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tenham atenção lá pela metade do capítulo com o emoji ⚠️ que sinaliza uma cena gatilho, por favor, pulem caso não se sintam bem lendo!
...
Uma semana após a trágica noite havia se passado.
Uma semana desde que Hyunjin viu todos os seus esforços para tentar ser alguém melhor e agradar o garoto que ama ir embora. Uma semana desde que não sabia o que era mais comer ou dormir direito.
Há três anos, ele acharia tudo isso uma completa infantilidade e falta do que fazer na vida de um jovem que acabou tendo a sua primeira paixão, até mesmo riria de tal pessoa. Mas hoje, passando por tudo aquilo e vendo o quão doloroso era, se sentia um babaca inútil.
Ele sabia que chorar durante horas seguidas não iria apaziguar a situação, muito menos trazer seu namorado de volta, mas sempre que pensava no ocorrido, era impossível prender as lágrimas. Seu peito doía como o inferno e tinha a sensação de que sua cabeça iria explodir a qualquer momento.
Uma semana nunca tinha sido tão longa para ele.
Sete dias que não tinha nenhuma notícia sequer do ruivo ou uma única mensagem dele. Todos esses dias que ele abria o chat de conversas sozinho e mandava inúmeras mensagens que sequer eram visualizadas.
Hyunjin sentia-se como um náufrago à deriva em um mar de incertezas e arrependimentos. Cada dia que passava sem notícias de Felix era uma tortura insuportável.
Naquela tarde, deitado em sua cama, parecia que o tempo não passava. Todo o seu corpo estava dolorido da fadiga e os olhos naturalmente grandes estavam inchados e vermelhos, quase fechados. Sua garganta doía e queimava como uma gripe insuportável sem fim.
Sem ao menos perceber, já estava com o celular em mãos, visualizando as mensagens que havia mandado para o namorado. Sentiu uma lágrima escorrer ao que seus dedos passaram a digitar freneticamente uma nova mensagem:
"Lixie, eu sei que errei. Não devia ter ficado sem reação naquele momento e permitido que ela continuasse com aquilo. Eu sei que fui um babaca por não ter conseguido afastá-la a tempo. Mas também sei que te amo mais do que qualquer coisa. Por favor, me dê uma chance de consertar toda essa merda que causei."
Ele olhou para a tela, esperando ver as famosas bolinhas indicando que o ruivo estava digitando. Mas nada aconteceu.
Então sentou-se na cama, segurando o celular com força. As lágrimas voltaram a escorrer, e ele se perguntou se estava sendo egoísta, chegando a conclusão de que estava. Felix merecia alguém melhor, alguém que não cometesse os mesmos erros que ele e que o amasse bem mais do que ele. Mas sabia que era egoísta porque não queria ver o garoto com mais ninguém.
O amor era teimoso. Hyunjin não conseguia imaginar sua vida sem o mais novo. Vê-lo feliz com outro cara, o causava náuseas intensas. Seu estômago embrulhava só de pensar.
Perdido em delírios, não notou quando a porta do quarto se abriu lentamente, revelando sua mãe. Ela segurava uma bandeja com uma tigela de sopa quente e um pedaço de pão. Seus olhos estavam preocupados, e ela entrou com passos suaves.
— Querido... — disse ela, a voz calma. — Você precisa comer algo. Não pode continuar assim.
O moreno olhou para ela, os olhos ainda inchados pelas lágrimas recentes que mandou embora bem a tempo. Ele não tinha apetite, mas a preocupação nos olhos de sua mãe o fez reconsiderar.
Somin se aproximou dele, deixando o recipiente em cima de um travesseiro para não queimá-lo. Com cuidado, sentou-se ao seu lado e pegou uma colher cheia da refeição, levando-a até os lábios secos do garoto. Tremendo, Hyunjin abriu a boca, sentindo um choque térmico pela temperatura da sopa junto a do quarto.
Mais uma colherada foi direcionada a sua boca e mais outra até que a vasilha estivesse com apenas metade da comida. Quando Somin se preparou para mais uma, ele se negou a comer. A mulher suspirou, um pouco mais aliviada por ele ter comido apenas um pouco.
— Coma o pão. — falou aflita.
Assentindo, Hyunjin deixou três mordidas médias na massa fofinha antes de deixá-lo de lado, satisfeito.
Ainda mais preocupada, Somin retirou o recipiente junto do pão de cima do travesseiro, colocando-os na cômoda ao lado da cama. Ela se voltou para o filho, fazendo um carinho em seu rosto molhado.
— Eu sei que está doendo, meu amor. Mas você não pode se deixar definir por essa dor. A vida continua, e você precisa cuidar de si mesmo.
— Não é tão fácil assim. — balbuciou com a voz rouca, tanto pelo choro constante quanto pela falta de uso. — Não achei que essa porra doía tanto.
— Não pense assim, meu bem. Sei que tudo irá ser resolvido logo logo.
Hyunjin olhou para sua mãe, os olhos marejados novamente.
— Eu estraguei tudo, mãe. Eu o magoei.
Somin acariciou seus cabelos.
— Você não estragou nada. Acha mesmo que não conheço o meu filho mais velho? — tentou brincar um pouco, se mantendo ereta ao ver que não funcionou. — Eu sei muito bem como você é, Hyunjin. É um garoto educado e gentil, apesar de seus erros que está repaginando. Não acredito que tenha feito isso com o Felixie.
O moreno engoliu em seco.
— A senhora acredita em mim?
— Mas é claro que sim! — ela sorriu. — Acha mesmo que eu estaria passando a mão em sua cabeça se não acreditasse? Sei que você nem sempre foi esse garoto apaixonado que faria qualquer coisa pela pessoa que ama muito menos carinhoso com alguém que não seja seus irmãos. E olha só o que você é hoje, uh? Eu sei muito bem do que você já andou aprontando durante todo esse tempo e mais do que ninguém estou muito aliviada por você ter mudado o seu jeito de agir. Eu sei que você pode ter sido aquele garoto ingênuo e rebelde mas nunca teria coragem de fazer o mesmo que...
Ela se calou de repente. Hyunjin sabia o que ela iria falar.
Ele suspirou, fungando com raiva. Não gostava do fato de que o homem a quem considerava — por não ter escolha — pai, agia de forma tão infantil com sua mãe. Ele ficava com garotas muito mais jovens que ele e elas se aproveitavam somente de seu dinheiro, enquanto Somin fingia não saber.
— Uh, eu vou pegar um copo de água pra você. — ela levantou-se rapidamente. — Vamos conversar quando eu voltar.
O moreno apenas assentiu e esperou.
Hyunjin observou sua mãe sair do quarto, a expressão preocupada ainda estampada em seu rosto.
Enquanto esperava, sua mente voltou ao homem que mal estava em casa. Seu "pai" — um título que Hyunjin relutava em usar — era um empresário bem-sucedido, mas sua vida pessoal era um caos. Ele colecionava relacionamentos vazios, trocando de parceira como quem troca de roupa. E, no meio disso tudo, Somin permanecia, fingindo não ver as traições e os jogos de poder.
