Dessa vez, passar por aquelas pessoas foi algo um pouco mais complicado de se fazer e Yoongi precisou atropelar alguns corpos na pressa, mas os xingamentos ficaram para trás e eram irrelevantes à medida que o vulto se tornava uma pessoa e essa pessoa não desaparecia diante de seus olhos.

- Jimin? - Yoongi chamou um pouco rouco enquanto tocava nos braços do garoto ainda de costas pra ele.

Jimin virou na direção do toque, arregalando os olhos ao reconhecer o garoto dos seus sonhos.

- Yoongi?

- Jimin. - Yoongi não sabia se sorria, mal sabia o que fazer com a mão que ainda tocava ombros tão pequenos e delicados.

Jimin olhou ao redor e puxou Yoongi pelas mangas da sua jaqueta, os olhos aflitos rondando o lugar habilmente. Yoongi só foi solto quando as vozes do galpão não passavam de ruídos e tudo que ele podia ouvir agora eram ratos na lixeira próxima comendo restos de comida na viela onde estavam.

- Jimin, espera. - Yoongi parou de andar, não dando outra opção à Jimin a não ser fazer o mesmo.

- Você tá vivo. - Jimin disse surpreso enquanto andava pra lá e pra cá, nervoso. As mãos trêmulas puxando o cabelo para trás, para cair diante dos seus olhos em cascata logo em seguida.

Yoongi achou dificuldade em piscar, ele queria olhar para Jimin até o dia em que morresse.

Aquele garoto era tão lindo que ele mal se lembrava de respirar toda vez que encarava aqueles lábios cheios, vermelhos e apreensivos.

- Como? - Yoongi ouviu Jimin dizer, saindo parcialmente de seu transe.

- O que quer dizer com isso? - ele perguntou tentando se aproximar, mas Jimin deu passos para trás, assustado com a ideia.

- Quem é você ? - ele perguntou com a voz trêmula.

- O que quer dizer? Jimin, eu não entendo.

Jimin negou com a cabeça, a boca mexendo com frases inaudíveis.

Yoongi poderia muito bem voltar para a festa  e esquecer tudo aquilo, mas ao invés disso se aproximou e tocou o queixo de Jimin, o levantando para que eles pudessem se encarar.

- Vamos para algum lugar longe daqui? Nós conversamos. Talvez possamos entender tudo isso se conversarmos.

Jimin suspirou trêmulo, ele estava assustado, mas não havia nada que Yoongi pudesse fazer no momento para aliviar a tensão do menor.

- Confia em mim. - ele resolveu dizer, por falta de algo melhor.

Jimin olhou dentro dos olhos de Yoongi e provavelmente viu algo ali que valesse a pena arriscar, porque ele balançou positivamente a cabeça para o maior.

O resto foi um borrão para Jimin. Yoongi pediu para ele esperar e depois de um tempo, que ele não saberia dizer quanto, o maior apareceu numa moto e lhe entregou um capacete.

Jimin queria se sentir seguro, então disse que queria ir para um lugar de sua escolha, Yoongi não pareceu com medo ou assustado com isso. O que fazia Jimin pensar se o garoto fazia alguma ideia do que ele era e do perigo que ele representava para a raça do maior.

 Eles estavam dentro do farol abandonado agora. Jimin levava suas presas para lá, prometendo muito sexo e romance, ele precisava sobreviver de alguma forma afinal.

Yoongi entrou no porão com ele parecendo relaxado.

O lugar era pequeno, mas era limpo. Tinha uma cama de solteiro ao lado da imensa janela onde ficava o farol, um frigobar, uma banheira e uma pia de um banheiro sem paredes e uma cozinha antiga, mas funcionando. Não era muito, mas era tudo que ele precisava por três dias.

Era o tempo que suas vítimas duravam se ele fosse paciente, até que morressem secas.

Jimin odiava o que era, mas tinha medo de morrer, então ele sobrevivia da forma que podia.

- Você mora aqui? - Yoongi perguntou surpreso enquanto colocava o capacete no balcão da cozinha.

