CAPÍTULO 13.5

Nunca espere demais, da sorte ou dos outros, no fim não há quem não decepcione você.
~Charles Bukowski

**AMBER**

Bom talvez eu tenha enlouquecido de vez. Esse é o único motivo plausível que eu tenho para poder explicar o porquê decidi incluir Grayson na minha gangue.

Na verdade, não é a único motivo. Ter Grayson como meu aliado com certeza é mil vezes preferível a ter ele como meu inimigo. Sem dúvidas. Mas a questão é, eu posso realmente confiar nele?

- Sabe, de onde eu venho, existe um ditado muito antigo, passado de geração em geração. - Jesus disse abrindo os braços como se visse a frase escrita na sua frente. - Não faça alianças com pessoas que tentaram te matar!

Eu revirei os olhos e simplesmente o ignorei, nem eu tinha uma resposta boa o suficiente para rebater aquela frase.

- Cosa intende lui con questo? (O que ele quiz dizer com aquilo?) - Jonas perguntou diretamente a mim em italiano.

Eu sabia ao que Jonas estava se referindo, e imediatamente desejei ter matado Grayson nas vezes que tive oportunidade. Essa será a conversa mais estranha e vergonhosa que eu já tive na vida.

Nós quatro estávamos em pé, quase em um círculo, em uma parte mais extrema do quarto, enquanto Grayson estava do outro lado, bem distante de nós.

- Isso não importa agora. - eu indaguei prestes a iniciar outro tipo de assunto com eles, mas Jesus me interrompeu.

- Dios Mio! Eu não acredito, você realmente fez isso não fez? I'hai scopato! (você transou com ele!) - ele esbravejou fazendo vários gestos com as mãos. Eu sabia quando Jesus estava muito bravo quando ele usava muita linguagem corporal para se expressar.

- Eu não transei com ele! - eu tranquei os dentes respondendo. Mas tanto Jesus como Jonas e Micaela me olharam com descrença.

A partir daqui toda a conversa continuou em italiano, nenhum de nós queria Grayson fuxicando nossas conversas.

- Bom você fez alguma coisa, não é. - Jonas responde grosseiramente, como se não fosse comigo que ele estivesse falando e sim como uma puta qualquer, o que me fez queimar de raiva.

Quem eles eram para me tratar dessa forma? Como se eu fosse uma puta qualquer que tivesse traído eles por um sexo barato com o maníaco do outro lado do quarto. Eles sabem toda a minha história, como podiam pensar algo sim?

- É bom você tomar cuidado com o que diz Jonas, mais uma palavra e quem levará uma surra será você - eu respondi da forma fria que sabia que os faria cair em si. E realmente foi isso que aconteceu, Jonas e Jesus pareciam ter recuado um pouco a postura ameaçadoramente patética que soltaram em cima de mim.

- Eu não confio nele - Micaela arriscou dizer cruzando os braços ao meu lado.

- Eu concordo com ela, acho que você não devia ter feito isso. - Jesus, como um tolo apaixonado concordou com Micaela, o que me fez revirar os olhos para os dois. Jonas silenciosamente concordou com eles também.

- Me desculpe - eu disse sarcástica - Mas na última vez que chequei nenhum de vocês davam as ordens por aqui.

- Ele não é confiável. - justificou Jonas, dando de ombros.

Ele tinha razão, Grayson não era nem um pouco confiável. Mas, apesar de ter meus receios, eles não conseguiam enxergar Grayson da forma que eu enxergava. É claro que ele pode ser um pouco psicótico às vezes, e de vez em quando, ele tente bancar uma de assassino mirim, mas de certa forma eu enxergava muito de Grayson em mim. De alguma forma.

Eu acho que ele é um de nós, apenas mais uma criança que aprendeu cedo demais o peso de carregar uma máscara.

- Não, ele não é. - eu concordei os deixando mais confusos - Mas eu prefiro mil vezes confiar nele a ter que rever Marcus outra vez... - eu tentei começar a explicar meu ponto de vista, mas fui interrompida mais uma vez, mas por uma pessoa diferente dessa vez.

- Por que vocês ficam falando em italiano? - o loiro questionou da janela, do outro lado do quarto.

