Atribulações A Galope

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_ Quem andou lhe contando essas histórias?

Hermano realmente estava espantado.

Pois as únicas pessoas que tinham conhecimento do fato, já não existiam. Até então, se imaginou que era um assunto mais do que enterrado. 

_ Isso não importa!_ Ela respondeu com certa dureza e impaciência_ Só o que interessa é que me diga a verdade!

O padre sentiu a raiva dela se inflando a cada respirada, mas se manteve tranquilo, e  arrastou uma das cadeiras  para sentar-se e assim iniciar uma conversa franca e sem rodeios.

_ Charles veio me visitar um dia_ Disse_ E durante a conversa, acabou confidenciando seu descontrole.

Alegna foi baixando o olhar aos poucos. Estava envergonha e decepcionada com as atitudes de sua família de uma maneira que já experimentou antes. Mas dessa vez não estava sozinha. Estava dividindo aquela sensação com pessoas de fora e isso era muito constrangedor.

Não se importe com que eles pensam ou digam...

Não era tão fácil agora seguir os conselhos.
Não depois de tudo.

Hermano ficou a observa-la inerte e viu quando o piso de madeira foi machado com a gota que desceu pelas as bochechas dela. Mas ainda assim, permaneceu em seu lugar.

_ Então é mesmo verdade?_ Ela, quando ergueu o olhar.

Ele apenas balançou a cabeça, afirmativo.

Então ela continuou:
_ Ao menos... Parecia arrependido?

Hermano suspirou forte, pressionando as mãos nos joelhos.

Seria uma resposta dolorosa e desagradável de ouvir mas infelizmente não havia outra escolha, pensou.

Sua posição o obrigava agir com honestidade.

Pelo menos agora... Pois nunca é tarde!

_ Ele achava que estava fazendo a coisa certa..._ Começou. E as palavras realmente soaram insuportáveis para Alegna. Eram como verdadeiros espinhos, rasgando-a por dentro mas ele prosseguiu porque não tinha mais como voltar atrás_ Encarava como um sacrifício. E nada parecia ser um erro, já que se tratava da posteridade dos Aurom.

Alegna levou a mãos na cabeça em aflição, andando de um lado para outro, sentindo-se destruída na alma.

_ Eu era só um bebê quando ele morreu e não tive a chance de conhecê-lo... Mas durante toda a minha vida... Durante todo esse tempo, eu o tinha como um herói..._ Parou de repente, olhando profundamente para Hermano enquanto balançava a cabeça inconsolável _ Mas agora... Agora eu sei que foi tudo uma ilusão minha! O tão admirável Pedro Charles Aurom, é um farsante! Um impostor!... Não havia nada de espetacular como pensei... Na verdade, não passou de um maldito estuprador nesta vida!

Hermano ficou um segundo pensativo e só depois ousou argumentar com ela:

_Conheci seu avô melhor do que ninguém, minha filha... E posso garantir que ele foi sim um herói... Pelo menos para esta cidade!... Charles fez com que este lugar, crescesse de uma maneira inconcebível... Transformou um simples vilarejo, num ambiente produtivo, com condições reais, para que todas estas pessoas vivessem decentemente... Se não fosse pela a fábrica de sabão, a maioria teria desistido de Falcão Peregrino. E hoje, só o que existiria, além de colinas e vastas florestas, somente uma cidade fantasma no meio de escombros abandonados. 

_ Coisa alguma... Anula o horror que ele fez a ela_ Rebateu.

_ Talvez estivesse doente. Já pensou nisto?_ Cruzando os braços_ Pois é só o que consigo pensar... Estava tão obssecado nessa de perpetuar o próprio nome, que perdeu totalmente a sensatez quando sentiu que havia chances disso nunca acontecer.

_ O senhor está tentando justificar um ato repulsivo como este, porque é homem, ou porque ele era seu amigo?..._ Num certo tom de ironia e até asco na voz.

_ Você tem o direito de achar o que quiser. Mas também não a julgaria, caso tivesse feito ações tão abominável quanto... Afinal, esse é o meu papel... É o que esperam de mim. Sou um padre, e não um juíz!... E tão pouco, Deus.

