Os Reis do Poker

Colocou sobre a cama os vestidos mais elegante de Heidi para que pudesse escolher com qual deles usaria durante sua inusitada visita a Peregrino.

Não foi uma decisão difícil, na verdade.

Seu gosto era bastante semelhante ao da mãe.
Então de certa forma não desaprovou nenhum dos figurinos.

No entanto, preferiu um modelo mais conservador, com mangas bufantes até o punho. E quando vestiu-se com ele, fez como se estivesse realizando um ritual sagrado e sublime. Em seguida, completou o visual com sapatos na mesma cor do vestido: Um par de Saltos escuros.


Nos cabelos fez um simples coque baixo_ Que não pareceu  tão simples quando enfeitado com presilhas francesas de bronze_, E nas orelhas, usou um dos brincos que havia resgatado dos bolsos de Nívad quando tentou fugir: Pequeninas pérolas com laços cravejados de pedras azul turquesa.

Sentiu que não tinha nada a temer enquanto se admirava no espelho. Ela não só aparentava confiança mas de fato estava confiante! E dentro de si, tinha a convicção de que poderia passar essa impressão para qualquer pessoa.

Quando terminou de arrumar todas as jóias na pequena maleta de couro italiano, desceu as escadas pedindo ao marido uma carona até o famoso clube de poker.

Clube Dos Reis era um desses lugares antigos e tradicionais com livre acesso apenas para quem tinha um status social de destaque. Não era a toa que Pedro Charles Aurom havia sido um dos primeiros sócios. Na época, os Aurom estavam no auge, e entre todos os figurões, sem sombra de dúvidas, foi um dos mais importantes clientes do clube.

  Algumas vezes, Magno comentou, que o pai além de ser bastante querido por ter se tornado um membro efetivo de uma forma quase demasiada, ele também era apreciado pela a imensa generosidade com os funcionários, e até mesmo com os proprietários_ Que apesar de serem um casal de granfinos muito bem de vida, jamais rejeitavam agrados e presentes dos clientes mais endinheirados.

Os donos sempre estavam em alguma ilha paradisíaca, ou viajando pela a Europa juntos dos amigos ricaços. As vezes curtiam sozinhos, as custas desses. 

Alegna estava cansada de saber  como o avô era agradável, e contava demais com isso para ser bem recepcionada no tal recinto. Ela tinha esperança de que eles não tivessem se esquecido da lealdade de sua família para com o clube, e que demonstrassem agora um pouco de gratidão.

Pensando ainda nas peripécias sobre o avô, saiu da picape assim que estacionaram em frente aos portões do clube. Alegna respirou fundo, mantendo a postura ereta, os ombros alinhados e o queixo erguido quando seguiu em linha reta pelo o formoso jardim de acácias.


logo ela foi notada, prontamente recebida por um homem bem vestido e gentil que a guiou para um enorme salão repleto de estátuas de bronze e uma lareira.

Os invernos em Peregrino nunca foram intensos. Então, possuir uma lareira dentro de casa, era ridícularmente inútil. Menos na mansão, é claro. Pois o clima na colina era bastante frio a noite e as vezes Alegna sentia-se obrigada a acendê-la por conta disso.

Mas aqui, na parte baixa da cidade, constantemente quente e abafado, era algo extremamente sem lógica. Provavelmente seria apenas para dá um charme no ambiente. E Alegna apostou que aquela bela lareira tinha um dedo do avô. Já que ele participou financeiramente da construção, com certeza também deve ter dado seus palpites na decoração. Havia uma semelhança especial entre a mansão e aquele cômodo do Clube em todos os seus componentes. Era como se o lugar fosse uma extensão  de sua casa. 

O homem a fez sentar numa das confortáveis poltronas,  oferecendo-lhe em seguida uma bebida. Alegna agradeceu mas recusou. Estava sim com sede, mas preferiu não perder tempo, indo logo direto ao assunto.

  "Estou aqui alí pelos os jogos de cartas"

Num tom simpático, mas desprovido de interesse, o homem adiantou que seria impossível. Explicando que apenas sócios antigos poderiam participar das apostas.

"Normas da casa... Espero que entenda... Senhorita?..."

