☠👁 CAPÍTULO-4 👁☠

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( Minutos depois )

Eles tomam a mesma "carroças-táxi" que trouxe Rômulo para o hotel, conduzida pelo mesmo jovem albino chamado Itan, o qual fica tagarelando sobre as maravilhas de sua terra sem parar, como antes, mas o forasteiro na verdade agora só tem em mente seu filho Junior e a mãe do rapaz, Alicia, então sua ex-esposa, que os abandonou após pega-lo no flagra se amassando com Salomé, sobrinha dela.

E depois de uns mil metros tagarelando, o jovem cocheiro finalmente os deixa em frente da Guarnição, onde entram passando por dois soldados de azul com detalhes dourados, em pé de prontidão em suas respectivas colunas em estilo Jônico, com os mosquetões em riste, ao que Rômulo comenta:

- Caramba, Max; aqui eles levam bem à sério esta coisa de verossimilhança histórica, Hêim?

- E você ainda não viu nada, Curitibinha.

Disse o Playboy country com sarcasmo, ao que ambos chegam à recepção, onde se vê logo de imediato o mesmo tipo de triângulo com a estrela dentro, na parede barroca. E sentado numa cadeira simples atrás de um grande balcão na recepção, estava um jovemzinho Asiático de não mais que dezoito anos, olhando o que pareceu ser um celular com capinha de couro para Rômulo, que foi logo contente perguntando:

-Boa noite, soldado. Posso carregar meu celular aqui?

O rapaz olhou para ele de cima à baixo com semblante sério e nada respondeu.

- Se liga, Curitibinha; aqui eles não gostam que os chamem de Soldados. - Comentou Max sardonicamente. - Aqui eles são chamados de Cruzados.

- Cruzados?

- Pode crer, meu chapa.

- Ora! E por que?

- Ah! É um lance parecido com os Carabineiros, na Itália. Sacou?

- Ok. - Redarguiu o forasteiro para o amigo, dirigindo-se mais uma vez para o jovem militar, que ainda estava sentado, entretido com o aparelho. - Boa noite, Senhor Cruzado; posso carregar meu celular aqui? Onde...onde tem uma tomada?

Mas o rapaz o encara de novo e levanta-se, respondendo secamente:

- Boa fé, Senhor. Em que posso ajudarvos?

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Rômulo logo percebe que havia se enganado e que, o que o rapaz segurava não era um celular mas sim, uma antiga caderneta retangular com capa de couro. Nisso seu amigo toma a frente, dizendo:

- Boa fé, Cruzado.

- Boa fé, Senhor. Pois não?

Max aponta o polegar esquerdo para Rômulo, dizendo:

- Meu amigo qui, veio de muito longe e precisa solicitar uma petição de investigação, busca e resgate do filho adolescente...

Então o jovem Cruzado toma de um escaninho, um pesado livro com capa de couro e o coloca no balcão, dizendo:

- Por obséquio, queira registrar vossa graça, senhor.

- Ok. - Disse Rômulo, enquanto assinava com mais uma caneta tinteiro no pesado livro. - Meu nome é Rômulo Gabriel Salomão del Castillo e Saturno 5º, Senhor Cruzado e, meu filho, Rômulo Gabriel Junior, fugiu de casa...

Mas ele nem conseguiu terminar, quando o jovem Guarda Urbano, então muito delicado e com traços finos para um Cruzado, arregala seus olhos, dizendo:

- Graças aos Sete, vossa senhoria finalmente regressou, Príncipe Gabriel!

Rômulo estranhou aquilo e, olhando para seu amigo, que o olhou reciprocamente, dando de ombros, então se volta para o pracinha, indagando:

- Eu, um...Príncipe?

- Dom Gabriel, vos mercê. Não é?

O forasteiro olhou de novo para Max, então voltou-se para o jovem militar, que poderia ter a idade do seu filho e disse, estranhando:

- Não sou um Príncipe, e meu nome é Rômulo. Só Rômulo! Ok?

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Max, mais uma vez toma a frente, dizendo para o rapaz, lendo o nome dele na lapela da farda:

- Cruzado...Yuno Liu Khan, este meu amigo aqui está cansado, não se alimentou direito e teme pela vida do filho dele. Você pode registrar um boletim de ocorrência?