- Não gosta? - Jimin perguntou fugindo da pergunta.

Yoongi deu uma risada seca e curta, mas não insistiu.

Jimin estava assustado. Yoongi não parecia uma de suas presas, ele não era um humano porque apareceu para ele em seus sonhos como se realmente estivesse lá, mas definitivamente não era um elemental.

- Jimin o que está acontecendo ? - Yoongi perguntou.

Ele estava sentado na cama, Jimin não fazia ideia de como ele foi parar ali, de tão distraído que estava com seus pensamentos.

- Eu posso viajar no limbo também. - Jimin disse um pouco tímido, se aproximando de Yoongi.

- Limbo?

Jimin concordou.

- Foi onde eu te encontrei.

Yoongi enrugou a testa.

- Onde me encontrou? O lago negro ? Aquilo é real?

Foi a vez de Jimin enrugar a testa.

- Você não sabe de nada, não é?

Yoongi negou com a cabeça, rindo um pouco sem graça para Jimin.

Jimin era tão lindo, ele sentia esse sentimento esmagador pelo garoto, então era difícil se concentrar.

- Eu preciso daquilo. - Jimin disse tímido. - Preciso daquilo para sobreviver.

- Daquilo o que Jimin?

Jimin deu de ombros.

- Da sua vitalidade?

- Minha o que ?

- Da sua alma ou seja lá o que isso for.

Yoongi negou com a cabeça. Era óbvio que ele não acreditava.

- Jimin, eu…

- Eu só posso me alimentar de humanos, mas quando estou forte o suficiente, eu consigo caçar no limbo. Pelo menos lá, as pessoas já estão praticamente mortas, é melhor não é ?! Eu não sou um assassino, eu não quero ser.

Yoongi assistiu Jimin juntar suas pernas encolhidas, a cabeça caiu sobre os joelhos enquanto suas lágrimas escorriam por aquele rosto perfeito, o manchando de tristeza e deixando Yoongi sem chão.

- Eih! Está tudo bem, eu estou aqui. - Yoongi puxou o pequeno para seu colo e o abraçou.

Ele parecia uma boneca de pano de tão leve e solicita.

Jimin sentiu seu corpo vibrar com a sensação de ser abraçado, ele nunca foi abraçado antes. Os que sabiam o que ele era, não ousavam tocá-lo e os que não sabiam, só o queria para sexo.

- Você está protegido aqui, eu prometo. - Yoongi disse sem saber o porquê.

Jimin passou o nariz molhado pela curva do pescoço de Yoongi, vendo o corpo do maior retesar com o movimento, ele não era imune aos poderes de Jimin afinal.

O menor beijou o pescoço de Yoongi, sentindo o gosto salgados das próprias lágrimas na língua.

- Jimin.

Seu corpo colou contra o do maior e ele gemeu ao sentir a conexão que eles tinham. Jimin tentava beijar o maior, mas era impedido toda vez.

- Jimin. - Yoongi chamou bem mais alto agora, afastando o menor do seu colo e o colocando ao seu lado na cama.

- Para de tentar me beijar.

Jimin cruzou os braços e fez um bico fofo, mas as sobrancelhas juntas deixava seus pensamentos confusos expostos.

Ele nunca foi rejeitado antes, a sensação era estranha.

- Achei que quisesse me beijar.

- Acredite. Eu quero, mas preciso entender as coisas antes. - Yoongi virou para o menor e segurou nas suas mãos. - Por favor, me conta o que está acontecendo?

Jimin soltou o ar dos pulmões e concordou com a cabeça, achando incrível a forma que os anéis de pedras coloridas nos dedos de Yoongi formavam desenhos coloridos na parede de madeira velha toda vez que a luz forte do holofote do farol entrava pela janela embassada de sujeira.

- Existem pessoas diferentes no mundo, pessoas não humanas, geneticamente diferentes, por frações. Nós nos mantemos escondidos aos olhos comuns, para evitarmos dizimação de raças. É uma política restrita e complexa demais, eu não entendo, só sei que preciso me esconder.

- Se esconder de quem?

