Halloween - party (01)

O barulho dentro de casa era infernal, e mesmo com a televisão no volume 43, Rick não conseguia se concentrar no seu seriado com todos os barulhos vindo do quarto. Quem dera fosse sexo, mas eram apenas Morty e Summer preparando suas respectivas fantasias para a noite de Halloween, a festa quase mais estúpida dos Estados unidos, depois é claro, do 04 de julho.

Ele odiava Halloween. Na verdade odiava apenas os jovens, no Halloween, pois normalmente todos saíam de casa, e sobrava para ele, Rick Sanchez, abrir a porta e entregar doces para um bando de jovens desocupados, usando açúcar como se fosse metafetamina. Na maioria das vezes ele ignorava, ou pelo menos tentava, mas alguns deles eram insistentes e batiam na porta com muito mais força e determinação que uma punheta. Então ele fazia questão de jogar os doces no chão e chutar com o pé até aquele bando de fantasias repetidas de pirata ou super herói.

- Summer, você já usou a cola quente - Um grito de Morty ecoa atrás do sofá e, faz o avô revirar os olhos

- Eu ainda preciso colar um monte de lantejoulas Morty. E em breve a Beatrice vai aparecer para me buscar, então me dá essa merda - Ela grita mais alto, e irritada puxa a cola da mão de Morty, fazendo os dois lutarem pela pistola, no meio da sala, na frente da tevê que Rick tentava assistir

- Put* que me pariu - Rick levanta e vai até a garagem. Escreve "Pistola de cola quente" na sua máquina que procura itens e quando pega uma, volta para sala e entrega na mão de Summer - Dá para vocês pararem de brigar feito dois idiotas? Summer essa merda está lotada de lantejoulas, para quê você quer mais??

- Eu falei! - Morty senta no chão e começa a colar os últimos detalhes da sua roupa

- Quem diabos é você, Morty? - O avô pergunta, apontando para o tapete da sala, onde a roupa estava estirada

- Marquês Vladimir - Ele responde

- Vladimir? - Rick segura o riso - De onde ele é? Dos contos dos irmãos Grimm??? - Summer solta um risinho e morty acaricia os fios louros de sua peruca

- Um demônio sedento pelo sangue dos mortais... Você só saberia se jogasse league of...

- Cruzes Morty, como você é esquisito e cringe - Summer termina de colar as lantejoulas e ajeita seu cinto

- Olha quem fala, Você sabia que a Alerquina é loira? - Ele diz com um bico

- Ela está deslumbrante, e você também, querido - Diane chega na sala, e beija o rosto de Summer, enquanto recebe um abraço de Morty. A avó também está fantasiada. De Cruella, dos 101 dálmatas, e não pergunte como, mas seu sobretudo branco realmente parece pelo de dálmata.

- Tá bom, agora tem como vocês desocuparem? Eu tenho um compromisso em atender todos os jovens e.... - Rick diz com ironia, mas ainda sim Diane o interrompeu

- Nem pense nisso. Já conversei com eles e esse ano, Beth e Jerry ficarão em casa, você vai nos acompanhar - Rick dá uma risada e balança a cabeça negativamente

- Aí Diane, você é tão estúpida que chega a ser cômico. Não saio daqui - Ele cruza os braços com cara feia e Diane arqueia uma sombrancelha.

- Humm... O quê vocês acham de Frankstein? ein meninos? - Diane tira uma arma da cintura e dispara contra Rick. Assim que todos se chocam gritando desesperados, o encaram, e Rick está apenas fantasiado de Frankstein

- Vovó, como você....?

- Tony Stark? Mario Broz? Naruto? Jack Sparrow? - A cada sugestão, Rick muda a sua fantasia pela vontade de Diane, até quando está vestido de Coringa, e fala:

- A comédia é subjetiva, Diane - Rick pega um scaner do bolso e ao passar sobre ele mesmo, volta para o seu clássico avental encardido e blusa azul ciano, cruzando os braços - E você é extremamente sem graça

Diane aponta outra arma para Rick

- Essa daqui vai te levantar no ar e eu vou te colocar para fora vestido de Presidente, não me faça...