O Cruzado Yuno olhou para os dois como se não estivesse entendendo nada, ao que Rômulo implorou, com as mãos postas.

- Por favor, Cruzado Juno...

- Yuno, meu Príncipe.

- ...Desculpe; Yuno. Meu filho, Junior, ele mora comigo em Curitiba e fugiu de casa esta semana. Tenho suspeitas de que ele esteja envolvido com um perigoso grupo cultista que conheceu pela Internet, e que pode estar atuando aqui, nesta cidade; eu encontrei vestígios de um possível crime deles, em meu quarto, na Estalagem Dom Casmurro e...

- Cultistas? - Indagou Yuno, fitando o forasteiro nos olhos, enfatizando. - Vossa senhoria viestes de tão longe, mor de cultistas?

Rômulo devolveu o olhar, também fitando bem dentro dos olhos daquele rapaz tão delicado, notando algo muito incomum, mas deixou de lado e iria dizer, quando um oficial já grisalho, com longas barbas e impecavelmente fadado tal como Duque de Caxias, irrompe de uma outra sala e inquire bravo:

- O que sucede aqui, Tenente Yuno?

Rapidamente o rapaz vira-se para seu superior e faz continência, respondendo sem titubear.

- Uma solicitação para abrir uma investigação, a cerca do sumisso de um jovem, Senhor.

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- Investigação?

Inquriu o sisudo oficial para ele, olhando desconfiado para Rômulo e seu amigo Max. O militar graduado tinha o perfil de um homem muito inflexível, o qual aproximou-se logo do balcão, encarando os dois civis, principalmente Rômulo, desaprovando logo de imediato suas vestes nada condizentes com aquela época.

Rômulo então entre olhou para Max, que já entendendo o que se passava, foi logo dizendo com seu típico sorriso largo e olhos azuis cativantes:

- Boa fé, El Adelantado. - No que o loirinho disse isso, o carrancudo oficial de meia idade desfez seu semblante pesado, relaxando um pouco, mesmo mantendo-se rígido como uma das rochas do Vale. - Minha graça é Michael Maximiliano neto, e sou um proprietário de terras nesta região, meu Senhor.

- Vós sois descendente de Dom Miguel dos anjos, o grande importador de madeiras e derivados manufaturados?

- Sim, El Adelantado.

- Seu pai trouxe grandes melhorias para esta Comarca, principalmente a via férrea, em 1819, meu jovem.

Rômulo olhou estranhando para seu amigo e para o oficial, mas resolveu não se meter, afinal, não estava causando boas impressões, desde que chegou. Max, por sua vez, abriu mais ainda um largo sorriso, dizendo enquanto também olha para um grande relógio de pé Willard encostado na parede, que marcava quinze para às nove da noite.

- Por certo, El Adelantado.

Nisso o maduro oficial desfez totalmente seu semblante fechado e, num esboço do que seria para ele um sorriso, levou sua grossa mão até ao Playboy, cumprimentando ao dizer:

- Boa fé, Dom Miguel filho. Eu sou Capitão Castillo, Juiz de paz desta Comarca. Sejais muito bem vindo à minha cidade e, que San Juan Pablo da luz o abençoe cada vez mais. Em que posso servos útil?

Nisso Max olhou para Rômulo, que estava boquiaberto ao seu lado, admirado com a facilidade do Playboy em abrir caminhos onde ele não estava conseguindo, então o loiro se pôs a explicar o seu caso para o Capitão, que por sua vez o ignorava completamente.

Porém, ao entrar nos detalhes do caso e ficar cada vez mais por dentro das origens de Rômulo, o Capitão Castillo se mostrava evasivo, tratando o assunto dos cultistas como pura "lenda urbana" criada pela empresa de turismo da capital, para atrair turistas e que, o filho do forasteiro, como apenas mais um jovem muito rebelde, cujo pai não soube educa-lo.

O Tenente Yuno, que registrava tudo no livro ata, vez por outra notava a desolação de Rômulo que, cada vez mais, demonstrava estar desolado com a indiferença de seu superior.

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E logo após ter registrado o boletim de ocorrência, antes de saír da Guarnição com seu amigo Max, Yuno os abordou brevemente para entregar discretamente um pedaço de papel com o nome e endereço de um investigador particular chamado Ivan, o qual poderia ajuda-los.