- De todos, qualquer um que queira nos espetar com agulhas para saber se podemos curar o câncer ou algum outro bem maior do tipo.

Yoongi enrugou a testa.

Se ele acreditava naquilo? Não sabia dizer, mas não significava que não queria escutar.

- Você é assim? Diferente?

Jimin deu de ombros.

- Eu sou a única espécie que é permitido matar, tanto pela lei humana como pelas dos elementais.

Yoongi arregalou os olhos, tentando se manter calmo, aquilo parecia delírios de um lunático.

- Elementais?

- É como vocês nos chamam.

- Nós?

- Humanos. - Jimin esclareceu.

- O que você tem de diferente?

- Já disse, eu me alimento de alma, alma humana.

Yoongi riu, ele não podia evitar.

- Eu… desculpa.

- É difícil acreditar eu sei, por isso conseguimos nos manter escondidos tão facilmente.

- Jimin, eu preciso ir. - Yoongi queria se levantar e sair dali, o garoto tinha problemas obviamente e ele não queria entrar numa roubada daquelas.

- Deixa eu te mostrar? - Jimin perguntou apavorado quando Yoongi levantou da cama.

Ele não sabia o porquê, mas queria que o maior acreditasse nele.

- Por que ? - Yoongi perguntou, mas voltou a sentar na cama.

- Eu posso te matar.

- Jimin, isso é ridículo.

- Só… - Jimin sentou no colo dele novamente e colou sua boca nas de Yoongi.

Yoongi queria se afastar, mas uma enorme onda de prazer o tomou e fez com que nada mais fosse importante.

Ele tirou a jaqueta as pressas e agarrou a bunda de Jimin com ambas as mãos. Seu gemido era gutural e necessitado. Ele queria Jimin, ele queria Jimin agora.

Mas que merda ?!

Yoongi levantou com Jimin no colo e o empurrou na parede lateral, ouvindo um baque seco que o menor não reclamou. Suas bocas não desconectaram por nenhum segundo, mas as reboladas delicadas que Jimin dava toda vez que encostava a bunda na sua semi ereção era alucinante.

Yoongi caiu de joelhos, deitando Jimin no chão de madeira, sua boca finalmente se afastou do menor, para logo voltar a chupar seu pescoço.

As roupas em Jimin de repente o incomodava, então ele as arrancou, como se o lunático agora fosse ele, as suas também não foram difíceis de seguir o mesmo destino.

Beijar Jimin já não era mais o suficiente, aquilo não era natural, qualquer um era capaz de sentir, mas Yoongi simplesmente não se importava.

Ele passou a língua pelos mamilos de Jimin, chupou seu umbigo e lambeu o suor do abdômen trincado do menor, mas o que ele realmente se perdeu em fazer foi testar os gemidos finos do menor conforme chupava seu pau derramando pré gozo e deixando Yoongi ainda mais alucinado com seu gosto.

Jimin gemia tão alto e gostoso, que a forma em que ele mamava o mais novo não parecia mais justa ou era só uma desculpa, mas ele queria foder o menor e não estava em condições de esperar mais tempo.

Yoongi se xingou, não tinha camisinha. Ele olhou ao redor aflito e sem paciência.

- Camisinha. - Yoongi pediu com dificuldade para Jimin que demorou entender.

O menor apontou para a mesa de centro perto deles.

Era estranho ter camisinhas num pote de doces no centro da mesa? Era, mas Yoongi não estava prestando atenção.

Ele colocou a camisinha com dificuldade, pois suas mãos tremiam, com o excesso de adrenalina provavelmente. Quando finalmente conseguiu, ele virou Jimin de costas sem cerimônia, ouvindo o menor gemer de dor quando bateu o quadril com violência no chão de taco.

Suas mãos abriram a bunda de Jimin e ele cuspiu na entrada do menor, lambendo os lábios enquanto assistia sua saliva escorrer pelas bolas de Jimin.

Yoongi puxou as coxas do menor para cima. Jimin empinou um pouco mais para o mais velho ter fácil acesso a ele.

Ele queria ter feito muito mais preliminares, Yoongi normalmente era calmo e paciente durante o sexo, mas não com Jimin.

