🔹 13 🔹
— Martin! Que história foi essa de namorado? Porque você mentiu pros meus amigos assim? — pergunto pro guardião que está do meu lado.
— Desculpe-me Meg. Acho que fiquei nervoso e essa foi a primeira coisa que consegui pensar...
— Nem vem com essa história. Eu vi bem o sorriso que você abriu antes de falar pra eles que eu era sua namorada!
— Melhor namorado do que guardião mágico!
— A Sarah não ia acreditar nisso... Se bem que eu acho que ela não engoliu! Fiquei morrendo de vergonha. Bem que poderia ter me dado um aviso que me meteria nessa história.
— Vou manter isso em mente quando precisar inventar uma história dessa. Mas, pelo menos, essa mentirinha inofensiva serviu por meio segundo para enganar o Adam... Você pegou um relance dos sentimentos dele senhorita?
— Martin! Tem maneiras menos diretas para fazer esse tipo de coisa! — balanço a cabeça. — Quer dizer, não é pra fazer isso!
— Certo. Mas fiquei feliz que você conseguiu ver!
— Isso não vem ao caso! — esquilinhos falantes!
— Se engane o quanto quiser Meg... Pode até brigar comigo, mas o sorriso que está no seu rosto está me contando uma história bem diferente.
— Sua sorte é que eu gosto de você Martin! Mas no momento queria mesmo era enfiar o seu nariz coberto de razão dentro da sua cara!
— Pelo menos você admite que estou coberto de razão — ele solta uma gargalhada e eu dou um soco no braço. Não foi forte, mas também não foi tão fraco assim...
Meus ouvidos já se ajustaram a diferença de pressão, então me encosto da melhor forma que consigo no assento do avião e tento tirar um cochilo. Ainda tínhamos um bom tempo de viagem, e, pelo menos, dormindo eu não ficaria pensando demais.
Não tirei apenas um cochilo, eu dormi durante toda a viagem. Só acordei, pois o Martin balançou de leve meu ombro, me avisando. Abro os olhos e percebo que estou encostada no seu ombro e deixei uma marca linda de baba na camisa do Martin.
— Droga! Desculpa! — digo tentando esfregar a mancha de baba com a barra da minha manga.
— Bobagem senhorita... É só uma camisa — é, mas ela é tão bonita e você está tão bem nela...
Em vez de falar isso, peço apenas desculpas mais uma vez, e desafivelo o cinto.
Martin me ajuda a retirar a minha mala do bagageiro de mão e me acompanha até desembarcamos. Minha avó me informa que ainda temos que enfrentar alguns quilômetros de carro para que possamos chegar ao nosso destino.
Do lado de fora do aeroporto, entramos num táxi e quase uma hora depois, chegamos ao hotel que minha avó tinha reservado para nós. O lugar era enorme e os "quartos" eram pequenos chalés à beira do mar.
Fomos muito bem recebidos pelos funcionários do hotel, que fizeram um tour rápido pela propriedade. Eu fiquei muito encantada com o lugar. Não consegui ver com clareza a cor da água, por já estar de noite, mas o brilho suave que era refletido na superfície é lindo.
Nosso chalé era o mais isolado de todos, tínhamos acesso a uma praia quase que privada. Meus pulmões encheram com a brisa fria e cheia de sal.
— Banho e pedir alguma coisa no serviço de quarto? — minha avó pergunta se espreguiçando e dobrando para cima as mangas de sua camisa. Nós dois concordamos e tivemos que revezar o único banheiro do chalé.
Enquanto tomava banho e deixava a água quente amolecer meus músculos, vou deixando a ansiedade e a adrenalina correrem nas minhas veias. Mal posso esperar para conhecer Nihal, mesmo tendo a consciência que não vou para lá para passear, ainda sim estou cheia de curiosidade para ver com meus próprios olhos o lugar que só escutei as histórias de minha avó.
Sei que o peso que está em meus ombros é grande e a vida de muitas pessoas podem depender de mim.
Que alguém tenha piedade delas.
Saio do banho e coloco um vestido floral para combinar com o ambiente. Minha avó está jogando algum jogo de cartas com o meu guardião, e os dois sorriem ao me verem. Ela abre espaço no sofá ao seu lado para que me sente.
— Vó. Quando é que vamos para Nihal? E como é que chegaremos lá?
— Depois de amanhã querida. E você não precisa se preocupar em como chegaremos lá... Mas deixemos os detalhes para depois que descansarmos... Já pedi o nosso jantar. Vocês não vão ficar chateados se ficarmos por aqui hoje... Estou cansada da viagem.