Ele ainda estava visivelmente tenso e desconfortável. Exatamente como um animal acuado.

Jesus tomou a frente e o respondeu:
- Exatamente para que enxeridos como você, não escutem nossas conversas!

Depois disso o mesmo subiu no seu beliche e começou a bufar encarando o teto. Com o tempo os gêmeos seguiram o mesmo curso de volta para os seus beliches.
Vão ser dias muitos difíceis até que aquela porta abra de novo.

Enquanto meus amigos iam se deitar zangados e confusos, Grayson me encarava com um sorrisinho amargurado. Eu me aproximei dele, no intuito de analisar mais o que poderia haver por debaixo da máscara daquela Cascavel.

- Sutil, essas pessoas com quem você anda. - o cinismo dele me irritou.

- Meça suas palavras Grayson - eu disse me sentando ao seu lado no quanto da janela - Não se passou nem três horas que você está aqui. Não vou impedi-los de lhe dar uma sura caso os irrite. - apontei com a cabeça para Jonas, Jesus e Micaela, deitados nos beliches.

- Não sei se sabe mais eu já tenho um alvo nas costas - Grayson comentou sarcástico virando seu rosto terrivelmente perto do meu - Na verdade ele está mais para uma bomba relógio que pode me matar a qualquer momento - ele provocou mais.

Esticou seus dedos até os meus cabelos, os colocando atrás da minha orelha, e eu sabia que quando ele desviou seu olhar do meu, ele encarou diretamente Jonas e Jesus. Pude ouvir os dois fungaram do outro lado do quarto.

- Me desculpe se estou pouco preocupado com as palavras que digo. - ele afastou seus dedos de mim e voltou a se encostar na parede.

Eu encarei Grayson, apesar de ele não estar mais me encarando, ele ainda se mantinha distante e estava visivelmente tenso, provocando a todos mais que o comum.

- Você está com medo. - eu arrisquei. Mas foi o brilho quase oculto em seus olhos que o entregou. Mais que medo, pavor - E aqui ter medo é a mesma coisa que estar morto, Grayson.

Agora eu conseguia ver, pelo menos um pouco, a essência que Grayson lutava para esconder. De baixo de toda aquela camada infernal de sarcasmo e sociopatia, talvez existisse um Grayson que não era mal, ou pelo menos não como as pessoas pensam. Talvez Grayson use sim uma máscara, assim como eu.

- Negue isso para mim o quanto quiser, mas sabemos a verdade. Mas é você que está agindo igual um animal enjaulado. Sendo insolente e provocando todos a cada 2 palavras que saem da sua boca. Assim você vai acabar fazendo mais inimigos para ajudar os Guilards.

- Cuidado Lewis - sua voz grave e amarga surgiu junto a um sorriso malicioso - Desse jeito pode parecer que você se importa mesmo comigo.

- Posso até ser uma megera, como você gosta de dizer, mas tenho escrúpulos. - eu fiz questão de revirar os olhos ao dizer - Você está nervoso e ansioso, e isso te faz agir de forma irracional, exatamente como um babaca inconsequente. Mas agora temos um acordo, e eu preciso de você vivo para esse acordo valer de algo. - o mostrei um sorriso falso - Isso me obriga ser racional por nos dois, é matemática básica, Grayson. - eu tampei minha boca com a mão, encenando - Ah não espera, você não sabe matemática básica.

- Megera. - eu disse fingindo estar com raiva, mas eu quase vi um sorriso escapar pelos seus lábios. Eu comecei a me levantar, mas Grayson contornou meu pulso com a sua mão.

- Espere. Por quê? Por que me ajudou? - ele fez uma careta logo depois de questionar, então esboçou uma suavidade no rosto erguendo as suas sobrancelhas - Eu torcia por isso, é claro, mas ainda assim, foi surpreendente.

Eu dei um risinho e o disse:
- Às vezes você acha bondade no inferno

◇◇◇

Acredito que duas horas já tenham se passado e por enquanto todos nós continuamos vivos.

Agora eu estava em uns dos beliches de cima.
Encarar o teto, nessas horas parecia mais fácil do que encarar a realidade. E eu tinha muito para lidar. Todos nós tínhamos.

