Eu costumava a gostar do inverno, mas isso foi antes de chegar aqui no St. Monica.
Os quartos aqui são repletos de paredes de mais de 30 centímetros de concreto, o que significa que no inverno os quartos ficam muito mais gelados do que as temperaturas de fora.
Há algum conforto pensar que não vou passar esse inverno sozinha, tremendo em cima da minha cama me enrolando em pilhas de cobertas para me aquecer. Agora, pelo menos, tenho mais três inquilinos no quarto, mas ainda não tenho certeza se isso chega a ser algo bom.
Ultimamente tem sido confortável ouvir outras vozes no quarto que não são da minha cabeça. O barulho qur Micaela faz afiando pedaços de metais, o cheiro dos cigarros de Jesus, os livros de Jonas esparramados pelo chão, pensava que tudo isso seria um problema para mim, mas agora soa mais como uma casa do que como um reformatório para mim.
O barulho do engradado da cama rangendo tirou minha atenção dos pensamentos e me força a abrir os olhos.
Estou deitada no beliche de cima, tentando dormir o que não consegui noite passada. Essa foi a solução que consegui achar para ter algumas horas de sono dormidas. Mas o foco não é esse, e sim Jonas e Jesus. Que estão jogando algum jogo de baralho barulhento no beliche de baixo, contrária a que estou.
O problema é que eles não calam as bocas grandes dele nem por um segundo.
- Aposto duas das minhas barras de sabonetes que eu ganho de você - Jesus retirou o cigarro da boca, soprando a fumaça para cima e o ofereceu para Jonas.
Cada um deles está sentado em uma das extremidades do beliche e entre eles à um furacão de cartas espalhadas pelo colchão.
Jonas arqueias as duas sobrancelhas com descaso:
- Primeiro você teria que saber jogar para sequer tentar ganhar de mim, Jesus. - Jesus o olhou boquiaberto recolhendo o cigarro emprestado e depois disso começo a falar uma série de palavrões em italiano para Jonas.
Não sei bem a história dos gêmeos, mas nenhum deles, desde que chegaram aqui, tocaram em qualquer tipo de droga ou alucinógeno que é vendido nesse lugar.
Agora, por mais estúpido que pareça para pessoas de fora, as barras de sabonetes são muito apreciadas aqui em St. Monica, na verdade, qualquer material de higiene pessoal é, St. Monica não é muito conhecido por ser um lugar muito limpo e cheiroso, então as barras de sabonetes funcionam quase como moeda de troca entre os detentos, normalmente, elas são muito usadas em apostas em jogos como o que eles estão jogando.
De qualquer forma, é muito bom ver que os rapazes pararam de se atacar - com tanta agressividade - pelos cantos do quarto. Agora, pelo menos, os dois fazem isso de maneira mais sútil, usando apostas de jogos para se xingarem, por exemplo.
Sinceramente, antes eles estavam causando mais dor de cabeça a mim e a Micaela do que todo o reformatório junto. Toda hora ficavam se provocando e achando motivos para um arrebentar a cara do outro, diariamente.
E não eram brigas pequenas, não. Me recordo de uma briga em especial, onde Jesus comentou das marcas nos braços de Jonas para provocá-lo, as mesmas marcas que eu vi mais tarde, depois de cuidar dos machucados do dia da briga no refeitório. Jonas... Bom digamos que ele não gostou nem um pouco da alfinetada de Jesus, já que assim que Jesus disse aquilo, Jonas contra-atacou falando da mãe de Jesus para provocá-lo de volta... As coisas se descontrolaram um pouco depois disso. Foi uma das piores brigas dos dois.
Mas por mais que eu não concorde com aquelas provocações, o que Jesus disse naquela briga me chamou atenção, aquelas pequenas marcas no braço de Jonas, riscos tão finos e esbranquiçados quanto a espessura de um fio de cabelo.
