That bitter taste
Hoseok encarava a professora há meia hora e nada do que saía da boca daquela mulher fazia o menor sentido.
Seus olhos estavam avermelhados e secos, mas simplesmente não conseguia piscar ou pensar em qualquer outra coisa senão um par de olhos acinzentados brilhantes o encarando.
Tinha dias desde a fatídica tarde em que ele viu Taehyung com um homem morto em seus braços. Tudo naquela situação era confusa. Entrar na vida de Yoongi nos últimos meses, era como atravessar um guarda roupa e cair direto em Nárnia, só que nesse caso uma Nárnia bem mais assustadora, como se tivesse sido criada em 1975 por algum diretor com paixão pelas obras de Mary Shelley.
- Vai jogar hoje ? - E’Dawn perguntou, fazendo Hoseok perceber que não estava sozinho pela primeira vez, mesmo que já estivessem no final do segundo período.
- Hoje eu não posso, desculpa. - ele não tinha nenhuma intenção de jogar basquete naquele dia ou qualquer outro, sua cabeça estava sempre em outro lugar ultimamente.
- Cara, você tá bem? Parece um pouco distraído. - Hoseok balançou a cabeça, tirando os cotovelos apoiados na mesa e arrumando sua postura na cadeira desconfortável.
- Eu esqueci minha caneta. Quem vem para aula sem uma caneta ? O que eu esperava fazer aqui, aprender através de osmose?
- Ham…Se o problema era uma caneta, por que não pediu emprestado uma? - O amigo perguntou realmente confuso com a conversa.
Hoseok fechou o caderno, ao perceber que todos saíram da sala e só sobrou ele e E'Dawn.
- JHope. Sério, estou preocupado.
- Eu estou bem. Só um pouco distraído.
- Tem haver com a adoção do Yoongi, né ?! Vocês praticamente cresceram juntos.
Hoseok concordou distraído.
- Sim. O Yoongi tem definitivamente toda culpa.
Ele saiu da sala devagar, tentando ouvir o que E'Dawn estava falando, mas o assunto todo parecia genérico, tornando bem fácil dele simplesmente ignorar.
- Wow. Esse cara sabe em que bairro ele está?
Hoseok voltou a prestar atenção no amigo, olhando para o estacionamento de frente para a entrada principal da escola.
- Sim. Ele definitivamente sabe onde está. - Hoseok resmungou irritado.
Ele estava lutando entre sair andando sem dizer nada ou ir até Taehyung e gritar para ele nunca mais aparecer ali.
O mais novo estava encostado numa lamborghini vermelha como se fosse o dono do mundo e na verdade, talvez fosse.
- O que faz aqui? - Ele perguntou quase rouco quando se aproximou.
Era possível sentir essa energia tóxica entre eles, quase perigosa e imprudente, como quando seu consciente te manda correr no primeiro sinal de risco e você não obedece.
- Vim te buscar. - Taehyung sorriu torto, olhando para Hoseok com um brilho dançante e tentador em sua íris.
- Vai embora Taehyung.
- Hobi. - Taehyung pegou uma mão do mais velho, o impedindo de sair andando. - Por favor, vem comigo.
- Pra que? Duvido que tenha uma desculpa para o que fez com aquele cara no quarto do Yoongi.
- Eu não tenho.
Hoseok riu seco, indignado com a audácia do mais novo.
- Então não sente muito por ter feito aquilo com um ser humano?
- Ele não era humano e não.
Hoseok se aproximou, se soltando do aperto de Taehyung com brutalidade desnecessária.
- Se não é para se defender, então por que está aqui?
- Quero te levar para jantar e depois para o meu apartamento.
Hoseok não sabia que Taehyung tinha um apartamento, ele não deu a entender em nenhum momento que não morava na mansão dos Kim’s com Yoongi.
- Eu nunca mais vou sair com você Taehyung.
Tae puxou Hoseok pela cintura, que não mostrou nenhuma resistência com o gesto.
- Mas então você não vai saber o que está perdendo. - Taehyung sussurrou em seu ouvido.
O restaurante era na verdade um carro de food truck da praça de Sakuras no centro. Era um lugar simples, o que deixou Hoseok feliz e confuso. Não conseguia imaginar Taehyung comendo lanches em carrinhos de rua, mas aparentemente o garoto sempre o impressionaria de alguma forma.
- Por que veio atrás de mim? - Hoseok perguntou dando uma enorme mordida no lanche que Taehyung colocou em sua mão.
- Eu senti sua falta e queria te ver. - Taehyung eu de ombros.
- Simples assim?
- Simples assim.
Hoseok se calou, comendo em silêncio sua comida e Taehyung não pareceu se incomodar em fazer o mesmo.
Não foi muito tempo depois disso que Taehyung levou Hoseok para o seu loft e o beijou com uma intensidade apocalíptica assim que atravessaram a porta da sala.
- Não sabia que morava sozinho.
- Eu não moro.
Hoseok enrugou a testa, confuso.
- Yoongi vai fazer algo que nos colocará em encrenca, então eu decidi comprar um loft no nome dele e vender algumas coisas pra ter dinheiro o suficiente para quando acontecer.
- Isso é ridículo. Yoongi nunca te colocaria em problemas.
Taehyung concordou com a cabeça, servindo gin e tônica para Hoseok que aceitou sem questionar.