Grayson estava mesmo do mesmo lado que nós ou isso é apenas mais uma de suas façanhas? Como eu vou mostrar para os Guilards que agora estamos em lados diferentes? Como Marcus reagiria a isso? Como eu faria a gangue conviver com Grayson sem nenhum de nós se matar?

- Me desculpe pelo que eu disse - a voz grossa de Jonas repercutir ao meu lado. Eu me virei para ele e dei um sorriso simples.

Eles se referia a conversa que tivemos mais cedo sobre Grayson. Sobre aquela frase que Jonas cuspiu na nossa roda de conversa.

- Tudo bem, se fosse qualquer outra pessoa eu teria reagido da mesma forma - o confortei me virando para encará-lo apoiando minha cabeça na minha mão. Mesmo que talvez aquilo não fosse verdade.

- Eu só não entendo, por que ele? - ele questionava atordoado - Se estava necessitada, seja lá o que a fez agir assim, poderia ter recorrido a Jesus ou a mim...

Arregalei meus olhos em espanto. Ele estava mesmo dizendo aquilo? Que eu recorri a Grayson apenas por estar necessitada? E ainda por cima está me dizendo que se oferecia em vez de Grayson?

- A você? E você estaria disposto a fazer isso, Jonas? - o afrontei provocando descaradamente.

Eu não ligava para a resposta que ele me desse, eu só estava irritada pelo rumo que essa conversa tomou. Ele está falando como se eu fosse uma idiota que age pelos sentimentos do que pela razão. E, normalmente, eu sou, mas eu não preciso de Jonas me dizendo isso.

- Você gosta dele? - ele questionou objetivo

- Esse é o ponto para você? Eu gostar dele? - indaguei

- Esse é o ponto para qualquer um.

◇◇◇

Jesus se aconchegou ao meu lado no estreito beliche. Agora nós dois encarávamos o teto e fungávamos.

As coisas estão se tornando difíceis demais para nós dois.

- Sabe, nós temos que agir com cuidado enquanto ele estiver aqui. - Jesus comentou não muito alto apenas para que eu conseguisse ouvir. Eu apenas assenti.

- Como ficamos essa noite? - ele me questionou trazendo seu olhar ao meu.

Fazia bastante tempo que eu e Jesus não dividíamos as camas aqui do quarto e conversamos assim.

- Quer montar guarda para garantir que ele não nos mate durante a noite? - eu caçoei

- Seus sonhos, Amber, como ficam seus sonhos? - ele questionou com rigidez na voz.

Eu suspirei. Eu evitei pensar nesse pensamento. Eu não sei se Grayson está mesmo do meu lado e desde o princípio meu maior medo foi ele descobrir sobre os meus sonhos, até agora só tentar pensar nessa ideia me apavora, porque eu não quero pensar no que Grayson pode fazer com essa informação.

- Vou torcer para ficarmos apenas dois dias juntos. E vou tentar me manter acordada o máximo possível.

◇◇◇

Senti como se estivesse meus pés arrancados do chão, e sentei na cama ofegante como se tivesse acabado de cair de um prédio. Eu sabia que estava completamente suada, sabia que era minha mão que tampava a minha boca para controlar os meus soluços e sabia que já estava anoite. Sobre isso eu tinha o controle.

Mas os tremores violentos que meu corpo sentia estavam fora do meu alcance. Passei as mãos pelos meus cabelos molhados os empurrando para trás, eu encarei os beliches vendo se por acaso tinha acordado alguns dos meninos ou até mesmo Micaela tinham acordado. Para a minha sorte nenhum deles acordou.

Exceto é claro por Grayson, que parecia muito bem acordado quando olhei na direção do quarto que ele estava.

Meu coração voltou a disparar.

Eu queria morrer. Eu tentei, juro que tentei, passar a noite sem dormir e realmente eu tinha conseguido, mas em algum momento entre as madrugadas eu devo ter caído no sono, e assim talvez possa ter entregado um dos meus grandes pontos fracos para meu maior inimigo.

- Por acaso pretende me matar enquanto eu estiver dormindo? - questionei sarcasticamente, tento permanecer indiferente ao meu estado físico. Grayson ergueu as sobrancelhas com graça.

