CAPÍTULO 21
Não duvide das pessoas,
todas elas são ruins por dentro,
Todas estão dispostas a fazer aquilo que precisam para atingir seu objetivo.
~ autoral
**AMBER**
Meu pé é pressionado cada vez mais no acelerador.
Maldito seja Logan Harper.
O maldito sabe, ele sabe! Passei toda a porcaria dos meses depois que sai do reformatório, tentando ao máximo, esconder isso para que ninguém descobrisse sobre meu tempo naquele buraco de merda.
E ele sabe!
Como isso aconteceu? Lhe falei demais, julgando que seu conhecimento não seria suficiente para juntar as peças.
- Diminua a porra da velocidade Amber!
Como La Reina eu nunca apostaria informações como estas, apenas supondo que Logan não as entenderia. Eu teria o investigado antes de falar sequer meu nome a ele! A verdade está sendo Jogada na minha cara agora, com toda a força, eu estou enlouquecendo.
- Pare de surtar e use palavras Lewis, não o acelerador! - ele surtou agarrando-se no apoio da porta do carro enquanto me encarava furioso.
- Acha que é a melhor hora pra me dizer o que fazer? - retruquei o encarando enquanto mantinha meu pé no acelerador.
- Estou tentando te impedir de nos matar! - ele retrucou de volta.
- Comece a falar como você sabe sobre o reformatório, que talvez eu decida te deixar vivo.
Ele reclamou sobre como eu não teria coragem para fazer isso, e eu o mandei um único olhar, aquele olhar que La Reina, aquele que eu costumava usar quando assumia sua mascara, dando um único aviso e nada mais.
Porque La Reina não da segundos avisos.
Ele encarou a estrada à nossa frente.
- O que você quer saber? - ele perguntou sombrio.
- Comece pelo básico, como descobriu sobre nossos históricos. Isso é informação confidencial.
- No final de uma das minhas consultas com Carter, ele me pediu para que levasse alguns arquivos para a secretária. - Logan continuou - Vi seu nome e de seus amigos depois que os deixei na mesa, não resisti e os olhei.
Desgraçado.
- Aquele maldito mentiroso, ele disse que não tinha nossos históricos! - rosnei apertando o volante com mais força.
- Tê-los, mas não os lê-los não muda o fato que ele os tem. Você devia saber disso.
Ele tem razão, quando foi que eu fiquei tão mole? Quando parei de desconfiar dos sinais?
- O que tinha neles? Você os leu?
Se os detalhes que eu imagino estivessem lar, se tudo estivesse escrito naquele pequeno e inútil pedaço de papel. Então Logan saberia bem mais do que nossa pequena estada em Saint Monica. E isso o tornava uma ameaça ambulante a mim, tanto quanto, a meus amigos.
- Não tinha nada neles, apenas seu histórico de presença e matriculas em escolas. - ele respondeu verdadeiramente.
Em segredo, suspirei aliviada, era bom o faro dele estar falando a verdade agora, tornava as coisas mais fáceis pra ele.
- O seu e de seus amigos tinham muito tempo em branco.
Muito tempo em branco. Mas não havia nenhuma informação a mais neles? Como Logan pode ter juntado as peças tão rapidamente para chegar a conclusão que fomos para um reformatório.
- Foi assim que você descobriu? Com os nossos históricos em branco?
- Sim, e não. Sabe, você me deu algumas pistas no meio do caminho. - sua voz se embarganhou, ele já tinha usado aquele tom comigo antes, para se gabar. - Eu, assim como algumas pessoas na escola, já tínhamos algum interesse em seu grupo.
Era verdade. Logo quando cheguei na Phillipez, fiquei bastante ciente de quanta curiosidade minha gangue proporcionava as pessoas.
- Você me falou sobre as suas cicatrizes, sobre como vocês se conheceram em um lugar horrível. - era verdade, eu tinha feito isso - Aquele dia no vestiário, o buraco de bala no ombro de Jesus... - ele falava com tudo era óbvio e sempre apontava para algo a mais - Vocês não foram muito discretos, e bem, eles me confirmaram que o tempo que conhecem você é relativamente parecido com o tempo espaço vazio no histórico de vocês.
Fodido. Grandiosíssimo fodido Logan Harper.
