CAPÍTULO 13

As consequências da morte do príncipe Luvik foram graves. Tal fato foi a única coisa que fez com que o rei moribundo de Saubics, Kalden Ludsfay, saísse de seu leito de morte. Praticamente carregado, fez questão de estar presente no funeral de seu filho primogênito. Era o herdeiro do trono de Saubics.

Na mesma ocasião, já se sabia, por todo reino que o príncipe Luvik perecera num ataque dos aldancarianos. Tropas já se formavam por todo o reino e uma guerra contra o reino de Aldancara esperava apenas a ordem real.

A decisão de declarar guerra contra o reino vizinho pesava muito na cabeça do velho rei, pesava mais que a coroa que seu pescoço fraco já não podia suportar. Porém, a dor da perda do filho inibiu a consciência do monarca. Ele declarou, ao anoitecer do dia em que seu filho foi sepultado, guerra contra os aldancarianos.

Tarin, o atual herdeiro recebeu o título de Príncipe General e logo coordenava, no castelo, uma grande reunião com os principais cavaleiros e nobres, que viajaram de todo os cantos do reino para o funeral do príncipe Luvik.

Era tarde. Uma importante reunião havia acabado, mas a movimentação no castelo real era tal que haveriam atividades até o alvorecer.

- Alteza! - Rílkare ajoelhou-se para cumprimentar o príncipe Kel. Vestia um de seus melhores trajes, tal qual seu pai vestia na cerimônia do funeral, mais cedo.

- Rílkare Krenov. - Cumprimentou o príncipe estendendo-lhe a mão para que levantasse. Kel estava bem diferente da última vez que se encontraram, ainda na região montanhosa de Koli. Vestia seus trajes reais e uma tiara prateada com pedras lapidadas incrustadas. Tinha os longos cabelos negros penteados cobrindo-lhe ambas as maças do rosto.

- Novamente, peço perdão por minha falha para com seu irmão.

- Não é necessário se desculpar agora todas às vezes que nos vemos. Como já disse, o perdão lhe foi concedido de coração. E além do mais, vocês fizeram o possível, sei disto. Ao menos puderam salvar alguns bons cavaleiros do senhor meu pai. Sim, e é claro, capturar três dos assassinos com vida.

- Obrigado, Alteza.

- Sobre isto mesmo que queria lhe falar. - anunciou Kel com frieza. - Eles foram interrogados e temos informações precisas sobre a origem dos mesmos.

- Pois sim, Alteza.

- Eles vieram de um forte nos ermos, ao leste de Aldancara. É sobre este forte que queremos que recaia o primeiro ataque de nossas tropas.

- Ainda não compreendo o porquê deste ataque. Os prisioneiros revelaram se sabiam quem estavam atacando?

- Sim, eles sabiam, era sua pretensão capturar o príncipe, mas pelo que disseram, seu comandante pareceu enlouquecer na batalha. Diga-me, Krenov, o comandante deles parecia de fato estar fora de si?

- A batalha foi muito rápida e um pouco confusa, mas acredito que o cavaleiro em questão estava de fato com muita sede de sangue. Se sua missão era mesmo capturar o príncipe, somente se estivesse louco para atacá-lo da forma que o fez.

- Entendo... Talvez a razão real fosse mesmo ver meu irmão morto. Talvez os homens que capturamos não soubessem disso.

- Não poderiam eles mentir, Alteza?

- Não, estou certo disso. Confio muito em quem realizou o interrogatório.

- Entendo. Foi possível saber como eles sabiam a respeito do paradeiro do príncipe Luvik?

- Ao que parece, não tinham tais informações, mas acredito que certamente souberam através de espiões. Não haveria outra maneira.

- Sim, é verdade.

- Nossa prioridade é tomar este forte e quero estar por perto para ver isso acontecer. Queria que você e seus companheiros também nos acompanhassem.

- Para o campo de batalha, Alteza?

- Sim. Estamos em guerra. E nesta ocasião, precisamos de novas lideranças. Fato que pude discutir mais cedo com seu pai, o Barão Krenov. Ele ficou contente.

- Contente?

- Sim, estou apontando você para comandar tropas nesta campanha.

- Eu? Comandar? Digo... Fico honrado, mas...

- Entendo perfeitamente. Não sente ter experiência suficiente, não é mesmo?

- Sim.

- Não se preocupe, terá responsabilidade partilhada com outros tantos. Conheceu Sir Adslay, não é mesmo?

- Sim, Alteza.

- Pois então, ele será o comandante militar das tropas. Poderá aprender muito com ele.

- E quanto aos meus companheiros?

- Poderão atuar como mercenários, ou receber patentes, conforme desejarem. Sei que é importante ir para a batalha com pessoas em que confia.

- Quando? Digo, quando partirão as tropas, Alteza?

- Amanhã mesmo. Vá, comandante Krenov. Logo receberá instruções mais detalhadas.

- Sim Alteza! Como desejar. - Rílkare hesitou por um instante - Alteza, posso fazer uma pergunta?

- É claro, Krenov.

- Seu irmão, o príncipe Luvik não gostava muito de vossa Alteza, não é mesmo?

Kel olhou para baixo e deixou escapar um suspiro. - Meu irmão era mesmo um cabeça dura. E acabou morrendo por causa disto. Mas é verdade... Não éramos muito chegados. Ele nunca gostou de mim, devo confessar. Mas lhe juro Krenov, fiz de tudo para ajudar meu irmão, para fazê-lo enxergar as coisas... Mas ele era muito desconfiado. Como se tivesse medo de mim. Talvez algum de seus amigos colocasse ideias negativas a respeito de minha pessoa, não sei.

- Mas então, no fim, você acha que ele estava certo em relação aos aldancarianos? Quero dizer, quanto aos desaparecimentos?

- Não, de jeito nenhum. Descobri novos fatos, mas agora não é hora. Após a tomada do forte, Krenov... Procure-me, pois quero discutir mais este assunto com você. Por hora, o mais importante é nos prepararmos para a batalha. É importante fazer com que os aldancarianos paguem pelo mal que nos fizeram.

- Obrigado por confiar em mim Alteza. Não irei decepcioná-lo.

- Sim, sei que dará tudo de si, Krenov.

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