"Alegna... Alegna Aurom"

" Apreciamos muito a vontade da senhorita Aurom em querer se unir ao nosso grupo de tão seletivos Senhores do Poker...  Mas infelizmente não estamos aceitando novos membros no momento... Pelo menos, não nos jogos! Regras impostas pelos os próprios senhores! A senhora entende, por serem pessoas reservadas, preferem manter a privacidade e a discrição... No entanto!_ Suspirando com ânimaçao_ Possuímos muitas outras atrações no Clube Dos Reis... Posso levá-la para conhecer as dependências do clube  agora mesmo, se a senhorita quiser... Quem sabe não se interessa por alguma outra atividade? Temos um grupo de senhoras bastantes distintas que se reúnem todas as quartas de manhã na piscina, e logo depois, ao meio dia, almoçam aqui mesmo no clube a sombra das palmeiras enquanto aproveitam da magnífica paisagem do jardim dos fundos... Adianto que a nossa cozinha é toda francesa... E tenho certeza que a senhorita iria adorar experimentar os deleites que sempre colocamos nos cardápios... São verdadeiras obras primas!... Comida realmente digna de Reis e Rainhas!_ Um segundo enquanto ajeitava a gola_ E então? O que me diz? O que a senhorita Alegna Aurom gostaria de ver primeiro? Nossa grandiosa piscina, ou uma breve beliscada nas delícias de nossa cozinha?  "

"Alegna?.... Alegna Aurom?..."

A voz surgiu por detrás do homem.

A figura era de uma velha senhora de cabelos médios e acinzentados, repleta de colares de pérolas em volta do pescoço e pulseiras nos punhos. Ela estava atravessando o salão quando  parou de repente, saltando os olhos escuros com extrema surpresa.

_ Você é um dos gêmeos de Charles?

Alegna não conteve o sorriso.

Gêmeos de Charles..._ Isso quase soou como se ele fosse seu pai e não seu avô.

  Um fio de esperança desapontou pra ela no formato daquela mulher vibrante e alegre. A tal senhora nem ao menos esperou que Alegna confirmasse e imediatamente se dirigiu até  o homem, dando-lhe um puxão de orelha, literalmente. Alegna tentou disfarçar o risinho com a cena enquanto ouvia o restante da repreensão.

_ Você realmente não conhece este sobrenome, meu rapaz?_ O homem parecia extremamente desconcertado, coitado. Ela então continuou_ Os Aurom foram praticamente fundadores deste lugar! Sem eles, nunca teríamos nos tornado um dos mais importantes Clubes desta cidade e de toda redondeza!

Na verdade, só havia aquele clube na cidade e nas redondezas! Não havia muitos clubes naquele mesmo nível para existir uma competição.

_ Devemos tudo ao Avô dessa menina! Charles Aurom não foi só um cliente mas um grande amigo para nossa família... E você devia saber disso, já que faz parte dela... _ Suspirou _ Mas agora você já sabe... Isso é o que importa... Então, que fique claro, que qualquer Aurom que passar por aquela porta a partir de hoje, deve ser tratado com honra e grandeza. Não menos do que isso! Jamais!

_ Sim, tia Iolanda... Perdoe-me!_ Disse o homem, baixando a cabeça antes de pedir desculpas a Alegna também.

_Venha, querida! Não ligue pra nada do que ele disse... Meu sobrinho é apenas mais um que pertence a essa geração vazia e preguiçosa, que não faz a mínima questão de conhecer a própria história... Devemos somente ter piedade disso.  _ A mulher dando antebraço para Alegna enquanto sorria_ Vamos! Vou lhe mostrar algo bem melhor do que almoços chatos na companhia de mulheres,
que só sabem passar a maior parte do tempo reclamando de seus maridos mesquinhos e rudes_ sussurrou.

Seguiram juntas com braços entrelaçados, através de corredores longos e largos, abarrotados de molduras com fotografias em preto e branco por todas as extensões das paredes. Alegna passeava os olhos por algumas das imagens, quando de repente Iolanda se colocou diante de uma em particular.  Uma turma de jovens rapazes bem vestidos pousando com as mãos nos bolsos, e entre eles, Alegna reconheceu instantemente o avô. Talvez na idade de vinte e pouco anos, apenas.  