Pelo pouco tempo que pude vê-las, poderia facilmente julgar o que elas eram.
Já tinha visto muitas marcas assim antes, nos braços da minha mãe.
E por mais que uma parte de mim quisesse abraçá-lo e conversar sobre isso, a parte consciente e mais sensata de mim me impedia de fazê-lo. Porque eu não tinha essa intimidade com ele, não ainda.
Enfim, depois de mais duas ou três briga sangrenta entre os dois, eu simplesmente parei de cuidar dos machucados que eles causavam nas brigas e os comecei a deixá-los sangrando pelo quarto para ver se assim eles paravam com essa idiotice de ficarem se esmurrando voluntariamente. E, de algum modo, eles pararam.
Eu não sei se foi exatamente isso o que os fez mudar de atitude de uns tempos para cá, mas eu comecei a acordar sem ouvir os berros de qualquer um dos dois brigando, o que eu costumava ouvir frequentemente. Além disso eles pararam de encher meu saco fazendo suas provocações infantis e estúpidas um com o outro o que é muito bom.
- Você é um bebê chorão feioso Jonas, por que não vai chorar para sua irmã o ensinar a jogar de verdade? Até ela sabe jogar melhor que você! - indagou Jesus com uma voz irritando.
Ok. Eles quase sempre não enchem meu saco fazendo provocações infantis e estúpidas um com o outro.
Olhei então para Micaela. A garota estava no beliche que ficava em cima dos dois, ela estava deita encarando o teto de modo fogoso. Um de seus pés pendia para fora da cama e a garota revirava os olhos a cada provocação que era emitida pelos meninos.
Eu gosto dela.
De um tempo para cá aprendi a gostar, pelo menos.
Ela não gosta de provocações, tudo com ela é direto e com um propósito. Ela tende a ser muito sincera, às vezes. Às vezes, sincera demais.
Mas estou aprendendo a lidar com ela e seus olhares insinuativos, apesar de tudo, ela está bem. O corte feito na sua barriga - feito por sabe-se lá quem - agora já estava bastante estável considerando que se passou quase uma semana que foi feito.
Os berros de Jonas tentando xingar Jesus em italiano agora repercutiram pelo quarto, retomando minha atenção.
Sim. Jonas e Micaela tem se esforçar para aprender mais sobre italiano para se comunicarem melhor comigo e com Jesus. Nós dois falávamos muito italiano quando tínhamos que conversar sobre algo importante e os gêmeos estavam no quarto.
Eles certo dia demonstraram interesse pela língua e concluíram que queriam aprender a falar tão fluente quanto eu e Jesus. Eu fiquei feliz por eles me acharem fluente, não faz pouco mais de quatro meses que Jesus chegou aqui, esse foi basicamente o início do meu aprendizado em italiano.
Quando uma segunda série de insultos começou e uma proposta para aumentarem a quantidade de barras de sabonetes entrou em questão entre os dois, Micaela revirou os olhos mais uma vez tampando a cara com um travesseiro, então eu soube que era a hora de entrar no meio da conversa. Até porque essas barras de sabonetes nem deles eram, eram minhas e desse jeito vou ficar sem nenhuma.
- Chega! Os dois, saíam daqui. - eu disse de modo ríspido, me sentando no beliche para encarar os dois.
Micaela ligeiramente tirou o travesseiro do rosto e me encarou com as sobrancelhas franzidas. Jesus e Jonas me olharam espantados e depois se encararam como se procurassem uma resposta um no outro.
- Desculpe, como? - Jesus se atreveu a perguntar. Eu desci da minha cama e me aproximei da porta.
- Essa cela já está pequena demais para o ego estrondoso de vocês dois - eu abri a porta fazendo sinal para eles passaram - Fora! - disse dando um sorrisinho inocente.
- Só estávamos jogando. - defendeu Jonas, sem demonstrar emoção.