- Ah é mesmo? - Rick aponta uma arma para ela com a outra mão na cintura - Essa daqui pode causar mutação genética, me dê um bom motivo para não atirar em você e realmente te transformar no demogorgon de Stranger Things- Ele cerra os olhos e Morty e Summer pegam as armas das mãos deles

- Parem se agir que nem crianças mimadas - Summer diz enquanto recolhe as armas e com ajuda de morty, coloca em um saco plástico transparente - As armas vão ser confiscadas e vocês vão curtir o halloween como nossos avós, normais, se é que isso é possível - Morty guarda o saquinho na gaveta e puxa Rick pelo braço, enquanto Summer empurra Diane para fora de casa

- Divirtam-se crianças - A voz de Beth dia distante enquanto eles saem da casa

- Impossível! - Rick resmunga

- É por isso que ela disse crianças - Morty retruca e bate a porta - Agora vamos! Quero pedir doces na casa 263

A noite, iluminada por estrelas, soprava um vento gelado que carregava algumas folhas secas e alaranjadas pelas calçadas. A rua estava bem movimentada, e vira e mexe, Morty esbarrava em Jessica e entrava em um estado de transe enquanto admirava ela, e sua fantasia de coelhinha (da Playboy). A música explodia de algumas casas que davam uma festa abarrotada de pessoas, mas aparentemente, seus netos preferiam encher uma abóbora de plástico com açúcar e seus sangues com diabetes.

- Tá bom já chega não acham? - Rick andava lado a lado de Diane enquanto os netos corriam pelas portas mais a frente, ignorando sua ordem

- Deixe eles, Halloween só acontece uma vez ao ano... - Diane defendeu-se e Rick balançou a cabeça negativamente observando Summer beijar um garoto em uma das paredes externas de uma casa

- Se Deus realmente existe, (arroto) então ele é um pouco misericordioso - Rick ironizou sobre a festa acontecer apenas uma vez ao ano e abriu seu jaleco pegando seu cantil metálico

- Você é sempre tão arrogante? - Diane rebateu

- Estamos falando de probabilidades? Se sim, qual é a probabilidade de você ficar quieta por alguns minutos? - Rick retrucou e fez a mulher torcer o nariz. Ela pensou em rebater, mas percebeu que Summer não estava mais ocupada beijando um desconhecido. Ela na verdade não estava em lugar nenhum

- Rick... Cadê a Summer?? - Diane disse olhando ao redor

- E eu vou lá saber?? ela não estava al... - Ele apontou e percebeu que o muro estava vazio, e não havia nenhum sinal dela pelas ruas. - Ah que ótimo, agora temos uma palhaça sociopata andando sozinha por aí

- Você sabe que é uma fantasia né? - Diana apertou as sombrancelhas defendendo a fantasia de alerquina

- Eu não ficaria tão seguro sobre isso... - Resmungou e puxou um tablet de rastreamento do jaleco. Diane arregalou os olhos e ele a interrompeu antes de mais nada - Não Diane, não furei meus netos e coloquei um rastreador na pele deles, pelo contrário, ele está nas milhares de presilhas da Summer, e com morty precisei ser mais metódico, estão nas cuecas.

- Você poderia ter colocado nas meias - Ela franziu o cenho

- É, e Bin Laden podia não ter jogado um avião nas torres gêmeas, nem todo mundo tem um senso crítico tão apurado Diane... - Ele apertou as teclas com rapidez, e um pequeno holograma de Morty apareceu correndo na avenida de trás. Rick rapidamente assimilou que o pestinha estava em perigo, e quando pensou em correr até lá, Diane o puxou pelo colarinho e apontou para o Tablet de novo.

O holograma de Summer estava logo atrás de Morty, e de repente, eles entraram em uma casa. Ao desgrudar o olhar da tela e observar qual casa eles haviam entrado, Diane e Rick entenderem que o único perigo que os netos estavam enfrentando era a escassez de álcool no organismo.

- Festa de Halloween??? - Rick guardou o tablet cruzando os braços. Diane pensou que ele daria um sermão nos garotos e ia concordar, mas ele fez um bico e suspirou - E nem chamaram o velhote do avô deles

- Espera. O quê? Você vai? - Diane o encarou

- Diane, Bebida de graça, a pergunta certa é, por que diabos eu não iria??? - Rick respirou fundo e passou pela porta da casa, cumprimentando algumas pessoas enquanto outras se expremiam tentando uma passagem.

O som estava alto, a casa abafada, e Rick tomou tantas garrafas de cerveja que mal conseguia ficar em pé. Uma para cada um de seus aniversários, ele disse enrolado.

Summer e Morty jogavam verdade ou desafio bom outros jovens ridículos, enquanto Diane lixava as unhas em um canto da festa, entendiada. Sobrara para ela, ser a sóbria dos quatro, e levá-los para casa em segurança. Ela desbloqueou o celular por alguns instantes, viu uma mensagem codificada, e indiferente suspirou. Estava esperando o momento certo,

O momento certo para deixar Rick Sanchez completamente a mercê de seus encargos.

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