IV | Os Amaldiçoados



ELA GRITA. A mulher está rastejando na terra úmida do quintal, para longe de nós.

Puxo o punhal preso na minha coxa.

Os outros ainda estão em suas formas humanas, mas não por muito tempo.

Deslizo a lâmina na sua pele, arrancando sangue. Só paro quando ela está coberta pelo líquido carmesim.

— Henry. Esse nome é familiar para você?

Ela arfa.

— Aquele pirralho! Não sei qual foi a mentira...

Cravo a faca profundamente em seu ombro.

— Perguntei se o nome é familiar.

Ela chora.

— É... Meu filho... Por favor...

Sinto a fera dos outros assumirem o controle, logo após eu. O rosto da minha vítima é distorcido pelo terror.

— O que... O que são vocês...

O que somos é um mistério até para nós mesmos, mas temos um nome. Os amaldiçoados. Falo em sua cabeça.

Os outros brincam com seu corpo, perfurando sua pele, várias vezes. A matança em grupo sempre foi a mais satisfatória, essa foi uma das únicas vezes que permiti isso.

Olho para o seu corpo ensanguentado e arranco o último vestígio de vida com um só golpe no peito.

Os outros vão ao andar de cima, Vincent está com as mãos enfiadas no bolso da calça, uma leve tensão permeia o ar. Eu sabia o que estava por vir.

— Sua fera parece satisfeita, ela está ronronando para a minha.

Vadia carente. A xingo, ela responde com um rosnado.

— Ela precisava morrer...

— Talvez, eu certamente não estou reclamando disso. Vi a maldade manchando sua alma, Anne. Depois de sua irmã, nunca pensei que veria de novo.

— Estava tão furiosa... Foi apenas uma recaída.

Ele toca a máscara, ela está o incomodando pela primeira vez essa noite.

— O que vai fazer com ele?

— Ele é meu, vou o adotar. — Falo, deixando nós dois surpresos.

— Anne... — Ele chama meu nome, hesitante.

Vincent, o homem com a máscara da peste negra, da morte; só tem uma fraqueza: eu.

Podia ver ele lentamente cedendo.

— Vamos embora... Não aguento mais essa máscara, estive tempo demais na minha verdadeira face.

Pouco tempo depois os outros chegam, cada um possuía sua fera satisfeitas, alguns até demais. Foi uma noite sangrenta para muitos.

Subimos a escada. Vincent tira a bugiganga, ergue sua mão e recita palavras em uma língua estrangeira.

Aperto o garotinho com mais força no meu colo quando as sombras nos envolvem e nos leva de volta. 

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