CAPÍTULO 86

Archibald precisou meditar por horas até que estivesse em condições de contatar Noran novamente. Neste tempo, Hana explorou os prédios da Ermirak em busca da outra pessoa que aparecia em suas visões. Foi no Palácio Majsir, o prédio onde funcionava a biblioteca, que Hana encontrou a figura solitária. Ele estava debruçado sobre uma dezena de livros abertos sobre o tampo de uma mesa de pedra, próximo às janelas do salão anexo à biblioteca.

– Olá – cumprimentou a princesa.

O homem possuía longas barbas castanhas e olhos azuis, nos tons cristalinos característicos dos tisamireneses. Na testa, uma tatuagem vermelha e circular. O treinamento mental dele permitia que se lembrasse de qualquer rosto. Ele a reconheceu.

– Não a vejo aqui há mais de vinte e cinco anos.

Hana não o reconheceu, era um típico tisamirense, como outros tantos que havia conhecido quando morou ali.

– Vejo que não se recorda de mim. Meu nome é Radishi, o que a trás de volta após tanto tempo? Se veio à procura de Shaik Kain, chegou tarde demais. Ele se foi.

– Não foi por isso que vim, mas por causa dos livros.

– Neste caso, fique à vontade. Há mais deles do que se pode ler em uma vida...

– Sabe mesmo quem sou? – Hana estava desconfiada. – Não vai tentar me deter?

– Sei que é uma lacoresa e que é praticante de magia, mas não sinto a corrupção dos necromantes na senhora.

– Mas se eu for uma colaboradora?

– Sei que não é, não de verdade.

– Como sabe disso?

– Aprendi muito nos meus longos anos de combate à causa necromante. – Ele olhou pela janela – Há outros com a senhora, não é?

– Sim, acredito que talvez conheça um deles.

– E por que supõe isto?

– Eu vejo o futuro.

– Conheci alguém que podia ver o futuro. É um fardo terrível, em especial, quando se vê aquele evento inevitável.

– A morte?

– Sim – ele levantou-se – Vamos, quero conhecer os demais. Preciso mesmo de um descanso de meus estudos.

Por aqui – ela indicou – E o que tanto estuda?

– Estou buscando uma solução para evitar a destruição do mundo.

– Hã?

– Os necromantes estão presos a uma busca cega pelo poder. Mas o mundo caminha para a ruína total e completa.

– Como assim?

– Os sinais estão em toda parte e apontam para uma segunda invasão de demônios. Acredito que mais devastadora que a primeira. Chego a duvidar que isto poderá ser evitado. Mas, descobri escritos que previam esta segunda invasão. Antigas profecias. Todas elas falam sobre o despertar da luz em meio à escuridão.

Enquanto Hana descia as escadarias do palácio Majsir na companhia de Radishi, Archibald atingiu o ápice de sua concentração e contatou Noran.

"Archibald, finalmente pode me ouvir!"

"Há muita paz neste lugar".

Noran estava ansioso: "Vi coisas terríveis! Temo que possa ser tarde demais para fazermos alguma coisa".

"Não desanime. Temos que descobrir um meio de libertar Kyle. Ele trará as respostas do Oráculo".

"Não, mesmo aqui corremos perigo. Sombras nos seguiram até a fronteira de Tisamir. A fonte de Jii às manteve afastadas, mas está enfraquecendo rapidamente".

"Como assim?"

"Em semanas, ou mesmo, em dias, a barreira que resta em Tisamir irá ruir".

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