- Supus que vocês se conheceram naquele lugar que você mencionou, chequei as datas que eles me falaram com as datas dos espaços em seus históricos. Tudo bateu - ele disse e então me encarou - Eu não sou bobo Amber, eu sei que só instituições federais tem autorização pra deixar históricos assim.
Ele é esperto, ele descobriu.
Bom para ele. Mas eu não o deixaria sair desse carro até que eu soubesse que ele não seria uma ameaça. Mesmo que isso significasse que matá-lo seria a única solução.
Eu ainda tinha uma enorme lista de favores a serem cobrados, de um número incrivelmente alto de pessoa perigosa, com certeza alguma delas faria esse trabalho caso eu pedisse.
- Certo, você sabe sobre o reformatório. A questão é, o que você vai fazer sobre isso?
Meu instinto me dizia que havia algo sobre ele que ainda não se encaixava, sabia que ele escondia coisas sobre essa máscara quase tão real dele.
Agora eu sei o que era esse meu instinto. E ele me diz que ainda há mais coisas há serem descobertas
- Eu... - meu celular o interrompeu.
O som que ele emitiu, com toque único me chamou a atenção. Eu tinha um toque especial para cada pessoa que eu considerava importante, Jesus, Jonas, Mica, Meu tio...
Eu de certo, reconheci o toque de Jonas, e saquei meu celular do bolso ignorando Logan e sua resposta nesse momento.
Atendi a ligação com Jonas já perguntando.
- Onde você está? - sua voz estava grossa e sombria. Não é o tipo de tom que ele costuma usar em ligações.
- Prestes a entrar na interestadual, porquê? - Questionei deixando a chamada no viva voz, deixando o celular no console do carro, enquanto mantinha minhas mãos no volante.
- Por que você está ai? - surpresa e confusão rodeavam seu tom de voz.
- Estou dando uma volta com Logan. - respondi de forma irônica encarando Logan, que me encarava de volta com os olhos extremamente focados nos meus.
Jonas ficou em silêncio. Ele podia ler entre as linhas do meu tom irônico de voz. As vezes, isso era um saco, e eu o odiava secretamente por isso. Bom, talvez Jonas soubesse sobre isso, ele sentia prazer na minha frustação de vez em quando.
Só era um saco, passei anos criando e aperfeiçoando minha máscara, e mesmo assim o bastardo me lia como a palma de sua mão.
Jonas suspirou cansado:
- Não faz nem duas hora que vocês saíram. Que problemas ele causou? - não percebi que meus lábios se repuxaram para cima até que encarei a careta que Logan fazia para mim.
- Não um que eu não possa resolver.- respondi mantendo o contato visual com ele - O que houve?
- Jesus. - Jonas respondeu exasperado, e eu quase conseguia visualizar Jonas passando as mãos pelos seus cabelos com força - Faz horas que ele saiu e não voltou, não atende minhas ligações, nem as de Mica.
Merda. Porque sempre que Jesus some, uma pilha enorme de bagunça começa a surgir atrás.
- Estranho, mas não parece nada urgente, você sabe que, as vezes, ele gosta de... Ficar sozinho. - eu disse ligando a seta e parando no acostamento da rua.
Não era mentira - apesar de dizer isso mais para tranquilizar Jonas - As vezes Jesus só precisava de tempo para analisar tudo, principalmente agora com seu lance com Micaela ficando tão sério. Ele tem muitos demônios que ainda precisa de tempo para assimilar de vez em quando.
- Eu sei, e também acharia isso, mas há um bilhete. - a voz de Jonas me mostrava que nada de bom vinha deste bilhete - Apareceu na nossa porta a alguns minutos atrás.
Bato a cabeça no volante com um longo e cansaço suspiro. Maldito e fodido universo.
- Por favor - implorei ainda com a cabeça ao volante - Me diga que Jesus não acabou de ser sequestrado.
Jonas suspirou de volta, e ficou em silencio por alguns minutos antes de responder:
- Sinto muito. Volte para casa precisamos resolver isso.
- Puta merda. - xinguei batendo as mãos no volante. Isso não me abalaria. Jesus precisava de ajuda. Levantei minha cabeça, encarei Logan - que me encarava como se eu fosse um quebra-cabeças que ele acabou de ganhar - e respondi a Jonas: - Ok, estamos voltando. Não faça nada até chegarmos.