_ Alguns deles ainda frequenta o clube, você acredita nisso?_ Iolanda, sorridente_  Veja!_ Apontou para o mais sério_  Este ao lado de seu avô, era meu pai, Emanuel Agostini. Foram os dois, os primeiros a ter a ideia de criarem este lugar... Já os outros, vieram só depois, quando o Clube Dos Reis já havia conquistado os figurões da região... Todos se tornaram amigos rapidamente quando começaram a jogar juntos... E foi dessa forma que surgiu os ilustres jogadores de poker de Falcão Peregrino... Acredite, Alegna, naquela época, a cidade inteira sonhava em fazer parte do grupo... Eles eram visto como os maiorais!  E sempre que olho para essa fotografia, não é difícil imaginar o porquê... Afinal, quem não gostaria de ser rico e bem sucedido, assim tão jovem? Todo mundo desejava ser como esses  rapazes... E com o tédio, que deveria ser algo bem mais intenso naquele tempo, os jovens deviam sentir mesmo muita inveja de quem frequentava o Clube... É até compreensível que se sentissem dessa maneira... Veja hoje, com toda a distração que temos lá fora: casas noturnas, restaurantes, bares, teatro, cinema... E ainda assim, essa cidade não possue graça alguma... Imagine então nos anos trinta? Quarenta? Deveria ser um verdadeiro horror! E acho até, que esse foi o real motivo que os levou a erguer estas paredes... Apesar de terem condições para viajar o mundo inteiro, nem sempre podiam se dá a esse luxo, por causa de seus negócios aqui... As vezes era impossível se ausentar por muitos dias...  Então, o que eles fizeram? Inventaram um refúgio bem pertinho de casa... Algo que fosse agradável e divertido. _Um segundo pensativa e olhou para Alegna antes de continuar_A monotonia realmente era um estorvo... Menos para Charles... Ele não pensava como os outros...  Não concordava que  Peregrino fosse esse lugar maçante e insuportável de viver... Eu era muito pequena quando tiraram esse prédio do papel... Mas eu lembro perfeitamente do amor que Charles tinha por esta cidade...  Ele adorava sua mansão e sua Colina... E durante todos esses anos, nunca ouvi falar, que em algum momento, ele se queixou de morar aqui. Pelo o contrário, fez o possível para a cidade progredir... Dando emprego e oportunidade as pessoas...  Eu não tenho dúvidas, que se ele não tivesse morrido tão precocemente, teria realizado muito mais por Peregrino... Meu pai dizia que ele possuía muitos planos, e que a fábrica era só o começo... _ Olhou um segundo para Alegna apertando sua mão_  Seu avô foi um grande homem, querida... Jamais se deixe influenciar pelo o que as pessoas dizem... A fama de esnobe que ele ganhou, foi dada apenas por aqueles em que a inveja não permitia enxergar as benfeitorias dele. Mas quem o conhecia de perto, sabia o quanto ele era uma criatura doce e gentil... Honrado, e bastante dedicado a família.

Iolanda suspirou, fazendo com que Alegna concordasse com cada palavra dela apesar do pensamento do que este homem gentil fez a sua mãe. E pensou também agora, se a construção da Mansão não terá sido apenas para satisfazer a falta do que fazer na cidade. Charles parecia gostar de movimentar as coisas.

_ Você é muito parecida com sua mãe... Pequena e delicada como a graciosa Heidi...

Será que deu pra perceber que eu estava pensando nela?

_ No entanto, tem os olhos ávidos e grandes como os de seu avô...

Alegna deu um sorriso tímido e então ela prosseguiu.

_ E então querida? Me conte... Porque só agora, depois de todo esse tempo, resolveu nos fazer uma visita? Não me diga que também estar tentando fugir
do descontentamento?..._ Iolanda sorriu divertida_ É uma pena que tenha vindo num dia nada propício para isso... Geralmente os finais de semanas são mais Alegres... Tem mais gente pra conhecer e conversar além das velhas da piscina...  Numa segunda-feira como está, só encontrará os filhos e netos dos jovens das fotografias... E três ou dois anciões que restaram, amigos de seu avô no poker... E esses, nem sempre são muito simpáticos com os novatos...

_Pra ser bem sincera, esta foi  a minha única razão de ter vindo aqui_ Alegna.

_ Os amigos de seu avô?...

_ As apostas.

Iolanda ofereceu o antebraço direito e Alegna se enrroscou nela novamente.

_Eu mesma cuidarei disso.

Juntas, atravessaram por outro salão com paredes de vidro, de onde se podia avistar a enorme quadra de tênis e uma piscina com cascata logo adiante. Ao pensar, que cada tijolo e detalhe daquele ambiente havia um pouco da essência dos Aurom, lhe dava a estranha sensação de quase ser dona do lugar também. E isso a deixava até mais tranquila para conhecer os ilustres do poker.

Depois de longas caminhadas entre infinitos corredores, finalmente chegaram num complexo de portas largas, onde um certo tipo de símbolo em alto relevo estava talhado na madeira. A curiosa gravura era representada por duas mãos segurando a carta Às do baralho. Aquilo foi suficiente para que ela entendesse que as pessoas por detrás daquelas paredes levavam o jogo a bastante sério.