Jimin era o anjinho dos seus sonhos, tê-lo gemendo enquanto empina a bunda na direção do seu pau é tão bom quanto qualquer outro milagre que ele pudesse presenciar, então ele posicionou a glande na entrada do menor e forçou sua entrada.

- Hyung, eu não tô pronto. - Jimin choramingou tentando se afastar.

- Se essa porra pode me matar, preciso ir com estilo anjo. - Yoongi forçou um pouco mais, gemendo baixo ao sentir Jimin expulsá-lo de dentro dele de tão apertado.

Ele segurou o menor pela cintura e enfiou com força e de uma vez, fazendo o menor gritar com dor.

Era para ele esperar Jimin se acostumar, mas ele não conseguiu se conter, se movimentando dentro do menor que era apertado e quente, como ninguém era.

Jimin sentiu as lágrimas correrem por seus olhos, mas não era pela dor. Sentir Yoongi dentro dele era tão bom, ele odiava ser o que era, porque queria saber o que era ter isso pra sempre, sem se preocupar com o que acontece a seguir.

Sexo para ele se tornou sinônimo de morte e ele aprendeu a odiar cada segundo de tudo, mas agora com Yoongi surrando sua próstata enquanto batia na sua bunda vez ou outra, ele não podia deixar de apreciar o quanto aquilo era bom.

Jimin gemeu tão gostoso que Yoongi não resistiu em provocá-lo mais, se inclinando para masturba-lo na mesma velocidade em que entrava e saía de dentro dele.

Era tão bom, que ele mal notou quando Jimin o apertou ainda mais a medida que gozava em suas mãos.

Yoongi se sentiu um pouco tonto, voltando à posição anterior.

Ele sentiu uma das mãos de Jimin no seu antebraço, unhas afiadas fincaram sua pele.

Yoongi gozou tanto, que ele pensou que definitivamente morreria depois disso e a culpa tecnicamente era de Jimin, então talvez o menor estivesse certo. Sexo com ele poderia realmente matar.

Ele olhou para frente, se encarando num espelho perto da porta. Yoongi olhou para Jimin através do reflexo, o menor o encarava, seus olhos eram negros e seu sorriso assustador.

Yoongi saiu de dentro de menor e caiu no chão, impossibilitado de se mexer.

- Os cientistas que me fizeram de rato antes do meu irmão me salvar, me disseram que eu tenho uma toxina paralisante na saliva e na minha porra. Como se eu fosse um predador ou algo assim.

 Jimin sentou no colo de Yoongi, misturando suas porras que agora escorriam do menor.

- Eu não posso me controlar, eu sinto muito. - Jimin disse com seus olhos vacilando entre o negro completo e o normal de antes.

Jimin se aproximou de Yoongi e sugou o ar muito próximo de sua boca.

Yoongi não conseguia falar, mas mesmo que conseguisse ele não saberia o que dizer, era tudo muito estranho.

Foi bem pouco tempo depois que ele começou a se sentir vazio, como se estivesse morrendo. Ele queria gritar, mas não tinha voz, seus olhos deveriam estar fechados, mas Jimin ficava tão lindo todo selvagem daquela forma, ele não conseguia parar de encarar. Sim! Era assustador, mas existe beleza até mesmo na morte.

Seus olhos perderam a visão mesmo contra sua vontade.

Ele estava no lago negro mais uma vez. Jimin chamou aquele lugar de limbo?!

Yoongi olhou ao redor, não havia nada ali, como poderia haver? Era pior que a escuridão, pior do que um lago assustador, era pior porque era nada.

Um completo vazio.

Pior do que viver num pesadelo é viver na ausência dele.

Yoongi só queria voltar a sentir algo, nem que fosse dor, porque a ausência de tudo era desoladora, era como deixar de existir, mas esquecer de desligar a mente antes. E então você fica lá, assistindo tudo se esvair numa velocidade torturante.

Yoongi ouviu a voz de Jimin ao longe, não. Não a voz. Jimin estava chorando.

