O Louvor da Igreja Messiânica é ali na frente
RESIDÊNCIA KIRKLAND, 23:17, DIA SEGUINTE
Diferente do que Angie pensou, foi até bem simples encontrar a casa de Molly, já que a aniversariante tinha feito questão de colocar uma foto sua (ou melhor, um outdoor) enorme com sua cara no telhado, iluminado por luzes neon e rodeado por uma decoração tão brilhosa quanto a roupa de uma fada winx. O gramado do jardim da frente estava totalmente tomado por copos plásticos caídos e papéis rasgados, e a multidão na porta a impedia de se aproximar. Seus amigos já deveriam estar lá dentro desde às dez, mas havia se atrasado porque seu pai não entendia que ela podia sim sair de casa, e aquilo não era um cativeiro. Lewis Leonhardt disse que tinha medo que ela se machucasse, mas Angie tinha deixado claro que estava indo a uma festa, não a um tiroteio. Algo que Lewis não poderia dizer sobre si na juventude, já que o pai e seus antigos amigos eram mais envolvidos com gangues na Califórnia do que sua memória como criança era capaz de lembrar.
A filha do melhor cirurgião da cidade havia escolhido um vestido preto simples, com joias e acessórios em um tom prateado. Desviou dos homens que conversavam bêbados em uma rodinha e tocou na porta, que rapidamente foi aberta por ela. Nada mais nada menos que a anfitriã da noite. Molly tinha um copo de cerveja em sua mão, e estava ao lado daquelas que eram suas duas melhores amigas. Coral Bourgeois e Flame Firestone.
— Angie, que bom que veio! - disse Molly, talvez alegre demais, mais do que seria de costume. Poderia ser efeito da bebida, ou não, jamais iria saber. — Ah, obrigada, não precisava!
Angie entregou a vodka russa que tinha pego da coleção de seu pai. Levaria pelo menos uns quinze dias pra ele descobrir que tinha sumido, até lá, já teria encontrado uma boa desculpa para justificar a ausência daquele tipo em especial.
— Por nada. Bonita festa. Sabe se meus amigos já chegaram?
— Claro, doçura. Levi está jogando beer pong com Eloise, o outro, o gay, estava bem por aqui quase agora.
— O nome dele é Remy. - Angie a corrigiu, e Molly riu como se tivesse ouvido uma ótima piada.
— Ah, eu conheço como o gay. Vamos, pode entrar, divirta-se. As bebidas estão ali na frente, e tem uns salgadinhos na área da piscina, aproveite, Angie. - Molly deu um aceno rápido para a garota e se afastou com suas duas amigas. Não sabia em qual fase de suas pré adolescências Molly tinha se transformado em uma completa sem noção.
Angie procurou pelos amigos, esbarrando nas pessoas enquanto cruzava o corredor, estreito demais em comprimento e ainda assim usado como túnel dos amassos por metade dos adolescentes, que se agarravam ali enquanto bebiam. Viu alguns casais subindo para o andar de cima e escutou a música mais alta vinda dos fundos do local, possivelmente oriunda da área da piscina. Havia cheiro de carne assada e uma fumaça característica de maconha, provavelmente trazida por Nico Araluen Gallard, o maior drogado da escola. Ela teve que ignorar pelo menos umas cinco cantadas toscas e finalmente encontrou Eloise e Levi jogando bolinhas dentro de copos de cerveja. O Eder acertou uma de primeira, causando gritos de comemoração aos demais.
— Mais uma pra nós, baby! - o argentino comemorou, trocando um bate aqui com Eloise, que foi a próxima a jogar. Quando já não era mais sua vez, a australiana se encaminhou até onde a amiga estava.
— Chegou mais tarde do que pensei, Angie. - comentou Eloise, servindo um copo de cerveja para a amiga. — Perdeu a primeira rodada de beer pong.
— Meu pai sendo mais preocupado do que deveria, como sempre. - a garota suspirou, ajeitando seu cabelo castanho negro longo. — Estão vencendo?
— Estamos empatados com o Wyatt e o Kyris. Coral ficou tão puta pelo namorado estar perdendo que saiu. - Eloise comentou, rindo um pouco. — Mas o Remy desapareceu desde que chegou, não sei onde ele foi parar.
— Deve ter fugido quando viu que nós não estávamos aqui. - Angie riu. — Mas vamos torcer pelo Levi, se não ele vai nos chamar de ingratas.
Embora Remy não estivesse nenhum pouco animado por estar ali, tinha um apego muito forte aos amigos e as suas promessas. Por não ser acostumado com tais ambientes, chegou dez em ponto, literalmente o primeiro a chegar, já que ninguém aparecia em uma festa tão cedo. Molly ainda estava terminando de se arrumar quando o ruivo chegou e quando abriu a porta se deparou com aquele ruivo de estatura média e sardas no rosto, usando uma blusa xadrez e os óculos na ponta do nariz. Ele acenou, sem graça, já que nunca falou com ela.