_ Por favor, padre! Sem hipocrisia!_ Ela quase riu entre lágrimas_ Eu lembro perfeitamente, de um tempo em que o senhor julgava a forma isolada como eu e meu irmão vivíamos... Chegou inclusive, a presumir condutas incestuosas!..._ hesitou por um segundo, pensativa, pondo as mãos nos quadris_ Mas sabe, diante de toda essa história nojenta agora, é até compreensível que o senhor tenha agido assim... Já que parecia ser uma prática de família... Porque não?... Não é mesmo?

Hermano não ponderou e isso foi suficiente para que ela tivesse a certeza de que ele  verdadeiramente pensava assim.

_ Preciso só dessa última confirmação..._ Se esforçando para as palavras saírem depois de um instante_ Se houve esse contato... Tão íntimo entre os dois..._ Puxou o ar_ Existe então alguma possibilidade de...

Ela não conseguiu completar apesar do grande empenho. Então Hermano veio ao seu auxílio.

_  Nunca falamos sobre essa probabilidade... Mas diante das circunstâncias, obviamente, as chances... As chances não são pequenas.

Alegna começou a chorar vigorosamente, pensando que tudo fazia sentido finalmente.

Havia uma razão concreta para que Heidi não amasse os próprios filhos. Se pensar bem, deveria ser algo bastante difícil encarar suas violações e depois os possíveis frutos correndo pela a casa o dia inteiro. A incerteza de quem realmente seria o pai dos gêmeos, deveria mata-la por dentro a cada segundo.

Acusou a mãe por tanto tempo  de ser uma pessoa ingrata e desalmada que saber a verdade agora a deixou com remorso.

O padre pareceu se compadecer, e dirigiu-se até ela com certa afabilidade:

_ Isso já foi há tanto tempo! Deixe o passado onde deve ficar, minha filha: Para trás!_ Chegando devagar com o corpo cansado da idade_ Já houve o revide... Charles recebeu sua punição. Não há mais porquê alguém sofrer por causa disso.

Alegna o encarou extremamente surpresa e Hermano continuou:

_ A notícia de que havia sido um infarto, nunca me convenceu..._ Parou diante dela_ Seu avô tinha uma saúde de ferro... Assim que soube da morte, tendo pleno conhecimento do que ele andava fazendo, logo tirei minhas próprias conclusões, de que alguém naquela casa, acabou tomando uma atitude.

Ele se aproximou mais um pouco, falando sem cessar:

_ Será que você não percebe, que o melhor seria focar somente no que ainda está por vir? Reescreva uma nova história... Junto de seu marido, refaça o futuro que foi planejado de forma tão confusa antes, e concerte as falhas... Engradeça a posição que sua família sempre teve. Faça valer hoje os tempos de Outrora.

Tentou colocar a mão em seu ombro afim de conforta-la mas ela se esquivou, correndo rapidamente dali. Pois de repente, só conseguia ter em mente a palavra marido dentro dos conselhos do padre.

Era como se tivesse despertado de um devaneio sem sentido. Um devaneio, onde por um instante, achou que não precisava de Guilherme. De fato, um grande e imperdoável equívoco. Precisava dele mais do que tudo. Principalmente depois das revelações do dia.

Alegna então seguiu aflita ao encontro de Guilherme, sem se importar com as duas senhorinhas que rezavam e que ficaram intrigadas vendo-a sair às pressas da sacristia.

As duas mulheres trocaram olhares, perguntando uma a outra, se aquela era mesmo Alegna Aurom, e porquê parecia tão nervosa daquele jeito.

Alegna atravessou as portas da igreja, descendo as escadarias ligeiramente. Deixando a praça, caminhou mais alguns quarteirões até finalmente chegar na rua onde ficava a farmácia. A andança pareceu uma eternidade pra ela, e sentiu as pernas pesaram como chumbo.

Já passava das seis, e a noite já se firmava, quando concluiu que uma hora daquela, Guilherme estaria se preparando para fechar a farmácia e voltar pra casa.

Observou na calçada a construção de dois andares e notou que todas as luzes estavam apagadas, menos em uma das janelas superiores  onde ficava a residência de Jonas, o tio de Guilherme e antigo farmacêutico. Guilherme, quando começou ocupar o cargo do tio, também passou a morar lá até casar-se com ela e ir pra mansão.

O pequeno e fraco foco de luz através da janela aberta, indicava que talvez Guilherme ainda estivesse trabalhando. Então foi até a porta e pressionou o rosto sobre a vidraça para enxergar o interior da farmácia. Ao se encostar, percebeu que nada estava devidamente trancado.

