Simplesmente não estou acreditando no que estou vendo, Thomas bem ali, na minha frente. Ele está diferente, sua pele branca macia, cabelos estão grandes mas bem cuidados. Ele expressa uma alegria ao me ver.

— Stephanie — Ele vem até mim me abraçando, com uma firmeza em seus braços. Como uma saudade guardada dentro dele que foi despejada em mim agora.

— Thomas mas, como, como você está aqui? — Ele recua, pouco emocionado ao me ver.

— É uma loucura Stephanie. Você e ninguém vai entender como foi. A Joyce me explicou coisas relacionadas ao Multiverso — Uau, ele falou de Multiverso, algo que estou vivenciando no momento. Ele estava morto, como está vivo agora? Será que é…. Uma Persona dele?

— Antes de falar, quem é esse homem? — Ele olha para Salaniel, que permanece em silêncio pouco atrás de mim. Ele se aproxima de Thomas e estende suas mãos para cumprimenta-lo.

— Desculpa a minha falta de educação Thomas, sou um velho amiga da Stephanie — Vejo pelo olhar do Thomas que ele estranha aquilo.

— Olá, eu… Eu sinto que o conheço… A mesma sensação que tive naquele… Planeta… — Salaniel apenas sorrir, enquanto Thomas chega sussurrar consigo mesmo. Ele volta sua atenção para mim. E começando a andar, caminhamos até um banquinho, e nos sentamos.

— É… Bom, não sei como falar, mas indo direto ao assunto, eu pedi pra Joyce me matar, mas trazendo o contexto de tudo. Joyce em seu universo, no seu tempo, descobriu uma tecnologia capaz de levar a sua consciência para um outro Universo. Uma das maneiras disso dar certo é a morte, já que não tem tecnologia suficiente, era essa a única maneira. É como se fosse um sonho. Ela disse que para dar certo é preciso desejar muito uma coisa, uma realidade onde você é feliz. Ela fez um ritual comigo, cantou uma canção muito bonita… Ela disse algo sobre… As Dorians… Joyce me contou tudo sobre ela. Ela disse que no seu universo conhecia uma outra versão minha, e juntos eles faziam experimentos com crianças, eu achei isso horrível mas, ela foi tão sincera comigo, e um desses experimentos envolvia um grupo de meninas chamadas "Dorians" um grupo de garotas bruxas que tem capacidade com apenas uma canção de transportar pessoas para outros universos. Ela aprendeu a canção, e agora estou aqui, como uma mágica… Ela disse que tem várias maneiras de viajar para outras realidades. Inclusive ela lutou contra um cara que ia para outros mundos também. Eu refletir vários dias com essa questão Stephanie, a minha vida toda eu tentei tapar a minha culpa tentando me recompensar em alguma coisa, a minha filha. Ela morreu no meu universo Stephanie, caindo no parquinho… Isso foi tão traumático para mim que esqueci completamente desse acontecimento, a minha mente apagou, e quando fui trabalhar como astronauta e cair naquele planeta que te falei, vivenciei várias coisas remetendo ao meu trauma… Antes de sair do planeta, eu vi minha filha, em um portal Triangular… Mas tudo deu errado, e o resto da história você sabe, fiquei quatro anos em uma realidade que não me pertence, achei que só era viajar no tempo que tudo se resolveria, mas não, não resolveu… Fazer máquinas para viajar no tempo eu não via vantagem… A morte foi a única saída — Uau, eu estou sem palavras.

— Nossa… Quanta coisa você passou Thomas… Mas amigo, é duro o que vou dizer, convivemos por quatro anos e tivemos e temos uma boa amizade. Thomas, você não pertence a esse universo — Ele não esboça uma reação negativa, ele continua distante com seus olhos contemplando as ondas do mar que não o pertencem.

— Sim eu sei.

— Papai! — Uma voz delicada, cheia de amor e uma alegria imensurável, chama nossa atenção, despertando um sorriso enorme no Thomas. É uma garotinha correndo em direção a ele, com seus braços abertos. Coisinha mais linda que já vi, sorriso banguelo, cabelinhos grandinhos para sua altura, magra, rosto lisinha e os olhinhos verdes, coisa mais linda.