- Vai trazer Logan com você? - Jonas perguntou nada discreto. Escutei as roupas de Logan farfalharem ao meu lado, quando ele se ajeitou no banco.
Logan sabia, seu eu confirmasse ele saberia que nada de ruim aconteceria com ele, por enquanto. Se eu não confirmasse... Bom, ele entenderia a mensagem que isso passaria.
- Sim, estou fazendo um controle de danos, é melhor mantê-lo por perto. - esclareci. Percebi os músculos de Logan relaxaram.
- Eu gostaria de saber o que Harper fez para causar esse controle de danos?- eu e Logan suspiramos juntos dessa vez.
- Estaremos de volta em 30 minutos, lideramos com tudo isso quando eu chegar ai. - Ignorei sua pergunta dando partida no carro e voltando para a pista.
- Amber... - Jonas tentou.
Agora não é a melhor hora para manter isso em segredo da gangue. Não quando já tenho segredos demais em minha cabeça. Jonas provavelmente descobriria assim que olhasse na mina cara, caso eu não fale.
- Ele sabe, Jonas. Ele descobriu.
Não precisou de nenhuma outra palavra. A linha ficou muda.
Desliguei ela sem dar a Jonas uma chance de falar.
◇◇◇
**LOGAN**
Chegamos na casa dos Gêmeos trinta minutos depois do fim da ligação, assim como ela tinha a Jonas na ligação.
A volta para a casa foi silenciosa, se Amber ainda estava interessada na minha resposta sobre o que eu faria sobre a informação do reformatório, ela não deixou isso claro. Seu rosto era uma sombra de uma calmaria silenciosa e caótica, se isso tinha algum sentido.
Ela estacionou meu carro na frente da garagem. Desligou o motor, e saiu do caro, sem me devolver minhas chaves. Eu ainda que estivesse indignado e provavelmente atrasado para o meu outro trabalho a segui para fora do carro.
Seria idiotice tentar ir embora. E no fundo, eu estava intrigado.
Por quantos problemas desse tipo esse grupo já passou? Porque tenho certeza que essa calmaria de Amber, veio de provavelmente anos lidando com situações parecidas. Isso devia soar um alerta na minha cabeça, mas tudo que eu sinto é excitação.
Jonas e Micaela saíram pela porta, Jonas com sua cara nada amigável, para minha surpresa.
Me aproximei de Amber - encostada na frente do capo , com um cigarro acesso entre os dedos- e esperei até que os dois se aproximassem de nós.
- É um risco deixá-lo aqui! - Jonas começou a expressar sua opinião antes mesmo de aproximar de nós.
Amber, com toda aquela calma esquisita, deu um longa tragada no cigarro, desencostou-se do capo do carro, e caminhou poucos passos até Jonas. Soltando a fumaça quase em sua cara, e então os dois se encararam.
Amber era quase metade do tamanho de Jonas, e mesmo ele estando uma completa pilha de nervos, Amber apenas se aproximou dele, extremamente perto, e falou:
- Eu disse, Jonas. - Amber disse com a voz mais autoritária que eu a vi usar - Ele fica onde eu possa vê-lo, onde eu possa controlá-lo.
Jonas mantinha sua expressão fechada, mas eu via no seus olhos o sentimento. A raiva. Ele queria debater com ela a ideia de eu estar aqui, mas algo o impedia. Respeito talvez, não por Amber, mas por sua Líder, o que ela é.
- Não sou um objeto para vocês conterem. - eu respondi atrás deles, atraindo atenção para mim.
- Cala a boca - Jonas e Amber disseram juntos.
Amber voltou o cigarro na boca, dando outra longa tragada.
Quando foi que ela começou a fumar?
- Ele sabe, Amber - Jonas ressaltou, olhando para o cigarro na boca dela da mesma forma que eu olhava.
Amber o encarou, e depois encarou a mim. Nunca me senti intimidado antes, por ninguém. Mas quando ela me encarou agora, e hoje mais cedo no carro... Eu senti o real medo. E eu gostei disso.