- O líder da resistência quer o Yoongi, minha mãe quer o Yoongi e por mais que ele se faça de idiota, idiota ele não é. Seu melhor amigo está prestes a irritar muita gente Hobi. E olha que eu nem tô contando com o Jimin...
- E você tá do lado dele por que ?
- Porque ele não tá do lado de ninguém e não tem medo disso. Não sei se ele é muito burro ou muito corajoso. De qualquer forma, gosto disso.
Taehyung colocou uma música baixa e puxou Hoseok de forma delicada para fingir que estavam dançando enquanto ele beijava o pescoço do mais velho com lentidão e carinho.
Hoseok queria muito odiar o garoto de olhos cinzas, mas agora era particularmente uma missão impossível.
Taehyung desceu uma de suas mãos até a cintura do mais velho e a apertou.
- Toda vez que te toco, seu corpo treme todo em resposta.
Hoseok arrepiou com os toques do mais novo, quase que comprovando sua observação um tanto quanto vergonhosa. - O que você quer de mim Taehyung?
Tae riu nasalado, encostando seus lábios no pescoço do mais velho e deslizando devagar até sua orelha.
- Quero você inteiro.
Hoseok tremeu com os arrepios tentando se afastar daquele corpo quente e tentador, mas Taehyung não permitiu, o segurando pela cintura com ainda mais força que antes.
- Sua vida é muito confusa.
- Eu sinto muito por isso.
- Sente?
Taehyung soltou o ar pela boca com certa violência, finalmente se afastando.
- O que quer ouvir de mim Hobi? Minha mãe me ensinou a matar desde que eu era muito novo. Ela me dava animais de estimação como coelhos, hamsters, cachorros, gatos e depois de um ano eu precisava matá-los. Ela não queria que eu me apegasse a nada nem ninguém, então eu nunca me apeguei. - Taehyung deu de ombros, indo buscar uma bebida pra si mesmo antes de continuar. - Você e o Yoongi são diferentes de tudo que eu já vi, eu não sei porque, mas não quero mais viver assim, não quero mais fazer essas coisas sem sentido. Preciso de um propósito e algo me diz que Yoongi é o que eu procuro. Não sou totalmente sem sentimentos, só aprendi a escondê-los melhor do que ninguém.
- Isso é uma boa desculpa. - Hoseok praticamente se jogou no sofá, sentindo que sua cabeça ia explodir. - Você fala sério sobre isso de Yoongi estar em perigo?
Taehyung concordou em silêncio, bebendo num gole só, seja lá o que ele tenha colocado naquele copo.
- Minha mãe o encontrou e eu não acho que Yoongi deveria ter sido encontrado. Agora Seokjin está na cola dele e Jimin parece encantado com seu poder singular. Enfim, eu quero ajudar, mas matar é minha única qualidade, não sirvo pra mais nada.
Taehyung jogou os cabelos pra trás e encostou a cabeça no encosto do sofá, suspirando alto sem se importar em se abrir tanto pra alguém que ele mal conhecia.
- Isso não é verdade. - Hoseok sussurrou tocando na mão do mais novo e sorrindo pra ele.
Tae sabia que era por isso que tinha se encantado com o amigo de Yoongi desde o início. O garoto parecia a própria versão do sol, era como se felicidade líquida corresse por suas veias, era algo tão raro pra ele e ainda assim Hoseok parecia ter em certa abundância. Tanto que seu sorriso e olhar pareciam transbordar com aquele sentimento.
Felicidade.
Parecia tão intocável e ainda assim tão tentador.
Taehyung esticou sua mão para tocar nas bochechas avermelhadas do mais velho, quase com receio de se queimar com aquele brilho que só ele podia ver.
- Tão lindo. - ele sussurrou distraído fazendo Hoseok sorrir ainda mais largo.
…
Yoongi acordou assustado, suas mãos tremiam e ele podia sentir o cheiro do limbo nele, como se impregnado em cada célula do seu corpo exausto. Se tornou algo muito simples viajar do limbo para o mundo real, ele só precisava relaxar o corpo e limpar a mente. Era como se ao invés de pertencer à realidade, sua mente pertencia ao limbo. Na verdade se manter acordado tinha se mostrado um desafio nesses últimos dias.
Sua mente começou a registrar o motivo de ter acordado. Uma gritaria, provavelmente vinda da sala de estar principal, invadia seu quarto com presença significativa.
Yoongi lavou o rosto às pressas e atravessou o corredor a caminho do som alto de vozes discutindo.
Eram seus pais adotivos e Taehyung. Eles deviam ter acabado de voltar de viagem pelas roupas sofisticadas e as malas no canto da porta de entrada.
- Você é um irresponsável, não dá pra confiar em você.- A Sra. Kim olhou para o canto da sala, onde Namjoon estava parado com as mãos atrás das costas e uma expressão neutra. - Você é pago para vigiá-lo. Onde diabos você estava quando isso aconteceu?
- O que aconteceu? - A voz de Yoongi ainda estava rouca e baixa por causa do sono, mas todos viraram a cabeça na sua direção, o notando pela primeira vez.
Taehyung estava apoiando no encosto do sofá de um jeito relaxado, as mãos no bolso da calça larga, os cabelos ainda molhados e bagunçados. Seu sorriso sutil atingiu seus olhos ao olhar para Yoongi.
- Yoongi querido, não precisa se preocupar com nada, a discussão aqui é com meu filho. - A Sra. Kim disse enquanto encarava o Sr. Kim tentando incentivá-lo a entrar na discussão em algum momento.