- Acho que acordá-la antes seria uma falta de educação. - engraçou ele dando um sorriso maldoso depois. Eu cheguei a revirar os olhos antes de empurra meus pés para fora da cama, ficando sentada na beirada.

- Então - ele voltou a balbuciar - Um pesadelo?

O tom quase certeiro na voz de Grayson fez eu suspirar profundamente antes de lhe responder um:
- Não é da sua conta

- É claro. - Grayson riu se reencostando na parede. Ele estava sentado no meu cantinho perto da janela, uma de suas pernas estava com o joelho dobrado e seu braço esquerdo se estendia por cima dele, a outa perna se mantinha estendida.

O jeito como seu cabelo loiro está magicamente arrumada e como a luz da janela faz um contraste com seu rosto e o seu corpo tornava tudo ainda mais injusto para mim. Mas pelo menos deixa as coisas bem claras sobre o porquê fizemos o que fizemos no quarto dele aquele dia.

Eu desci do beliche, ignorando meus pensamentos, e me sentei perto dele na janela, abraçando meus joelhos.
- Por que não está dormindo?

- Curiosidade - ele disse virando seu rosto para o meu com certa estranheza, talvez pela nossa proximidade, mesmo não sendo tanta assim - Cheguei a ouvir parte daquela sua conversa com Jesus. Ouvi sobre seus sonhos fiquei curioso.

Um alerta soou tão alto na minha cabeça que eu pensei que ficaria surda.

Grayson tinha ouvido sobre meus sonhos, ele literalmente viu um dos meus sonhos. Eu queria poder correr para longe e o mais rápido possível, mas eu sabia que nada isso adiantaria aqui. Eu tinha que me manter indiferente.

- Ficou curioso ou se viu tentado a finalmente descobrir alguma fraqueza minha? - eu questionei arduamente encarando suas írises claras. Grayson deu de ombros e semeou a cabeça para a janela antes de balbuciar:
- Os dois. De qualquer forma, tudo o que sei é que tem pesadelos, e isso não me serve de nada.

Eu não escondi minha reação surpresa. Grayson claramente está estranho, ele até parece estar... desarmado. Eu não entendo. Ele apenas parece mais sereno do que normal, apesar de continuar sarcástico. Ele voltou a me encarar, e aquele sorriso maldoso apareceu no canto de seus lábios.

- Não vou usar isso contra você se é isso que está tentando perguntar.

É, com certeza Grayson está estranho. Será que ele está morrendo? Isso seria bom, não é?

- Por quê? - eu questionei estreitando meus olhos. Será que ele é um alien?

Grayson colocou um dedo no meu queixo o erguendo na altura exata do seu rosto, e sorriu novamente.

- Porque você já faz isso consigo mesma amor, e eu gosto de ser original. - revirei meus olhos me sentindo totalmente idiota por me esquece que era com Grayson com quem eu estava falando. Mas então me dei conta de algo.

- Por que realmente não está dormindo? -questionei afastando meu rosto de seus dedos. Eu fiquei esperando por uma resposta sarcástica vinda dele, mas tudo o que consegui foi um olhar afiado e logo depois sua cabeça se virou para a janela - Porque, Grayson? - voltei a perguntar.

- Por que não falamos mais sobre seu sonho? - Grayson balbuciou extremamente rápido trazendo um sorriso que nunca vi em seu rosto. Ele está fugindo da minha pergunta.

- Grayson... - eu disse abaixando minha mão até ela tocar seu braço frio. Espera, ele estava tremendo?

- Você sabe o porquê, ta legal. - ele praticamente rosnou afastando seu baço da minha mão.

Eu cheguei a franzir o cenho. Eu realmente sabia o porquê? Encarei Grayson mais uma vez, mas ele não olhava para mim agora. Mesmo assim eu conseguir ver. Como eu não tinha enxergado antes?

Grayson, apesar de todo o seu perfeccionismo com a sua imagem, estava uma bagunça. Ele tinha o pequeno brilho na pele causado pelo suor, ele tremia, e suas olheiras não desmentiam as possíveis noites mal dormidas.

Grayson tinha pesadelos também. E eu sabia bem o que era isso.

- Eu não o empurrei, sabe. - ele voltou a falar de repente, apoiando seu queixo em seus joelhos, abraçando suas pernas assim como eu.