- Sim ele sabe - ela disse encarando Jonas de volta. Como Jonas conseguia encará-la por tanto tempo eu não sabia - Mas nós temos muitas coisas para lidar agora. Então vamos primeiro resgatar Jesus, e depois vemos o que fazemos em seguida, ok? - ela perguntou, dessa vez parecia mais calma, com um olhar menos mortal - Vamos entrar, eu quero ver a mensagem.
Amber jogou seu cigarro no chão e pisou nele antes de entrar na casa, mas ela parou quando seu celular tocou. Ela se afastou e pediu para o resto de nos entrarmos enquanto ela falava no celular.
Eu segui em direção a porta. Eu poderia ir embora, mas estou intrigado o suficiente para me manter aqui, seja lá o que pode acontecer comigo depois. Mas Jonas me barrou, quando passei por ele. Seu aperto no meu braço foi mais forte, quando tentei me soltar.
- Não ache que depois que tudo isso acabar, você não terá muito o que explicar.
Eu sabia dos perigos de irritar alguém como Jonas agora. Eu só preferi ignorá-los agora.
- Não espero menos que isso.
- Não é hora para isso. - disse Micaela intervindo entre nós.
- Você sabe o quanto é arriscado deixá-lo por ai sabendo nosso segredo. - repreendeu Jonas.
- Amber nos deu uma ordem, ele fica. - Micaela disse tão séria quanto Amber a momentos atrás - Ela não o traria para cá se fosse uma ameaça real. - ameaça real? - Ela mandaria outra pessoa ter cuidado dele. Vamos entrar e salvar Jesus. Ele não tentara nada enquanto isso - disse ela o encarando. Como assim mandaria outra pessoa? - Não quando meu kit de facas está afiado e acessível.
◇◇◇
**AMBER**
"Peguei um de seus filhotes, você não está brava está, Reina?
Vou te dar 48 horas para nos encontrar, até lá seu amigo estará seguro, não prometo nada depois disso.
Considere isso uma garantia entre amigos. Pelos velhos tempos.
Venha me encontrar
La reina"
Analisei o bilhete. Tantas pessoas poderiam ser responsáveis por esse bilhete. Posso não ter feito tantos amigos assim depois do reformatório, apesar de ter mentido para Jesus à respeito disso, dizendo que durante aqueles meses longe eu havia apenas me mudado e estudado.
Era mentira.
Eu ainda tinha pendências para resolver. E conheci muitas pessoas ao longo desse caminho. Algumas pessoas que me ajudaram e ainda me ajudariam bastante e outras que não.
Virei o bilhete, não havia nada atrás, seja quem for não deixaria o bilhete sem pista.
- Jonas, veja se acha alguma digital ou informação escondida com aquele seu pó de polímero preto. - falei entrando na sala, vendo Jonas sentado no sofá e Mica ao seu lado com o computador na mão.
- Mica, ligue o computador e entre no sistema da polícia, eu quero as câmeras da cidade.
Antes de me dar um tempo para sequer respirar eu me virei para Logan. Sorte minha ter passado na cozinha, antes de vir para cá.
Ele estava encostado na parede, perto o suficiente do aquecedor. Ótimo.
- E você, - eu disse me aproximando dele, - muito - o que o deixou deslocado, me dando a brecha perfeita para fazer o que eu tinha que fazer - Desculpe por isso - eu disse e então passei a mão no meu bolso retirando o objeto de lá.
Com rapidez, eu peguei o objeto na minha mão e prendi um dos lados da algema em seu pulso e o outro lado ao ferro do aquecedor.
- Mas o que.... - ele não teve tempo de responder.
- Aqui - eu o cortei, arrastando uma cadeira para perto dele - Sente ai, lidarei com você quando tiver tempo.
Eu me virei, esperando que ele gritasse, ou fizesse qualquer tipo de barulho contra aquilo, mas Micaela o interrompeu primeiro..
- Não consigo entrar no sistema, a polícia mudou a proteção, é acima dos meus conhecimentos. - merda.
Nunca foi difícil para nós antes invadimos o servidor da polícia. A proteção deles sempre foi uma merda mesmo. Truque velho que aprendemos com nosso meses no reformatório.
- Jesus que era bom com hackeamento. Eu sei apenas metade das coisas que ele sabe. - explicou Micaela.
Ela estava certa. Eu não podia culpá-la. Jesus que entendia sobre hackeamento. Não nós.