Uma luz se acendeu no lodo escuro. Era difícil nadar até ela, era pegajoso, o lugar não queria que ele fosse até a luz, o lugar queria lhe prender ali.

Yoongi lutou mais forte, nadou com mais força, mas nada o fazia se mover.

Ele parecia afundar em areia movediça.

Então ele gritou de desespero e raiva, não era sua intenção, mas algo se desprendeu dele, então ele gritou de novo.

Seu corpo ficou leve, solto. Algo o levou na direção da luz, mas a luz era muito forte agora e ele precisou fechar os olhos para não se cegar.  

- Jimin, não chora. - Ele disse com dificuldade assim que abriu os olhos.

Jimin sugou o ar assustado, levantando a cabeça das mãozinhas trêmulas.

- Você tá vivo? - Jimin perguntou apavorado.

Yoongi sentou com dificuldade no chão, olhando ao redor enquanto tentava se situar. - Água. - ele disse com dificuldade, a escuridão tentando agarrá-lo novamente.

Jimin correu para cozinha e encheu um copo com água da torneira.

Yoongi tomou com dificuldade e respirou aliviado.

- Mais. - ele pediu ainda rouco.

Jimin deu risadinhas infantis e correu até a cozinha enchendo mais um pouco.

A sala estava uma bagunça. Tinha muito sangue no seu corpo e no chão.

- Isso tudo é meu ? - Yoongi perguntou perturbado.

Jimin concordou tímido.  

- É a toxina. Ela causa hemorragia, depois de paralisar.

- Mas você disse que só se alimenta de humanos, mas eu tô vivo.

- Você é definitivamente humano, mas é de alguma forma resistente a mim.

Yoongi vacilou com o copo nas mãos e água caiu no seu peito.

Jimin virou o rosto curioso, se aproximando mais um pouco, depois correu na geladeira, pegou uma jarra de água e voltou na sala, jogando tudo no rosto do Yoongi.

- Que porra? - Yoongi reclamou tentando limpar o rosto, mas então notou o que Jimin estava tentando ver.

Os rasgos que a unha de Jimin provocou no seu antebraço se fechava aos poucos conforme caia água no lugar.

“ Você se sente melhor depois do banho? Especificamente depois do banho?” - ele lembra de Namjoon perguntando.

- Eu preciso descobrir quem eu sou. - Ele resmungou confuso. - Você está bem? - ele perguntou analisando Jimin pela primeira vez.

- Pela primeiro vez em anos eu não sinto urgência em me alimentar. - Jimin disse ficando com as bochechas vermelhas.

- Feliz em ajudar. - Yoongi disse meio irritado, mas não com a situação, mas porque não entendia nada do que estava acontecendo e ele odiava isso.

- Jimin, eu vou te ajudar a limpar tudo isso aqui. - Yoongi disse jogando de lado a camisinha presa no seu pênis. - A gente toma um banho e eu te levo pra casa, pode ser?

- Você está me rejeitando? - Jimin perguntou baixinho.

- Que? Não pequeno, mas eu preciso descobrir mais sobre o que acabou de acontecer.

Yoongi viu Jimin fazer um biquinho fofo, então ele se levantou, se aproximando para colocar o menor nos seus braços.

- Desculpa. Eu imagino que isso deve ser confuso para você também.

- Eu tentei te matar. - Jimin disse choroso.

- Não foi sua culpa. - Yoongi disse beijando os cabelos suados do menor. - Eu morreria feliz de qualquer forma.

- Feliz? - Jimin ficou ainda mais confuso.

- Sim. Você tem a bunda mais gostosa do universo. - Yoongi levou alguns tapas do menor, que parecia um poço de vergonha agora.

Ele queria rir divertido com tudo aquilo, mas ele realmente sentia que seu mundo tinha explodido e ele não estava no clima.

Assim que o menor se acalmou, Yoongi pôde ajudá-lo a limpar tudo.

- Como você fugiu dos cientistas que te mantinham preso? - Yoongi perguntou baseado no que tinha ouvido antes de cair no tal do limbo.

