Capítulo 3

3 Horas Atrás, antes da morte do Christopher e do Max ser chamado pelo Expectro

STEPHANIE

       Uma coisa que sempre fui pouco insegura, é com a terapia. Nesses quatro anos que se passaram muita coisa se passou na minha cabeça. Se não fosse o Lucas e a minha família para me ajudar, eu não sei o que faria.

— Porque você pensa isso Stephanie? — Bryan é um psicólogo conhecido e muito procurado. Eu gosto do trabalho dele e como ele conduz toda a sessão. Com seus óculos e pele preta, alto e uma expressão série mas não ao ponto de você se sentir com medo ou insegura. Um homem bonito, apesar da idade.

— Eu não sei… As vezes as coisas não fazem sentido. Eu tento fazer com que as coisas ganhem vida mas tudo que faço e toco simplesmente morre. Eu nem sei o que estou tentando fazer para ser sincera… — Ele olha para mim, sem julgamento ou algo do tipo. Não me sinto estranha…

— Você passou por muita coisa Stephanie. Perdeu seus amigos, perda de parentes importantes para você. Posso te falar uma coisa? Você não é a sua dor — Seus olhos fixos aos meus, me sinto aliviada e acolhida, compreendida de alguma forma…

— Eu digo que perder ele não foi fácil, e eu temo pelo meu futuro — Elas foram as palavras mais sinceras que conseguir dizer a ele.

— Seu irmão não é? — Ele diz, e com apenas o olhar confirmo com sim a cabeça. — Você sabe que não tem culpa pelo que houve certo?

— Mas não resolve pensar assim. As vezes sinto vontade de ir para um mundo onde eu possa abraça-lo pela última vez. — Minhas lágrimas escorrem pelo rosto, e logo a sessão acabou, deixando em aberto ainda esse assunto que tanto me persegue... Por anos e anos...

— Sabe Stepanhie, eu já atendi vários pacientes lidando com a mesma dor que você, todos com dúvidas e afundados em sua escuridão. Mas uma coisa eu lhe garanto, tudo vai passar, e você vai superar isso. Saiba que, apesar de tudo, ele amava você, como sempre mencionou para mim — Ele libera o seu sorriso para mim, suas palavras me dão conforto e esperança.

……..

      Chego em casa. Agora moro com o Lucas, eu e ele estamos noivos, e estou grávida dele faz um mês, descobri essa semana mas, com tudo que ele está passando com lance do Victor, fico receosa de contar essa novidade, eu ainda vou esperar. Moramos em um lugar isolado por enquanto, numa chácara, estamos umas semanas aqui porque ele e o Expectro acreditam que Victor estará voltando por esses dias, coisas que não acredito muito, mas, estamos de férias em nossos empregos então, não há problema. Eu estou fazendo estágio no hospital aqui perto de casa, e o Lucas é professor de ensino médio, naquela mesma escola que nos formamos.

       Abro a porta da minha casa e entro na sala. Estranho, está tudo escuro por aqui. Acendo as luzes e a bagunça está enorme. Desenhos triangulares por toda a parede. Uma completa zona por aqui. Ando devagar e gero raios em minhas mãos, e atrás do sofá vejo um corpo. Meu Deus… Thomas… Com pescoço revirado… Ele e a Joyce estavam passando um tempo aqui para construir a máquina que os levaria para os seus respectivos Universos. Descobrimos que não são dessa realidade, mas de uma outra, eles são do futuro de um outro mundo.

— Me desculpa — Escuto a voz da Joyce próxima a minha. Eu fico em alerta já me enchendo de poder, meus olhos ficam roxos e as minhas mãos com raios em volta.

— O que você fez Joyce?

— Thomas não seria útil para o que está vindo — Ela aparece através da escuridão do corredor que liga a cozinha. Pele branca, loira, no momento está completamente pálida, a sua expressão é fria, muito fria. Ela usa uma blusa de frio branca e calça preta. E tirando sua mão no bolso, ela retira o Artefato Triangular. — Essa coisa, ela pode trazer a minha irmã de volta, e consequentemente o Thomas também, por isso o matei… Ele não morreu Stephanie, a consciência quando perde o corpo em um mundo, ela parte para o outro, como um sonho. Ele queria a filha dele, e o seu desejo foi concedido. Agora com esse Artefato posso levar para o Herdeiro.

— Você enlouqueceu de vez, por favor, devolva esse Artefato, o que há nele não cabe a você Joyce, tem pessoas atrás dela que podem te matar.

— Não, não tem… São para essas pessoas que vou levar Stephanie, e nem você e nem o Lucas vão me impedir disso.

— Joy…. — Com apenas um movimento de suas mãos, sou arremessada para fora de casa caindo numa área vazia cheia de plantações de alface. Me levanto, eu preciso ir atrás daquele Artefato.

    Ela sai da casa em direção ao carro e eu preparo o meu vôo, na altura considerável eu lanço raio nela, a desgraçada desvia, e usando seu poder de telecinese, consegue me controlar e movimentar com violência pro chão. Tudo muito rápido.