Por quê? Por que sempre ele?
Jesus de longe é o que mais precisava de paz entre nós. E eu sempre o arrasto para os meus problemas.
Eu fiquei furiosa, minha vista escureceu e eu só sentia calor e raiva. Foi o suficiente para me fazer derrubar os enfeites da mesinha de centro no chão.
Os cacos de vidros se partiram no chão. Ainda com raiva, passei minha mão no rosto, tentando me acalmar e ver com calma a situação.
Eu não podia ser Amber hoje. Eu tinha que ser La Reina.
- Eu posso ajudar - a voz de Logan repercutiu de lá de trás, e todos nós nos viramos para ele.
- O que você disse? - eu questionei, pensando ter escutado errado.
- Bom, pelo visto, vou ficar preso aqui por um tempo - disse ele apontando raivosamente para a corrente - Me deixe ser útil, pelo menos. Posso ajudar a entrar no sistema da polícia.
- O que você sabe de hackeamento? - Micaela que o questionou dessa vez
- Não muita coisa. Mas para entrar no servidor da polícia? Sei o suficiente. - respondeu ele.
Como ele poderia saber tal coisa?
- Uma hora, quando tudo isso acabar, você terá que me explicar muitas coisas. - eu respondi o encarando.
Não esperava uma resposta. E Logan não me deu uma. Mas ouve um consentimento em nossos olhares. Isto bastou para mim.
- É um risco o deixá-lo perto do computador, ele pode pedir ajuda ou coisa pior - Jonas interveio quando eu estava prestes a passar o computador para Logan.
- Se eu quissesse expor vocês, já teria feito isso. - Logan o respondeu. Destilando sua raiva em Jonas.
- Não necessariamente - eu respondi a Logan, para deixar claro que não abandonei minhas suspeitas sobre ele - Mas estamos sem tempo e desesperados, só temos 48 horas. Mica dê o computador pra ele, mas o monitore.
Eu soltei Logan do aquecedor, passando a algema livre em seu outro pulso. Claro que ele protestou. Mas eu não podia arriscar. Tinha que manter o controle.
Eu levei Logan até o sofá, Mica assim o fez, o computador e se sentando ao seu lado enquanto o explicava as configuraçõesdo site.
- Clique em uma aba errada, ponha uma virgula onde não devia ou tente contatar alguém, e eu juro Logan - eu falei mantendo meus olhos fixos aos dele - Ninguém achará seu corpo por décadas.
Ele sorriu
- Feito.
- Achei um código atrás do bilhete. - Jonas comentou, trazendo o bilhete até mim.
As marcas pretas deixadas pelo pó de Jonas revelaram código na parte de trás.
- Deixe me ver - eu disse pegando o papel - Porque alguém deixa um código na parte de trás de um bilhete? Coordenadas, possivelmente? - eu questionei pensando alto.
- Há uma digital também. - ele ressaltou, e então virei o papel encarando aquela digital.
- Abra o sistema da polícia. Quero saber de quem é essa digital. - Disse para Logan, que sem nem fazer perguntas assentiu a minha ordem e começou a teclar no computador - Enquanto isso tente descodificar e procurar o possível endereço dessas coordenadas.
- E o que você vai fazer? - Micaela perguntou.
- O que eu faço de melhor, vou cobrar alguns favores.
Meu celular vibrou logo depois.
Contato não salvo.
~ +9 87***-**67
~
~ Favor comprido.
Pensarei na sua proposta.
Te avisarei assim que possível.
~ Tenha cuidado.
Aguardo por suas mensagens.
◇◇◇
**LOGAN**
Era por volta de uma da manhã quando Jonas me escoltou até a cozinha. Todos estavam a duzentos por hora tentando encontrar pistas de onde Jesus estava.
Micaela e Amber assumiram as buscas no computador agora. Eu consegui entrar no sistema da polícia, mas algo está dificultando as informações de chegarem a nós.
Mesma coisa com as coordenadas.
Parece um beco sem saída.
As coordenadas estão criptografadas. Aderi a um programa que conheço para tentar desvenda-las, mas as coisas estão lentas aqui.
- Não preciso de escolta, você provavelmente me alcançaria se eu tentasse fugir. - redigi para Jonas.