Vendo isso, enquanto caminhavam de volta para o hotel, Max observou com desdém:

- Esse cara aí é um tremendo fresco metido a Sherlock Holmes e vive de ludibriar os ignorantes ou turistas desavisados, Rô.

- Como tem certeza; já contratou os serviços dele, alguma vez?

- Não, mas fiquei sabendo que ele é um malandro boióla cheio de truques.

- Sério?

- No duro. - E dizendo isso, Max acende mais um dos seus cigarros mentolados, dando umas piscadas com o canto do olho para algumas senhoritas locais que por eles passavam na avenida principal. - Se eu fosse você, Curitibinha, nem perderia tempo e dinheiro com este desmunhecado Ivan.

- Ok, Cowboy fake, mas não me crie problemas com suas observações machistas, homofóbicas ou racistas, pois não estou à fim de dormir na cadeia e, se te prenderem, juro que dou um de São Pedro: te nego três vezes!

- Ah, não me enche com este seu mi-mi-mi, defensor das minorias! Aqui essa baboseira 'Woke' não existe e a gente pode falar à vontade o que quer, até chingar alguém daquilo que ele ou ela, é!

- Mas, Atlantina é bem mais rigorosa do que o Brasil, com relação às políticas de igualdade de...

- Ah, não começa de novo, Curitibinha! Vamos curtir a noite, que é uma rapariga gostosa, nos esperando de pernas abertas, louca para...

- Tá-tá! Dá um tempo você também, Max!

E vendo seu amigo fumar, resolveu acender um dos seus, mais baratos, prestando atenção na enorme estátua de uns cinquenta metros, em um círculo com calçada e plantas ornamentais bem no meio da cidade, onde os carroções ou pessoas à cavalo contornavam, no que o loiro comentou ao dar-lhe um tapinha nas costas.

- Está à fim de se divertir um pouco, beber algo, Rô?

- Droga, Playboy country, não me chame assim.

- Ah, deixa de mi-mi-mi, Curitibinha!

- Ok, mas, não é hora de farra, Dom Juan de araque. Tenho que encontrar pistas do meu filho, lembra?

- Se liga, manezão!

-Hah, te conheço Max. Ou acha que não percebi que está querendo dar umas "bimbadas" com alguma proficional do sexo, no Saloon?

- Só quero beber e, quem sabe, descobrir alguma pista do seu filho, falando com algumas pessoas locais. Sacou?

- No Saloon?

- Não tem lugar melhor, meu chapa.

- Se você diz.

- Qual é, meu camarada? Não está com sede?

- O que, vai me pagar um shopp?

- Infelizmente não, amigo. Aqui só tem bebida de jagunço.

- Droga de fim de mundo!

-Eu te avisei.

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- Por que não trouxe alguma bebida de fora, como eu fiz, se você sabia que aqui nesta cidade museu, não tem nem cerveja, Max?

- E estragar a experiência? - Redarguiu o loiro, rindo dele enquanto flertava com as mocinhas da cidade, dentre elas, uma linda sertaneja de pele morena, trajada como uma sinhazinha de Engenho, que segurava ante o busto um livro de capa vermelha. - Os turistas vêm para cá, justamente para isso: curtir o "Velho Oeste" com tudo que tem direito, ou nem pagariam pacotes completos de imersão!

- Nossa! - Retrucou Rômulo, que agora passava com seu amigo bem perto da grande estátua em granito, de um santo parecido com São Bento, mas que segurava bem alto acima da cabeça, o tal triângulo com uma estrela dentro, ao invés de um Crucifixo. - Você fala como se este lugar aqui, fosse um tipo de..."parque de diversão", e não uma estância turística!

- Cara, se você não aproveitar a vida, com tudo o que ela tem para te oferecer de bom, então meu chapa...

- Max, que...que santo é este?

- O que?

Seu amigo nem estava prestando-lhe atenção, ao que ele vira-se para olhar na mesma direção que o outro e tem um Déjà vu ao notar a mesma moreninha com o livro, junto de suas amigas a rirem, em frente de uma loja, do outro lado da rua à uns cem metros.

- Do que elas estão rindo?

- Hah! - Fez Max, fitando a morena. - De você, é claro, Rô! De quem mais, se não de um turista desavisado que se veste como um Extraterrestre, no Velho Oeste?

- Ora, então desculpe, sabichão. Não sabia que é contra os bons costumes locais, vestir-se com roupas do século XXI!