— Não há problema algum Edith — Martin sorri para minha avó.
— Também não acho ruim, estou sentindo um pouco da viagem também.
Então escutamos batidas na porta e a minha barriga roncou feliz por saber que já ia ser satisfeita. Depois que terminamos de comer, minha vó já foi se recolhendo, mas eu me senti mais desperta por conta do alimento. Resolvo dar uma caminhada na praia.
— Posso te fazer companhia? — Martin pergunta e eu concordo feliz.
Calço as sandálias e já descemos para praia, aproveitando que a faixa de areia é muito bem iluminada por lâmpadas amareladas que dava um toque íntimo ao ambiente. Caminho ao lado do meu guardião, num silêncio confortável e ele parecia deliciado ao olhar para tudo que nos rodeava.
— Acho que você vai comer um pedaço da sua bochecha... — Martin diz, puxando assunto e eu abro a boca. Vai ver ele não estava tão envolvido com o ambiente como pensei...
— Não dá pra esquecer o quanto estou ansiosa... Estou nervosa... E agora que é só questão de tempo até irmos para Nihal. Os sentimentos se intensificaram.
— Você vai amar Nihal. O seu mundo é bonito, mas lá é incrível! Até o ar preenche os pulmões de forma diferente. Todo detalhe é interessante.
— Está com saudades?
— De certo modo... Acho que estou sentindo falta do sentimento de conhecimento que eu tenho lá... As novidades aqui estão me afetando mais do que gostaria de admitir.
— A viagem é turbulenta? — pergunto querendo saber algum detalhe, mesmo minha avó dizendo que eu não deveria me preocupar muito com isso.
— Não, na realidade, é fascinante... Não estamos te envolvendo nos detalhes, já que o método para viajar para Nihal é bem simples, um pouco de magia e pronto. Sabendo onde procurar a magia, é só seguir o fluxo. Estaremos lá antes que você fique deslumbrada demais com a estrada.
— Entendo...
— Essas pequenas luzes parecem resquício de alguma magia... — Martin aponta para as milhares de pequenas luzes que cobriam as nossas cabeças. — É muito bonito.
— Sim — e romântico, quis acrescentar, mesmo não acontecendo nada entre nós.
— Vamos encontrar o jovem Adam já lá em Nihal não é mesmo?
— Sim... Fiquei surpresa quando descobri que o Adam é filho do governador do fogo. Ele já tem as suas doses de responsabilidades e já foi até mesmo apresentado para a sociedade.
— O pai dele é um homem de fibra. Gosto bastante dele, acho que por isso me sinto bem ao lado do Adam. Vocês formam um casal interessante...
— Olha lá você novamente com essa história! A gente é amigo. E só Martin.
— Você diz... — ele dá de ombros.
Resolvo mudar logo de assunto e continuamos a caminhada. Damos boas risadas e conhecemos bem os arredores do hotel e até molhamos os pés na água morna. Quando bocejo, sentido o sono bater, voltamos para o nosso chalé.
Estava tudo silencioso, então apenas desejo boa noite para o Martin e vou dormir.
Durmo mais do que o esperado e acabo acordando pouco depois da hora do almoço, mas, pelo menos, meu corpo está descansado e estou me sentindo descansada. Como não íamos a lugar nenhum hoje, resolvo colocar um biquíni pra aproveitar.
Na companhia das duas pessoas com quem compartilhava o chalé, passeamos na praia, almoçamos tarde e por lá mesmo, rimos e eu em alguns momentos esqueci que tínhamos grandes responsabilidades pela frente.
Assisti ao pô do Sol sentada ao lado da minha avó. O espetáculo em tons de violeta e vermelho me fez sorrir. Pássaros passeavam entre as nuvens quase transparentes, formando um cenário que nem o melhor dos fotógrafos conseguiria capturar em toda a sua plenitude.
Deito na areia, e nem me importo em sujar meu cabelo com os grãos e conchas. Apenas fiquei olhando para o céu e esperando para que ele fosse pintado aos poucos com o brilho das estrelas e a lua ganhar o seu lugar de destaque.
Ali, afastado da cidade, as estrelas brilham com muita intensidade. Como será o céu estrelado de Nihal? Conseguiria ser mais brilhante?
— Quase consigo ver as engrenagens girando na sua cabeça Meg — Martin diz, deitando ao meu lado na areia, apoiando a cabeça com um dos braços. — Você pensando em como serão as coisas...
— Nunca pensei que pudesse existir um mundo além desse nosso, um mundo que pode se assemelhar aos contos fantásticos que escutava e lia quando era mais nova. Qualquer pessoa ficaria com a mente acelerada.