   Filha da put@ desgraçada, perco força pelo impacto que tive com terra, e escuto som do motor do carro. Não posso deixar ela escapar. Desperto todo meu poder, me levantando somente com a força dele, todo meu corpo fica roxo misturado com azul, a pura energia….Levanto vôo mais uma vez e acompanho o carro que já está de saída na chácara, e sem sair do lugar, lanço raio com maior capacidade de poder, não jogo no carro para não explodir, mas ao lado dele, que capota na hora.

    Me dirijo até a Joyce rapidamente antes que ela saia do carro. Pouso no chão já abaixando a energia do meu poder ficando somente com as mãos iluminadas por ela. Eu abro a porta e puxo o corpo da vadia.

— Eles estão vindo… E terei minha irmã de volta… Mas antes — O carro flutua e é jogado contra mim, mas desvio me jogando pro lado. Esqueci de prender as mãos dela. Ela não consegue lutar corpo a corpo, preciso puxar pra perto.

     Ela se levanta com certa dificuldade, e eu a mesma coisa, ela ainda está machucada pelo acidente. Eu lanço o raio nas costas dela, fazendo a cair de vez na pequena estrada de barro.

     Fico de pé, cansada por essa pequena luta contra Joyce, que por sinal, deu muito trabalho. Lucas faz falta numa hora dessas, ele está em algum lugar com Expec… Falando neles.

— Amor, o que rolou aqui? — Lucas e o Expectro aparecem num portal todo esverdeado formado pelo próprio amigo verde

— A Joyce, ela matou o Thomas, e achou o Artefato — Num piscar de olhos, Lucas prendeu as mãos de Joyce antes que ela fizesse alguma coisa, ele ficou muito poderoso com a sua velocidade. Ele a encosta no carro capotado com uma certa firmeza, sem usar a força. Lucas é um homem diferente hoje em dia, fisicamente falando melhorou muito, o seu estilo usando essa jaqueta de couro marrom e cabelo bem cortado, é de se chamar atenção.

— Pra quem vai levar o Artefato hein? — Lucas se exalta, e o Expectro permanece calado somente olhando.

— Eles me prometeram, me disseram que terei um mundo onde…. Minha irmã estará viva, e o Thomas pediu para morrer, porque assim como eu ele quer ficar com a sua filha e fiz um favor para ele — Lucas fica mais agitado e olha para o Expectro, que continua com sua expressão séria e preocupada. Joyce está fraca ainda com o raio que lancei nela, então ela fala mas com pouca força em sua voz.

— Quem prometeu Joyce? — O silêncio foi o novo companheiro naquele momento, Lucas segura pela gola da camisa da Joyce esperando a resposta.

— Em meus sonhos, a Gabriela… me disse…

— As coisas estão ficando sérias Lucas,  precisamos ir logo... Ste, você tá bem? — Expectro fala e lança sua atenção em minha pessoa, demostrando uma preocupação genuína.

       No momento o meu corpo foi perdendo as forças. Uma forte dor na minha cabeça me fez cair de joelhos no chão. Escuto a voz do Lucas falando comigo e o Expectro também mas não consigo entender nada… Eu apago… E abro os meus olhos em um lugar completamente branco.

     Onde estou?? Que lugar é esse?

— Expectro? Lucas?! Cadê vocês, onde eu estou — O espaço é todo branco, e bem sutilmente uma fumaça preta se cria no meio dessa sala toda. E várias dela se formam na minha frente.

     Até que um ser com toda gosma branca aparece bem na minha frente. Enorme, a criatura sem rosto e toda abstrata se arrasta devagar em minha direção se contorcendo toda, ela vai se criando uma imagem, uma forma de um homem. A pele dessa grande criatura estoura, mais uma vez e numa outra o rosto explode, aparecendo assim um homem todo sujo de gosma usando um terno branco.

       As fumaças pretas que estão pouco à minha frente criam uma imagem de pessoas. De repente muitas são jogadas nesse espaço branco enquanto o homem me olha com sorriso sarcástico no rosto.

    Todas são mulheres, e a parte do teto começa a criar cores vermelhas, como se fosse um sangue. Eu noto que todas as mulheres tem mesma aparência que eu…

— Bem vindo ao Palácio Branco, a criação de todo Multiverso. — Ele anuncia sua voz para mim. Ela é tem uma aura tão vazia e lenta, escondendo uma escuridão jamais ouvida ou sentida.

— Quem é você? — Uma insegurança faz as minhas pernas tremerem. Nunca estive em um lugar assim antes.

— Eu sou Salaniel… — Os corpos estão caídos no chão, todas sem vida. E o silêncio ganha destaque no momento, e ele começa a andar lentamente pelo Palácio.

— Aqui é a criação do Multiverso? O que isso quer dizer? Que corpos são esses… Eu… Estou morta?— Ele dar risada com a minha pergunta, colocando seus pés em cima de um dos corpos.

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