É um erro, eu sei que ele ainda está zangado com isso. Ele anda pela casa como uma pilha de nervos. Prestes a explodir.
- Segurança nunca é demais. - ele garantiu enquanto eu tomava um copo de água.
Deixei o copo no balcão, me apoiando no mesmo.
- Quando você ficou tão dramático?
- Quando percebi que você é um fodido inconsequente. - rosnou Jonas - Você procurou sobre nós, nossas vidas! Não tinha esse direito!
Claro, esse assunto novamente.
- Fale isso outra vez, e eu acabo com você. - eu o repreendi avançando para perto delem
Pode parecer, mas nada do que eu faço é inconsequente.
- Pode vir, então - Jonas mordeu a isca se aproximando de mim - Você acha que é durão? Você não é.
- Você está bravo assim porque eu descobri a verdade ou porque você não percebeu que eu estava procurando? - instiguei. Aproveitando esse momento a sós com Jonas para tentar descobrir mais algumas informações úteis sobre eles.
- Vá se fuder Harper, você não entenderia.- ele se virou afastando-se de mim.
- Foda-se você Gonzalez, eu entendo. - disse o segurando pelo braço.
Eu provavelmente sou quem mais entendia.
- Você está tentando mantê-las em segurança - eu disse, me referindo a Amber e Micaela - Eu respeito isso. Eu descobri, é verdade. Mas se eu quisesse contar isso a alguém já teria feito de algum modo, mas não o fiz. - o expliquei, deixando bem claro minhas ações.
Quanto mais rápido Jonas parar de me ver como inimigo, melhor.
- Foda-se, tudo o que você diz pode ser mentira! - ele rosnou novamente.
- Mas não é, e você sabe. - eu rebati - Deixei que você visse meu pai, deixei que soubesse sobre seu problema com álcool, não conto isso a todos, a ninguém em especial.
Era verdade. Ninguém além do meu tio, sabe a real situação que eu passo em casa.
Ninguém além dele e de Jonas e Jesus já entraram em casa. Ninguém nunca conversou comigo sobre minha mãe. Não igual Jonas.
- Você não entende, não é só você, Jesus...
- Jesus está desaparecido. E você e ele são como unha e carne, sim eu sei - repeti o que já era claro sobre aqueles dois - Eu entendo. Primeiro Jesus some e depois, eu apareço falando que sei sobre o reformatório.... - pauso rapidamente em seu olhar - Não foi um dia fácil, para nenhum de vocês - digo olhando para as meninas
- É. - Jonas responde e se ausenta em silêncio por um momento - Eu já quis te contar.
Sua confissão me choca. Posso não saber disso a muito tempo. Tendo em vista que minha consulta com Carter não foi nem a uma semana atrás. Mas mesmo assim é chocante.
- Hoje na sua casa quando falamos da sua mãe e da minha, porque nunca falei sobre isso, com ninguém. Ou naquele dia, no vestiário quando cuidou de Jesus. Eu também queria te contar. Porque você nos ajudou quando não tinha obrigação nenhuma de fazê-lo. - ele admitiu enquanto encarava o chão com pesar. - Porra. Eu contaria de bom grado a você quando o vi com Amber na cafeteira aquela manhã. Porque os sorrisos que ela deu a você... Fazia meses que eu tentava fazê-la sorrir daquele jeito.
Não pensei que, de todos os momentos loucos que dividi com esse grupo nesses poucos dias, podiam significar tanto.
Significaram para mim, mesmo que o que eu sentisse agora não importasse mais. Mas significaram.
- Então porque não me contou? - eu questionei batendo as mãos no mármore do balcão - Eu te contei sobre Carter eu te contei sobre meu pai, nunca conte sobre meu pai para ninguém. Além de Carter.
Jonas me encarava, mas em seu rosto não havia expressão, pelo menos não enquanto eu o dizia aquelas coisas.
Quando vi uma singela amostra de emoção em seu rosto. Identifiquei a raiva.
As vezes me esquecia de que Jonas era ótimo em demonstrar suas emoções. Alguma de suas muitas habilidades que acho impressionante.