— Não estou reclamando, você fica interessante quando está perdida em pensamentos.
— Interessante? — fico sem entender.
— Deixa pra lá, pode voltar aos seus pensamentos... — ele parece apressado ao se levantar e com cuidado limpar a areia das mãos. — Vou descansar, amanhã vai ser um longo dia.
— Melhor eu ir também — penso que é melhor assim e aceito a mão que Martin estende para me auxiliar.
A noite veio e tentei o meu melhor para dormir, mas não tive o sucesso que gostaria. Minha mente não me deu descanso imaginando milhares de cenários sobre Nihal, será que encontraria outros tipos de criaturas mágicas? Algo que nunca tinha ouvido falar?
A batida na minha porta foi baixa, mas como não estava dormindo, já me coloquei de pé e abri, encarando minha avó. Ela estava com uma mochila em mãos.
— Bom dia minha querida. Prepare uma bolsa pra você. Itens de higiene, umas trocas de roupa, coisa pouca, os itens que você considerar essenciais. Estamos saindo daqui a uns minutos — e antes que saia do quarto, ela parece lembrar de algo. — Ah, e não se esqueça de colocar o cordão que lhe dei de presente, precisaremos dele.
Apenas concordo e faço o que ela pede. Coloco uma roupa confortável e depois de passar muita água no rosto, coloco a mochila no ombro e vou para a sala. No caminho, vou prendendo o cabelo num rabo de cavalo bem preso.
Martin já está no sofá esperando e ele me pede a mochila que estou carregando. Sem entender muito, entrego-a para ele e então depois de sussurrar algo, a mochila começa a sumir numa cortina de fumaça.
— Ei! Minhas coisas estavam lá!
— Relaxa, que eu só mandei logo pra onde vamos ficar em Nihal... Não precisa se preocupar.
— Nós também vamos para Nihal assim? — pergunto me sentindo nervosa com a possibilidade de ter que me transformar em fumaça para chegar até lá.
— Não. Só dá pra transportar coisas assim se elas não forem vivas... O nosso meio de transporte é outro — ele sorri e eu relaxo, mas não tanto.
— Mas teremos que fazer algum tipo de encantamento, como esse que você fez agora?
— Muito observadora, mas também não é bem isso... Durante a nossa caminhada, vamos explicando a você... — ele diz paciente.
Então minha avó aparece com uma mochila e Martin faz o mesmo com os pertences dela. Mesmo sem fome, minha avó não nos deixa sair até que tomamos o nosso café da manhã. Ainda está escuro quando finalmente saímos pela porta dos fundos do chalé. Ainda tinha resquícios de uma brisa fria em meus braços.
— Querida. Esse caminho que vamos tomar agora nos levará direto para a província do ar. Não teremos problemas para entrar, e quando já lá, podemos nos movimentar livremente entre as províncias.
— Certo — olho pro Martin e percebo que ele está sério demais. Nunca tinha visto suas sobrancelhas tão juntas assim... Será que ele está preocupado com algo? — Tá tudo certo com você Martin?
— Ah Megan. Talvez esteja nervoso por voltar. Não sei ao certo quanto tempo passou desde que estou aqui com vocês, não sei quanta coisa mudou. Sei que não vai ser uma mudança muito extrema, já que temos nossos meios de comunicação, mas ainda sim...
— Você mesmo já deve ter falado isso pra mim umas milhares de vezes durante esses meses aqui Martin: não esquenta a cabeça com isso, você não precisa se preocupar.
— Lembre-me de nunca mais falar isso pra você — ele ainda tem o sorriso nervoso.
— E por que você diz isso?
— Não ajuda nada! — seus ombros relaxam minimamente e o sorriso dele diminui, mas pelo menos, se torna mais verdadeiro.
— Chegamos! — minha avó anuncia e não sei onde, pois não consigo enxergar nada de diferente. Ela olha ao redor para ter a certeza que estamos sozinhos.
— E agora?
— Basta nos acompanhar para dentro d'água e fazer o que eu instruir. Não há perigo para você, afinal, vamos nos rodear por seu domínio — ela sorri de forma tranquila.
Começamos a caminhar mar adentro e com as ondas fracas e baixas, não demoramos até passar da rebentação. A água salgada e límpida está pouco abaixo dos meus seios. Espero por mais instruções.
— Precisamos de um pedaço de Nihal para que o portal nos reconheça. Para você querida, é o cordão... — ela explica e eu aperto o pingente entre meus dedos, de alguma forma com medo de perdê-lo. — Nós temos algumas pedras mágicas então não será um problema.