Odeio quando ele faz isso. Sou boa em ler a maioria das pessoas. Linguagem corporal, reações naturais, nossos corpos praticamente falam por nós. Mas quando Jonas age dessa maneira, parece como uma parede de concreto.
Sem reação, sem linguagem corporal, sem expressão. Não consigo saber o que ele está pensando, isso se ele pensa algo.
Pode ser que ele realmente seja um bloco de concreto.
- Micaela precisa descansar e eu preciso que vocês dois calem as enormes bocas de vocês, mas sabemos que isso não vai acontecer se vocês continuarem aqui. - eu indaguei seriamente. - Para fora - eu disse novamente apontando para porta.
A expressão nos seus rostos mudou drasticamente quando perceberam que eu não estava os expulsando do grupo e sim apenas do quarto.
Tão burros ao ponto de não saberem nem interpretar uma frase. Que sejam delinquentes, mas pelo menos sejam delinquentes inteligentes.
- Se querem jogar, vão jogar lá fora. Apostem suas barras de sabonetes com outros detentos ou vão jogar basquete se preferirem, mas vão para fora.
Micaela ainda em cima da cama, encarava tudo com os lábios comprimidos enquanto Jesus e Jonas recolhiam suas cartas com algumas poucas barras de sabonete e saíam do quarto com cara de cachorrinhos abandonados.
Esses dois podem abrir uma companhia de teatro de tão dramáticos que são.
Assim que eles passaram Jesus se virou para a mim com dedo levantado no ar, como se fosse falar algo mais, mas assim que sua boca se abriu eu fechei a porta em sua cara antes que qualquer coisa saísse dela.
Encarei Micaela dois segundos depois, e assim que nossos olhares se encontraram, nós duas caímos na risada.
- Você os mima demais, parecem dois cachorrinhos que foram abandonados pela mãe - ela diz se sentando na cama com cuidado, por causa do ferimento na barriga.
- Não me ofenda assim! - eu comento ironicamente me aproximando da cama da mesma - Mas se aqueles dois voltarem com algo útil nas mãos talvez eu até os deixe dormir do lado de dentro hoje. - eu terminei e Micaela caiu na risada.
◇◇◇
Um dos braços de Micaela se repousavam sobre meus ombros e meu braço rodeava sua cintura enquanto nos duas dávamos um passei por St. Monica. Sim um passeio.
Umas duas horas depois que Jonas e Jesus saíram do quarto Micaela começou a me importunar para que também saíssemos do quarto. Dizia que estava preocupada com o paradeiro do irmão e que estava mais disposta para caminhar e me convenceu que caminhar ajudaria seu corte a curar mais rápido.
Eu, com toda razão, não achava isso uma boa ideia em hipótese nenhuma. Jesus e eu nunca ficávamos perambulando por St. Monica quando éramos só nós dois. Claro que parte do motivo disso é que Jesus mal entendia partes das conversas que rolavam ao seu redor. Mas também tínhamos a consciência de que precisávamos manter a faixada que criamos sobre nós. Nossas máscaras.
Mas como agora somos em quatro e não apenas dois, a atenção de todos pode ficar melhor dividida entre nós, o que de certa forma, diminui grande partes dos olhares que sempre observaram eu e Jesus.
Talvez seja bom começar a aparecer mais pelos corredores de St. Monica, principalmente agora. Jesus me convenceu a começar a criar algumas alianças por troca, tenho aliança com um grupo que me traz informações de qualquer um do mundo lá fora, em troca de ficarem longe da minha mira e da mira de qualquer um da minha gangue, além dessas alianças, metade dos detentos aqui me deve algum favor, talvez aparecer mais por aqui os lembre disso.
- Não acredito que me importei o suficiente com sua recuperação para chegar ao ponto de espantar Jonas e Jesus do quarto, para apenas duas horas depois, você me fazer sair de lá para procurá-los. - resmunguei puxando mais sua cintura para que ela se manter perto de mim.
