Capítulo 16- Aurora Poderosa II
— Taniwha — sussurrou a guardiã, temerosa, baixando a cabeça tempestuada.
— Quem? — O bruxo indagou olhando à sua volta.
— Aquela serpente de luz servia apenas como um sinalizador. — Juntando-se ainda mais aos outros, Noel informou.
— Para chamar quem? Esse Taniwha? — Safira inquiriu, segurando a euforia que lhe preenchia. Stewart estremeceu novamente e o oceano nunca esteve tão turbulento.
— Não é quem, é o quê. — Yara apontou à água do mar que se agitava, freneticamente.
— Não deixe que ele perceba seu medo, ficará mais ansioso em te matar. — Aurora atraiu a atenção, puxando o ar com dificuldade, pois estava cansada.
— Não temos o que temer! Vamos dar conta de seu monstro guardião. — O homem voltou-se para os outros. — José, nós damos conta de Aurora. Safira e Yara, vocês cuidam dele.
Eles então ficaram de costas, os dois homens de frente para a adversária e as duas mulheres voltadas para a praia, esperando seu inimigo. Foi aí que um terceiro tremor abalou a ilha, e da água agitada emergiu uma monstruosidade gigantesca, como a mutação de um crocodilo.
— Muita boa sorte. — José disse abismado, depois de olhar sorrateiramente para a fera brutal que rugia altamente enquanto já destruía as primeiras árvores, subindo a colina.
— Boa sorte. — Os outros desejaram e avançaram devagar em direção ao oponente, dividindo o embate.
— Muita falta de cavalheirismo, o Noel ter nos colocado contra isso — comentou a moça, com insatisfação, apontando à besta que subia na direção delas, enquanto desciam rumando ao seu novo rival. — Sendo que ele vai lutar contra uma poderosa debilitada.
— Ele fez isso por confiar em nós e porque é a melhor escolha no momento. — Yara explicou a situação, desviando das árvores em seu caminho.
— Como assim? — questionou, ainda sem entender.
— É só olhar para a fera. — A guardiã indicou o ser que rugia em sua ferocidade ameaçadora. — Um monstro — assinalou para Safira — aquático. — Sugeriu a si mesma.
— Aah, entendi... Espera, por que você disse “monstro” e apontou pra mim? — interrogou confusa.
— Vamos logo! — Yara pôs-se a avançar mais depressa, quase correndo, ignorando a jovem...
— Lembre-se — Noel adotou o tom de advertência com o bruxo —, ela pode controlar sua luz, por imitar a do sol, mas não a minha. — Aproximavam-se cada vez mais da infectada exausta. — Porém meu poder não pode curá-la, então devemos distrai-la primeiro.
— Certo, então você começa. — Os dois apenas cochichavam um para o outro. Pararam a uns oito metros de Aurora, a qual olhava para o chão, inexpressiva.
— Eu posso estar cansada, mas... — O disparo do poderoso de vermelho interrompeu a fala da oponente que reluzia. A luz branca avançou velozmente e ela apenas estendeu uma mão, com a qual criou uma pequena barreira e defendeu-se do ataque. — Mas eu ainda posso lutar — completou levantando a cabeça e mostrando seu sorriso maléfico...
— Você tem algum plano? — Quando já estavam bem próximas do gigantesco protetor, Safira inquiriu.
— Vamos tentar pará-lo. — Yara gritou e seus pés foram envolvidos com fluido, quase como patins de gelo. Começou deslizar agilmente pelo solo úmido por causa da recente chuva.
— Vou por cima! — exclamou a senhorita, preparando seus cipós. Um instante depois, já enfrentavam o colossal que havia destruído tudo por onde passou, deixando um rastro de lama e árvores derrubadas.
A mais nova encurtou as pétalas do seu vestido, para ter uma maior mobilidade. Usou os chicotes para escalar as árvores próximas e saltou, com agilidade, em cima do monstro, desviando de sua boca que mordeu o ar. Disparou numa carreira pelas costas dele, conjurando raízes que surgiam do solo e o envolviam, puxando-o para baixo.