— O louvor da igreja messiânica é ali na frente, do lado da oficina. - Ela comentou, quase batendo a porta, se Remy não tivesse intervido. — Algum problema?
— Sou eu, Molly, o Remy. - A expressão no rosto dela não parecia ter sido uma resposta.
— Quem?
— Remy Graham.
— Não ajudou muito.
— Estudo com você, tipo, desde a segunda série. Você pisou no meu pé na formatura do pré, coisas assim.
— Ah, sim! - Molly o olhou de cima abaixo. Nem mesmo sabia que nerds saíam de casa. — Bom, Rex, você chegou bem cedo, nem minhas amigas chegaram ainda, mas vem, pode ficar por aí por enquanto. Aproveite, eu acho.
Ela deu passagem para que Remy entrasse, e antes que ele pudesse puxar qualquer assunto, Molly sumiu na escadaria de cima. Sabia que não iria curtir mesmo aquela festa e tinha sido o único pontual, ao que parecia, e por isso, se encaminhou até a área da piscina, onde buscou a cadeira de sol mais afastada e retirou seu livro do bolso de dentro de seu cardigan. Abriu na página marcada e usou de seu dom de ficar imerso na leitura, acompanhando o enredo do filme tão profundamente que o exterior se encher de convidados quando o tempo passou não foi uma distração. Muitos adolescentes começaram a jogar bola na piscina, e a música foi colocada no último volume, mas Remy permaneceu focado, tão focado que praticamente esqueceu dos amigos.
Houve um momento em que alguns jogadores do time de futebol quiseram zoar com ele, o chamando de bichinha, e perguntando se ele choraria de novo, como quando se assumiu e foi feito de piada por toda a escola. Suas mãos tremeram e sua ansiedade quis atacar por um segundo, mas não demonstrou estar abalado. Era apenas ignorar. Foi difícil por um tempo, mas logo a voz de um dos jogadores, Kyris Borges Fantin, chamou a atenção dos demais para uma partida de beer pong, que se iniciaria do lado de dentro da casa. Quando se viu livre, Remy guardou seu livro, e foi quando uma bola de praia bateu em sua cabeça, molhada por estar na piscina. Leves gotas caíram em sua roupa e aquilo o assustou.
— Oi, me desculpa! - Um garoto deixou a piscina, usando apenas um calção de banho florido e molhado. Remy recuou um passo de imediato, até perceber que nunca havia o visto. — Eu tava jogando a bola e te acertou. Não machucou, né?
Ele tinha cabelos loiros tão claros que pareciam ser platinados. Seus olhos eram completamente azuis, e o sorriso que abriu deixou Remy estranhamente tenso. O garoto da piscina não era ameaçador, nem parecia idiota, como os que costumavam mexer com ele, mas ainda sim, o intimidava, mas não pela personalidade, e sim, pela beleza.
— Não, eu tô bem. Não machucou.
— Você ficou meio encharcado, cara. Deixa eu te ajudar. - Ele se afastou por um momento, voltando com uma toalha. — Desculpa mesmo, eu não tinha visto que tinha alguém nas cadeiras de sol, porque tipo, tá de noite. - sorriu de maneira curta, Remy retribuiu timidamente.
— Verdade né, poxa, e eu na intenção de pegar um bronzeado. - O garoto riu, de uma forma tão natural que Remy foi pego de surpresa.
— Bom, na próxima tenta de dia, e sem estar todo vestido assim. - coçou a nuca. — Mas de novo, desculpa mesmo. - pediu outra vez, e Remy ergueu os braços, balançando-os a frente do corpo.
— Não tem problema, eu que escolhi um local pouco indicado pra ler, mas felizmente não molhou. - Remy mostrou seu livro, e um ar de animação surgiu no outro. Ele se aproximou mais um pouco, e o ruivo quase ficou dar cor de seus cabelos ao dar uma olhada no peitoral.
— Agatha Christie? Eu adoro os livros dela, são os meus prediletos, na verdade. Gosto muito desse, o assassinato no Nilo, mas prefiro o Expresso do Oriente. Vou levar o meu quando começar no clube de leitura esse ano. Quando soube que minha escola nova teria uma, fiquei super animado.
— Escola nova? É novato? - O garoto assentiu, dando outro sorriso. Remy permaneceu sentindo o rubor nas bochechas. — Bem-vindo.
— Obrigado. Meu nome é Dennis. Dennis Millington Perez. Acabei de chegar transferido da minha última escola. Prazer te conhecer. - ele estendeu o braço. Remy o observou por alguns décimos de segundo, até perceber que deveria apertar a mão dele de volta.
— Sou o Remy Graham. Prazer. - respondeu timidamente. — Espero que goste da nossa escola, embora não tenha muita coisa.