Max então dá uma risada, piscando para a moça, a qual fica toda sem jeito e ri, pondo sua mão por sobre rubros lábios carnudos, acompanhada pelas amigas dela, ao seu lado, todas trajadas com estilos e cores diferentes, porém, no mesmo padrão para senhoritas de família, em meados do século XIX.

- É hoje que eu vou me deliciar com o melhor da comida local, meu chapa!

- Ô Dom Juan de araque, vamos!

- Você quer informações sobre seu filho, não quer Senhor Mi-mi-mi?

- Sim, mas...em que um grupo de jovens damas desta sociedade religiosa e careta, poderia me ajudar?

- Ah, entendi; você prefere o baitola do Detetive Ivan, ou aquele Cruzado Terêm-dêm-dêm, não é?

- Não enche, Max!

- E eu não tô falando de todas as moças, camarada, mas sim daquela moreninha ali, com o livro! Sacou?

- É, estou vendo, Max. Ela...me faz lamberar de Alicia, minha esposa, quando nos conhecemos...

- Você quer dizer: ex-esposa, não é Senhor Mi-mi-mi?

- É...

- Ah não, Curitibinha; não vai começar a choramingar aqui, bem no meio da rua, para eu passar vergonha, vai?

- Não me amola, seu pervertido sexual!

- Venha então, chorão! Vamos beber um pouco para afogar as mágoas!

- Ok, Max, mas...nada de brigas ou falcatruas, Ok?

- Só segue o mestre aqui, seu bocó!

E enquanto eles seguem na direção ao Saloon, do outro lado da rua a jovem morena com o livro afasta-se um pouco de suas amigas, para falar com alguém oculto na penumbra da fraca iluminação pública, em um beco entre dois edifícios barrocos com fachada em madeira no estilo Country.

- Salve, grande irmão! - Ela diz, atenta ao movimento na rua principal. - Quais são as ordens do...outro lado?

O vulto sem rosto, cuja silhueta de um pistoleiro todo de preto oculta-se nas sombras, diz com sussurrada voz grave para ela:

- Ele voltou, Irmã Lavínia.

- Aquele forasteiro com Max?

- Sim.

- Pelos Sete, então...o ciclo...finalmente vai se fechar!?

- Sim.

- E,...quais são as minhas ordens, Grande Irmão?

- Siga...o plano inicial à risca, irmãzinha.

- Então, isto significa que...ele ainda não sabe?

- Não.

- E o outro Dom Gabriel...

- Não.

- Mas logo mandará seus capangas para busca-lo e tirar dele o último cristal, não é, Mensageiro?

- Shhh! - Faz o homem-sombra com seu dedo na frente do que seria sua própria boca, exigindo silêncio. - Cuidado com o que diz e em quem confia, Professora. Paredes têm olhos atentos e...o inimigo oculto, assim como nós, já está ciente, mexendo suas peças no tabuleiro, para garantir que...a serpente de János, feche mais um ciclo.

- Entendo, e perdoe-me, Mensageiro. Farei conforme o plano, seguindo as orientações de Irmã Lee.

- Sim; e seu papel é este, Citrinas: conduzir o tolo através de Nigredo, até chegar ao próximo arcano...

- Morte. - Ela diz, abaixando os olhos para disfarçar uma lágrima escorrer de intensos olhos verdes sobre a bela pele morena. - Sim, eu entendo perfeitamente, Mensageiro da noite.

- Sim. - Ele responde com sua sussurrada voz afetada como de alguém que está sendo sufocado. - Nós outros, sabemos irmãzinha. Agora vá. Vá e também prepare-se para as transformações que virão sobre todos...

- Que assim seja, Grande Irmão.

- ...e para você também, Professora.

- Para mim também? Mas, eu sou uma iniciada!

Só que ele já havia desaparecido por entre as trevas, a deixando ali no beco sozinha, indagando consigo;

- "Eu também?"

Mas, logo uma de suas amigas a chama da calçada, na avenida principal daquela cidade barroca dos tempos do Brasil Império, adaptada em grande parte ao estilo Country para satisfazer o gosto dos turistas, que buscam em Sete Estrelas de Santa fé, o tal "Velho Oeste" Norte-americano dos filmes de Western espaguete, abaixo do trópico de Capricórnio.

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( continua...)

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