Talvez a aceitassem por ser uma Aurom, pensou. No entanto, não iriam poupa-la de maneira alguma só por causa disso. Ainda assim, não sentiu que deveria desistir. Então, respirou fundo e ergueu a cabeça no instante em que dona Iolanda empurrou a porta com as duas mãos.

No cômodo de iluminação fraca, havia apenas duas mesas bem afastadas uma da outra e um pequeno bar aos fundos.

E somente uma das mesas estava ocupada com quatro senhores bastantes distintos. Um deles, de idade bastante avançada, ajeitou os óculos enquanto analisava as duas.  Com altivez, Iolanda se adiantou, apresentando Alegna a eles.

_ Uma Aurom?_  Perguntou um dos homens na mesa.

_ Neta de Charles_ Iolanda, completando.

O homem mais velho tirou o charuto da boca para dizer o quanto era uma alegria estar diante de uma pessoa com o mesmo sangue de seu amigo.

_ Seu avô foi um grande amigo, senhorita Alegna..._ Completou_ Mas só eu, que o conhecia profundamente, posso dizer isso. Estes homens aqui, nunca o viram, infelizmente... Fui o único nesta sala, fora Iolanda, que teve o prazer de conhecê-lo, e a sorte de ser um de seus parceiros prediletos de jogo... Mas isso talvez porque sempre levava todo meu dinheiro... Então não tenho muita certeza se ele apreciava mesmo a minha pessoa ou o que tirava de mim com tanta facilidade. No entanto, este fato nunca me aborreceu... O que ele fazia era excepcional! E de certa forma, me sentia até honrado em tê-lo como adversário_ Pôs o charuto de volta aos lábios_Seu avô me ensinou muito... Inclusive, a respeitar o poker, e entender de uma vez por todas, que não é um simples jogo de cartas. Ele dizia que isso aqui era uma espécie de teste... Um exercício do controle emocional... Onde, ou se saía louco... Ou totalmente curado.

_ E a moça está em busca de quê? Exatamente?_ Alguém na mesa completou, quando passou os olhos na maleta.

E essa foi a oportunidade perfeita para Iolanda.

_ A Senhorita Alegna deseja se integrar ao senhores hoje... Achei que não havia problema algum, considerando o fato de quem ela é neta... Sendo assim, a convidei... Espero que possam concordar.

_Voltar a jogar com um Aurom depois de todo esses anos? Mas é claro que eu não  ousaria me recusar, querida Iolanda..._ Disse o ancião_ Venha, Menina... Sente-se conosco e mostre o que sabe fazer... Veremos, se sorte e habilidade, é mesmo algo que se consegue passar para a família.

Iolanda sorriu pra ela, se retirando. E quando as portas foram completamente fechadas, Alegna foi convidada novamente para juntar-se a eles.

Um dos senhores da mesa se levantou, puxando uma cadeira para que ela se sentasse. Imediatamente o mais velho se apresentou com o nome de Batista. Em seguida, contou que era dono de algumas terras e que havia conhecido Charles quando veio até a cidade comprar seu primeiro lote aos vinte e dois anos. O restante também se apresentou, e enquanto se preparavam para iniciar a rodada, Batista apagou o charuto dizendo:

_A senhorita tem mesmo certeza disso?_ Diante das jóias que seriam apostadas.

Ele sabia que eram jóias de família. Peças exclusivas e únicas que pertenciam a esposa de Charles e que só depois da morte dela foram parar nas mãos de outra mulher. Heidi.

_ Não penso em voltar atrás_ Afrontou_ Assumo as consequências.

_ A Senhorita é mesmo neta de quem é. Sem dúvidas!_ Batista sorriu.

_Bom saber..._ Disse outro quase debochando enquanto embaralha as cartas_ Porquê isso aqui não é como um fim de tarde tomando chá na casa de uma amiga.

_ Nunca achei que fosse brincadeira. Meu pai sempre falou da seriedade de vocês. Cresci ouvindo as histórias sobre meu avô e seu amor pelas as coisas que ele tinha feito. O clube e o grupo do poker, com certeza era uma delas.