- Eu não podia usar meus poderes lá. - Jimin deu de ombros, tentando disfarçar o terror que sentia com o assunto enquanto lavava o rosto.

- E você simplesmente obedecia? - Yoongi perguntou incrédulo, ajudando a passar sabão naquele corpo esculpido por anjos perfeccionistas.

- Eu não tinha opção. Eles usavam colares que de alguma forma nos mantinha fracos.

- Colares? - Yoongi juntou as sobrancelhas. - Do tipo de metal que emite um som estranho?

- Você já viu um? - Jimin perguntou assustado, mas Yoongi não respondeu.

Yoongi se despediu de Jimin e foi embora, já que Jimin se negou a ser levado para casa.

Para ser bem honesto, Yoongi teve a melhor transa da sua vida e ainda nem acreditava que havia encontrado o Jimin dos seus sonhos, mas nada disso era maior do que o fato de que Jimin era um ser sobrenatural assustador e ele presenciou uma cena mórbida e ainda saiu vivo disso.

Precisava de respostas, mas dessa vez não se sentia tão louco, apesar da impossibilidade da situação, agora tudo parecia mais real, mais palpável.

Yoongi agora tinha o número de celular de Jimin, que ele salvou como anjo, já que Jimin aparentemente se escondia de caçadores de elementais ou alguma merda assim. Ele não entendeu muito bem, mas Jimin era realmente assustador, ele sentia essa atração inexplicável pelo menor, mas ao mesmo tempo tinha medo, muito medo dele e se pegou várias vezes pensando se Jimin não devia estar atrás das grades, afinal ele matava pessoas para sobreviver, ele não queria o mal do menor, mas se aquilo fosse uma história contada nos livros, Jimin estaria na categoria de vilão sem sombra de dúvidas.

“Me encontre no terraço”

Foi a mensagem que Yoongi mandou para Jungkook quando invadiu o prédio do mais novo sem nenhuma segurança.

Jungkook entrou um pouco assustado no terraço, olhando para todos os lados enquanto tentava ser discreto.

- Veio pedir desculpas por me abandonar na festa que eu te convidei para ir ontem ? - Jungkook riu sem graça, deixando seus dentinhos de coelho em destaque.

- Vim te perguntar o que é a porra de um elemental.

Jungkook perdeu o sorriso de imediato, seus olhos pareciam imensas bolas de gude e sua voz se recusava sair, mesmo que fosse para simplesmente gritar.

- Como... você...como?

- Seu colar. Ouvi sobre laboratório que fazem experiências em seres geneticamente modificados ou algo assim. O colar era um denominador comum.

Jungkook concordou em silêncio, se aproximando para sentar na mureta de concreto.

- O que quer saber? - Jungkook perguntou sem olhar para o mais velho.

- Sei lá. Saber que  merda tá acontecendo seria bom.

Jungkook riu seco, mas parecia pensativo.

- Somos diferentes dos humanos. Existe essa guerra não tão silenciosa acontecendo no submundo, os humanos odeiam sentir a liderança no topo da cadeia alimentar ameaçada, mas somos muitos e somos fortes.

- Mas não o suficiente.

- Não queremos guerras, somos um povo pacífico.

- E subjugado por humanos? Cara, isso é ridículo.

Jungkook olhou sério para Yoongi.

- Se não acredita, então por que as perguntas?

Yoongi não sabia o que dizer. Talvez bem lá no fundo ele já soubesse que era tudo verdade, mas assumir que  acreditava era algo completamente diferente, diferente porque ele teria que aceitar o inaceitável. De que era na verdade um alienado como todo mundo, mesmo se sentindo diferente da maioria.

- Eu sou um de vocês? - Yoongi finalmente perguntou.

- Não.

- Como tem certeza?

- A Sra. Kim não adotaria um de nós, ela já tem todos que ela quer numa coleira. Sem contar que ninguém com o nome Min é um elemental.

- O que sabe sobre isso?

Jungkook deu de ombros.

- Não muito. Só sei que a família Min é uma das fundadoras dos Carrascos. São uma espécie de Milícia que controla o quanto do nosso mundo é exposto para civis comuns.