Alegna girou a maçaneta e o sininho acima da porta avisou sobre sua entrada. Mas mesmo assim chamou pelo o marido. Sua voz fez um eco dentro da escuridão, e sem resposta, foi se infiltrando devagar, tomando sempre cuidado para não esbarrar nas coisas e quebrar alguns frascos.

Chamou por ele mais uma vez quando chegou em frente ao balcão, e depois, se encaminhou até o ambulatório que ficava logo ao lado. Mas logo viu que ele também não estava lá.

Imaginou que ele só poderia mesmo está no andar de cima. Sendo assim, percorreu até uma outra porta onde ficava uma escadas. E enquanto subia os degraus, clamando pelo o marido incansavelmente, pensou que só sabia que uma escadas ficavam atrás daquela porta, porque já tinha visto Jonas surgir dali várias vezes quando corria para  atende-la.

Ao adentrar no primeiro cômodo superior, viu que era uma área sem divisões que servia tanto de cozinha, sala e quarto ao mesmo tempo. Jonas parecia ser um homem humilde, sem grandes ostentações, pelo o que viu. Apenas eletromédicos básicos de cozinha e uma cama de solteiro no canto da parede faziam parte da decoração.

No entanto, havia também uma poltrona reclinável de corino em frente a um TV antiga bem perto da janela_A mesma janela de onde entregou as luzes lá fora.

Tudo estava entre sombras, e feixes da luzes dos postes da rua  e de outro cômodo é que proporcionaram a Alegna reparar na simplicidade da casa. Observando assim, tão detalhadamente, notou que  tudo alí dava fortes indícios de uma vida muito solitária.

Talvez fosse só isso que fizesse. Depois do trabalho lá embaixo, subia e tomava um banho e assistia algum programa na televisão enquanto saboreava uma comida requentada. E só!

Alegna nunca viu Jonas em algum relacionamento amoroso ou mesmo amigável. E deveria ser por isso que haviam se dado tão bem durante esse tempo em que se tornou cliente dele. Eles se pareciam bastante no quesito anti-sociais. Eram pessoas extremamente solitárias e não viam problema algum.

Ainda pensando nisso, deixou o cômodo e seguiu para uma entrada que levava a um curto corredor. E justamente no fim dele que surgia a baixa claridade vista antes. Era na verdade um tipo de aposento esquecido, que ela deduziu que poderia ser simplesmente o estoque de remédios. 

Alegna parou de repente no meio do corredor para conferir um banheiro que encontrou ao lado. Vendo que o marido também não se encontrava, continuou então seguindo adiante.

Quando colocou os pés no quartinho, constatou que verdadeiramente se tratava de um depósito. Havia muitas prateleiras, repletas de caixas com medicamentos, seringas, luvas, gazes e outras coisas próprias de uma farmácia. E andando entre elas, mexendo em um lote e outro apenas por curiosidade, teve a leve impressão de ter escutado algo.

Alegna soltou imediatamente os comprimidos dentro de uma das caixas e indagou por Guilherme. Sem retorno, ficou quieta e atenta por mais uns segundos até ouvir o ruído outra vez.

_ Guilherme, você está aí?_ Disse, adentrando mais pelo o interior do depósito.

Alegna andou com cautela e chegou diante de uma pilha de prateleiras nos fundos. Através delas, pôde ver uma estreita porta que estava semi aberta.

Foi chamado por Guilherme novamente enquanto se aproximava e viu que este último cômodo também estava na escuridão como os outros primeiros. E apenas a luz do depósito penetrava na pequena abertura da porta.

Alegna teve o cuidado de abri-la devagar mas mesmo assim o rangido foi alto e forte. E junto do barulho que a porta produziu, também veio um som bem típico de correntes. Por alguma razão não se atentou a isto no primeiro momento, talvez porque o que mais lhe assustou de verdade, foi a silhueta de um homem sobre um velho colchão, com uma das pernas acorrentadas a ganchos presos a parede.

O homem se esquivou assustado quando a viu, se encolhendo inteiro assim que ela apertou o interceptor e a luz foi acesa. Ele pôs as mãos rapidamente sobre os olhos se protegendo do desconforto que isso lhe causou nas vistas. E mesmo não vendo seu rosto direito, diante da extrema magreza e da barba desgrenhada e acentuada dele, Alegna foi capaz de reconhece-lo imediatamente.