- O que você fez? - Yoongi perguntou diretamente para Taehyung, ignorando o “Não é da sua conta” da Sra. Kim.
- Ele afundou um barco. - Namjoon respondeu, já que Taehyung parecia distraído com a presença do irmão adotivo.
Yoongi arregalou os olhos. Taehyung parecia tão relaxado, era engraçado o contraste do evento, ele mal parecia ciente ao fato de seus pais estarem gritando com ele.
- Como você…
- A festa saiu um pouco do controle. - Tae respondeu baixo e divertido.
- Você acha que isso tem graça? Aquele barco estava na família há três gerações. Onde você estava com a cabeça quando pegou ele da marinha sem permissão? - O Sr. Kim parecia bem mais focado ao dizer, mas ainda assim era explosivo.
Taehyung sorriu para o pai o deixando insanamente irritado, uma veia no meio da sua testa saltava visivelmente sob a pele.
O garoto estava enganando todos ali com sua visível indiferença, menos Yoongi que podia ver sua mão tremer levemente enquanto ele apertava com força a lateral do bolso da calça.
- Eu te deixei sozinho por, o que, umas quatro horas? - Yoongi se aproximou do irmão como se não tivesse mais ninguém com eles ali. - Como conseguiu afundar um barco nesse meio tempo?
- 12 horas. - Taehyung disse com a voz um pouco trêmula pela aproximação de Yoongi.
O mais velho encostou a mão nas trêmulas de Taehyung, mas pelo ângulo, só o Namjoon percebeu o gesto de carinho entre eles. - Você me deixou sozinho por 12 horas. - Taehyung completou.
- Você está bem?
Taehyung deu de ombros, sorrindo discretamente.
Yoongi prensou os lábios para não sorrir com a cara de “eu estava entediado, fazer o que?” que Taehyung costumava fazer com frequência.
- Me dê seus cartões de crédito. - Sra. Kim disse irritada com a presença de Yoongi, pegando a atenção do filho.
- O que? - Taehyung parecia desacreditado agora.
- Vamos, não tenho o dia todo.
- Pai?
- Dê os cartões para sua mãe Taehyung.
Taehyung desencostou do sofá abrindo a carteira e jogou os cartões na mesa de centro da sala.
- Kim Taehyung. - Sra. Kim gritou tentando chamar a atenção do filho que saiu da sala sem dizer nada.
Yoongi não notou a presença do Sr. e a Sra. Kim na casa depois disso, aparentemente eles só ficariam mais um dia e já viajariam mais uma vez.
Ele nunca teve uma família, então era fácil entender Taehyung, porque para o mais novo aquele tipo de relação com os pais era quase irrelevante.
O livro que Yoongi lia estava surpreendentemente entediante, suas mãos estavam rígidas e os olhos tinham dificuldades de se manter abertos, porém ele estava resistindo com força para se manter acordado, algo em viajar para o limbo o incomodava, como se ele não devesse e que em algum momento não conseguiria voltar. Não era natural e não parecia certo.
Taehyung abriu a porta do quarto fazendo Yoongi finalmente fechar o livro.
- Do que precisa? - Yoongi perguntou, já que Taehyung parecia com pressa.
- Seu cartão de crédito.
- Preciso saber pra que? - Yoongi levantou da cama pegando sua carteira no criado mudo.
- Prefiro que não me pergunte, mas se perguntar eu vou responder.
Eles se encararam por um tempo enquanto seguravam o cartão entre os dedos.
- Cuidado. - Yoongi disse, jogando a chave do carro na sua direção.
Taehyung pegou a chave no ar, olhando com curiosidade para Yoongi.
- Eles trancaram todos os seus carros.
Tae concordou com a cabeça e saiu do quarto com um sorriso peculiar no rosto.
- Sua situação aqui não é das melhoras. Ajudar Taehyung não vai te ajudar muito. - Namjoon disse da porta do quarto, olhando por onde Taehyung tinha passado sem vê-lo na lateral contrária do corredor.
- Você limpa corpos em nome dele, não acho que se livraria dessa também. - Yoongi tinha sua voz entediada e o livro nas mãos mais uma vez.
O silêncio que Namjoon fazia devia incomodá-lo, mas na verdade não fazia muita diferença para ele.
- Eu amo Taehyung. Qual é a sua desculpa?
Yoongi levantou os olhos do livro, mas Namjoon não estava mais na porta.
...
Yoongi queria muito acordar na sua cama agora, mas ele sabia que estava no limbo assim que sentiu o peso da água escura e assustadora em que vivia acordando.
Ele nadou até a superfície, se esforçando para subir na pequena ilhota no meio do nada, já que a sombra sorridente e horripilante não estava ali para ajudá-lo dessa vez.
- Me ajuda, por favor.
Yoongi olhou para imensa fila de almas lamuriantes, reconhecendo a alma que lhe implorava ajuda.
- Você é Park Lee.
O Incubus o encarou com suspeita.
- Viajantes não deviam saber nossa identidade. Certo?!
Yoongi queria dizer que conheceu o otário quando ele foi matar Jimin em seu quarto, mas não achou que seria uma sábia decisão depois de pensar bem pouco sobre o assunto.
- Sou novo no cargo. - ele disse fazendo menos sentido ainda.
- Não existem novos viajantes. Uma vez viajante, sempre viajante.
