O Banquete - II
SEGUNDO CAPÍTULO
"Belas mentiras constroem o castelo da manipulação, alimentando a carência insana de um coração solitário".
— Em Construção...
By: magic_read_
— Se prepare, daqui trinta minutos te levarei até eles.
Suas frases secas e diretas voltaram-se num olhar repreendedor, e com postura orgulhosa, dirigiu-se até a saída agilmente, sequer parecendo que sua filha namorava homens... e mulheres.
— Eu não vou pra casa daquele desgraçado! — Rebati, invocando Victor pela segunda vez.
— Castigo de duas semanas pelo palavreado.
— O quê? Mas por quê?! O que eu fiz pra ele? — Ergui uma sobrancelha, gesticulando com as mãos.
— Ter um namorado só por acaso não basta? — Retorquiu-me.
— Espera... Ele revelou sobre a Rachel?!
— Ele não te deu carona hoje porque a senhorita, minha filha, fez uma burrada enorme com a namorada dele — devolveu uma explicação cínica, acusando-me como legítima réu. Afundou a sua enorme e pesada mão na maçaneta, planejando sair
— Não seria mais prático desculpar-me com a Rachel? — Recomendei, inquestionável, a estratégia já estava elaborada.
Olhares cruzados e convencidos, nem por mil batalhões desistiria da minha garota tão fácil assim...
— Sabrina, traga dois agrados, um para Jungkook e outro para essa tal de Rachel, levarei a pirralha mal-educada nas moradias — passou pela travessa cuspindo tolices, saindo do cômodo com as suas imundícies, indo para a rua sem lenço e documento para fumar.
— Nossa — suspirei fundo logo após a porta fechada, abominada pelas ordens dadas —, que cara temperamental você foi arranjar, mãe.
— Não fale assim dele, ele é o seu pai.
— Bem que as mulheres poderiam se reproduzir sozinhas — retirei-me do centro da sala, me locomovendo até as escadas de madeira.
— Alguns parceiros conseguem ser extremamente amáveis.
— Agradeço a existência delas — acrescentei, subindo as escadas.
Terminei de subir degrau por degrau, em passos velozes direcionando-me ao quarto, matutando sobre o que vestir: all star, shorts jeans, cinto avantajado e regatas justas, talvez mais curta que o padrão. Fui diretamente para o banho, apta a escutar xingamentos pelo atraso, e como se não bastasse, me senti na obrigação de passar perfume e pôr brincos de argola.
Eu vou ver a minha namorada.
Cantarolei, descendo as escadas lentamente, depositando a mão no corrimão: uma modelo estava a desfilar. O tempo parou e os espectadores se espantaram.
— Abaixe essa camisa, indecente — meu pai ordenou.
— Mas o meu umbigo é bonito.
Admirei o meu abdômen, desanimada ao ver a peça alargada por ele, Victor posteriormente segurou meu braço, bufando palavras medíocres, levando-me em seguida para o carro.
Lancei um beijinho e uma piscadela para minha mãe, enquanto ele guiava-me até o banco, ela cedeu seu leve sorriso, acenando. Ele assim fez, rude do jeito que sempre foi, um monstro com aparência de príncipe, mal se despedindo da esposa e já soltando pragas, e babaca como sempre, fui obrigada a manter-me calada perante os feitiços lançados.
— A casa de Rachel é na mesma rua que a de Clarisse — depositei o cinto de segurança.
Olhar vidrado repleto de curiosidade, dirigia ele com serenidade.
— Ela estuda com vocês?
— Ela está na faculdade — papai deu atenção ao trânsito, iniciando a rota — Medicina, notas altíssimas.
— Jeon está apaixonado por uma mulher mais velha... — concluiu. — E o sobrenome?
— Ferreira Meneghesso.
— Filha do Marcos Meneghesso?
— O pai dela... não é gente boa — virou seu rosto para mim, desconfiando do meu tom opaco.
— Como vocês duas se conheceram? — Mudou de assunto.
— Eu cortei a fila dela no supermercado, tentei fingir e xingá-la e ela me calou a boca.
— Nunca vi Jeon tão apaixonado quanto agora, apostaria num romance longevo com a pretendente dele. É um jovem maduro, trabalhador.