Assim que se aproximaram de Taniwha, Yara se abaixou, deslizando por debaixo de seu corpo que somava dezenas de metros. Num movimento rápido, juntou toda a água do solo encharcado e criou açoites afiados. Primeiro chicoteou as duas pernas dianteiras, movendo as mãos com destreza, depois castigou toda sua parte de baixo, principalmente a barriga, por ser mais baixa.
Desculpe-me por isso...
A jovem já chegava ao final da besta quando essa se moveu, girando todo seu corpo e arremessando a poderosa muito longe. A capitã foi descoberta e usou o líquido para amortecer a queda de sua parceira. As duas novamente encaravam a fera que bufava de raiva e expressava sua dor mínima, assim como as poderosas mostravam seu cansaço excessivo.
Taniwha, então, disparou dando fortes pisadas no chão, o que fazia todo o solo tremer. As duas tiveram de correr para longe, para que não fossem esmagadas, ou caíssem com o impacto do tremor.
— Meus cipós estão longe de conseguirem segurá-lo, ele é extremamente forte — comentou Safira, exasperada, enquanto se distanciavam o mais rápido que podiam.
— E meus cortes não chegaram nem perto de feri-lo, sua pele é muito grossa. — Yara detalhou. Corriam por cima das árvores derrubadas pela monstruosidade aquática.
— Vamos tentar novamente?
— Agora! — A guardiã gritou e as duas giraram nos calcanhares, correndo em direção ao monstro com destreza em suas pernas e, num piscar de olhos, findaram a distância. — Vou por cima!
Mudaram de estratégia, a capitã usou seus chicotes líquidos para escalar pelo corpo de Taniwha e Safira foi por baixo, desviando dos dentes que a ameaçaram. A jovem usou as raízes para prender as patas do inimigo ao solo, limitando seus movimentos. Yara desviava dos espinhos gigantes nas costas dele, chicoteando-o com toda sua força.
Com extrema velocidade, as duas chegaram ao fim do guardião, restando apenas um obstáculo: a cauda. A poderosa da natureza controlou as árvores caídas, erguendo-as acima de si como uma defesa, caso Taniwha ameaçasse atacá-la com sua parte traseira. Entretanto sem poder mexer sua grande cauda para baixo, o monstro levantou-a jogando a mulher do mar como uma catapulta.
A guardiã foi lançada na direção contrária da qual estava correndo, disparada como um projétil, indo parar muito à frente da besta. Yara esbarrou em uma árvore, quebrando-a com o próprio corpo e Safira ficou boquiaberta ao contemplar a cena chocante.
— Yara! — A senhorita gritou desesperada, mas a mulher não respondia, caída no chão sem se mover.
Taniwha se soltou vez das raízes e avançou furiosamente para cima da capitã. Antes que o monstro se afastasse, Safira prendeu-se em sua cauda usando seus cipós, e correu por seu corpo que investia em alta velocidade. Assim a poderosa finalmente chegou perto de seu pescoço, a aura verde já emanava por seus poros.
— Não vou deixar, fera feia! — Controlou várias árvores na tentativa de pará-lo, formava uma grande barreira na frente das pernas do guardião.
E conseguiu, Taniwha estacionou com a interferência brusca. Ela pulou de cima dele, caindo com um pouco de dificuldade e sentindo muita dor ao fazê-lo. Depois começou correr em direção a sua amiga ainda abatida. Alcançou-a em seguida e abaixou-se, colocando-a em seu colo.
— Yara?! Yara! — chamou exasperada, olhando para a monstruosidade que ameaçava quebrar o obstáculo. Constatou que a mulher não estava morta, apenas desacordada.
Seu medo se concretizou, toda a barreira foi a baixo. Taniwha continuou seu destino, correndo na direção delas duas sem a intenção de parar. Uma vez mais, o chakra de Safira lhe escapava furiosamente e ela levantou-se, encarando seu inimigo nos olhos. Permanecendo, assim, parada entre sua amiga e uma fera que avançava com toda sua cólera...
Noel tentava quebrar o escudo de Aurora, a qual se defendia com as duas mãos, detendo o flash branco com eficácia.
— Não temos tempo a perder! — José gritou, tendo ela na sua mira.