Yoongi balançou a cabeça em concordância.
- Você parece saber muito sobre o assunto.
- Me leva pra longe daqui e eu te conto tudo o que eu sei.
Yoongi encarou a fila de desesperados de um lado, depois o pequeno barco do outro.
Uma moeda caiu sobre seus pés e mesmo que ele não fizesse ideia do que fazer com aquilo ele a pegou, encarando a moeda desconhecida nas mãos.
- Você não sabe mesmo o que está fazendo? - O irmão de Jimin perguntou curioso.
Yoongi não respondeu, encarando o Incubus com o rosto inexpressivo.
Lee suspirou desanimado, mas sem muitas opções pra recorrer.
- Joga no rio.
Yoongi jogou a moeda de qualquer jeito no rio e o barco fez um barulho estranho, rangendo até se aproximar dos dois.
Yoongi estranhou que as lamúrias pararam, mas seu corpo praticamente foi sozinho até o barco, sendo seguido por Lee.
Yoongi não queria salvar a pele do Incubus, lembrando das marcas assustadoras de violência no corpo de Jimin, mas ele queria respostas e não parecia ter outra escolha que não arrancá-las de Lee.
Ele pegou quase que inconscientemente o remo ao seu lado, mas o barco se moveu sozinho de qualquer forma.
- Me conta o que sabe.
- Nunca vi um viajante sem memória antes. - Lee tinha os olhos negros, o que provavelmente significava que ele falava com o Incubus diretamente. Eram olhos cruéis e aterrorizantes, mas de alguma forma o menor não temia quase nada quando estava no limbo. Ele parecia em paz, como se ali de fato fosse o lugar onde realmente pertencia.
- Eu posso voltar se você não colaborar.
- Não precisamos ser tão extremos. Por que não me diz o que quer saber?
O Incubus sorriu maliciosamente, como se pudesse influenciar Yoongi, bufando irritado quando descobriu que não surtia muito efeito suas tentativas.
- Eu não sei muito na verdade. Viajantes nos levam onde precisamos estar e também podem abrir portais para onde quiserem. - Foi o que Lee resolveu dizer depois de um tempo.
- Portais?
- Com a mente. O corpo não viaja com vocês. O que na minha opinião é um ponto bem fraco.
- Então viajantes não são humanos. - Yoongi resmungou pensativo.
- Nem Elementais também. Ninguém sabe exatamente o que eles são, nada muito além do que eles fazem.
Yoongi sentiu a urgente necessidade de virar o barco em uma das correntezas laterais, o que o barco fez quase que imediatamente.
- Você já veio muitas vezes pra cá? Já me viu aqui antes?
- Sim e não. - Lee encarou a mudança de rota com suspeita, mas sorriu de um jeito malicioso assim que viu Yoongi o analisando.
Lee tinha um charme característico, mas nada comparado a Jimin, o que era estranho já que eles eram irmãos. Não pareciam nada como um no entanto.
- Você não cheira como um viajante.
- Como viajantes cheiram? - Yoongi tentou não franzir a testa com a própria pergunta.
- Cheiram a fumaça.
Yoongi lembrou da sombra que conversou com ele da primeira vez que ele esteve ali. A sombra realmente parecia mais com fumaça do que com sombra afinal.
- Fumaça.
Yoongi parecia pensativo enquanto encarava a imensidão de um rio que mais parecia petróleo no meio do vácuo.
- Não. Não. Não. Isso não tá certo, não é aqui… - Lee resmungava algumas coisas enquanto encarava um vértice estranho na frente deles.
Uma gritaria absurda vinha lá de dentro conforme o barco se aproximava, apesar de estranhamente não ser puxado pelo enorme tufão à frente. - Você disse que me levaria de volta pra Terra. Por que me trouxe aqui ? Minha mãe não pode saber que estou aqui, eu tinha uma missão. Você prometeu.
- Não disse pra onde te levaria. - Yoongi respondeu entediado, apesar de realmente não saber pra onde estava levando Lee.
Seu coração estava agitado, mas ele era bem treinado pra parecer calmo.
- Eu vou matar você. - Lee estava prestes a se jogar em Yoongi quando foi arrastado pelo tal vórtice sinistro, que sumiu na mesma velocidade com a qual apareceu.
Num piscar de olhos.
Yoongi se sentiu fraco de repente, se jogando no barco com um cansaço estranho.
Barulhos de Palmas lentas vieram de cima, o que o fez encarar o nada.
A fumaça tomou forma e um sorriso sinistro sem rosto apareceu na fumaça disforme aparentemente se sentando no barco no lugar onde Lee estava a pouco.
- Viajante. - Ele resmungou cansado.
- Vejo que aprendeu algo desde a última vez em que nos vimos.
- Se você é o viajante, então o que eu sou? - Yoongi não estava muito animado para alongar a conversa e algo lhe dizia que ele tinha pouco tempo.
A fumaça ondulou por um instante, olhos vermelhos o encaravam sem demonstrar nada perceptível aos olhos humanos.
- De fato. O que você é?
Yoongi enrugou a testa confuso, mas suas mãos foram quase que por conta própria até a água do rio, procurando consolo na água que parecia sempre como fonte de salvação.
Seus olhos fecharam ao contato confortável da água sem temperatura, quando seu corpo foi arrastado para imensidão assustadora, caindo na luz bem abaixo dele quase que de imediato.