- Nome bonito.

- Eles são bem piores do que o nome faz parecer. Acredite.

Yoongi concordou sem saber com o que exatamente concordava.

- Mas se minha família é toda importante, porque fui jogado num orfanato?

- Isso você teria que perguntar a eles.

Os dois olharam para baixo, pensando em coisas completamente diferentes.

Jungkook olhava vez ou outra para Yoongi, parecia não saber se confiava ou não no mais velho.

Yoongi só ficou parado, quieto, esperando o mais novo se decidir.

- Eu tenho uma teoria no entanto.  - ele resolveu dizer.

- Sou todo ouvidos.

- Se alguém fizesse algo muito errado ou completamente proibido e quisesse esconder o erro, um orfanato seria um lugar onde ninguém faz perguntas.

- Onde quer chegar?

- Você pode ser um Min rejeitado ou alguém que queira que as pessoas pensem que você veio de uma família importante, assim as perguntas seriam mais sutis.

- Não parece uma boa teoria. - Yoongi disse confuso.

- É o que eu tenho.

- Por que acha que sou algo proibido? - Yoongi perguntou rindo da carranca de Jungkook.

- Porque você cheira como um humano, mas não me parece um.

- E você é o que ? Um elemental farejador por um acaso?

- Idiota. - Jungkook riu sem conseguir se segurar.

- Olha. Eu conheço a Sra. Kim há um tempo. Não acho que ela te adotou só para fazer bonito perante a imprensa depois do último desastre nas indústrias Kim.Co.

- Acha que ela queria um filho para dar amor e carinho ?

- Ela vai te usar de alguma forma ou está só curiosa.

- Nossa cara, muito obrigado. Vou dormir feito um bebê hoje.

Jungkook gargalhou divertido, fazendo ruguinhas aparecerem no canto dos seus olhos.

- Eu acho que sou um elemental ou algo assim. - Yoongi disse de repente, cessando a graça de tudo.

- Não, você  não é. - Jungkook respondeu seco.

- Como sabe?

- Meu beijo, foi um teste.

Yoongi olhou incrédulo para Jungkook que voltava a rir da cara de espanto do mais velho.

- Achei que gostava de mim. - Ele colocou a mão no peito fingindo sentir dor.

- Eu gosto, mas precisava saber.

- Isso é estranho. - Yoongi murmurou confuso.

- Eu confiar em um humano?

- Não. Eu poder me curar em contato com a água, mesmo sendo humano.

- Você o que ? - Jungkook gritou, quase caindo do parapeito do prédio, mas Yoongi o segurou a tempo.

Foi difícil convencer Jungkook toda a história de Yoongi, principalmente porque até onde Jungkook tinha de experiência, ele nunca ouviu falar sobre alguém capaz de viajar através do limbo.

Yoongi no entanto aprendeu muita coisa.

Aprendeu que nem tudo é o que parece, que para saber mais sobre ele, precisaria saber sobre seu passado, que a Sra. Kim era a vilã naquela história toda e que sua adoção era um mistério confuso, mas o que ele mais se interessou nisso tudo, foi o fato de que Jimin era aparentemente o que a mitologia antiga chamava de Íncubo. Seres que se alimentam de sexo.

Na mitologia é conhecido como um demônio com aparência angelical que invade o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles para lhes roubar a energia vital.
Um Incubo se alimenta da energia sexual dos homens, a energia proveniente do prazer. Ele tende a ficar mais forte em épocas de transição de lua cheia, com isso ficando mais descontrolado e mais sedento e quando começa não consegue parar até a rotação lunar estar completa.

Yoongi não sabia se acreditava nisso, mas sinceramente não tinha porque duvidar.

Ele não sabia se confiava em Jungkook, mas acabou contando tudo sobre Jimin, menos seu verdadeiro nome e até mesmo Jungkook teve medo ao pensar em um Íncubo andando livremente pela cidade. Isso porque Yoongi nem contou como Jimin usava a palavra nós, toda vez que ia falar da sua espécie, o que provavelmente significava que não estava sozinho.