Hwang sabia que sua mãe merecia mais. Ela era forte, inteligente e amorosa. Ele se perguntava como ela conseguia suportar tudo aquilo. Talvez fosse por causa dos filhos, dos irmãos mais novos que precisavam da família unida.
Refletindo sobre isso, Hyunjin percebeu o quão fraco ele era. Sua mãe aguentava todas as traições do marido, os casos fora do casamento e sabia que as inúmeras viagens que fazia dizendo ser a trabalho, era somente uma desculpa para traí-la sem que ela desconfiasse. Somin era uma mulher que aguentava coisas que nem mesmo ele aguentaria.
Ela era forte enquanto ele estava em frangalhos, se contorcendo em cima de uma cama e chorando rios de lágrimas por se sentir culpado pelo seu término recente. Hyunjin sabia que não era o errado dessa vez. Ele tinha plena consciência de que não queria aquele beijo, muito menos que Felix o visse. Mas o ruivo não pensava como ele.
Lee estava tão machucado que sequer cogitou pensar no moreno além dele mesmo e Hwang entendia o motivo dele agir assim. Ele entendia e se sentia ainda mais culpado por toda a situação. Ele não quis acreditar quando Soha o alertou que iria destruí-lo e agora está pagando o preço por isso.
Afetado, soltou um longo suspiro e voltou a se deitar, agarrando um travesseiro e imaginando ser Felix ali. Eles costumavam dormir juntos antes mesmo de começarem a namorar e sempre ficavam de chamego um com o outro, trocando carícias. Doía só de relembrar tudo aquilo e saber que não teria novamente.
"Nada prova que você não é como o Jaewon!"
Outra vez sua mente foi bombardeada pelo fantasma da voz de Felix, que ressoava baixinho em sua mente.
Já sentindo mais lágrimas se acumularem, fechou os olhos, sentindo o vazio se espalhar por seu peito. A voz do amado ecoava como um eco doloroso, reabrindo feridas que ele ao menos sabia ter.
Então se agarrou ao travesseiro, desejando outra vez que fosse o ruivo ali, com os cabelos macios e o cheiro do seu perfume. A lembrança dos momentos íntimos que compartilharam atormentava-o, e ele se perguntava se algum dia conseguiria superar a perda.
As frases ditas por Felix no dia da discussão que levou ao afastamento do casal ressoava em sua mente como um mantra cruel.
— Ruivinho, eu sei que não posso provar nada agora, mas estou disposto a lutar por nós. — fungou, ouvindo sua voz ecoar em meio ao silêncio. — Por favor, me dê uma chance de mostrar que sou diferente.
Sentindo uma forte dor no peito, engoliu o choro. Chorar até ficar desidratado não iria trazer seu garoto de volta. Mas sempre que pensava nele, a voz quebrantada e embargada voltava a atormentá-lo.
"Não se preocupe, Hyun. Eu ainda te amo. Só precisamos de um pouco de tempo"
Sempre que lembrava daquela frase parecia que estava sendo ouvida pela primeira vez e que Felix estava ali em sua frente. "Eu ainda te amo." ele se agarrava até o último fio daqueles fonemas e ainda tinha esperança neles.
Mas se ouviu soltar uma gargalhada sarcástica e dolorosa.
— Tempo seu filho da puta. Quanto mais vou ter que esperar por você?
Sua resposta não veio. Apenas o eco de sua respiração desregulada fazia barulhos.
Seus olhos se fecharam novamente e quando Somin voltou com o copo de água, ele os abriu e aceitou-o com gratidão. Bebeu devagar, sentindo o líquido refrescar sua garganta seca e dolorida.
A mulher olhou com amor e zelo para o primogênito.
— Você sabe que eu te amo, não sabe? — disse, sentando-se novamente na cama.
Hyunjin assentiu, os olhos ainda úmidos. A voz de sua mãe era um bálsamo para sua alma ferida. Ela sempre estava lá, mesmo quando ele cometia erros, mesmo quando o mundo parecia desabar, o que quase nunca acontecia.
—Eu sei, mãe — murmurou. — Eu também te amo.
Somin acariciou seus cabelos, como fazia quando ele era criança e sabia que ele gostava mesmo que não demonstrasse.
— Quero que converse comigo, meu amor. Não guarde toda essa dor somente para você.
Ele suspirou e se sentou na cama, olhando para o copo vazio em suas mãos.
— Eu estraguei tudo, não é? O Felix... ele não vai me perdoar.
Somin também suspirou.
— O perdão é complicado, querido. Às vezes, precisamos dar tempo ao tempo. E, enquanto isso, precisamos cuidar de nós mesmos.
Hyunjin assentiu novamente. Sabia que não podia apressar as coisas, mas a espera era agonizante. Ele queria provar a Felix que era diferente, que podia ser melhor.
— Eu só quero que ele saiba que eu o amo. — disse, a voz embargada. — E que estou disposto a esperar, mesmo que leve uma eternidade.
A mulher sorriu e segurou suas mãos, fazendo um carinho leve.
— Então espere, meu filho. O amor verdadeiro é paciente. E, quem sabe, talvez o tempo traga a cura que vocês dois precisam.
Hwang também sorriu. O seu primeiro sorriso sincero depois de tudo. Ele se sentia bem ao lado da mãe e conversar com ela fazia com que perdesse o enorme peso que carregava nas costas, pelo menos metade dele.
Os braços curtos da mulher envolveram o tronco grande e forte do filho — nesse momento tão fragilizado — em um abraço carinhoso. Seus dedos foram de encontro aos fios macios da cabeleira macia, o acalmando.
O abraço da mãe era um refúgio, um lugar onde Hyunjin podia se perder e encontrar um pouco de paz. Ele fechou os olhos, sentindo o calor e o amor que emanava dela. Somin sempre soube como acalmar sua alma inquieta.
Porém o momento de descanso não durou muito. Tudo estava bom até que a porta fosse aberta com certa brutalidade. Separando o contato, Hyunjin olhou na mesma direção do barulho podendo sentir seus olhos se revirarem automaticamente com o que via.
O homem a quem se obrigava a chamar de "pai" estava parado ali. Ele voltara de "viagem" há dois dias e sempre que podia sorria da cara do filho por saber do que ele estava passando. Ele se escorou na balaustrada como se fosse cair a qualquer momento e a marca de batom em sua camisa lhe enojava.
Somin apertou o braço do filho com um pouco de força, sem querer entrar em uma discussão agora. Hwang San tinha seus olhos semicerrados e as pupilas dilatadas. Estava vermelho e parecia estar com raiva.
• ⚠️ •
— Que lindo — ele falou com a voz rouca, havia bebido. — O meu filho é uma bichinha.
Hyunjin engoliu em seco.
— O que você quer? — hwang se obrigou a perguntar.
— Eu? Eu não quero nada. — se embolou nas palavras. — É só que eu acho muito engraçado como você é um mal agradecido.
— E por que eu seria?
— Não se faça de idiota, garoto! Eu sempre te dei tudo do bom e do melhor e é assim que você me agradece?
Atordoado, Hyunjin levantou-se da cama. Somin fez de tudo para que ele continuasse ali, mas ele era bem maior e mais forte. Em menos de um minuto, o garoto já estava parado em frente ao homem.