_ Jonas?_ Disse, totalmente pasma e confusa.

Ele foi retirando as mãos trêmulas da face, e quando pareceu identifica-la também, ficou em desespero, murmurando sons incompreensíveis e indecifráveis.

Alegna estava apavorada, e só conseguia pensar que Diabos estava acontecendo alí?

Porque Jonas se encontrava daquela forma?...

Porque fizeram isso com ele?...

Quem tinha feito isso?...

E o mais assustador

E Guilherme?... Meu Deus! Cadê ele?

Não vinha uma só resposta que pudesse explicar aquilo. Apenas mais questionamentos, em velocidades absurdamente incontroláveis.

Jonas ainda tentava comunicação enquanto Alegna parecia em choque. Então houve um momento, em que ele deu um pequeno e frágil salto no intuito de agarra-la pelos os pés. Mas a única coisa que ele conseguiu, foi bater o peito contra o piso duro e frio, e lá mesmo permaneceu, caindo em seguida num choro penoso e profundo.

Alegna o contemplou de uma forma quase piedosa e se aproximou do homem, agachando-se diante dele. Sem muita certeza do que estava fazendo, levou, amedrontada, os dedos em direção aos cabelos sujos e endurecidos do homem. Jonas a sentiu e ergueu a cabeça molhada de suor e lágrimas, pedindo no olhar, um pouco de misericórdia.

Ela o encarou, também sentindo-se perdida, com o rosto inchado de tanto que já tinha chorado naquelas últimas horas. Jonas, mais uma vez, se esforçou em dizer qualquer coisa a ela, mas não conseguia, por melhor que tentasse.

Uma saliva constante descia pelo o canto da boca dele junto com a peleja de falar. E então, num instinto infalível, ela seguiu os dedos até os lábios gelados de Jonas, abrindo sua boca lentamente.

Alegna sentiu a repugnância subindo o estômago velozmente, e desmontrou isso, tampando a boca antes que pudesse vomitar.

Jonas estava com a língua cortada!

A ferida estava cicatrizada, mas ainda era perturbador ver o tanto que o músculo havia sido tirado.

A cicatrização, a fez pensar depois, que aquilo tinha sido feito já há um bom tempo.

Alegna, após reagir daquela maneira, se afastou ligeiro dele, caindo sentada para trás. Jonas balbuciou o mais forte que pode agora, implorando por sua salvação.

Ela quase conseguiu ouvi-lo..

Por favor, me tire deste inferno! Me ajude! Pelo o amor de Deus!

Sempre com mãos estendidas perante a ela.

Alegna se ergueu, balançando a cabeça.

Jonas talvez tenha entendido que ela estava se negando a ajudá-lo. Mas na verdade, ela estava dizendo Não pra si mesma. Naquele momento, travava uma batalha consigo. Estava a combater pensamentos de que Guilherme seria o causador daquele horror.

Jonas continuou buscando alguma ação dela, tentando a todo custo gritar por socorro. O pobre coitado, não perdeu as esperanças nem mesmo quando ela o abandonou, atravessando a porta e fugindo dali.

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Quando ela voltou pra casa, cansada e com o espírito totalmente esfacelado. Percebeu que a mansão estava vazia. Nem Nívad e Guilherme se encontravam, e ela agradeceu a Deus por isso.

Subiu então para o quarto_ mas não o seu, preferiu o da mãe_, e se trancou, ficando por lá até se restabelecer.

No entanto, acabou por  adormecer, quando se aquietou na cama confortável e com cheiro de colônia de mãe. Era incrível, como ainda podia sentir o perfume de rosas entre as fibras de algodão depois de tanto anos.

Infelizmente, esse pequeno momento de serenidade não durou muito. No meio da noite, Alegna começou com aqueles pesadelos. E novamente, teve que se levantar as pressas por causa da ânsia após os malditos cheiros invadir as narinas.

Dessa vez, os sonhos repetitivos se misturaram com a cena que presenciou mais cedo. Alegna viu a mãe na banheira, arrancando a própria língua antes de cortar os pulsos. E por fim, a cena do pijamimha encharcado, que se seguia como sempre junto dos aromas perturbadores. Alegna acordou num salto, suada e ofegante.

