Remédios

                  ⌑⌑⌑

Alegna pegou comprimidos para dormir, sachês de camomila e mais cartelas e cartelas de analgésicos.

Levou tudo até o balcão e ficou a espera de que o senhor Jonas a atendesse.

Um pouco impaciente com a demora, chamou por ele mas não houve retorno. Repetiu o ato e finalmente a portinha do ambulatório foi aberta.

Mas não era Jonas, e sim um senhor corcundo que havia acabado de ganhar uma agulhada no antebraço.

O senhor saiu agradecendo, e Alegna manteve-se quieta, de cabeça baixa, aguardando.

_ Desculpe a demora..._ O homem de uniforme branco que surgiu logo após não era nada parecido com Jonas também. Era jovem, alto e talvez bem mais simpático_ Essa é a minha   primeira semana..._ Continuou_ Ainda me sinto um tanto perdido por aqui...

_ Onde está o senhor Jonas? _ Alegna parecia desnorteada, olhando para os lados. Qualquer coisa que a fazia sair da rotina, a deixava imensamente desconfortável.

_ Ele viajou... A senhorita não soube?_ intrigado_  Já faz alguns dias.

Como saberia, sem sair da colina pra nada?

_ Aconteceu alguma coisa?_ Ela ousou a perguntar qualquer coisa a um estranho.

_  Uma pessoa muito querida de nossa família adoeceu... Mas não se preocupe, nada tão grave. É só porque meu tio é muito ligado aos parentes e quis estar perto.

"Nossa família?"

Alegna sempre pensou que Jonas era uma pessoa sozinha.

_ Ele nunca mencionou que tinha família...

Se ela tivesse perguntado talvez Jonas teria falado. Mas Alegna só se interessava em medicamentos e bulas e não havia outra conversa quando os dois se encontravam no final de cada mês. 

_ Pra ser honesto com a senhorita, a gente nunca entendeu o motivo de meu tio ainda morar aqui, longe de todos nós. Os primos até  já tentaram convencê-lo a se mudar para mais próximo deles mas, ele insiste viver neste lugar tão remoto e sem...

Sem graça!
Ele ia dizer, mas hesitou.

_  Desculpe, moça, perdão!..._ constrangido_ Não foi bem isso o que eu quis dizer...

_ Tudo bem... Afinal, ninguém é obrigado a concordar que uma cidadezinha dessas é o melhor e mais animado lugar para se viver_Lembrou de Nívad_  É  compreensível que as pessoas acostumadas a agitações maiores não se contente com um ambiente mais calmo e tranquilo.

Ele suspirou, aparentemente envergonhado.

_ Depois dessa minha indelicadeza em ofender a cidade, acho melhor passar suas coisas e tentar ser o melhor farmacêutico possível..._ Descontraiu quase sorrindo, passando os códigos de barra pelo caixa eletrônico. De repente, só os bips eram os único sons entre os dois, até ele começar novamente _Parece que alguém está com muita dificuldade para dormir aqui... Se quiser, posso ajudar com isso.

Agora ele realmente pareceu indiscreto, deixando-a completamente sem jeito.

Ela evitou os belos olhos claros e brilhantes através dos óculos de grau dele.

_Seu médico que lhe passou isso?_ Continuou, Mostrando o sonífero.

_ Sim..._ Quase gaguejou, mentindo.

Ele Arqueou as sobrancelhas_ Uma pessoa não dorme com isto... _ sacudindo a caixa dos comprimidos_ Ela simplesmente desmaia!

Alegna novamente quis enfiar a cabeça num buraco. O rapaz, percebendo que passou dos limites outra vez, se redimiu.

_Desculpe! Eu não consegui evitar, Senhorita...?

_ Alegna... Alegna Aurom.

Ele  estendeu a mão_ Sou Guilherme... Guilherme Sampaio. Seu novo farmacêutico.... Eu espero! _ sorriu_ Vou torcer para que depois de toda essa falta de discrição, a senhorita não resolva procurar outro lugar para comprar seus medicamentos ... Mas antes que decida isso, gostaria que ficasse claro que estarei sempre a disposição para quaisquer dúvidas em relação aos remédio... Não se preocupe, Senhorita Alegna, pesar dos modos _ Apontou para a parede e Alegna viu um diploma emoldurado ao lado do antigo de Jonas_ Sou perfeitamente preparado.

Ela finalmente soltou um sorrisinho.

_ Meu tio jamais deixaria seus negócios nas mãos de um qualquer_ finalizou_ Se ele fez isso, é porque confia no meu trabalho totalmente.

  Entregou a sacolinha e depois o valor de tudo.

Alegna pagou em moedinhas miúdas e quase saiu correndo da farmácia.

E enquanto subia a Colina, entre  nuvens cinzentas, pensava assustadoramente nos expressivos olhos do rapaz.

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