— Está revoltado por que estou chorando o fim do meu relacionamento? — perguntou com desdém.
Somin se aproximou dele, tentando tirá-lo dali.
— Isso não é coisa homem — respondeu desgostoso, soprando o bafo quente a bebida. — Você nem é um, não sei porque estou surpreso.
— Não sou homem porque gosto de homem, pai?
San abriu um sorriso provocador, olhando o garoto de baixo para cima.
— Você começou sendo um marginalzinho. Encheu o corpo de tatuagem e furou a cara inteira com brincos feios. — estalou a língua no céu da boca. — Agora se transformou em uma garotinha.
Hyunjin respirou fundo, tentando se controlar.
Ouvir aquilo foi demais para Somin. A mulher passou na frente do filho e encarou o marido com sangue nos olhos.
— Olha como fala com o meu filho, San. Não vou permitir que você o trate assim por conta de sua visão preconceituosa.
O homem deu de ombros a fala da mulher e continuou a sua.
— Quando você nasceu há dezesseis anos atrás eu fiquei tão feliz. Porra, o meu filho ia ser meu herdeiro, o macho da família. E olha o que você se tornou.
Hyunjin revirou os olhos, ignorando tudo o que ouviu.
— Dezesseis anos? — fora a única coisa que saíra de seus lábios.
— Você não tem dezesseis?
Ele soltou um risinho forçado.
— Não. Eu não tenho dezesseis anos. Tenho vinte.
— Ah, de Dezesseis para vinte faltam apenas quatro. Não é tanta coisa.
O homem cruzou os braços, encarando o mais novo com uma expressão de desdém.
— Quatro anos podem fazer toda a diferença, pai. — Hyunjin respondeu, sua voz firme. — Eu não sou o que você esperava, mas sou quem sou. E não vou me moldar para caber em um estereótipo ultrapassado.
San bufou, mas antes que pudesse retrucar, Somin interveio:
— Chega, San! Não abra mais a sua boca se o que for falar é uma ofensa ao Hyunjin! — ela olhou de um para o outro, com os olhos marejados. — O meu filho é incrível do jeito que é. Não precisa provar nada para ninguém, muito menos pra você.
O silêncio pairou no ar por alguns instantes.
Passos foram ouvidos do lado de fora e logo os gêmeos já estavam dentro do quarto. Junghee tinha seus braços cruzados enquanto Jungmin cobria as orelhas, assustado com a gritaria.
— Por que estão falando tão alto? — o gêmeo mais novo perguntou.
Hyunjin suspirou.
— Nós não deveríamos estar aqui, Jungmin. — Junghee alertou.
Antes que o garoto pudesse respondê-lo, San falou mais rápido:
— Nada está acontecendo aqui. Apenas esse mal agradecido que chamam de irmão que não sabe ser grato a tudo o que eu já fiz pra ele.
Os gêmeos olharam perplexos para o irmão mais velho e logo seus olhos voltaram para o pai.
— Eu que não sei ser grato? — ele revirou os olhos, sorrindo falsamente. — Acho que aprendi isso com você, não é, papai?
O homem se engrandeceu. Seus músculos ficaram ainda mais rígidos e seu sorriso era horrendo. Jungmin se abraçou em Junghee. Nunca havia visto o pai daquela forma. Hyunjin continuou:
— Se eu sou ingrato é porque você me ensinou a ser um. Tudo o que a mamãe fez para você, te tratando bem e te amando para você retribuir dessa forma. — suspirou enraivecido. — Você só pode ser muito ingênuo em acreditar que nós não sabemos o que se resume às suas "viagens de trabalho."
O homem ficou momentaneamente sem palavras, surpreso com a intensidade da resposta do mais novo. Ele olhou para a esposa, que permanecia em silêncio, e depois voltou a encarar Hyunjin.
— Você não entende, garoto. — o tom de sua voz era mais baixo agora, mas ainda carregado de raiva. — Eu faço o que faço para garantir o futuro de vocês. As viagens são necessárias para manter nossa família.
Hyunjin cruzou os braços, desafiador.
— E o que exatamente você está garantindo? Dinheiro? Status? Enquanto isso, a mamãe sofre em casa, e nós também. Não somos cegos, pai. Sabemos o que acontece. — seu sorriso era de ódio. — O Jungmin custou a acreditar mais agora ele sabe. É isso o que você quer para a sua família?
Somin ficou tensa e finalmente se pronunciou, sua voz trêmula:
— Hyunjin, por favor, não continue com isso. Não é saudável para ninguém.
— Não, mãe. Ele sabe do que estou falando e agora ele que está se fazendo de idiota! Todos nós sabemos que as porras dessas viagens são para bordeis onde ele come garotas vinte anos mais novas. Acha isso correto?
O choro alto chamou a atenção dos demais.
Jungmin chorava desesperado enquanto se agarrava ao gêmeo o máximo que podia. Junghee tentava ampara-lo, o levando até a cama.
Hyunjin sentiu seu peito se apertar ainda mais, mas sua cólera era tanta que ele não podia mais segurar.
— Eu tenho toda essa ingratidão enraizada em mim por sua culpa! Você que me fez assim e eu te odeio!
Dessa vez, fora a risada estrondosa do homem que chamou atenção.
— Além de ingrato é orgulhoso, não é, pirralho? Eu lembro de quando você trazia a garota magricela pra casa. Ela era o quê? Cinco anos mais nova que você? Ainda era uma menor. Confesso que preferia ela do que o filho do Lee.
Hwang fechou as mãos em punhos, ficando vermelho. Somin tocou seus ombros. Lembrar daquilo naquele momento era um gatilho grande.
— Você sabe que eu não tenho mais nada com a Soha. Foi sim um erro ter ficado com ela, mas eu já consertei isso. Não me orgulho da merda que fiz. E ela é apenas três anos mais nova.
— E com tudo isso continuava sendo uma menor. — zombou.
— Como se você também não ficasse com garotas menores de idade! Tem certeza que é bem visto pela sociedade um cara velho de quase 44 anos com uma menina de 19? Você sabe o quanto a mamãe sofre com isso? Você sequer se importa em tirar a camiseta manchada de batom ao voltar de uma fod-
Sua fala fora interrompida com uma dor forte no lado esquerdo de seu rosto.
A cabeça pendeu para o lado com uma força extrema, causando o estalar de seu pescoço. O local atingindo formigava e o gosto ferroso na boca denunciava o lábio cortado.
A dor pulsante reverbera em seu crânio, obscurecendo o pensamento. Ele tateou o rosto, sentindo o sangue coagulado e a pele inchada. Apesar da dor dilacerante, um sorriso sórdido surgiu no canto dos lábios, causando outra onda de dor pelo machucado sendo movimentado.
Ainda sorrindo, voltou a encarar o homem em sua frente que tinha os olhos profundos e perdidos. A mulher ao seu lado estava em estado de choque, com as mãos cobrindo a boca enquanto as lágrimas caíam grossas.
— É assim que você resolve as coisas. — ele desdenhou, tentando retirar o sangue da boca. — Também aprendi isso com você, papai.