Ela estende a mão e entrega uma pedra marfim para Martin e segura uma tão transparente e brilhante que se assemelha a um diamante.
— Assim que o Sol nascer, precisamos fazer uma oferenda ao portal...
— Que tipo de oferenda? — não quero ter que abrir mão do presente da minha avó.
— Magia. Enquanto seguramos a nossa ligação de Nihal com uma mão, devemos oferecer magia para o ponto de encontro da luz com o elemento com o restante do nosso corpo. Ficou claro?
— Espero que sim.
— Então se prepare querida, que assim que o primeiro raio de sol tocar a água, devemos começar...
Ficamos encarando o horizonte e se não tivesse tão concentrada em encontrar o momento para iniciar, teria ficado maravilhada com a beleza daquelas cores. Mas então um raio atravessou e subiu, nos indicando o lugar para acumularmos a nossa magia.
Segurando firme entre meus dedos o pingente, começo a deixar fluir a minha magia. Minha avó e Martin fazem o mesmo, e a mistura de elementos e fumaça começa a rodopiar dentro do mar.
Fico observando e não me deixo desconcentrar, mesmo quando o redemoinho de magia começa a ser sugado e vai na direção do chão, da areia fofa. Até que sinto nossos poderes passando por meus pés, e a água ao nosso redor passa a girar rapidamente. A terra sob nossos pés treme e antes que eu possa perguntar se tudo aquilo é normal, minha avó olha na minha direção e sorri.
— A qualquer momento agora, vamos voar querida.
E então não tenho mais um chão sob meus pés e afundo apenas alguns centímetros antes de ser arremessada para cima.
Se bem que arremessada não é a palavra correta, já que parecia estar dentro de um túnel de ar, e tudo parecia estar sob controle. E em vez de cair, de acordo manda a gravidade, estávamos ascendendo aos céus.
Martin está mais próximo a mim, e estico a mão, buscando a dele, apertando firme. Ele está tranquilo e não parece se incomodar com o fato do mar estar a cada segundo mais distante.
Daqui a pouco conseguiria tocar as nuvens... Elas já estão tão próximas.
— Melhor você fechar os olhos e o nariz por um momento. E também fechar a boca, senão você vai engolir uma nuvem e te garanto que elas não têm gosto de algodão-doce.
Solto a mão dele e fecho o nariz e a boca como sou instruída, e quando começamos a passar por dentro de nuvens não muito densas, eu fecho os olhos também.
Elas são bem mais sólidas do que eu esperava. Não é tão fluido e pesado como algum líquido, mas definitivamente consigo sentir as nuvens passarem por mim, como se estivesse mergulhando numa piscina com algodão levemente úmido.
E quando sinto que emergi dali, abro os olhos e por um momento perco o fôlego.
Uma cidade completa apareceu diante meus olhos. Uma cidade muito turva e distante. Havia nuvens acima das nuvens. Então o ar que me rodeava para e não estou mais flutuando. Começo a cair, e antes que eu pense no que vou fazer, Martin me segura em seus braços. Não me pega no colo, apenas me abraça apertado para que eu não caia.
— Obrigada! — por cima do seu ombro vejo duas asas grandes, cheia de penas, como de um pássaro. Elas nos sustentam tranquilamente no ar.
— Disponha. Com ou sem emoção? — ele pergunta e não sei ao certo o que responder. Então apenas dou de ombros. — Eu sempre prefiro com emoção.
Qualquer pessoa teria derretido os miolos diante daquele sorriso bonito que ele abriu. Mas quando ele praticamente deu um rasante para o solo comigo colada nele, o que consegui fazer foi gritar e enterrar o rosto no peito dele sem conseguir encarar a velocidade que nos aproximávamos do chão.
— Desculpas Meg... Prometo que não farei isso novamente sem o seu consentimento — Martin parece envergonhado por ter me assustado.
— T-tudo bem.
— Já estamos no chão, você pode parar de me apertar se quiser... — percebo que em algum momento eu enrolei minhas pernas em sua cintura e o escalei como se ele fosse um prédio seguro.
Engolindo a minha vergonha, me desenrolo dele e testo o chão abaixo dos meus pés. Analiso os arredores, querendo olhar para qualquer lugar além do Martin. Ali não parecia ter muitas pessoas e as que tinham não se incomodavam com a nossa presença. Um caminho estreito e no final dele... Aquilo é uma cancela?