Um raio de luz rompeu de seu cajado e, quando somou forças com o ataque do outro poderoso, a proteção reluzente começou ser quebrada.
— Não acharam que seria tão fácil assim, não é mesmo? — inquiriu a mulher, sorrindo, em meio ao impacto de fulgor.
De modo repentino, metade dos ataques desferidos contra ela começou a mudar de cor e envolvê-la, formando uma esfera ao seu redor que fortificava sua defesa.
— Ela está controlando seu ataque! — O guardião advertiu altivo. O bruxo o cessou, entretanto, já era tarde demais.
— Vamos ver se ainda estão em boa forma. — Da cúpula surgiram vários braços enormes e coloridos que avançaram na direção dos dois.
Deram início a corrida evasiva, cada um para um lado diferente, rodeando de longe a espectro. Enquanto percorriam agilmente, desviando das dezenas de extensões, também atacavam os mesmos. Em certo momento, mais tremores abalaram todas as estruturas terrestres.
— Acho que meu guardião está se divertindo. — Aurora gargalhava no meio do espetáculo de luzes.
José expressou sua ira disparando contra a espectro, a qual notou com antecipação e não precisou fazer nada a respeito, já que seu escudo absorveu todo o poder dele. Distraída com o bruxo irado, não percebeu o laser de Noel, que atingiu sua esfera protetora e despedaçou-a. Ela teve que se defender com um pequeno escudo improvisado no último segundo.
— Baixou sua guarda, velho. — Ela se via entre seus dois oponentes defendendo-se do ataque de Noel e absorvendo o ataque do rapaz, mas esse o interrompeu, constatando que aquela estratégia não traria resultados positivos.
As mãos fulgentes, que ainda circulavam sua manipuladora, avançaram contra o homem de vermelho e o agarraram firme, tirando-o do chão. Ele era erguido cada vez mais, até que a espectro o jogou, por cima dela mesma, na direção do rapaz. José o capturou no ar com telecinesia antes que se chocassem, e os dois se viraram para sua oponente corrompida.
— Tenho uma ideia — avisou o guardião cansado.
— Qual é o plano? — O loiro indagou respirando pesadamente, assim como sua adversária, que já preparava um ataque.
— Improvisação. — Apontou-a com o cajado e o bruxo fez a mesma coisa.
— Achei que já estivéssemos fazendo isso...
— Ataca! — Noel gritou, e os três o fizeram automaticamente.
Daquela vez, o laser do homem se dividiu em vários, os quais disputaram força contra os de Aurora. Com isso, o disparo de José teve a passagem livre, mas foi estacado outra vez pela espectro. Cansado daquilo, o guardião pegou um orbe azul-escuro em seu cinto e jogou na frente do ataque do rapaz.
Repentinamente, da esfera surgiu um vórtice anil, que sugou todo o raio solar, gerando confusão na cabeça dos que observavam. Um segundo depois, embaixo de Aurora, um portal apareceu e redirecionou toda a ofensiva, finalmente acertando seu alvo. O bruxo não cessou o disparo, sua luz fluía pelo buraco do espaço, atingia a guardiã em certeira e ainda percorria até as alturas, sendo vista de qualquer local.
Os poucos moradores daquele lugar remoto não ousavam nem sequer sair de casa, temendo as lendas que circundavam aquela ilha da Nova Zelândia, por isso, não presenciaram o show de luzes e o embate épico que chegava ao fim...
Todavia Safira também não enxergava o farol de seu namorado, já que tinha outra coisa para se preocupar. Taniwha avançava furiosamente contra ela. Sua aura verde explodiu, mostrando poder, suas íris brilharam da mesma cor e, inexplicavelmente, os olhos do monstro se transfiguraram de azul marinho para verde esmeralda. E, num instante, a besta alcançou-as.
— Pare! — A voz da poderosa rompeu como uma explosão, imitando o rugido daquele monstro e esse empacou ofegante, como todos estavam naquele momento. Baixou a cabeça para mostrar serventia a senhorita. — Agora volte! — O grande guardião deu meia-volta e se retirou descendo a colina, voltando ao mar em seguida.
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