- O que? - questionei confusa.

- Aquele detento, aquele que Jesus citou hoje cedo - relembrou ele - Eu não o empurrei, nem o induzi a fazer aquilo.

Eu não escondi minha confusão. Como a conversa tinha chegado a esse ponto?
- É ele que você teme quando sonha? - arrisquei perguntar. Talvez se Grayson confirmasse minha pergunta, a volta desse assunto teria mais sentido.

- Há muitas coisas a se temer em meus sonhos, Amber, mas aquele detento não é uma delas. - ele respondeu voltando a me encarar. Fiquei supressa por ele ter admitido algo assim para mim com tanta facilidade. - O que você teme quando sonha? - dessa vez foi eu que desviei meu olhar.

Eu não podia contar isso a Grayson. Não podia. Mesmo que uma parte de mim quisesse.

- O que fazia lá? Com o detento. - eu questionei, tentando voltar um pouco a conversa.

- Posso parecer um sociopata sem escrúpulos para você, - ele comentou com certa graça - Mas eu tenho um ou outro princípio válido. Um deles é não contribuir para um suicídio.

Então isso quer dizer que Grayson... O Grayson que eu conheço. O mesmo que tornou boa parte da minha estadia aqui um inferno, esse Grayson, estava lá... Ajudando aquele detento que morreu.

- Está me dizendo que estava lá para... Para ajudá-lo?

Grayson pareceu refletir no que ia falar antes de respirar fundo e continuar:
- Uma vez, a mãe de um amigo meu... Ela se suicidou no quarto dele, enquanto nos dois dormíamos lá. - eu senti a indignação no seu tom - Ela era como uma mãe para mim. Às vezes, eu não acredito que isso realmente aconteceu. - ele começou a gaguejar- E-E eu me lembro... Me lembro de tirar meu amigo do quarto em meio aos seus gritos, lembro de tê-lo trancado no banheiro enquanto chamava a polícia.

Ele gaguejava tanto que sinceramente eu ainda me questionava se era mesmo o Grayson ali na minha frente ou um E.T. Eu acho... Acho que nunca vi Grayson tão vulnerável como agora. E ao mesmo tempo, nunca pensei que talvez, eu e Grayson tivéssemos dores tão parecidas...

Talvez perceber isso foi o motivo principal que me fez levar minha mão, até que ela encontrasse os dedos ásperos de Grayson, e em seguida, os entrelaçasse com força aos meus. Grayson reparou nisso, encarando nossas mãos entrelaçadas, mas não fez nenhuma menção a soltá-las.

- Onde sua mãe estava?

- Minha sempre foi um pouco ausente, vivia cheirando oxi na casa do seu traficante... - ele pareceu querer dizer um pouco mais, mas se deteve.

Eu sabia que ele não queria mais manter uma conversa, mas tinha algo em mim que queria saber mais.

- E esse garoto, não tinha pai?

- O pai dele e minha mãe não eram exatamente hábitos a serem pais. - a amargura na voz dele me trouxe melancolia. Realmente não são todos os pais que são hábitos a exercerem tal papel.

- O que quero dizer é que - ele voltou a falar - Posso ser muitas coisas Amber, mas não sou um assassino hipócrita. Eu estava lá, mas estava tentando fazer com que ele mudasse de ideia, mas, já era tarde demais. - sua cabeça pendeu para baixo, como se ele estivesse decepcionado consigo mesmo.

- Eu não entendo. - eu estava tão confusa. Nada daquilo se parecia com o Grayson que eu conhecia - Existe algum tipo de bondade em você Grayson, eu vejo isso. Vejo suas intenções. Vejo seu coração Grayson. Mas, então por quê? Por que você é assim tão frio?

Sua cabeça se ergueu lentamente, e o seu olhar gélido entristecido me fez arrepiar.

- Porque desde pequeno, minha mãe me ensinou a colocar gelo onde mais doía - ele pausou - Então eu passei a colocá-lo no meu coração. - sua frase me deixou estática e sem reação. Até que seu olhar desceu para nossas mãos ainda entrelaçadas, e seu dedão fez um certo carinho no peito da minha mão.
- As experiências a qual sobrevivemos sempre viverão dentro de nós, Amber.

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