Yoongi levantou com tudo da cama, encarando a porta do seu quarto como se ainda não soubesse onde estava.
A porta abriu quase no mesmo instante em que ele se situou, mostrando um Taehyung mal humorado, mas com aquele sorriso falso no rosto que aparentemente enganava todo mundo, menos Yoongi.
Era engraçado como ele parecia conhecer o garoto de olhos cinzas em tão pouco tempo.
- Seu cartão. - Tae jogou o cartão na cama, sentando na poltrona de um jeito dramático.
- Ele parece cansado. - Yoongi resmungou pegando o cartão nas mãos antes de guardá-lo na carteira em cima do criado mudo.
- Não vai me dar nenhuma lição de moral, do tipo "você não devia irritar seus pais" ou algo assim?
Yoongi deu de ombros fingindo não se importar.
Ele se importava, só não sabia lidar com pais, ele nunca teve nenhum pra saber.
- De qualquer forma. Eles já foram mesmo.
Yoongi arregalou os olhos.
- Eu dormi por um dia inteiro?
Tae concordou com a cabeça.
- Você morreu? Jimin esteve aqui?
- Você sabe sobre isso?
Taehyung concordou com a cabeça.
- Você transou com Jimin antes que eu tirasse as câmeras escondidas, desculpas por isso. - Taehyung não parecia tímido ou arrependido, mas Yoongi aceitou as desculpas mesmo assim.
- Como sabe que eu morri de qualquer forma? Poderia só desmaiar.
- Ninguém que transa com Jimin vive pra contar a história, sem contar que Jimin me falou algo sobre você poder levá-lo para o limbo ou sei lá.
- Ele me encontrou no limbo, achei que ele pudesse ir pra lá quando quisesse. - Yoongi resmungou, mas não parecia ser o caso, já que o Lee não pôde fazer nada quando foi arrastado pra lá depois que Tae o matou.
- Eles podem viajar pelo limbo através dos sonhos de humanos, mas não podem entrar lá a menos que morram. Jimin acha que você tem o poder de trazê-lo de volta.
Pela primeira vez Yoongi teve medo de Taehyung. Ele queria confiar no irmão adotivo, mas aquela informação parecia importante demais pra sair falando por aí.
- De qualquer forma ele tinha a impressão de que talvez você não soubesse como. - Taehyung completou ao notar o incômodo de Yoongi.
- Onde você foi? - Yoongi perguntou tentando mudar de assunto.
Yoongi não pareceu chateado com isso.
- Jin está tendo ações precipitadas contra minha mãe, algo grande vai acontecer, tô preparando um lugar pra gente, caso a merda bata no ventilador.
- Você não tá do lado da sua mãe?
- Não estou contra ela também. - Taehyung completou quase como uma alerta.
Yoongi concordou satisfeito com a honestidade.
- Eu fui ver Hoseok mais cedo.
Yoongi ficou em silêncio, ele não sabia o que dizer sobre isso.
- Eu tô com medo.
Yoongi encarou Taehyung com incredulidade.
- Hoseok não machucaria uma mosca.
- Não é isso. Gosto dele.
Yoongi sorriu de canto, mesmo tentando se segurar.
- Namjoon te ama. Se você acha que isso pode machucar Hoseok quero que mantenha distância do meu melhor amigo.
Taehyung riu alto de um jeito nada alegre.
- Por que diabos acha que Namjoon me ama?
- Porque ele me disse.
Taehyung encarou Yoongi por tanto tempo que ele nem sabia mais o que fazer depois que desviou o olhar.
- Namjoon não ama ninguém.
- Não me interessa. Se ele machucar o Hobi…
- Ele não vai. Não vou permitir.
Yoongi suspirou desanimado.
- Tô contando com isso. - Ele resmungou descendo da cama para tomar um banho.
Ele precisava de água.
…
Seokjin fechou o último livro em suas mãos e sorriu torto. Aquilo era interessante.
- O que vamos fazer ? - Jungkook perguntou nervosamente.
Ele odiava dar uma de espião duplo, mas ele queria sobreviver e era tudo em que conseguia pensar no momento.
- Você tem certeza sobre isso? - Jin perguntou alisando o livro em suas mãos com admiração.
- Você não consegue ouvir minha mente ou sei lá?
- Se o príncipe herdeiro está sendo caçado, será só questão de tempo até ser encontrado. O que pode ser útil para nossa causa.
Jungkook se mexeu desconfortável.
- Não gosto da forma em que está pensando em usar Yoongi. Ele é uma pessoa boa.
- Nosso povo também é. Vai mudar de ideia agora?
Jungkook negou com a cabeça pensativo.
- Não é isso. Só acho que não precisamos manipulá-lo mais, tenho certeza que se pedirmos ajuda…
- Não confio em quem não consigo ouvir. Não conhecemos Yoongi bem o suficiente e ele não é um de nós. Sabe lá Deus o que ele realmente é. De qualquer forma precisamos dele e o príncipe é nossa única chance.
Jungkook suspirou desanimado.
- O que quer que eu faça?
- Mostre esse livro pra ele e deixa que eu faça o resto.
Jungkook concordou enquanto pegava o livro das mãos do mais velho.
- Jungkook, eu estou contando com você. Não me decepcione.
Os dois se encaram por um tempo em silêncio.
- Eu não vou.
…
Yoongi deixou a moto de qualquer jeito na calçada velha de frente para o prédio igualmente velho de Jungkook.