Jeon Jungkook com as bochechas de graxa marcou a minha memória, ele trabalhava na oficina mecânica com o seu pai.
— Este é o meu problema, ele captura garotas como ninguém.
— Então você realmente fez aquilo tudo por ciúmes? Mesmo com namorado?
De bico fechado, língua travada, fiquei calada para não repercutir mentiras.
Quando chegamos na casa de minha amada, tomei um drink de êxtase, já meu pai pouco dava graças, pagaria com o próprio orgulho os erros da filha; ele estacionou o carro e eu retirei o cinto, movendo minhas pernas até a moradia, com o coração na boca.
Ding dong.
Ding dong.
Ding dong.
A monótona onomatopeia da campainha repercutia diversas vezes, culpada era a minha ansiedade, não controlava as ações que tomavam conta do meu corpo. Pouco adiantava, ninguém atendia.
Mas eu me arrumei por ela, eu...
— Rachel, sou eu, a Ayla!
— Filha, vamos ao Jungkook, está tarde, não quero atrapalhar a janta deles. Peça desculpas à ela depois.
— Mas...
— Agora.
Cedi ao seu desejo e entrei no carro cabisbaixa, eu mal conseguia pensar, mantive-me quieta durante o trajeto, acolhida pela brisa da janela. O mesmo apenas fitou-me, seco por sinal, descartando as emoções ao cumprir as tarefas, preparou-se de fato para o que importava, exaltando integridade e rigidez, pronto para que eu descesse no destino comandado.
Ele retirou-se do carro, pegando em mãos o agrado feito pela esposa: eram pedaços de bolo, cujo futuro dono não merecia. Andei passos lentos até a porta, tocando a campainha, pensamentos rasos a vagarem na mente e, antes da fuga do foco, fui recebida pela sua família, em específico, o pai de Jungkook. Ele encarava-me de olhos abertos, surpreso, com a porta escancarada.
— Oh... olá Ayla, tudo bem? — Estendeu a sua mão e apertei-a num cumprimento, entregando-lhe o agrado. Após ver o meu pai, o sorriso do senhor aumentou — Entrem, sejam bem-vindos.
— Obrigada, senhor Jeon.
Adentrei na casa com o meu pai, pousando as minhas pupilas no Jungkook, que jogado no sofá estava.
Que visão... estranha.
Deitado e largado com os pés para o alto no velho sofá, obtinha um pirulito vermelho perambulando na definida boca, e as longas e magras mãos segurando um quadrinho novo, mais um daqueles de heróis que salvam moças.
— Bela entrada triunfal — vislumbrou-me de soslaio, olhar superior e desprezível, suficiente para me constranger. — E aí, como lidou com a Rachel?
Com o palitinho rodeando os seus doces lábios, não pude me concentrar, o sorriso vitorioso não me enganava, ele queria algo a mais para me manipular.
Morra engasgado.
— Jungkook, cumprimente sua amiga — senhor Jeon interveio na má educação do filho, logo retornando para a conversa com o meu pai.
— O que você quer, Jeon? — Sussurrei, andando cautelosamente em sua direção, o maior levantou-se, num pulo, porém, recompondo-se tão delicado quanto uma folha.
— Venha até o meu quarto, lá conversaremos mais a fundo — ajustou sua postura.
Confirmei, fulminando-o.
— Para onde estão indo? — Meu pai interpelou, desconfiado como sempre.
— Ajudarei Ayla com as atividades de sociologia, senhor Victor. Karl Marx, Weber e Durkheim, compreende? — Jeon encarou Victor, transmitindo serenidade feito um olhar de uma raposa confiável. — Pedirei para ela não abusar, aliás, as roupas curtas fazem apologia à uma atitude muito tarada!
Boas falsas verdades.
— Concordo — Victor concordou.
Continuei a seguir Jungkook até o seu quarto, escutando do corredor a conversa alheia sobre a relação amável.
"Eles se dão tão bem Victor; uma amizade tão genuína levaria a uma boa relação amorosa".
"Ela já namora, e o bom gosto dela é questionável".
"E ele é tão tímido, Victor..."