San bateu com força na porta aberta e saiu, marchando para longe.
• ⚠️ •
Somin estendeu os braços trêmulos e envolveu o filho em um abraço apertado. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, e as de Hyunjin não demoraram a vir, misturando-se ao sangue. O moreno, ainda sorrindo desacreditado, afundou o rosto em seu ombro.
— Eu sinto muito, filho — Somin sussurrou. — Sinto muito.
Hyunjin não respondeu, mas o abraço se tornou mais firme.
Minutos depois a mulher deixou o quarto, tentando acalmar o marido antes que ele quebrasse a casa inteira.
— Ele que traí e eu que sofro. — Hwang murmurou, sorrindo em meio a raiva.
Ele se surpreendeu quando sentiu as mãos curtas envolverem seu tronco. Olhou assustado para baixo, encontrando Jungmin com a cabeça em seu queixo e abraçando com força.
As lágrimas voltaram a rolar grossas por seus olhos e naquele momento se sentir um péssimo irmão mais velho era inevitável. Os gêmeos ainda estavam no quarto e viram toda a discussão acontecer. Junghee também levantou-se da cama e correu até ele, o abraçando na mesma intensidade que o mais novo.
O abraço dos gêmeos era como um refúgio no meio da tempestade. As lágrimas de Jungmin molhavam sua camisa, e Junghee apertava-o com força, como se quisesse fundir seus corpos em um só.
— Hyung — sussurrou Jungmin, a voz embargada. — Nós não queremos que você se machuque. Por favor.
Junghee assentiu, os olhos vermelhos e inchados. Ele nunca chora.
— Você é nosso irmão mais velho. Deveria se proteger primeiro para cuidar bem de nós.
Ouvir aquilo foi como sentir dois socos no estômago.
Hyunjin sentiu o coração apertar. Os gêmeos, tão jovens e vulneráveis, estavam olhando para ele com uma mistura de medo e esperança. Ele havia sido o exemplo, o protetor, mas agora se via como um fardo para eles. Aquilo doía mais que tudo e ele já não aguentava mais nenhuma dor.
— Eu... — as palavras se emaranhavam em sua garganta. — Eu não queria que fosse assim. Eu só... perdi o controle. S-sinto muito.
Junghee foi o primeiro a olhá-lo.
— Está tudo bem, Hyunjin. Não precisa chorar por isso.
Com o pedido do gêmeo mais velho, hwang não pode mais aguentar e acabou desabando em mais lágrimas. Ele não queria que seus irmãos tivessem visto a cena que ele fez e acabar apanhando do pai. Mas as únicas pessoas a quem precisava pedir desculpas até o dia de sua morte, eram seus irmãos, mãe e namorado.
Ele não sabia como, mas iria conseguir provar para o ruivo que não havia o traído como ele e quase toda a escola pensavam. Mesmo que demorasse, ele estava disposto a enfrentar e ir contra o tempo.
Com todos aqueles pensamentos Hyunjin soluçou, os ombros tremendo com a intensidade de suas emoções. Ele se sentia frágil, como se estivesse prestes a desmoronar completamente. A presença de seus irmãos era um bálsamo, mas também uma lembrança dolorosa de como ele havia falhado.
— Hyung... — Jungmin voltou a chamá-lo em um murmúrio, acariciando as costas largas. — Nós estamos aqui com você.
O gêmeo mais velho assentiu com seus olhos marejados.
— Você não precisa passar por isso sozinho. O Felix hyung vai te dar uma segunda chance.
Hwang se agarrou a eles, sentindo-se grato e culpado ao mesmo tempo.
— Eu vou provar a verdade a ele. Sei que vou. Talvez apenas demore mais do que eu gostaria.— sussurrou. — Não importa o que seja preciso. Eu vou fazer tudo para reconquistar sua confiança novamente.
Os irmãos assentiram, concordando que tudo daria certo.
O mais novo deles ainda choroso pediu para que fossem até a cama, sua cabeça doía. Os três irmãos se aconchegaram nos lençois, compartilhando o calor e a segurança que só a presença familiar podia proporcionar. Com as luzes apagadas e tudo fechado, o quarto estava escuro.
Jungmin se deitou no meio, com Junghee à sua direita e Hyunjin à sua esquerda. Eles se abraçaram, entrelaçando os braços e as pernas, como se quisessem se fundir em um só ser. O cheiro de shampoo e sabonete do recente banho dos gêmeos misturava-se ao aroma natural de cada um.
O mais velho suspirou, sentindo o cansaço pesar em seus ossos. As preocupações do dia pareciam distantes agora, mesmo que por uma pequena parcela. Ele fechou os olhos, ouvindo a respiração tranquila dos irmãos.
Jungmin, sempre o mais sensível, soltou um pequeno suspiro, como se sonhasse com algo bom. Junghee apertou o abraço, como se quisesse proteger a todos.
— Hyungs... — Minmin murmurou, a voz sonolenta. — Eu amo vocês.
— Amamos você também. — Junghee respondeu, acariciando o cabelo dele.
— Sempre estaremos juntos, não importa o que aconteça. — Hyunjin completou, apertando ainda mais o abraço.
Após as declarações, os três afundaram no sono, exaustos e vulneráveis. A tensão do dia se dissipou lentamente, substituída pelo ritmo suave de suas respirações.
Jungmin, com os cabelos espalhados no travesseiro, sonhava com aventuras em mundos distantes. Junghee mergulhou em sonhos de planos meticulosos e estratégias. E Hyunjin, com o coração sensível, encontrou refúgio em lembranças de momentos felizes.
A escuridão do quarto os envolveu, e a cama se tornou um santuário. Os lençois abraçavam seus corpos, e os sons da casa adormecida se misturavam ao silêncio. Os pesadelos e as preocupações foram temporariamente banidos, substituídos por um descanso merecido.
...
Após 4 horas de sono, Hyunjin acordou meio zonzo. Ao se levantar, seguiu cambaleante até o banheiro onde lavou o rosto com água gelada para espantar a cara de defunto. Voltando para o quarto encontrou os gêmeos ainda dormindo, abraçados um ao outro. Foi inevitável não sorrir naquele momento.
Ele desviou o olhar da cama para a cômoda ao lado, vendo o seu celular descansar ali. Mesmo sabendo que não encontraria nada, foi até o móvel e agarrou o aparelho, abrindo na aba de conversas, no contato do ruivo. Seus olhos se arregalaram ao ver as duas setas azuis em suas mensagens anteriores, indicando que elas haviam sido lidas.
Seu coração deu um salto dentro do peito e a euforia tomou conta de si. No mesmo instante em que mandaria outra mensagem para o namorado perguntando se ele estava bem, as três bolinhas características que indicavam que a pessoa a qual conversava estava digitando, seus dedos tremeram e o celular foi ao chão.
Com o estrondo repentino, Junghee se mexeu e abriu os olhos, encarando o irmão com uma careta. Hyunjin estava pálido, tão branco quanto um papel. A única cor em seu rosto era o roxo próximo a boca.
— O que foi, Hyunjin? — perguntou o mais novo ainda grogue de sono.
Hyunjin engoliu em seco.