O mais novo parecia preocupado no telefone e isso deixou Yoongi ansioso.
- Aconteceu alguma coisa?
- Desculpa chamá-lo tão tarde. É importante. - Jungkook disse do parapeito do terraço.
Yoongi sentou ao seu lado encarando o céu cinzento à frente.
- Do que precisa?
- Jin pediu pra lhe entregar isso.
Yoongi encarou um livro enorme ao lado do mais novo, o pegando metade curioso, metade com medo.
Assim que suas mãos tocaram o couro esgarçado ele soube que algo de muito perigoso havia escondido naquelas folhas.
- É a verdade por trás dos elementais.
Yoongi enrugou a testa, encarando o livro com ainda mais curiosidade.
- Achei que já soubesse a história dos elementais.
- Essa versão é um pouco menos editada.
Yoongi começou a ler as primeiras frases, mas Jungkook voltou a falar, o distraindo.
- Um ser caiu do céu como uma bola de fogo há muito tempo atrás.
Um cara chamado Min Jun o encontrou e escondeu aquele enorme meteoro por um tempo. Ninguém do seu povo sabia o que era aquela coisa, mas a função de escondê-la passou de geração para geração. Até chegar em Min-Ji, um descendente de Min Jun, mas também um cientista. Ele fez alguns testes na pedra até que encontrou uma forma de dissolvê-la de alguma forma. Ele finalmente descobriu que havia algo ou alguém dentro daquele negócio.
Min-Ji não descansou até conseguir o que queria. Era um ser, obviamente não humano, mas parecia fraco o suficiente para ser subjugado. Ele acorrentou o tal ser que caiu dos céus e tentou vários experimentos para que ele acordasse, mas nada parecia viável.
Depois da segunda guerra os testes foram abandonados e o tal ser de outro mundo continuou desacordado por gerações.
Não se sabia o que ele poderia ser, mas seu sangue foi usado em vários testes, principalmente pelos filhos de Min-Ji ambos cientistas que trabalhavam para o governo em busca de uma ração para soldados altamente treinados que precisavam de resistência de combate, já que necessitavam de homens no campo de batalha e não havia muitos capazes de sobreviverem.
Os primeiros Elementais surgiram desses experimentos, mas logo a paz foi restaurada e o governo parou de sancionar as pesquisas.
Min Yang foi o próximo na linha de sucessão. Ele não era cientista e não se tinha mais o auxílio financeiro do governo, mas ele achava que tinha uma mina de ouro nas mãos e foi quando a família Kim se envolveu, pegando todos os séculos de pesquisas e estudos sobre o tal ser em coma e fazendo algo sobre o assunto.
Os Kim's eram a família mais proeminente da Coreia na época e Min Yang precisava do apoio financeiro para conseguir continuar ganhando dinheiro com a tal cobaia e assim foi.
No entanto, Min Yang se apaixonou por uma das cientistas no laboratório onde tinham a cobaia presa e aproveitou do seu status e poder para conseguir um casamento arranjado para si.
A mulher era uma Kim, seu nome era Kim Haru.
Yoongi franziu a testa, encarando Jungkook em confusão.
- Kim Haru era uma mulher prática e curiosa e foi a primeira cientista a realmente conseguir criar um elemental aparentemente sem defeitos. No entanto, algo aconteceu com ela nesse meio tempo. Ela fazia experimentos nessa tal mulher grávida chamada Min Yoongi.
Yoongi levantou uma sobrancelha em curiosidade.
- Min Yoongi estava morrendo devido aos experimentos em excesso. Sua família precisava de dinheiro e no começo o teste foi voluntário, mas então ela engravidou e tudo em que Min Yoongi pensava era em fugir. Kim Haru estava tentando ficar grávida e descobriu que não conseguia ter filhos e talvez por isso tenha se sensibilizado com a situação. De qualquer forma ela ajudou Min Yoongi a fugir e desde então o paradeiro da criança elemental perfeita foi perdido.
- Jin acha que eu sou o tal filho perdido? - Yoongi perguntou curioso.
- Vocês partilham o mesmo nome.
- Isso pode não significar nada.
- Como também pode significar alguma coisa.
Yoongi encarou o livro, folheando algumas partes curiosas.
- O que aconteceu com esse ser que caiu dos céus?
- Ninguém sabe, mas a família Kim encontrou outros serem tão fenomenais quanto e os mantém em cativeiro desde então. Alguns vem do céu, outros dos confins da Terra. Essa é a verdade sobre os elementais. Não somos nada além de seres feitos em laboratórios, misturas híbridas de sangue desses seres sobrenaturais. A réplica perfeita de Kim Haru foi perdida, junto com toda sua pesquisa e a mãe de Taehyung tenta replicar o experimento até hoje. Dizem que a cobaia original foi escondida por Kim Haru e ninguém sabe do seu paradeiro. Eu fui praticamente criado no laboratório dos Kim's. Sempre fui considerado a melhor cobaia por resistir bem a dor, por isso tenho algumas regalias por parte dos Kim's, no entanto encontrei o Seokjin não muito tempo atrás e desde então tento encontrar o paradeiro da cobaia, alguns acham que ele é a chave para libertar nosso povo, já que viemos dele, talvez…
- Ele estava em coma, nunca acordou e foi abusado por esse povo. Você ainda acha que ele ajudaria em algo? - Yoongi riu desacreditado.