Jeon abriu a porta do seu quarto para a passagem, dando espaço para discutirmos com privacidade. Ouvir aquele papo furado deixava-me nos nervos, qualquer coisa relacionada a Rachel ascendia minha fúria.
— Fecha a porra da porta, cara — eu disse.
— Relaxe... — foi passivo e provocativo, obedecendo os comandos.
— Por que você disse que Rachel era sua namorada?!
— Porque ela um dia será.
— Vai? — Refutei.
— Você duvida? — Arqueou suas sobrancelhas. Ele era um bom concorrente, meu instinto gritava isso.
Filho da puta.
— Ela é minha! Somente minha! Não é sua. Você deveria ter revelado de vez a verdade.
— Porém eu não revelei, e veja, ainda recebi aperitivos.
Aproveitador.
— Não brinque comigo garoto — avisei-o.
— Rachel é uma ótima propriedade, tão fiel... — seu tom sarcástico me causou calafrios —, tanto que aqui ficou para negociar.
Por tal razão ela não estava em casa...
— Ela... ela veio aqui?
— Sim, e estava nervosa por não descontar a raiva em mim. Entretanto, Rachel é tão gostosa, carismática, tão perfeita que eu... — o interrompi.
— Não corrompa a imagem da minha mulher — trinquei os dentes, na possibilidade de obter autocontrole.
— Os gemidos me deram muita excitação, Ayla — segurou nos meus ombros, blefando para as futuras maquinações.
Jungkook e Rachel, Rachel e Jungkook. Não duvidava, pelo contrário, aquilo explicava tamanha paz naquele olhar.
— Idiota!
Desferi um tapa no seu rosto, segurando as lágrimas ao imaginar, o maior segurou as minhas mãos e, com a força exibida manipulou os meus braços, puxando-me para um abraço apertado, como se não bastasse desgovernar os meus sentimentos.
Desespero contagiante, era como se nós aguardássemos aquilo por anos.
— Estava enlouquecendo por tanto esperar um abraço seu.
— Esse manifesto todo foi por um abraço?
— Por você eu faço tudo — sorriu, retirando o pirulito da boca.
— Então... você realmente transou com Rachel? — Estagnei meus movimentos, não contrariando o que tanto cobiçava.
— Se eu dizer que sim, você me abraçaria como ninguém nunca me abraçou?
— Como? — Tentei interpretar as suas palavras, paralisada, contemplando-o por um momento.
Seu olhar antes tranquilo e sereno estava fulminante, suas pupilas dilatadas à mim denotavam o ápice da sua raiva, o silêncio dominava a sala e as poucas ações representavam a falta de controle. Ele se aproveitou, não ignorou minha distração, avançou rápido, seus lábios nos meus, meus lábios nos dele, puxou a minha cintura e trouxe sua língua num intenso beijo. Neguei-o com o olhar disparado, porém, surpreendida pelos contagiantes movimentos, e parada, somente senti, sendo obrigada a saciar aquele infeliz.
Fosse só por isso não estaria tão passiva assim, a falta de ar correndo na garganta pesava em meus pulmões e alertava que eu estava caindo, sentia-me nua e exposta, desejando que o capricho causasse mais daqueles terríveis sintomas.
Aos poucos parei de enfrentá-lo, caindo aos brandos de ter a sua boca na minha, fechei os olhos delicadamente, deslizando meus braços até a sua cabeça; o objetivo era tê-lo mais perto, todavia, o medo era mútuo, ambos estavam explorando algo que poderia ser descoberto. Ele tomou posse, mordeu os meus lábios, apertou os nossos corpos, um calor recíproco para suprir o necessário, sem tempo e sem chances, fiquei fixada na parede, sentindo-me dependente dos chupões recebidos, eu não podia, mas eu quase estava...
— Crianças, venham jan-...
Senhora Jeon abriu a porta, e, espantada com a paisagem, permaneceu imóvel, vendo seu filho saciar uma garota; ela parecia emocionada, observava o turbilhão de sentimentos numa única cena. Era um beijo tão marcante, um de língua ainda por cima, talvez o primeiro do filho, bom, na visão dela. Ele já beijou outras garotas, às escondidas como de costume, sempre sendo seletivo, porém, nunca os motivos expostos: Ana Clara; Leila; Camily; Gabriela; Clarisse...
