CAPÍTULO 106
Archibald contou o dinheiro que ainda tinha. Não era muito. Pensou que daria para alguns dias, mas os preços na capital eram mais altos que os de Aurin. A cidade era enorme, mas depois de ter vivido em Tchilla, nenhuma cidade parecia ser verdadeiramente grande. Nish era uma cidade de ladeiras, dividida em duas partes: a alta e a baixa. Num confuso e apinhado mercado na cidade baixa, tratou de comprar algumas roupas baratas para vestir-se como um silfo. As mais baratas eram roupas escuras, pois eram muito quentes. Depois de subir tantas ladeiras naquele dia de céu limpo e tempo ensolarado, Archibald sentia-se suado e desconfortável.
Não foi difícil localizar a embaixada lacoresa. Era o lugar na cidade alta para onde muitos lacoreses e homens dos reinos anexados se dirigiam. Viver entre os silfos ainda era uma coisa complicada para homens. Muitos levavam queixas ao local. Era uma casa bonita com um jardim muito bem cuidado. Dezenas de bancos de madeira ficavam na varanda que circundava a casa. Ali, homens e mulheres aguardavam para serem ouvidos. Archibald pegou uma senha se sentou-se junto aos demais.
Ele puxou assunto – É minha primeira vez aqui. Demora muito para se atendido?
Um homem bigodudo de expressão sofrida respondeu – Oh, sim, o dia todo! – tinha um sotaque carregado e Archibald deduziu que fosse homenaseano.
Archibald deu com os ombros – Ouvi dizer que o embaixador está na cidade.
– É mesmo? – retrucou o bigodudo – E daí?
– Acha que eu conseguiria falar com ele pessoalmente?
– Duvido muito... O velhaco mascarado deve bem estar em sua mansão, ou no palácio do imperador. É elevado demais para dar atenção à ralé, como nós.
– Sei. A mansão dele, sabe onde fica?
– Sim, acho que dá para ver dali da frente.
– Poderia me mostrar?
– Hoje não...
– Hoje não? Como assim?
– Faria isto a troco de que?
Archibald tirou uma moeda da sacola e o outro ergueu as sobrancelhas.
– Muito bem – ele levou-o pelos jardins até a saída – ali – apontou para o alto – aquela casa branca de telhas manchadas com uma pequena torre, logo acima do rochedo.
– Obrigado e boa sorte – Archibald seguiu rua acima.
A casa indicada pelo homem parecia abandonada se comparada a outras mansões próximas. Não havia movimento em seu interior ou gente entrado e saindo. Archibald perambulou pelas redondezas o máximo que pode tentando não atrair a atenção das patrulhas da guarda imperial.
Depois, retornou à baixa Nish e foi repousar no hotel barato onde havia alugado um quarto. Precisava aguardar a noite, ou melhor, a madrugada. Sozinho, meditava tentando estabelecer contato com Sen ou Noran, mas sem resultados. No processo, percebeu que Nish era um local em que o astral era limpo. Nunca tinha visto um lugar assim. Seria isto obra dos feiticeiros sílficos? Ou alguma outra coisa?
Archibald acordou com batidas na porta de seu quarto. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, sentiu a lâmina de um guarda imperial tocando seu pescoço. Foi levado para um posto da guarda e trancado numa cela.
Não fazia ideia do que estava acontecendo até que viu o velho Nemediir entrar no corredor. Ele olhou para Archibald e disse ao oficial.
– Sim, é ele.
– Nemediir? – Archibald o chamou – O que está havendo? Garanto que isto não passa de um mal entendido.
– Sinto muito, Sr. DeReifos, não é na da pessoal. Ao menos não comigo. – o velho deu uma risadinha sarcástica e virou-se.
– Ora seu! Volte aqui! – Archibald explodiu.
O silfo saiu e antes que o oficial que o acompanhava fechasse a porta Archibald disse – Exijo meus direitos! Não posso ser preso sem saber o motivo. Exijo ver o embaixador.
O oficial retrucou – Ah sim, mas é claro. Quero mesmo ver quando o embaixador lacorês pedir desculpas à Duquesa Lefreishtra quanto a seus crimes.
Ele ponderou "Lefreishtra? A mãe de Mishtra agora era uma duquesa? Estarei perdido se cair em suas mãos". Sem uma segunda reflexão disse ao oficial – Diga ao embaixador, Prior Himil DeReifos Weiss que quem está aqui preso é seu sobrinho, Archibald DeReifos.
O oficial franziu o cenho.
– Não vai acreditar numa mentira dessas, não é, senhor? – disse Nemediir.
O oficial fechou a porta sem responder.
– Não acredito nele, senhor Nemediir, mas devo seguir os malditos protocolos diplomáticos. O imperador é bastante intolerante com o descumprimento dos mesmos.
Nemediir sorriu amarelo.
– Não se preocupe, senhor, conheço esse tipo de rato lacorês. Inventam qualquer estória para tentar se safar.
– E minha recompensa? – indagou o velho.
– Assim que alguém da parte da duquesa confirme a identidade do criminoso, nós o notificaremos.
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