- Seokjin acha que ele é a resposta, eu não me importo contanto que isso tudo acabe.
Yoongi parou em uma das páginas com nomes no final do livro.
- O que são esses nomes?
Jungkook encarou os dedos de Yoongi, sabendo que era aquilo que Jin queria que ele visse.
- Ė a lista secreta com os nome de todos os seres sobrenaturais que os Kim's têm ou já tiveram em cativeiro.
- Jimin tá nessa lista, mas ele me disse… - Yoongi parecia que ia explodir com tanta informação. - … ele disse que era um elemental.
- Também não sei porque ele fez aquilo, mas Jimin é um dos seres sobrenaturais. Ele foi usado para criar muitos elementais. Seokjin foi criado do sangue dele.
- Que? Quantos anos Jimin tem? O que ele é?
- Algumas centenas de anos e ele é o príncipe herdeiro do submundo.
- Que? Isso…Isso é…
- Você não precisa acreditar em mim ou no livro, mas Jin achou que você deveria saber disso.
- Jimin não é nenhum príncipe herdeiro, ele me disse que era um elemental. Ele …
- Eu tirava sangue dele todos os dias quando trabalhava na ala de pesquisa. Yoongi, acredite quando digo que Jimin não é um de nós.
Yoongi negou com a cabeça, levantando do parapeito para sair correndo daquele lugar.
Jungkook o chamou várias vezes, mas não é como se ele tivesse escutando qualquer coisa além das batidas do próprio coração.
…
Jimin pulou da cama assim que Yoongi escancarou a porta da casa no forte onde Jimin estava morando.
- Eih! Não sabia que você…
- Que porra é você? - Yoongi perguntou, jogando o livro no peito do menor.
- Quem te deu essa merda? Jungkook? - Jimin perguntou irritado depois de folhear algumas páginas.
- Isso importa?
- Isso é para os elementais como a Bíblia é para os humanos. Ninguém pode provar se isso é verdade ou não. Só quem viveu a história sabe o que realmente aconteceu Yoon.
- E porque seu nome está listado no final desse livro datado há 100 anos atrás.
- Como é que eu vou saber? Eu não sou o único Park Jimin que existiu e definitivamente não sei o que significam esses nomes.
- Então você não é nenhum príncipe herdeiro?
Jimin riu nasalado.
- Eu o que?
Yoongi suspirou desanimado, sentado na cama de Jimin sem saber o que fazer.
- Não sei mais o que fazer ou em quem acreditar.
- Você pode acreditar em mim. - Jimin alisou o peito do mais velho com suas unhas afiadinhas e fez um bico fofo. - Eu nunca te faria mal, então pode acreditar em mim.
- Você me mata o tempo todo.
Jimin riu de forma arteira.
- Só porque eu sei que você vai sobreviver.
Yoongi sorriu pequeno, agarrando Jimin pela cintura e o ajudando a sentar no seu colo.
- Promete que não vai mentir pra mim? Nunca.
Jimin pareceu pensativo antes de concordar com a cabeça.
- Prometo.
Yoongi suspirou aliviado, puxando Jimin pra mais perto ainda.
O menor jogou o livro de qualquer jeito e se inclinou para beijar Yoongi com tanta vontade que ele mal teve tempo de respirar.
Seus dedos se enrolaram na calça do mais novo enquanto suas bocas pareciam esfomeadas.
Nada nunca era calmo quando se tratava de Jimin.
…
Yoongi sentiu seu corpo flutuar, porém ele estava na sala branca onde Jimin costumava chamá-lo quando eles se conheceram.
- Jimin? - Yoongi encarou seu pequeno anjinho encolhido num canto com os joelhos dobrados e o rosto abaixado.
Jimin levantou com tudo assim que encarou Yoongi.
- Você precisa acordar.
- O que?
Jimin empurrou e puxou Yoongi pela blusa, gritando desesperado.
- Eles estão me levando. Você precisa acordar. Yoon, eu não posso voltar para aquele lugar. Por favor acorda.
Yoongi encarou Jimin com uma enorme confusão, mas a sala desapareceu logo em seguida levando Jimin com ela e então ele estava na enorme escuridão do limbo.
Yoongi virou várias vezes seu corpo lento enquanto procurava a maldita luz, sua mente mal podia processar o que Jimin disse, mas ele sabia que o menor estava em perigo.
Seu corpo praticamente pulou da cama, assim que ele acordou, encarando a enorme bagunça que ele tinha feito no quarto com…
- Jimin?
Yoongi gritou o nome do menor milhões de vezes enquanto o procurava pelo pequeno espaço que era o cômodo no farol.
Sua cabeça estava tão confusa, mas ele finalmente desistiu de ligar para o celular de Jimin e começou a ligar para Jungkook.
" Você sabe que horas são?"
- Levaram ele.
A ligação ficou muda enquanto Yoongi descia as escadas até a moto estacionada na lateral do farol.
" Quem?"
- Jimin.
Mudo.
- Por que você me deu a porra do livro justo hoje? Por que levaram ele? Você tem alguma coisa com isso?
" Yoongi, não faço ideia do que você está falando. Quando levaram ele? Foi a Kim.Co?
Yoongi subiu na moto encarando a encosta negra à sua frente.
- Eu não sei. Você pode tentar descobrir algo pra mim?
Mudo mais uma vez.