Foi até a cozinha e bebeu rapidamente um copo com água, e se sentou um instante para buscar estabilidade. Mas a droga do enjôo aumentou drasticamente, trazendo a água que tinha acabado de tomar de volta a garganta. Ela sabia que não daria tempo de correr para algum banheiro, e se dirigiu para a pia, botando tudo pra fora ali mesmo.

Enquanto vomitava, Nívad entrou pela a porta. Tinha acabado de chegar de seus passeios pela a zona. Ela não tinha notado a presença do irmão até terminar de lavar o rosto na torneira e se sentar novamente, extremamente exausta.

Nívad franziu a testa preocupado, perguntando se ela estava bem enquanto segurava um copo de leite na mão. Ela apenas afirmou com a cabeça, secando o rosto com a manga do vestido. No entanto, ele não sentiu muita firmeza, e puxou uma cadeira do canto da mesa, sentando-se.

_ Quer um pouco?_ Oferecendo a bebida_ Pode ser que melhore.

Ela recusou com uma expressão de asco. Pensar no gosto do leite, só a fez embrulhar mais ainda tudo por dentro.

_ Você não está grávida, está?_ Sendo bem direto. E Alegna o contemplou com espanto.

_ Ué?_ Ele a encarando, sem entender a perplexidade da irmã_ Você não é uma mulher casada agora? Então? Geralmente é isso que acontece! Esposas têm bebês com seus maridos.

_ Impossível_ Ela disse sem pensar. E segundos depois se arrependeu de ter falado.

_ Impossível?_ Ele pareceu se interessar_ Impossível porquê?  Tomando remédio pra isso não acontecer? Achei que quisesse uma família.

Alegna permaneceu calada e até constrangida com a conversa. Mas Nívad insistiu, captando que existia algum desacerto por trás daquilo.

_ Você está evitando ter filhos, Alegna? Sério? Mas porquê? Ou é  Seu marido  que não quer?

_ Não estou evitando nada!... Ninguém está evitando nada!_ Ela disparou quase aborrecida_ E Não é culpa de Guilherme se ele não.._Hesitou.

_Se ele não?..._ Nívad, após esperar que ela completasse o raciocínio.

Mas ela não cooperou e manteve-se quieta.

Afinal, o irmão não tinha nada que se meter na vida reprodutiva dela com o marido. Não tinha o menor cabimento um negócio desses.

_ Não é da sua conta!_ Disparou, erguendo-se.

_Tem razão. Mas mesmo assim acho que deveriam procurar um especialista. Tendo em vista, que possuem uma vida sexual ativa como de um casal normal... É bem provável que possa existir algum problema com um de vocês dois e talvez, nem saibam disso.

Meu Deus, eles precisavam mesmo ter essa conversa?

Alegna engoliu em seco.

_ A não ser... Que não sejam tão ativos na cama assim? Aí fica bastante difícil mesmo.

_Será que dá pra parar de falar  disso?_ pediu exaltada.

_Calma! Não precisa ficar injuriada. Eu só queria ajudar..._ Enrugando a testa enquanto olhava pra irmã. E depois de analisa-la profundamente, vendo que tinha cutucado uma ferida, soltou em seguida_ Espera um pouco, acho que agora estou começando a entender... Vocês... Vocês não transam? É isso?... Por isso está tão zangada!

Um silêncio perturbador, e ele lendo os olhos dela, continuou: _ Pelo menos alguma vez, fizeram sexo... Juntos?

Ela retribuiu o olhar com toda fúria que poderia conter.

_ Me deixa em paz! Nívad. Me deixa em paz!_ encerrando o assunto, deixando ele sozinho com os pensamentos.

Se fosse realmente verdade, então Nívad nem precisaria se esforçar muito para que aquele casamento chegasse rapidamente ao fim.

Logo os dois entrariam em grande conflito. Era só questão de tempo.

Nívad nunca se casou, mas acreditava fielmente que um casal tão jovem e praticamente em lua de mel, que não tenha se estabelecido na cama ainda, talvez não seguisse em frente. E isso era um bom motivo para se anular um casamento.

Nívad estava com a faca e o queijo na mão. E a faca era bastante afiada por sinal.

Enquanto Alegna, só ficava com a cabeça cada vez mais embaralhada com tudo que estava acontecendo.

Ela teve a sensação de quê enlouqueceria em questão de horas.

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