— Jungkook — chamei-o, bradando em fúria interna quando avistada submissa a ele.
Tal virou seu rosto na chamada, e com as mãos na minha cintura, notou a sua mãe na beira da porta, flagrando-o entre os amassos.
— Mãe... — engoliu em seco, constrangido.
— Bom... eu... eu espero vocês dois na sala de jantar... É... Se beijem à vontade!
Sem querer atrapalhar o "primeiro momento" do seu filho, ela retirou-se do quarto, evitando lembrar do que havia visto. Ao ver o sorriso ladino de Jeon após a saída da mãe, capturei o objetivo das suas estratégias obscenas.
Ele quer foder com os meus relacionamentos.
Virei-me para Jungkook com certo desespero, segurando seus ombros e direcionando um chute na genitália: dor, ganância, ódio, não sentia pena; o maior se contorceu, surpreso com a atitude e estupefato pela força.
— Eu não sou sua namorada.
Corri até a sala de jantar, evitando que a senhora Jeon espalhasse as boas-festas, quando avistei todos sentados na mesa entrei em colapso, pois ela encarou-me sorridente, servindo o meu prato quando notou a minha presença.
— Suas "dúvidas de sociologia" foram resolvidas pelo meu filho, querida? — Sua voz transmitiu afeto e ânimo.
Meu coração se partiu, eu teria de enfrentar a vaga esperança de uma mãe desesperada.
— A-ah, resolvi sim, senhora.
— Não me chame de senhora, tens tanta intimidade com Jeon — estendeu o prato servido para mim, acolhedora e sincera.
— Oh... obrigada, senhora Jeon! Quer dizer, ah, mãe do Jungkook ou.. Ágat-
— De nada, pequena Ayla — riu, nostálgica, percebendo o quão atrapalhada eu estava.
Sentei-me ao lado de Ágatha, a qual ainda emanava a incontável felicidade após a descoberta e, promovida pela discrição, aguardei por Jungkook, planejando uma justificativa para o beijo. O garoto chegou à mesa em passos lentos, recuperando-se do intencional chute direcionado nas bolas, eu poderia ter optado pela força, talvez assim a masculinidade frágil não existiria.
— Me desculpem pela demora, estive a arrumar o material escolar — sentou-se à mesa.
— Compreendemos filho, você é um homenzinho muito estudioso — senhora Jeon sorriu, em minha direção. — Não concorda, Ayla?
Não, definitivamente não.
— Sim, concordo plenamente — menti, soando tão debochada que pouco observei —, feito alguém muito recente, não concorda, papai? — Juntei os meus dedos como quem tivesse uma pretensão, sorrindo levianamente para Jeon.
— Bem lembrado, a namorada dele é tão estudiosa quanto. Rachel é o nome dela, correto, Jungkook? — Victor disse.
Desfiz o meu sorriso: "a não namorada dele", minha mente corrigiu; mantive a mesma posição superior, apresentando agora as verdadeiras intenções de Jungkook.
— Rachel? — O pai dele ficou curioso, virando-se para a sua mulher.
— Namorada? — A senhora Jeon voltou-se para mim.
— Ayla impediu o romance — Victor acrescentou.
— Você impediu? — A mulher perguntou, soltando um riso fofo, como quem compreendesse o beijo visto. — Sente ciúmes do Jeon? Por isso o bei-...
Respondi rapidamente:
— Me senti mal ao saber que Jungkook não seria bom o suficiente para a minha amiga.
— E por que Jeon não seria bom para Rachel? — Senhora Jeon ficou atiçada, buscando por esclarecimento, embora contemplasse um sorriso maroto na face.
Mordi meus lábios e abaixei a cabeça, fingindo uma resposta óbvia. Ela viu o beijo, bastasse ter a tristeza com aquilo.
— Eu iria revelar para senhora caso Rachel tivesse aceitado o namoro — o moreno tentou camuflar a culpa.
— Não é disso que refiro-me, digo ao que ocorreu no quarto — ela disse.
Bingo!
— Sabe, somente ocorreu, tinha sido natural, não concorda, Ayla?
Olhei para os meus pés, ainda com a expressão tristonha, uma boa atuação, uma boa difamação. Meu pai estava curiosíssimo, com receio do que aconteceu no cômodo.