_Fazia tempo que ninguém vinha com apostas tão peculiares e de tamanho valor sentimental.._ Batista_ É por isso que estão tão nervosos assim. Eles sabem o quanto isso deve ser importante pra senhorita. Não somos um grupo de homens sem Coração. Ninguém aqui gosta de mexer com o que tem grande significado. É só isso... Mas não ligue pra eles, Senhorita Alegna. Apenas concentre-se naquilo que a trouxe até está mesa, e principalmente na regra principal..._ Tomando a taça de vinho que ela tinha acabado de pegar da bandeja do garoto que servia_ Que é: Nada de bebidas! Principalmente se essa é sua primeira vez!_ Colocou a taça de volta_  É melhor não tomar isto se quer mesmo jogar sério, querida. E além do mais, você não está num cassino... Como disse, não somos esse tipo de gente. Não queremos que saía daqui achando que tiramos vantagem de sua embriaguez. Afinal, temos uma reputação a zelar.

Alegna assentiu enquanto cada jogador recebia duas cartas fechadas.

Havia quatro pessoas na mesa, incluindo ela, e logo depois começou a rodada de apostas antes de qualquer carta comunitária ser aberta na mesa.

Ela lembrou que já tinha jogado algumas vezes aquela modalidade com o pai quando criança. Sabia que tinha a opção de desistir da mão, pagar o valor, ou aumentar a aposta. Alegna aumentou a aposta sem pestanejar e os demais cruzaram os olhares.

Eles podiam apostar quantas fichas quisessem a cada rodada, inclusive todas as que possuíam. A ação percorreu a mesa, em sentido horário, com todos os jogadores tendo a opção de desistir, pagar a aposta atual ou aumentar. Após essa rodada, dois jogadores desistiram, ficando apenas Batista e Alegna. E isso a deixou meio nervosa. Era uma garota sem experiência nenhuma contra um ilustre do Poker.

São abertas então as três primeiras cartas comunitárias. 

Uma nova rodada de apostas, idêntica à anterior.
Completada, ela e Batista continuam com cartas, e é aberta mais uma carta comunitária.

Fazem então outro lance de apostas, seguida da virada da última carta. E aquele era o momento de glória ou o desespero, principalmente para Alegna. Já com as cinco cartas abertas na mesa, acontece a última rodada e então chegam ao momento que os dois abrem suas cartas para definir quem é o vencedor através do ranking de mãos.

Alegna sentia o coração acelerado mas sua intuição lhe dizia que estava tudo bem. Batista jogou suas cartas na mesa e ela sorriu, vendo que ele não tinha feito um par sequer assim como ela também não tinha feito. A mão mais forte, seria aquela que teria as cartas mais altas.
E ela, incrivelmente, as tinha.

Batista deu uma gargalhada enquanto batia palmas, dizendo:

_“Um minuto para aprender.  Uma vida para dominar” Foi o que que disseram.

Ela alargou um sorriso quase de superioridade.

Naquele dia, Alegna não trouxe apenas as jóias de volta para casa, mas notas bastantes altas de dinheiro. E antes de deixar o clube, Iolanda veio até ela lhe dizer novamente que as portas do Clube sempre estariam abertas para um Aurom. Alegna agradeceu, arrancando os saltos que lhe estavam lhe dando calos, pegando o caminho para a colina. Já havia se esforçado demais para manter o equilíbrio e a postura.

Pela primeira vez, ela não se incomodou com os cochichos do povo nas ruas em sua direção. Ela os notou mas pareciam como fantasmas agora. Sentia-se totalmente curada e livre.

Apesar disso, fez questão de fazer um ato impensável antes de esquece-los de vez. Se virou para as pessoas que a observavam e esticou o dedo do meio para eles, correndo depois em meio as gargalhadas.

Ao chegar saltitante na mansão, procurou pelo o marido afim de contar o grande dia que teve. E acabou o encontrando no porão, penteando os cabelos de Magno.

Alegna sentiu um enorme amor com a cena de cuidado de Guilherme com seu pai. E enquanto fazia isso, conversava com Nívad sobre a esposa de Menezes. Quando notou a presença dela, ele interrompeu tudo e se dirigiu com preocupação.

_ Não tinhamos combinado que eu a buscaria? Porque não me esperou daqui a meia hora, querida? Eu já tinha terminado aqui e estava indo pegar a picape agora mesmo...

_ Eu sei, me desculpe... É que eu não imaginei que resolveria tão rápido_ Ela respondeu.

Ele reparou na maleta e deduziu por um segundo que ela não tivesse conseguido compradores para as jóias, e a abraçou como para conforta-la.

Depois que ele a soltou, Alegna apenas abriu a maleta, mostrando todas as jóias ainda alí. E melhor, maços de dinheiro junto delas.

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