- Kookie…
" Vou perguntar por aí". - Jungkook disse com certa relutância.
- É tudo que eu peço.
Yoongi pilotou com quase nenhuma atenção, parando de qualquer jeito na entrada da mansão.
Ele praticamente arrebentou a porta de Taehyung ao entrar no quarto do mais novo, que acordou praticamente pulando da cama.
- Levaram o Jimin.
Taehyung coçou os olhos, mas não parecia sonolento.
O mais novo encarou Yoongi por um tempo e então pegou o celular sem dizer mais nada.
Yoongi ficou andando de um lado para o outro no quarto de Taehyung enquanto o garoto balbuciava no telefone. Ele não sabia por quanto tempo ficou ali esperando, mas pareceu uma eternidade antes de Taehyung começar a falar.
- Ele não está em nenhuma habitação de elemental da Kim.Co
- Você tem certeza?
- Não. Alguém pode ter facilmente mentido pra mim, mas eu duvido.
- Então ele pode ter sido levado por eles.
- É improvável, mas não impossível.
- Improvável? Quem mais o levaria no meio da noite, justamente no único momento em que ele está mais fraco. Alguém estava nos observando Tae.
- Eu não sei, mas não acho que minha mãe quer ter alguma coisa com Jimin. Ninguém o procurou depois que eu o ajudei a fugir, Jimin era mais problema que solução. Sem ofensas.
Yoongi praticamente rosnou em irritação.
- Namjoon deve saber de alguma coisa. Ele é um farejador ou sei lá o que. Certo?!
Tae concordou distraidamente e voltou ao celular.
Pouco tempo depois o próprio Namjoon apareceu na porta, encarando Yoongi com certo desinteresse.
- Ele não tá na Kim.Co
- Por que você viria aqui só pra me dizer isso? - Yoongi perguntou mais revoltado que nervoso.
Namjoon olhou para Taehyung, mas não disse nada.
O celular de Yoongi tocou e ele atendeu sem nem olhar quem era.
- O que.
" Yoongi?"
- Quem é?
" Jin. O Jungkook me ligou disse que você precisava de ajuda pra encontrar o Jimin".
Yoongi se endireitou encarando desconfiado para nada em específico.
- O que você tem haver com isso?
" Só quero ajudar".
Yoongi não queria pensar sobre isso, qualquer ajuda era bem vinda no momento.
- O que descobriu?
" A Kim.Co levou ele, mas não é pra nenhum lugar conhecido. Eu mal tenho informação sobre isso, mas eu ouvi algo de alguém importante na empresa e parece que ele tá sendo levado para essa instalação ultrasecreta no norte".
- Se a Kim.Co o tivesse levado Namjoon saberia.
Namjoon levantou uma sobrancelha na direção do Yoongi, mas não disse nada.
" Sem ofensas Yoongi, mas já tem um tempo em que a Sra. Kim não confia mais no Namjoon. Ele é só um garotinho de recados. Vai por mim, ninguém mais tem motivos para sequestrar Jimin".
Yoongi sabia que estava sendo manipulado por Jin, mas ainda assim era sua melhor pista.
Quem mais levaria Jimin no meio da noite?
- O que sabe sobre esse lugar ultrasecreto?
" Nada além de uma planta velha do lugar, mas eu tenho uma forma de entrar. Posso te ajudar".
Yoongi suspirou desanimado.
Que outra escolha ele tinha? Jimin estava em perigo e ele não tinha mais ninguém.
- O que quer em troca?
A ligação ficou silenciosa por um tempo.
" Quero que resgate uma pessoa pra mim".
- Nome.
" Você saberá quando for a hora".
Yoongi mordeu as unhas nervosamente.
- Ok. Se puder me colocar dentro desse lugar, eu faço o que quiser.
Jin riu seco.
" Sabia que concordaria. Esteja na igreja em que nos conhecemos antes do pôr do sol".
Yoongi desligou o celular encarando os dois no quarto.
- E então? - Taehyung perguntou com curiosidade mal disfarçada.
- Seokjin acha que a Kim.Co o levou.
Namjoon enrijeceu o corpo assim que aquele nome foi dito.
- Seokjin tem motivo pra mentir pra você. - Taehyung disse, tentando ser neutro com suas opiniões nada sutis sobre Jin.
- Todos têm motivos para mentir pra mim, mas ele foi o único que me deu uma espécie de resposta.
- Ele disse onde Jimin está? - Namjoon perguntou incrédulo.
- Ele disse onde ele acha que Jimin talvez esteja.
- Isso é vago demais. - Namjoon argumentou incerto.
- É tudo que eu tenho.
- Ótimo. O que vamos invadir ? - Taehyung perguntou animado enquanto batia nas pernas e sorria largo.
- Nós não vamos invadir nada. Eu vou sozinho.
- Nem pensar, você não pode…
- Preciso de alguém pra ficar de olho no Hoseok por mim.
Taehyung imediatamente calou a boca depois disso, concordando com a cabeça.
- Ele é o mais próximo que eu tenho de família. Se eu for pego, podem querer usá-lo como vantagem.
- Não vou deixar que isso aconteça. - Taehyung disse com toda convicção que tinha.
- Nem se sua mãe estiver envolvida? - Namjoon perguntou irritado com algo.
Taehyung não respondeu, só encarou Yoongi e ele imediatamente soube que podia confiar no mais novo.
Afinal, que outra opção ele tinha?
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