— N-nada. Volta a dormir.
Dando de ombros, Junghee agarrou-se ainda mais no irmão mais novo, escondendo o rosto no pescoço dele, fugindo da caridade.
Assim que o celular estava em suas mãos novamente, hwang respirou fundo, prendendo e soltando o fôlego antes de verificar o que havia recebido. O que leu não lhe agradou. Mas, ao menos recebeu uma mensagem do ruivo.
Meu ruivinho 🧑🏻🦰🧡
Quando tiver algum tempo, por favor pegue suas roupas que ainda estão aqui.
[16:27 pm]
Ler aquela mensagem tirou seu chão.
Por que de repente felix queria se livrar de suas roupas? Pelo o que ele havia entendido, se houvesse entendido bem, eles não tinham terminado o namoro, apenas dado um tempo. Então qual a necessidade de ir buscar suas roupas?
Ele não sabia, mas também não perguntaria. Não iria arriscar deixar o namorado ainda mais chateado. Faria o que ele estava lhe pedindo e com sorte, até mesmo o veria.
Suspirando, digitou rapidamente.
Consegue me esperar alguns minutos? Só preciso de um banho, acabei de acordar.
[14:29 pm]
A resposta não veio, mas a mensagem foi entregue e lida.
Com pressa, Hyunjin largou o celular onde estava outrora e rumou novamente para o banheiro, se jogando embaixo do chuveiro com roupa e tudo. Apenas quando sentiu o corpo pesado foi que notou a burrada que fez. Sem nenhuma paciência, retirou as peças molhadas e focou em tomar um banho rápido.
Tentou ser ágil, mas acabou demorando mais do que gostaria no banho. Ao finalizar, saiu do banho rapidamente, secando-se com pressa e vestindo as primeiras roupas que encontrou. Seu coração ainda batia acelerado, a ansiedade tomava conta de seus pensamentos.
Assim que terminou de se arrumar, encontrou Junghee já acordado, sentado na cama e esfregando os olhos.
— Vai a algum lugar, hyung? — perguntou, notando a pressa do irmão.
— Vou pegar umas coisas na casa do felix — respondeu, tentando soar casual.
Junghee franziu a testa, mas não fez mais perguntas. Hyunjin pegou suas chaves e celular, e saiu rapidamente, sentindo o peso da incerteza em cada passo.
Se jogou de uma vez dentro do carro, girando a chave na ignição. Antes de dar partida, seu celular se acendeu com uma notificação. Outra mensagem de felix.
Meu ruivinho 🧑🏻🦰🧡
Venha devagar. Sei que vai querer vim correndo, mas não faça isso. Tome cuidado com o trânsito e evite acidentes.
[16:54 pm]
Hyunjin sorriu ao ler a mensagem. Felix ainda se preocupava consigo.
Então, atendendo ao pedido do namorado, saiu pelas ruas frias com cuidado, se mantendo calmo e dirigindo na velocidade recomendada, por mais que quisesse ultrapassar para chegar mais rápido.
Enquanto dirigia, ele pensava em seu sogro. Lee Hyun-woo era um homem centrado, completamente cuidadoso que se importava com sua família. Felix era o que fazia o homem se manter daquela forma, tão irredutível.
Ele se lembrava claramente de quando iniciou o relacionamento com o ruivo, do medo que sentia do pai do garoto. As ameaças que Hyun-woo o fazia sempre que aparecia em sua casa e o alerta sobre machucar o ruivo que ele o dizia. Ele havia machucado felix e agora estava ferrado nas mãos do sogro.
Um suspirou pesado irrompeu de seus lábios ao que virou em uma rua, estava se aproximando da casa do ruivo. Depois de mais alguns minutos ele chegou. Tremendo, desceu do carro.
Ao parar em frente a porta, hesitou por um momento antes de tocar a campainha. O som ecoou na casa silenciosa e, após alguns segundos que pareceram uma eternidade, a porta se abriu. Hyun-woo estava ali, com uma expressão indecifrável no rosto.
— Oi, senhor lee. — tremeu.
O homem não disse nada, apenas se afastou, dando um passo para o lado para deixá-lo entrar.
Ele entrou na casa, suando frio. No balcão, Minji terminava de secar algumas louças. Ela sorriu ao ver o genro.
— Hyunjin, querido! — seu sorriso duplicou de tamanho. Ela saiu de trás do balcão e foi até ele. — Como tem estado?
Ao ver o sorriso gigante e os olhos brilhantes da mulher vindo em sua direção, ele não conseguiu mais se manter firme e um longo suspiro escapou de seus lábios acompanhado de uma única lágrima grosseira.
— Desculpa... — a palavra saiu rápido de sua garganta antes que ele pudesse conter.
— Oh, querido.
Somin caminhou até ele e o envolveu em um abraço apertado e caloroso, afagando as costas dele. Um soluço alto escapou de seus lábios.
— Eu não queria causar isso tudo. — ofegou.
— Está tudo bem, querido. Não precisa se martirizar tanto.
Hyunjin assentiu, um pigarrear chamando sua atenção. Ele quebrou o contato com a mulher e virou-se para trás, encontrando Hyun-woo o fuzilando com olhos.
— Senhor lee — quase gaguejou, inclinando a cabeça em respeito.
— hwang. — o homem o cumprimentou com pouco interesse.
Hyunjin suspirou, indo até ele.
— Eu sei que o senhor está desapontado comigo, e eu mereço isso. Mas eu amo o felix e farei qualquer coisa para consertar o que fiz. — se embolou nas palavras. — N-na verdade ele acha que eu fiz, mas eu não fiz!
Hyun-woo permaneceu em silêncio por um momento, avaliando o garoto com um olhar penetrante. Finalmente, ele falou, sua voz firme e controlada:
— Moleque, eu sempre soube que você tinha boas intenções com o felix, mas machucar meu filho é algo que não posso perdoar facilmente. — não fraquejou ao dizer. — O felix me contou a versão dele e pelo o que me disse, você realmente não teve culpa. Então estou disposto a ouvir o que você tem a dizer.
Hyunjin respirou fundo, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros.
— Eu cometi um erro ao não ter reação diante o acontecido, senhor. E estou aqui para fazer o que for preciso para provar que sou digno do amor de Felix e da confiança da sua família.
O lee assentiu lentamente.
— Muito bem. Vamos ver se suas ações correspondem às suas palavras. Quando se resolverem, cuide bem do meu filho. Ele merece ser feliz.
O moreno sentiu um misto de alívio e determinação. Assentiu para o mais velho.
— Bem, o que faz aqui, querido? — Somin perguntou com o intuito de quebrar o clima pesado.
Hyunjin tentou sorrir, mas a única coisa que conseguiu fazer foi uma careta.
— O lixie pediu para que eu viesse pegar minhas coisas que ainda estão aqui. — engoliu em seco. — Ele está no quarto?
— Não, meu amor. Ele saiu a pouco tempo.
— Entendo. Eu posso subir e buscar minhas coisas?
— Claro, mas sente-se e coma algo primeiro.
— Não quero incomodar. — falou sem graça.