— Oi meu amor — Ela senta no colo dele, e me vendo a sua curiosidade é atiçada.

— Quem é ela papai?

— Ela é minha amiga Haley, dar oi pra Stephanie — Ele falando com um sorriso tão alegre, tão doce, tão leve, que isso me toca.

— Oi — Ela encosta a cabecinha no peito dele, enquanto ele faz um sinal para uma moça que está lá na frente resolvendo algo com alguém.

— Aquela é a minha esposa, relaxa, assim que te vi avisei a ela que viria falar com você. Ela é tranquila… Sabe Stepanhie, eu sou feliz aqui, tudo que sempre quis, está aqui. — Eu não consigo dizer mais nada além de apreciar alegria dele naquele momento, suas palavras para mim agora foi algo que, mais uma vez, me tocou, e fico pensando do porque Salaniel me trazer até aqui.

— Ah sim, eu sei que pode ser aleatório mas, você existe nesse Universo sabia? Você é atriz de televisão e o seu nome é… Larissa…. Eu não entendi o porquê mas, muita coisa aqui é diferente, confesso que é um pouco difícil se acostumar com certas regras…e… tem uma outra coisa…A sua outra você é modelo de rosto de uma história em quadrinhos e também interpreta a mesma personagem em uma série de tv… a série é de super heróis e, o nome do grupo é… Os Irrepreensíveis, tem você, Lucas, Christopher, Max, Victor..Eduarda…— Nossa quanta informação que recebi agora, minha cabeça novamente começa a doer.

— Certo, minha cabeça tá doendo agora — Ele dar uma doce risada, enquanto a criança desce do colo dele e corre para a mãe.

— É eu sei, eu entendo — Thomas continua rindo, e Salaniel aparece na nossa frente, com uma expressão séria e fria, a mesma quando estávamos no outro mundo.

— Precisamos ir Stephanie, eu acho que entendeu a sua vinda para cá — Porque está tão apressado? Sinceramente, parece que está fugindo.

— Ste — Thomas segura minha mão, seu rosto demonstra uma genuína preocupação. — Cuidado… Quando vejo ele, sinto a mesma sensação quando estava naquele planeta — Salaniel ignora o Thomas, criando um outro portal Triangular.

— Está tudo bem, ele não parece ser… mau… apesar de ser estranho — Thomas recua um pouco, seus olhos chegam a expressar uma tensão.

— O mesmo portal…

— Venha Stepanhie — Me levanto, e antes de ir, abraço o Thomas, que o mesmo retribui.

— Cuidado Ste, não sei o que está fazendo, mas por favor, cuidado…

— Eu estou bem, talvez, ele seja útil para enfrentar o Victor… Thomas, eu estou feliz por você… De verdade.. — Ele sorrir, mas eu o conheço bem, não tira os olhos de Salaniel, que me espera no portal.

     Me afasto dele, e o vejo se juntando a sua família. Eu nunca vi alguém tão feliz como ele. Entro no portal, e novamente tudo fica escuro.

……

— Está entendendo todas essas conversas, todas essas experiências? — Na escuridão, apenas escuto a voz do Salaniel.

— Mais ou menos.

— Mais ou menos? Não entendeu o propósito de tudo isso? A proporção de toda essa história? — A voz dele me confronta a certo nível, não entendo muito bem tudo isso.

— Eu não sei, eu só sei que sou importante em um mundo coberto pelas águas, e que o Thomas é feliz onde ele está — Concluo meu pensamento lhe dando a minha resposta, o silêncio é o atual protagonista do momento, criança um certo clima de tensão.

— Pois bem. Vamos para o último mundo — Um novo portal se abre debaixo de mim, sou puxada imediatamente por ele caindo em um novo céu, em um novo mundo.

       Caio numa grama verde macia, sozinha, respirando um novo ar, sentindo uma nova gravidade. Estou em um outro universo.

Universo 267