Elas estava caminhando bem até agora, mas ainda dava alguns passos em falsos. É claro que no começo ela se recusou minha ajuda, dizendo que poderia andar sozinha, e realmente ela andou. Andou dois passos antes de fungar e pedir para mim a ajudá-la.
- Se eles estiverem prestes a levar uma surra você vai me agradecer depois. -resmungou a garota de volta
Consegui nos guiar até o pátio central sem nenhum problema, e logo na entrada do pátio avistei Jesus e Jonas e mais um garoto desconhecido jogando basquete contra um grupo de mais três detentos.
O pátio daqui até que é grande comparado ao pátio de outros reformatórios. Não passa de uma grande área cercadas por grandes paredes de grades com arames farpados por cima. Há quatro guaritas, uma em cada ponto extremo do pátio. onde os policiais nos observam com suas armas amostra. Há várias mesas arredondadas, feitas de cimento com cadeiras presas a elas. Essas mesas ficam espalhadas por toda a lateral do lugar do lugar. No canto oposto das mesas, fica a cesta de basquete enferrujada onde Jesus e Jonas estão agora, com uma pequena multidão os encarando. E no pequeno espaço que sobra, mais a direita da cesta, fica um tipo de arquibancada, onde acontecem... Bom, muitas coisas ilegais.
Comecei a me aproximei de uma mesa que ficava próximo de onde Jesus e Jonas jogavam. Nesse ponto Micaela já tinha se soltado de mim e mantinha sua postura inexpressiva enquanto me acompanhava lentamente até a mesa que queríamos. Ela estava ocupada quando chegamos, mas bastou um olhar para os dois garotos que estavam ali que os dois desapareceram dois segundos depois.
Eu e Micaela nos sentamos na mesa, uma de frente para a outra e esperamos o tempo de o jogo dos meninos acabar, para que eles pudessem se juntar a nós. Micaela se distraí olhando em volta, enquanto eu assisto o jogo brutal que Jesus e Jonas estão proporcionando a todos no pátio.
Esses dois jogando basquete, com certeza virou minha nova atração preferida no St. Monica.
Eu comentei que eles estão sem camisa? E que estão brilhantes pelo suor? E que tem uns tanquinhos definidos demais para bem deles? Meu Deus, como eles podem sequer estar suando? Estamos no inverno!
- Quem é aquele? - a voz Micaela me traz de volta a realidade. Ela aponta discretamente a cabeça para as arquibancadas atrás da mesa, percorro meu olhar pela arquibancada até que meus olhos encontram a única pessoa sentada lá. Grayson.
- Uma pessoa que você deveria ficar longe - disse encarando Grayson com uma das sobrancelhas levantadas, debochando. Isso faz com que seus ombros subam e desçam furiosamente. Segurou meu sorriso.
- Ele está nos encarando fixamente, você percebeu, certo? - questiona a garota com incerteza na voz, mas ainda mantendo sua postura soberba. Confirmei para ela fazendo uma pequena careta.
- É, eu percebi. Eu enfiei uma faca inteira no seu ombro certa vez, pode ser por isso. - comentei inocentemente, o que a fez arregalar os olhos e gargalhar.
Em seguida duas sombras apareceram tampando o pouco sol que eu estava recebendo essa manhã.
- Pensei que estariam apostando barras de sabonetes no baralho - disse Micaela a uma das sombras, quando direcionei meu olhar de Grayson para eles, percebi que era Jonas que tinha aparecido do seu lado, ele se aproximou de sua gêmea e acariciou topo da cabeça da mesma com carinho.
Jesus apareceu logo em seguida, pingando suor assim como Jonas. Eles se sentaram nas duas cadeiras sobrando na mesa de frente um para o outro. De repente um saco plástico e jogado na mesa, lotado de barras de sabonetes, olhei espantada para os dois. Eles conseguiram tudo isso jogando baralho?