— Ayla? — Ele me chamou.
— Ayla? — Jungkook ficou turbulento.
— Perdoem-me, não conseguirei finalizar — funguei, sentindo meus olhos lacrimejarem.
Jeon Jungkook nunca mais me verá.
Os dois homens permaneciam confusos com a situação, exceto Jungkook, o qual tremia de ódio por minha causa. Ele é o culpado, tornou-se réu das minhas armações, o principal delinquente das próprias ações e vítima das minhas próximas armadilhas.
— Algum problema? — Jeon estendeu a mão até a mim, levantando-se da cadeira. — Vamos rezar! Talvez isso funcione; Deus é a solução para tudo e para todos, sua onipresença é justa e aconchegante — afirmou num tom sarcástico, providenciando a reza. Somente eu notei a sua audácia.
Rachel nunca mais me verá caso alguma falha neste plano.
— Obrigada pela refeição. — Puxei a cadeira de madeira para trás, me curvando levemente — contudo, não conseguirei me alimentar, desculpem-me.
Abaixei a nuca em negação, soluçando em virtude do choro — armado —, e todos atentamente apresentavam-se preocupados, até o garoto dos olhos de carvão estava aflito: com ele mesmo, não comigo.
— Bom, não posso deixar a minha filha nesse estado — Victor balançou sua cabeça e assumiu o cargo de pai, levantando-se da cadeira. — Perdoem-nos e, obrigado pela refeição.
— Peço sinceras desculpas a qualquer incômodo que a fiz sentir, Ayla — senhora Jeon afirmou, fuzilando Jungkook.
— Sim, desculpem-nos pelos ocorridos — senhor Jeon comentou.
Ágatha posicionou-se, fazendo-me engolir em seco, ela nos guiou até a saída da casa, num quase silêncio deu prosseguimento na despedida, pronunciando doces palavras quando estive no carro.
— Ele será punido como deve, não se preocupe, Ayla, todavia, não vejo problemas caso prefira resolver legalmente.
— Entendo — suspirei fundo, sem palavras para complementar —, muito obrigada pelo apoio. Adeus, senhora Jeon.
— Adeus.
—•--❦--•—
— Ayla, diga-me já! — Victor gritou comigo. — O que aquele canalha fez com você naquele quarto?
Minha mãe acompanhou a conversa horrorizada, escutou atentamente tudo o que tinha de ser proferido com a palma no corrimão da escada, assustada com o alto tom utilizado por meu pai. Seu cabelo loiro escuro estava entre bobes nos quais cacheavam ao alvorecer, o roupão caído sob o seu corpo exibia que ela não planejava uma noite perturbada. Não na sala, e sim no seu quarto, não comigo, mas com o marido.
— O que Jungkook fez com você? — Ele insistiu.
Suas sobrancelhas franziram, a carrancuda testa dobrou, o suor de estresse foi inibido, exatamente em cima dos lábios contorcidos, e o cabelo curto jogado mostrava um homem trabalhador. Ser pai não era fácil, eu sabia, sempre dei trabalho para eles.
— Ele me beijou papai, segurou em minha cintura e... — levei minha mão ao pescoço marcado, eram chupões e mordidas.
— E?
— Ele aproximou a intimidade — engoli em seco.
— Eu te avisei quanto a roupa...
Mordi meus lábios, segurando a vontade de responder; reduzi a arrogância, tentando retornar ao assunto.
— Ele fez tudo isso com você? — Ele disse.
Confirmei com a nuca, soluçando, a vermelhidão dos olhos inchados atrapalhando a visão, porém, ainda atenta na cautela dele.
— Conversarei com os pais dele junto com Sabrina, farei um boletim de ocorrência conforme a gravidade. Sacrificarei tudo para manter aquele garoto longe de você, minha filha.
— Agradeço papai, confio isso a ti.
A lua minguante estava fraca, na sua fase oprimida; bom, creio que com humanos não seja diferente: eu como garota pequei muito hoje, outrora fosse religiosa, sentiria dor nos joelhos de tanto me confessar; é uma fase, não deixa de ser, contudo, desconheço o meu estado para muito comentar.
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