— Ah, tenho certeza que tem sim. Eu vim pra jogar no time de futebol, parece que aqui tem muitos olheiros de esportes. É algo que eu sempre amei fazer, aprendi com meu irmão. - contou Dennis. As covinhas que surgia quando sorria eram encantadoras.
— Dennis, não vai voltar pro jogo? - gritou um dos caras na piscina. O loiro pegou e jogou a bola de volta.
— Vou dar uma pausa! - gritou de volta. Ele pegou sua camisa colocada sobre uma das cadeiras de sol e a vestiu. — Então, Remy, você por acaso é muito ocupado? Queria alguém pra me mostrar a escola amanhã. Sou bem perdido, se for procurar o banheiro sem ajuda é capaz de terminar no terraço. - Os dois gargalharam. — Seria muito abuso te pedir isso? De um fã de Christie pro outro?
— Posso sim, mas... tem certeza que não quer outra pessoa?
— Ah, você é o primeiro cara legal que eu conheço, o resto foi até educado, mas não senti uma vibe muito prestativa. Essa tal Molly me chamou pra essa festa hoje junto com o namorado dela, o tal Wyatt, mas ela olha pra você como se você tivesse leishmaniose.
— Não é algo pessoal, eu garanto. - Remy o respondeu, causando outra risada nele. — Mas tudo bem, podemos sim.
— Valeu demais, Remy. Espero que a gente se dê bem.
— Poxa, Remy, finalmente te achei. Tomou chá de sumiço, conpadre? - Levi surgiu de dentro da casa, com dois copos vermelhos cheios de cerveja. Entregou um para Remy e encarou o cara loiro conversando com ele. — Opa, e aí, que passa amigo?
— Muy bien, gracias. - Levi se surpreendeu quando o loiro lhe respondeu em espanhol também. — Meu pai me ensinou um pouco.
— Caramba, que foda. Finalmente alguém que vai me entender. - Levi elogiou. — Legal te conhecer, irmãozinho. Nunca te vi por aqui. Levi Eder.
— Pois é, cara, sou novato. Sou Dennis Millington Perez. - se apresentou. — É um prazer conhecer um amigo do Remy.
— Ah, a gente é inseparável. Eu estive lá em todas as vezes que ele chorou vendo o reboot de Gossip Girl, a parte que ele chorou foi a única que eu fiquei acordado.
— Levi! - Remy o repreendeu, e Dennis deu uma risada.
— Imagino que sim. Bom, eu preciso ir. Prometi que iria deixar a Flame de moto em casa. Ela precisa chegar mais cedo - Remy baixou o olhar. — A gente se vê, falou, Levi. Tchau, Remy.
A dupla de amigos observou Dennis apanhar sua mochila e alcançar uma garota ruiva, que abraçou o loiro pela cintura. Uma das amigas da dona da festa, Molly Kirkland. Dennis virou o rosto para trás uma última vez e acenou, dando um último sorriso. Remy acenou de volta, um pouco corado.
— Ih, conheço esse olhar. - respondeu Levi. — É o mesmo olhar que eu faço quando bato uma pra Megan Fox.
— Que nojento, Levi. - Remy fez uma careta. — Não sei do que está falando.
— Sei. Mas ele parece legal. Pode ser um ótimo amigo. Mas toma cuidado. Não quero que se magoe.
— Magoar com o quê? Eu mal conheço ele. - Remy se fez de desentendido, mas no fundo, sabia o que ele queria dizer.
— Hm, ok, se você diz.
— Ei, vocês dois! - A conversa de ambos foi interrompida pela chegada de um dos jogadores do time de futebol. Remy não lembrava seu nome, mas Levi sim. Era Aslan. — A amiga de vocês foi pra cima da Molly.
Remy e Levi se entreolharam, correndo de novo para dentro. Quem poderia, em sã consciência, entender as garotas?
HEAVEN'S BURGER, 02:05
Angie pegou uma taça de milk shake e colocou na bochecha de Eloise, que resmungou um pouco pelo ardor. Estava roxa depois de uma briga com Molly, que claramente iria provocar a amiga, que era bem pavio curto. Levi devorava seu terceiro duplo burguer e Remy parecia mais interessado em algo em seu celular. O Eder tinha um soco em seu rosto, dado por Wyatt B. Gallard, namorado de Molly, que expulsou Eloise e seus amigos da festa. A intenção era festejar, mas o resultado terminou sendo um pouco diferente.
— Eu ainda não entendi o que houve. Acabo me virando um segundo pra pegar uma cerveja e no outro, a Eloise está enforcando a Molly em cima dos salgadinhos. - Angie suspirou. — Tá ficando difícil te defender.