- De nada, aliás. - disse Jesus tomando uma garrafinha d'agua.
- Ganharam tudo isso jogando cartas? - questionei encarando a sacola como se fosse uma embalagem de chocolate. Sabonetes valem mais que vidas aqui dependendo de alguns casos, deve haver umas vinte barras aqui. - Eu devia ter chutado vocês dois do quarto dias atrás. - eu comentei alegre, Jesus revirou os olhos e Jonas me encarou levantando uma sobrancelha, cético.
- Na verdade, metade disso, eu ganhei jogando pôquer, até teria ganhado mais, mas Jesus quis dar uma de esperto e apostou muito, em cartas que era muito ruins - Jonas disse encarando Jesus claramente irritado, Jesus o encarou do mesmo jeito antes de retrucar:
- Posso ter perdido algumas barrinhas no pôquer, mas consegui muitas mais no basquete. - retrucou Jesus provocando Jonas. Jonas apenas manteve uma carranca soberba para Jesus, o que fez o garoto bufar.
Meu olhar se voltou para a arquibancada atrás de Micaela, onde Grayson está.
Ele ainda me encarava, seu olhar trazia uma diversão repulsiva consigo. O garoto deu um risinho com o canto dos lábios ainda me encarando.
Aquele olhar.
Ele trazia mais significado do que centenas de frases ditas. Mas era óbvio o que ele queria transmitir por aquelas órbitas escuras.
Era uma promessa.
Uma promessa de acabar comigo e com quem mais me acompanhar. Mas eu não vou deixar isso acontecer.
◇◇◇
Algo muito ruim está prestes a acontecer...
Não sei ao certo o que pode ser, mas sei que vai acontecerá agora.
Estamos na hora da janta, e como sempre eu, os meninos e Micaela estamos no nosso quarto esperando que os guardas nos tragam a janta.
Como eles sempre fazem.
Mas hoje a janta não vai ser feita nos quartos como de costume, não. Hoje os guardas passaram avisando que vamos jantar no refeitório. E isso só pode significar uma coisa.
Alguma merda vai acontecer.
Mas mesmo sabendo o óbvio, eu estava faminta, não só eu, mas os rapazes e Micaela também.
St. Monica é aquele tipo de instituição que não faz mais do que o pedido pela lei. Então não chega a ser surpresa para ninguém que eles não se importam se a comida feita vai conseguir alimentar todos os detentos igualmente ou se esses detentos vão comer o suficiente para não morrerem de fome ou desidratação.
Estávamos todos no corredor principal que levava até o refeitório, tentando chegar cedo antes que toda comida acabasse, quando um aglomerado de detentos começou a se amontoar na nossa frente, criando um tipo de roda bem próximo da porta do refeitório.
No começo fiquei aflita por pensar que uma revolta se formava bem ali na nossa frente. Não tive tempo, nem a chance de ensinar o Jesus e os gêmeos o que fazer em situações desse tipo. Mas nos aproximando mais do núcleo de detentos acumulados, percebi que não se tratava de uma revolta e sim de um dos piores fenômenos que acontece em St. Monica.
O suicídio de um detento.
Infelizmente. Infelizmente, isso não é um acontecimento incomum. Esse lugar pode entrar na sua cabeça e tornar tudo o que você conhece em uma visão distorcida e sórdida da realidade.
Mas falando a verdade, St. Monica é o inferno incubado na terra, a água aqui tem gosto de terra, o encanamento é um lixo, os guarda são corruptos, não à comida suficiente, muito menos comida saudável ou no dentro prazo de validade. Aqui chega a ser uma representação tão convincente do inferno que o próprio diabo mandou Grayson como seu representante. Isso não torna a estadia aqui fácil para ninguém.
Eu mesma já me peguei pensando se os que acabavam com sua vida, não tinham mais sorte do que os que continuavam aqui.