- Acha que é fácil assim? - ele se zangou - Acha que posso simplesmente chegar para alguém e falar "olha eu passei mais de um ano da minha vida mudando de um reformatório para o outro, mas relaxe eu sou uma cara legal". - dessa vez ele que avançou até mim. Sua mão apertando o mármore com força - Não é assim que as pessoas são, elas tem medo de nós! Os cara do time mal chegam perto de mim e de Jesus, imagine se eu contasse para você a verdade, e um dia a notícia se espalha-se para todos os estudantes da Phillipez.
Ele tinha razão. Eu entendia suas razões para ficar alarmado assim. De verdade.
Ele sempre tenta fazer o melhor para o grupo. Eu já tinha percebido isso também. Mas Jonas tinha que entender que eu não era uma ameaça a eles. Pelo menos não há esse quesito.
- Eu não contaria. Você sabe disso.
- Eu nem ao menos sei disso agora, mas com certeza não sabia disso antes. - ele respondeu. Suas mãos deixaram o marmore e ele se afastou de mim - E não tinha como saber isso antes do vestiário ou de seu pai. Foi a partir daí que comecei a ver você mais como um de nós.
- Agora você sabe que eu não sou como um deles. Um dos interesseiros na Philipez.
Mentira. Mentira. Mentira. Mentira. Mentira.
- É só que, quando você passa por um lugar como aquele, você desaprende a confiar nas pessoas. Qualquer uma. - Jonas ressentiu.
De uma forma. Me ressenti também. Posso ter algumas intenções ocultas, mas não posso negar que me deixei aproximar dele e de Jesus. Esses babacas brutamontes.
Sei como é perder um amigo, sei como todos eles estão sentindo falta de Jesus agora, se perguntando se ele está bem. E me odeio por saber o que está por vir. E sei que, quando a verdade surgir, eles poderão me odiar ainda mais.
◇◇◇
Foi apenas as 5h40 da manhã que retornei para minha casa. Não a casa que vivo com meu tio. Não.
Ele faria muitas perguntas se eu chegasse em sua casa esse horário. Era melhor que ele pensasse que passei a noite trabalhando.
O que não era mentira. Fiquei a madrugada tentando decifrar os códigos das coordenadas. E lutando fortemente contra o péssimo sistema da polícia para tentar identificar a quem aquela digital pertence.
Esse último lance eu tinha vencido.
Alguém com o nome de Lance Guilard.
Eu reconhecia o nome. Reconhecia muito bem.
Mas quando Amber me perguntou se eu sabia quem ele era, eu neguei. Ela acreditou em mim. Ou fingiu acreditar.
Ela contentou-se apenas a me dizer que ele era de uma gangue com quem Amber já havia cruzado no reformatório.
Santo Deus. Eu pensei.
Eles conheciam os Guilards. De alguma forma, o caminho deles já haviam se cruzado antes.
Eu nem queria imaginar como.
Malditos Guilards.
Um barulho soou nos fundos da casa. A casa de meu pai. As vezes eu ia para lá.
Sempre dormindo no sofá, pois como Jonas havia dito ontem mais cedo. Eu não entrava no meu próprio quarto a anos. Mas frequentemente eu voltava àquela casa.
É estranho pensar que, estar aqui, as vezes me trazia uma certa paz. Uma calmaria antes da tempestade.
Andei silenciosamente até a cozinha. Apanhando o toca de beisebol jogado no corredor. Gostaria de minha arma agora.
Outro barulho soou.
Caminhei até a cozinha. Não posso deixar de imaginar quem seria a pobre alma que ousasse invadir aqui. Era uma pena, para ele.
Quando passei pelo batente da porta da cozinha, uma sombra surgiu à minha frente. Ela parecia tão surpresa e assustada quanto eu, pela nossa proximidade e rapidez. Mas eu fui rápido...
Pegando o taco e o girando em uma mão. Eu o ataquei, batendo lhe com meu taco até que ele estivesse no chão.
Acho que atingi o rosto da sombra. Até que ouvi o som de um osso quebrado.
- Mas que merda!! - gritou a sombra assim que o ataquei e o levei ao chão.
Minhas mãos pararam. Suor pingou de meu rosto. O formigamento passou de meus dedos até meus braços e eu sentia que tudo havia parado.
Eu conheci aquela voz.
- Sem chance. - eu disse acendendo a luz da cozinha e não acreditando na imagem que meus olhos me passavam. - Não acredito.
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