Aperto os olhos e realmente é uma cancela. Três guardas estão parados próximos a cancela e parecem ter o total controle sobre o trânsito de pessoas que entram e saem. O fluxo de pessoas é pequeno, mas suficiente para manter as três pessoas alertas e trabalhando o tempo todo.
— Vamos? — Martin indica a direção da cancela.
— E a minha avó?
— Ela ainda deve estar descendo, vamos nos poupar de algum tempo e já podemos ir caminhando até lá.
— O-o que eu falo pra eles?
— Eles não vão perguntar nada que você não saiba responder. Está tudo bem. Apenas sorria e mantenha o semblante calmo. Você não fez nada de errado e nem é uma foragida.
— Você tem razão Martin... — engulo as preocupações e me aproximo do local de entrada.
— Saudações jovem dominadora. Meu nome é Roberto e ajudo a controlar o fluxo entre as províncias... Pode identificar que é você, de onde você é e qual o seu motivo para visitar a província do ar? — ele diz com uma voz calma e me analisa da cabeça aos pés, mas não de uma maneira incômoda.
— Ah, sim, claro, meu nome é...
— O nome dela é Megan White. Minha neta, e viemos a província do ar, junto com o guardião dela, Martin, para conhecermos a cidade e temos uma reunião com o governador — minha avó aparece atrás de nós.
— Edith! — o homem faz uma pequena reverência. — Não conhecia sua família! Faz um bom tempo que você não aparece por aqui! Mas sejam bem-vindos! As portas da província do ar estão abertas para recebê-los!
— Obrigada Roberto! Como estão as coisas por aqui?
— Se você está aqui, sabe como estão se acertando as coisas...
— Sei bem. Então podemos entrar?
— Ah, sim, claro. Sintam-se em casa... — ele diz e com uma reverência, faz com que a cancela se levante e junto dela, a cidade se torna clara e as linhas firmes diante dos meus olhos.
Se eu fiquei sem fôlego ao olhar a cidade de cima e com as linhas turvas, agora que eu conseguia ver seus contornos e cores, também fiquei sem palavras. Olho para trás e não vejo mais a cancela e pisco algumas vezes para tentar acostumar meus olhos com todos aqueles incentivos.
Estávamos no que parece ser a praça principal da cidade. Construções coloridas das mais diversas cores brilhavam com mais intensidade. Pessoas passeavam, crianças corriam entre árvores bem aparadas e até pulavam dentro de uma grande fonte oval.
Muitas das pessoas tinham asas, e voavam despreocupadas, rindo com algo que não sei.
— Todos os dominadores têm asas? — pergunto olhando para cima e admirando as asas das outras pessoas. Até olho para minhas costas, tentando pegar algum vislumbre de asas, mas não vi nada.
— Não são todos. Apenas os de ar... — Martin me informa e penso logo em Adam. Como seriam suas asas?
O relógio no centro da praça indica que já são três da tarde e eu arregalo os olhos.
— Vó isso tá certo? Não passou nem meia hora que chegamos aqui! Saímos de lá tinha acabado de amanhecer... Como que já é três horas da tarde?! — pergunto assustada.
— O tempo passa de modo diferente aqui em Nihal querida, já tínhamos lhe falado isso... — ela apenas dá de ombros e solta um suspiro. — É, acho melhor irmos logo para a reunião com o governador. Não queremos chegar tarde.
Tomo um susto quando ao olhar pro meu celular, vejo que ele ainda está com sinal. Impressionante. Nihal tem recepção de celular, que cidade mágica moderna!
Resolvo digitar uma mensagem rápida no grupo de amigos, dizendo que eu já tinha chegado, me acomodado e que estava aproveitando tudo. Não demora muito para que eles me respondam, dizendo que estão muito felizes por mim e pedindo pra aproveitar tudo mesmo! Vou caminhando de cabeça baixa, sentindo falta deles. Depois de dizer que estava com saudades, coloco de volta o celular no bolso e percebo que chegamos diante o que deveria ser equivalente a uma prefeitura em Nihal.
— Pronto querida. Preparada?
— Talvez, mas é o melhor que posso fazer no momento...
Olho para minha roupa e tento passar meus dedos por ela, me organizando o melhor que consigo. Não sei o que esperar, mas torço pelo melhor, preparada para o pior.
Enfim, em Nihal como se deve... E aí, quais são as suas primeiras impressões do lugar? Asas para dominadores do ar (: Gosto de como isso soa. E aí, vocês imaginam como serão as asas do Adam? E estão preparados para o encontro da Megan com o governador do Ar?
Se gostou, não se esqueça de conferir se a sua estrelinha está aqui e de deixar seu comentário ♥ Ah, e cuidado com os spoilers (:
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