— Oh, imagina! Acha mesmo que vou deixar meu genro vir até minha casa e não comer nada? Sente-se!
Ainda sem graça, Hyunjin se forçou a sorrir novamente e dessa vez pareceu mais simpático. Ele sentou em um dos banquinhos que ficavam ao redor do balcão estilo americano da cozinha e suspirou. Somin devolveu o sorriso e foi buscar algo para ele comer.
Sentado sozinho, hwang sentiu uma presença ao seu lado, o deixando tenso. Seus dedos batucavam em sua coxa por vezes seguidas e as mãos estavam trêmulas e suadas. Ao seu lado, Hyun-woo sentou-se e ficou o encarando por tempo suficiente para deixá-lo maluco. Depois de alguns minutos naquela observação, o homem finalmente disse:
— Eu jurei para mim mesmo que o próximo namorado do felix teria que passar por mim antes de chegar até ele. — falou, seus olhos escuros e mortais fixos no moreno.— Também jurei que eu não deixarei que ninguém o machucasse outra vez ou que o fizesse de marionete ou o usasse como um simples bonequinho de ventríloquo.
Hyunjin assentiu, concordando com o que ele dizia, mas engolindo em seco, com medo do que aquela conversa levaria. Próxima à geladeira, Somin apenas observava de rabo de olho.
— O meu filho sempre foi o meu mundo, a razão pela qual eu batalho tanto. Quando aquele moleque desgraçado apareceu na frente dele há três anos, eu pensei que tudo estava arruinado. Eu vi meu filho morrer aos poucos e isso lentamente me matava. — mesmo que não quisesse, uma lágrima rolou por seu olho. — O felix se fechou para todos. Não conversava e parou de andar com os amigos que o fazia tão bem. Ele sequer comia ou se importava com algo.
Hwang novamente concordou, sabendo exatamente como foi aquela fase para o ruivo. Mesmo que não parecesse, que o próprio Felix e outras pessoas não vissem, Hyunjin sabia do que estava acontecendo. E de longe, sem interferir muito, ele fez o possível para ajudar o garoto que sempre amou.
— Quando o Felixie me falou que não queria mais se envolver romanticamente com mais nenhum garoto, eu senti um alívio tremendo. Mas eu sabia que ele não poderia ficar sem se relacionar por muito tempo, iria fazer mal pra ele. — ele contou com detalhes, tocando no ombro do garoto. — Então você apareceu. Eu achei que teríamos problemas, mas você era o completo oposto do que imaginei.
Hyunjin soltou uma gargalhada falsa.
— Achou que eu era um vândalo por causa do meu estilo.
— Não, moleque. Eu nunca te julguei por gostar de tatuagens e tudo isso que diz ser estiloso. Eu achei que você seria como ele.
O moreno arregalou os olhos. Como ele poderia ser como o garoto que quebrou o ruivinho de uma forma tão horrenda?
— Me perdoe se te fiz pensar nisso, senhor lee, mas eu não sou como ele.
— Eu sei, Hyunjin. — o homem disse, sua voz mais calma. — Eu vejo isso agora. Você tem mostrado que é diferente, que realmente se importa com o Felix. Mas você precisa entender que, como pai, eu sempre vou me preocupar com ele.
— Eu entendo.
— Por alguma razão eu confio em você, garoto. Eu sei que não foi capaz de trair meu menino.
— Não, eu não fui. Nunca serei.
— Sei que não vai pensar em fazer nunca, porque se você sequer sonhar em ferir o felix, eu te mato.
Hyunjin respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas para responder.
— Eu entendo, senhor lee. — falou com a voz baixa e respeitosa. — Eu prometo que nunca irei machucar o felix. Ele significa muito para mim e eu só quero vê-lo feliz.
Hyun-woo continuou a encará-lo, avaliando cada palavra e gesto do jovem ao seu lado. Após um longo silêncio, ele finalmente falou:
— Espero que você esteja falando a verdade, Hyunjin. Se você o machucar, não haverá lugar no mundo onde você possa se esconder de mim.
Hyunjin assentiu novamente, sentindo o peso das palavras de Hyun-woo.
Somin, ainda observando de perto, sentiu um alívio ao ver que a tensão entre os dois homens estava diminuindo. Ela esperava que Hyunjin fosse diferente e que pudesse trazer a felicidade de volta à vida do único filho.
— Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para cuidar dele. — o moreno acrescentou, olhando diretamente nos olhos do homem. — O senhor tem minha palavra.
Hyun-woo finalmente relaxou um pouco, embora ainda mantivesse uma expressão séria.
— Veremos, Hyunjin. Veremos. — disse ele, por fim.
Somin se aproximou deles, com uma bandeja em mãos. Ela deixou a mesa em cima do balcão.
— Você fez bem. — disse ela suavemente, olhando nos olhos do garoto. — Agora, só precisamos que o Felixie veja que você é digno de confiança.
Hyunjin tentou sorrir, sentindo um pouco de esperança crescer dentro dele.
— Eu espero que isso aconteça logo.
— Não vamos pensar nisso agora, sim? Vamos comer! — ela sorriu, empolgada. — Você gosta de bolo de cenoura? É o preferido do Felix.
O moreno engoliu em seco, mas respondeu:
— Gosto.
— Que bom, querido. Coma à vontade.
A mulher sorriu ainda mais, cortando uma fatia generosa do bolo e colocando-a em um prato para o genro.
— Aqui está. Espero que goste. — disse ela, sentando-se ao lado dele.
Hyunjin pegou o garfo e deu uma mordida no bolo. O sabor doce e familiar trouxe um pequeno conforto em meio à tensão do dia.
— Está delicioso. — ele disse, sorrindo genuinamente desta vez.
Somin riu suavemente.
— Fico feliz que tenha gostado. O Felix adora esse bolo. Sempre que ele está triste ou preocupado, eu faço para ele. Parece que ajuda a melhorar o humor dele.
Hwang assentiu, sentindo-se grato por aquele momento de normalidade.
— Obrigado. — ele disse sinceramente. — Por tudo.
A mulher balançou a cabeça.
— Não precisa agradecer. Somos uma família agora, certo? — ela disse, dando-lhe um sorriso encorajador.
— Certo.
Os dois passaram a conversar de forma animada, enquanto Hyun-woo apenas comia calado.
Hyunjin finalmente conseguiu soltar uma boa gargalhada sincera após a piada que a mulher contou. Sorriu tanto que uma lágrima chegou a rolar por seu olho. Ele juntou as mãos em frente ao corpo e continuou a prestar atenção no que Minji dizia, sorrindo vez ou outra.
O barulho da porta sendo aberta chamou a atenção dos três. Eles olharam na direção da mesma. Por ela Felix entrou com a cabeça baixa, enquanto deixava seus calçados ao lado dos outros, estranhando o fato de terem três pares ao invés de dois. Ao erguer o rosto, seu olhar fora automaticamente para o moreno.
Um pouco afastados um do outro pela distância entre a cozinha e a porta da sala, o ruivo franziu o cenho ao ver Hyunjin ali, e sem demonstrar nenhuma dor ou resquícios de sofrimento em seu rosto, caminhou até seus pais e consequentemente, até Hyunjin.