— Aquela vadia me provocou, deu a entender que ficou com o River enquanto ele ainda era meu namorado. - Eloise fitou bem todos os amigos. Levi desviou o olhar enquanto tomava milk shake, começando a assobiar. Os outros dois ficaram com uma cara estranha. — Espera um pouco, vocês três sabiam?!
— Não era bem um segredo. - Angie respondeu, com o olhar cheio de pena para a amiga. — Eles ficaram na festa do Kyris Fantin semanas antes de ir embora. Descobrimos faz pouco tempo.
— Ele já tinha terminado com você, não íamos piorar tudo. - Levi deu um sorriso curto. — Devíamos ter contado?
— meu lado feminista diz que sim, mas meu lado menininha diz que não. Nossa, como eu fui idiota. Logo a Molly, tomara que aquele ridículo pegue uma DST, daquelas bem incômodas. Ai. - resmungou um pouco de dor quando moveu demais os ossos do rosto. — Confesso que tô bem mal agora.
— Se serve de consolo, você tem a gente. - Angie a abraçou de lado. — Não somos um ruivo nadador do País de Gales, mas somos muito bons em abraçar.
— Sei disso, obrigada. Remy, eu fui promovida de chutada à corna, pode pelo menos prestar atenção no meu drama? - Eloise franziu o cenho.
Remy tinha ficado com a mente presa no loiro que conheceu. Enquanto saiu na pickup de Levi com as meninas, não resistiu à curiosidade e pesquisou seu nome assim que teve a chance nas redes sociais. Tinha achado até com facilidade, e agora estava imerso nas fotos de Dennis, principalmente em uma do garoto sorrindo.
— Terra pra Remy! - Angie começou a passar a mão a frente do rosto de Remy, que finalmente despertou.
— Hm, sim, sim. É importante, fortalece a alma.
— O quê? O chifre fortalece a alma? - Eloise ergueu a sobrancelha. — Garoto, eu vou te socar.
O barulho do sino na porta tocou, e a atenção, para o alívio de Remy, saiu dele para o convidado. Era comum haver um bom movimento na lanchonete, mas durante o dia. Estava de madrugada e o local já estava fechado, tendo sido aberto apenas pelo intermédio de Levi, que trabalhava ali e tinha prometido trabalhar turno extra na semana seguinte se Hebert, o funcionário que trabalhava naquele dia, deixasse-os entrar para ficar ali pelo menos só um pouco, até conseguirem esconder melhor o roxo no olho de Levi e no rosto de Eloise.
O olhar de Angie se cravou no rosto impassível e na jaqueta preta. Como toda cidade pequena, era impossível um jovem não reconhecer o outro em Paradise Hollow. Aquele era Timothy Kendall, comumente chamado de Tim. Era bem conhecido na escola por ser um garoto problema, embora costumasse ser bem comportado no Ensino Fundamental. Seus pais, um dia, sumiram de casa sem mais nem menos e o deixaram ao cuidado de um tio, e desde então, ele nunca mais fora o mesmo. Havia passado por três reformatórios em um período de meses, e tinha sumido durante todo o verão. O grupo de amigos pensava que ele tinha sumido de Paradise Hollow para sempre, mas pelo visto, estavam enganados.
— Será que ele vai assaltar a gente? - Levi perguntou em voz baixa. Eloise o fuzilou com o olhar. — Ok, não tá mais aqui quem falou.
Seus olhos castanhos caíram sobre a única mesa ocupada. Deu um aceno curto de cabeça e conversou umas duas palavras com Hebert, que fechava a lanchonete, antes de sair. O funcionário ajeitou o chapéu ridículo em sua cabeça e girou os olhos, entrando na cozinha. Saiu com um saco de hambúrguer em mãos e entregou ao convidado indesejado. Os olhos de Angie se encontraram com os de Tim, até que ele saiu, poucos minutos depois de ter chegado.
— Esse cara é sinistro. - Levi comentou, passando a mão na barriga como uma gestante, mas tinha apenas comido demais. — me deu até indigestão.
— Claro, com certeza não foram os cinco lanches que você comeu. - Eloise ironizou, bebendo seu milkshake. — Mas eu achava que ele já tinha sido tipo, preso.
— Ele é menor de idade, acho que não pode ser preso. - Remy comentou, os olhos ainda vidrados no celular. Angie o observou pela janela. Ele foi até sua moto, colocou o capacete enquanto a encarava e saiu em alta velocidade após ligar o motor. A Leonhardt voltou sua atenção para a conversa. — Deve ter voltado pra casa do tio dele. São os donos daquela oficina perto da escola, não é?
— Deve ser. O tio dele também é bem bizarro, devem esconder cadáveres juntos. - Levi deu de ombros. — Mas foi só ele sair que meu apetite voltou, oh Hebert, me dê mais um.
Angie se manteve intrigada. Algo parecia muito diferente naquela noite, mas não sabia dizer bem o quê.
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