Apesar de estar mais relaxado por poder confiar em alguém, ele precisava de mais respostas e Jungkook não sabia de muita coisa.

- Tem algo que você pode tentar. - Jungkook disse mordendo os lábios inseguro.

Aparentemente essa era a vez dele de confiar no mais velho.

- Mas é perigoso.

- Eu faço o que for preciso.

Jungkook analisou Yoongi e depois deu de ombros.

- Existe uma biblioteca escondida, onde é guardado tudo que você pode imaginar sobre nossa origem.

- Uma biblioteca. - Yoongi disse desacreditado.

- Você pode tentar a internet, mas só vai trombar com fanfics e livros do tipo crepúsculo.

Yoongi mexeu impaciente com as mãos.

- Me fala da biblioteca.

- Eu posso te dar o endereço e um mapa de onde ela fica, mas o resto é com você.

- Você não vai comigo? - Yoongi mexeu os pés incomodado.

- Nossa amizade vai até aqui irmão. - Jungkook disse entregando um desenho garranchado numa folha velha, como se ele já tivesse dobrado e desdobrado aquele papel um milhão de vezes.

- Quer que eu procure algo para você? - Yoongi perguntou olhando o papel quase desmanchando.

Jungkook se mexeu ansioso, abriu e fechou as mãos, realmente pensando sobre o assunto, mas depois simplesmente negou com a cabeça, rápido demais.

- Ok então. Te devo uma.

- Ah! Mais uma coisa. - Jungkook começou, interrompendo os passos apressados de Yoongi. - Não use seu celular para essas merdas.

- Deixa eu adivinhar. Eles estão ouvindo tudo? - Yoongi disse conspiratório, rindo do medo de Jungkook, mas o mais novo não parecia achar a mesma graça.

Era quase meio dia quando Yoongi entrou na igreja.

Não havia ninguém por perto, mas o lugar ainda o assustava.

Ele viu a porta lateral por onde ele deveria passar, mas suas pernas estavam bambas e seu coração batia acelerado.

Yoongi se pegou pensando se era realmente possível tantas espécies inumanas escondidas a plena vista. Ele não entendia como tudo isso poderia ser real, porém ele viu com os próprios olhos o poder de um Súcubos, fazia sentido ficar mais propenso a acreditar em toda aquela merda.

Jimin pode muito bem ter drogado ele também, nunca se sabe. Certa vez, ele ouviu falar de uma droga que te fazia ver dragões.

Yoongi puxou o ar para os pulmões e foi até a porta lateral, girando a maçaneta de ferro maciço.

Seus passos eram lentos e incertos, mas sua agilidade de se esconder em batentes a cada mínimo barulho era impressionante.

Quando ele finalmente percebeu que havia chegado na tal porta a decepção de encontrá-la trancada o fez querer chorar.

Ele tentou abrir mais uma vez. Nada.

Sua boca estava seca e ele pensou se deveria chorar agachado no canto e implorar por um milagre ou só ir embora.

- Eu estava procurando por você. - Uma voz disse atrás dele o fazendo pular.

- Se eu soubesse que viria até mim, não teria sacrificado tanto.

Yoongi se virou encarando um garoto lindo, vestido com uma roupa espalhafatosa, o rosto angelical, mas os olhos perspicazes.

- Quem é você? - Yoongi teve a audácia de perguntar, como se não tivesse invadindo o local.

- Kim Seokjin, mas pode me chamar de Jin.

- Kim? - Yoongi perguntou assustado.

- Não esse tipo de Kim, eu prometo.

Yoongi pegou na mão estendida de Jin para cumprimentá-lo.  

- Min Yoongi.

- Min? - Jin perguntou levantando uma das. Sobrancelhas.

- Aparentemente não esse tipo de Min.

Jin riu escandaloso.

- Gosto de você. Vem, vou te fazer biscoitos.

Yoongi olhou com tristeza para a porta trancada à sua frente.

- Teremos tempo para isso mais tarde. - Jin começou a andar e Yoongi simplesmente o acompanhou, afinal não é como se ele tivesse outra opção.