Ao parar ao lado do pai, ele sorriu e beijou a bochecha do mais velho. Caminhou até a mãe e fez o mesmo. Por fim, seus olhos voltaram novamente para o hwang, mas ele permaneceu calado. Somin e Hyun-woo trocaram um olhar desconfiado.
Felix pendeu a cabeça para o lado, parecendo analisar algo no rosto do mais velho. Ele ficou por cerca de cinco minutos assim, com um silêncio mortal. Sua atenção estava no rosto de Hyunjin, mais precisamente em seu lábio. O moreno engoliu em seco.
— Você ainda está aqui. — finalmente falou. Parecia desgostoso. — Vai ficar para o jantar?
Hyunjin ficou sem palavras por um momento, sentindo uma mistura de emoções. Felix mantinha uma expressão neutra, denunciando que estava bem com tudo o que estava acontecendo, mesmo que não estivesse. Ele aparentava estar lidando bem com o "término", e suas expressões não demonstravam arrependimento pela escolha.
Hwang o olhou nos olhos, aliviado por ele estar bem. Ele torcia para que felix estivesse esquecido pelo menos 1% do motivo que os levou às condições atuais, apenas para conseguir se aproximar mais rápido. Mas aquilo era completamente idiota. Seus olhos se encheram de lágrimas.
— Na verdade ainda não peguei minhas coisas. — sorriu sem graça. — Não, não vou ficar para o jantar.
Felix assentiu indiferente, pouco interessado.
O clima pesou no ambiente e para dispersar o momento, Hyunjin levantou-se abruptamente, assustando a mulher sentada ao seu lado.
— E-eu posso ir ao banheiro? Me deu vontade de repente. — sorriu amarelo.
Somin concordou.
— Claro, querido! Fique à vontade.
— Com licença.
Ao se curvar respeitosamente de uma forma rápida, ele saiu da visão dos demais, sem olhando para o ruivo.
Seguiu para o banheiro que ficava ao lado de um pequeno corredor que dividia uma área da sala. Ele entrou no mesmo, fechando a porta atrás de si. O espelho refletia um rosto pálido e olhos cansados. As olheiras profundas marcavam sua expressão, e ele suspirou, apoiando as mãos na pia.
A exaustão parecia pesar sobre seus ombros, e por um momento, ele se permitiu encarar o próprio reflexo, questionando se conseguiria suportar mais um dia daqueles momentos turbulentos. A água corria na torneira, mas ele não se atreveu a lavar o rosto. Em vez disso, fixou os olhos no espelho, buscando respostas que pareciam escapar entre os dedos.
O silêncio do banheiro era quase ensurdecedor, e ele sentiu-se pequeno diante da imensidão de suas próprias angústias. Um suspiro longo escapou de seus lábios, e ele se perguntou mentalmente se algum dia Felix seria capaz de perdoá-lo. Por enquanto, restava apenas continuar, mesmo que cada passo fosse uma luta contra a maré.
O tempo se estendeu e ele permaneceu dentro daquele lugar por mais alguns minutos. As lágrimas queriam rolar, mas as impediu rapidamente. Outro suspiro irrompeu de seus lábios. Sem saber mais o que fazer ou como encarar o ruivo ao sair daquele banheiro, Hyunjin esmurrou o espelho com força, o fazendo tremelicar.
Sentindo as juntas doerem, ele virou-se com raiva, indo até a porta. Puxou o pegador e assim que abriu a mesma, deu de cara com felix o encarando. Ele deu um passo involuntário para trás, engolindo em seco.
— F-felix... — gaguejou.
O ruivo não respondeu.
Novamente passou a observar o moreno com um olhar de curiosidade e preocupação. Ele deu um passo em direção a o outro e o analisou por alguns minutos antes de falar:
— Você se envolveu em uma briga outra vez?
Hwang piscou atordoado, clareando a garganta.
— Não briguei com ninguém. Estou sendo sincero.
O ruivo o olhou torto, desconfiado.
— Vem, eu vou fazer um curativo. — o puxou pelo braço.
Hwang arregalou os olhos.
— Não precisa, Lixie, está tudo bem.
— Seu lábio está inchado. Tem um corte. Não vou deixar inflamar. Vem.
Sem poder refutar, Hyunjin se deixou ser arrastado até o quarto do ruivo, ignorando o olhar dos pais dele na sala. Seu coração batia forte, quase saindo pela boca ao estar ao lado do namorado que não via há um mês. Ele só queria que tudo se resolvesse logo.
Dentro do quarto de felix, ele largou o moreno e seguiu até o banheiro, em busca da maleta de primeiros socorros. Já acostumado com o lugar, Hyunjin sentou-se na cama dele, suspirando ao ver todas as suas roupas arrumadas em um cantinho, com a pantufa azul em cima.
Assim que retornou ao quarto, Felix seguiu até ele, parando em frente as suas pernas.
— Olha pra mim, preciso ver seus lábios. — mandou, autoritário.
Hyunjin levantou o olhar, encontrando os olhos clarinhos de felix. Mesmo que não parecesse, ele estava preocupado. O ruivo se ajoelhou na frente dele, abrindo a maleta de primeiros socorros com cuidado.
— Isso vai arder um pouco, mas é necessário, tudo bem? — avisou, pegando um algodão embebido em antisséptico.
Hwang assentiu, tentando se preparar para a dor. Felix começou a limpar o corte com delicadeza, mas o moreno ainda fez uma careta de dor.
— Desculpa. — murmurou, soprando levemente para aliviar a ardência. — Você precisa tomar mais cuidado.
— Eu sei. — respondeu, a voz baixa. — Foi só um mal-entendido.
O ruivo não respondeu, concentrado em aplicar um pequeno curativo no lábio do mais velho. Quando terminou, ele se afastou um pouco, analisando o trabalho.
— Pronto. — disse, satisfeito.
Assim que felix se ergueu, Hyunjin ofegou.
— Meu pai. — confessou, um pouco tímido.
O ruivo franziu o cenho.
— Uh?
— Meu pai me bateu.
Os olhos de felix cresceram rapidamente. Sua boca se abriu em um sussurro mudo.
— O quê?
O moreno forçou um sorriso e se atreveu a tocar o menor que ainda estava entre suas coxas. Suas mãos foram até os quadris largos do ruivo, acariciando o local. Felix não recusou seu toque e ele não parou.
— Nós brigamos. Eu o provoquei e acabou dando nisso. Os meninos viram tudo. — suspirou. — Eu sou um péssimo irmão mais velho.
— Não, Hyunjin. Você não é um péssimo irmão. Apenas estava exausto de tudo isso e explodiu como qualquer pessoa. Não se culpe tanto.
— É difícil quando eu só faço merda.
Felix suspirou, sentindo a dor do mais velho como se fosse sua. Sem pensar coerentemente, se inclinou para frente, aproximando seus rostos. Hyunjin abriu os lábios, ofegante e com o coração acelerado.
— Está tudo bem, Hyun. Todos cometemos erros. — sussurrou para ele, sua voz suave e reconfortante.
