CAPÍTULO 108
Os guardas que levaram Archibald até a mansão de Weiss amarraram o rapaz conforme instruções dadas pelo respeitado e temido embaixador lacorês. Depois, deixaram o local. A voz chiada de Weiss causou arrepios em Archibald.
– Clefto, deixe-nos também.
Weiss aproximou-se mancando com sua característica perna arrastada. Encarou o sobrinho por trás da máscara ornamentada. Archibald reconheceu-o quando viu seus olhos azuis. Weiss retirou a máscara e Archibald não pode evitar a careta de asco.
– Estou bem bonito, não é, querido sobrinho?
Archibald engoliu seco.
– Perdeu a língua igual a sua mulher silfa?
– Não.
– Esta foi uma grande surpresa! A maior que tive em anos! – disse Weiss animado – Não sabe como estou feliz de tê-lo novamente.
– O que quer de mim?
– Há... Pensa mesmo que vou lhe contar isso?
– Não precisa me forçar. Eu colaborarei com você, tio.
– Ah é? E por que isto agora?
– Farei o que quiser. Apenas deixe Mishtra e a criança em paz.
– Eu bem que gostaria de por minha mãos no seu filho... Acha mesmo que já não os teria, se pudesse encontrá-los?
Archibald ficou quieto e teve uma terrível revelação. Weiss nunca acharia Mishtra e a criança. Mas agora que ele estava ali, talvez, fosse usado para localizá-los. Ele veio pensando em livrá-los de Weiss, mas agora percebia que ele mesmo os conduziria até eles.
Weiss compreendeu o que se passava na mente do sobrinho e deu uma gargalhada prazerosa. – Oh, mas não seria irônico...
– Seria? – Disse ele com uma pontada de esperança.
– Felizmente para sua mulher e criança, eu já tenho você... O que os torna, num curto prazo, uma distração inútil...
Archibald respirou aliviado.
– Ora, meu sobrinho, temos negócios inacabados, eu e você. Mas antes, há um outro negócio que preciso concretizar. Afinal, devo muito a meu patrono. Temos um difícil trabalho a realizar, nós quatro.
– Nós quatro?
– Sim, eu, você, Clefto e é claro, Mitzlorg.
Weiss tomou a garrafa contendo o nexo em mãos e sussurrou uma ladainha incompreensível.
– Há há! – disse e velho com os olhos brilhando como brasas – Está vazio! Não poderia ser melhor... Será mais fácil realizar a fusão assim.
Weiss destampou a garrafa e dela emergiu uma fumaça magra e vermelha. Ela flutuou na direção de Archibald e penetrou por suas narinas.
– Levante-se – Weiss ordenou ao sobrinho.
Archibald partiu as grossas cordas que o amarravam como se fossem tiras de papel. O ex-monge estava tomado por um daqueles antigos transes, porém, desta vez, seu corpo havia se fundido plenamente com a energia da essência demoníaca. Aos poucos seus olhos foram tomados pelo negro mais profundo.
– Um vaso perfeito – veio a voz gutural do homem possuído.
– Vamos, Lorde Plar-Goshu, temos uns malditos silfos para trucidar e uma horda para libertar.
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