Procurei por Jonas então. Se ele pensasse nisso apenas por um segundo sequer... Eu mandaria minha boa educação se fuder e o amarraria aos pés da cama.
Ainda tinha dúvidas se Jonas sentia alguma coisa além da tristeza depreciva, ou se ele apenas fingia os outros sentimentos. Mas mesmo assim o procurei.
Quando o achei, ao lado de sua irmã e Jesus, mais atrás de toda a multidão. Enxerguei que uma de suas mãos estava entrelaçadas com a da sua irmã. Seu rosto não parecia simpatizar com aquele ato, o que me deixou um pouco mais aliviada.
Mas então eu lembrei que os gêmeos e Jesus têm uma coisa em comum comigo, máscaras. Acho que não faria mal ficar de olho naqueles dois por um tempo.
Me aproximei por trás de Jonas e sussurei:
- Não é esse o futuro que quero para você, é melhor nem pensar nisso.
Desviei o olhar para o sangue espalhado no chão, perto do corpo. Logo os guardas virão empurrando todo mundo para longe. O detento morreu com os olhos aberto.
Passei pelo meio da multidão, que com o tempo, foi abrindo espaço para que eu passasse, o silêncio pairava o ar. Me agachei ao lado do corpo sem vida do detento, tentando ignorara aquele cheiro podre que começava tomar conta dor ar ou o cheiro forte do sangue ao redor.
Eu o conhecia, não muita coisa, mas sei que ele me devia uns dois favores por cuidar de dois machucados nas suas costelas. Nem mesmo a gangue dele teve a simpatia de tomar conta do corpo antes dos guardas o levarem.
Algumas pessoas aqui realmente são o sinônimo de escória social.
Passei minha mão pelo rosto do detento, fechando seus olhos, e aproveitei para rezar uma pequena prece que minha mãe um dia me ensinou, a reza do espírito.
Minha mãe dizia que essa reza guia o espírito do corpo para o mundo que vem depois desse. E que sempre que temos a oportunidade temos que fazê-la a algum morto, para ajudá-lo nessa travessia.
- Sua dívida está paga, que seu espírito encontre o próximo destino em paz. - eu sussurrei assim que acabei a reza.
Me levantei, deixando o morto ter o seu descanso eterno, ou qualquer baboseira que as pessoas acreditassem.
E, pelo que eu chamo de instinto, olhei para a grade da qual ele poderia ter pulado. E o que vi me causou arrepios até a espinha.
Grayson.
Ele está com as mãos na grade. Seus dedos a apertavam com tanta força que suas juntas estavam brancas. Seu rosto parecia zangado, mas seus olhos não traziam nada mais do que um vago e sombrio olhar.
Ele então me encarou e eu o encarei de volta. Ele pareceu ficar mais irritado por eu não ter simplesmente recuado seu olhar, como muitos fazem. Mas eu não sou como muitos e ele sabe disso.
O silêncio dos outros detentos ainda pairava sobre nós.
É claro, esse é um momento único para eles, eu e Grayson estávamos no mesmo lugar, nos encarando por minutos, com nenhum insulto trocado até então. Os detentos achavam que estávamos homenageando o morto, mas à uma verdade não dita em nossos olhares.
Não duvidaria nada que foi o próprio Grayson que o empurrou pela grade.
Ele então deu as costas e seguiu para sabe-se lá onde, eu fiz o mesmo, tomando o rumo de volta ao refeitório.
***************
Bom dia genteee eu
Como vocês estão? Bem, eu espero.
Então galera e o capítulo de hoje, o que acharam? Gostaram?
Vou dizer a verdade, esse capítulo mostra muito a essência do relacionamento da gangue quando eles estão sozinho, é tão fácil a química desse relacionamento que consegui escrever esse capítulo em 2 dias!
Enfim, o que acharam dessa nova dupla de Jesus e Jonas, hein?
Até o próximo final de semana, babys.
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