O moreno olhou para ele, seus olhos brilhando com uma mistura de tristeza e esperança. Ele apertou levemente os quadris de Felix, buscando conforto. Tudo estava conspirando contra ele e aquilo o matava aos poucos.
— Eu só não quero decepcionar ninguém. — murmurou. — Eu já te decepcionei...
O menor soltou um suspiro, acariciando o rosto choroso do garoto sentado com ternura.
— Você não está decepcionando ninguém. Pare de tentar se moldar a um padrão o qual não faz parte apenas para agradar.
Ele respirou fundo, colocando o rosto no peito do ruivo.
— É horrível te ouvir dizer isso.
— Por quê? — perguntou mesmo já sabendo o motivo.
— Porque você terminou comigo. Eu estraguei tudo e agora estou pagando as consequências.
Felix sentiu seu coração apertar ao ouvir as palavras chorosas. Com um suspiro profundo, ele acariciou os cabelos do moreno, tentando encontrar as palavras certas.
— Hyunjin, nós não terminamos. Eu apenas te pedi algum tempo porque achava que era o melhor para nós dois naquele momento. — disse, engolindo o nó que já se formava em sua garganta. — Você não me decepcionou. Eu sei o que aconteceu naquela noite, Hyunjin.
Hwang levantou a cabeça tão rápido que sentiu ela girar, seus olhos encontrando os de felix. Havia uma mistura de dor e esperança em seu olhar.
— S-sabe?
— Sei.
— Então por que não me perdoa? Por que não volta pra mim?
Ele suspirou.
— As coisas não são tão fáceis assim, hyun. Eu sei o que pode ter acontecido porque confio em você. Tudo o que te falei naquele momento foi porque estava confuso e me arrependo disso. — ofegou, engolindo as lágrimas. — Na verdade ainda estou confuso, mas não é nada sobre você e sim sobre mim. Eu não sei se irei conseguir superar o trauma que vivi com o Jaewon e ficar com você só iria te ferir. Eu não quero te machucar com as minhas dores. Eu preciso de um tempo.
O moreno assentiu.
— Eu só queria que as coisas fossem diferentes. — confessou, sua voz quebrando.
Felix concordou, entendendo perfeitamente o sentimento.
— Eu também queria. — admitiu. — Mas eu sou um caso perdido. Eu preciso te evitar de uma forma infantil para não te quebrar ainda mais.
Hyunjin respirou fundo, tentando absorver as palavras dele. O ruivo estava certo, mas a dor ainda era difícil de suportar.
— Eu só não quero perder você. — sua voz saiu quase como um sussurro.
O menor sorriu, um sorriso triste.
— Você nunca vai me perder, Hyunjin. Eu sempre estarei aqui para você, de uma forma ou de outra. Estamos enfrentando um momento turbulento, mas isso não significa que eu não tenha sentimentos por você.
Os dois ficaram em silêncio por um momento, apenas aproveitando a presença um do outro.
— Você me ama? — Hyunjin finalmente quebrou o silêncio.
Felix voltou a sorrir.
— Amo. — acariciou o rosto dele. — Eu te amo, Hyunjin.
Frágil demais, ele apenas abraçou o menor, sentindo o cheiro bom que ele tinha. Suas lágrimas rolaram feito uma cascata, não podendo evitar a dor em seu peito.
O ruivo sentiu um aperto no peito ao ver o garoto que ama tão vulnerável por culpa sua. Ele tomou o abraço mais apertado, tentando transmitir todo o amor e conforto que podia.
— Está tudo bem, bebê. — murmurou, acariciando os cabelos dele. — Chore o quanto precisar. Eu estou aqui.
Hyunjin soluçou, segurando felix com força, como se temesse que ele desaparecesse. As lágrimas continuavam a cair, mas aos poucos, ele começou a sentir uma leveza, como se o peso em seu peito estivesse diminuindo.
— Eu sinto tanto, meu amor... — sussurrou entre os soluços. — Eu sinto tanto por tudo.
Felix balançou a cabeça, afastando-se ligeiramente para olhar nos seus olhos.
— Não precisa se desculpar. Nós dois estamos aprendendo e crescendo. Eu principalmente.
Ele assentiu, enxugando as lágrimas com as costas da mão. Então respirou fundo, tentando se acalmar.
— Eu só quero ser melhor para você. — disse, sua voz ainda trêmula. — Quero ser um namorado tão bom que você nunca sentirá a necessidade de me substituir porque eu serei o suficiente para você.
— Você já é, Hyunjin. Você já é.
— Não, eu não sou. Se eu fosse mesmo, nós não estaríamos separados agora. Eu sei que você precisa pensar no melhor para você e que ainda está com medo, mas eu seria capaz de enfrentar isso ao seu lado, sem me importar com o quanto iria doer caso você me machucasse. Você já foi quebrado demais, Lixie, agora é a minha vez.
Felix arregalou os olhos, sentindo as lágrimas se acumularem nos cantos deles.
— N-não diga isso...
Hyunjin segurou o rosto do ruivinho com delicadeza, seus polegares limpando as lágrimas que começavam a cair.
— Eu digo isso porque te amo, príncipe. — disse, sua voz firme apesar da emoção. — Eu quero ser a pessoa que te ajuda a se reconstruir, que te apoia em todos os momentos.
Felix fechou os olhos, sentindo o calor das mãos de Hyunjin em seu rosto.
— Eu tenho tanto medo, Hyunjin. — confessou, sua voz quase um sussurro. — Medo de te machucar, medo de não ser suficiente.
O moreno aproximou seus rostos, encostando suas testas.
— Nós vamos enfrentar esse medo juntos. — prometeu. — Eu não vou a lugar nenhum. Vou estar ao seu lado, não importa o que aconteça.
Mesmo fragilizado, o ruivo assentiu. Ele se permitiu sentir o calor dos braços do namorado que tanto sentiu falta, mas ainda assim sentia que esse não era o momento para voltar oficialmente para os braços dele.
Depois de um tempo assim, ele se afastou.
— Você precisa ir embora. — disse finalmente.
Os olhos de Hyunjin se arregalaram, a surpresa e a dor claramente visíveis em seu rosto.
— O quê? Por quê?
Ele tentou ir até o menor quando ele se afastou. O ruivinho levantou a mão, pedindo para que ele parasse.
— Não é porque eu não te amo, Hyunjin — tentou explicar. — Mas eu acho que precisamos de um tempo separados para nos encontrarmos.
Hyunjin balançou a cabeça, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.
— Mas eu não quero ir embora. Eu quero ficar aqui, com você. — sua voz estava quebrada.
Felix sentiu as lágrimas começarem a se formar em seus olhos, mas ele se forçou a continuar.
— Eu sei, e isso torna tudo ainda mais difícil. — respondeu. — Mas às vezes, o melhor que podemos fazer por nós mesmos e por aqueles que amamos é dar um passo para trás e permitir que o tempo faça seu trabalho.
O moreno sentiu uma onda de desespero. Ele respirou fundo, tentando controlar as emoções.
— Eu odeio o tempo. — soltou uma risada sarcástica. — Um mês longe do amor da minha vida e agora mais tempo. Eu vou sentir sua falta.
Contrariando sua vontade anterior, Felix foi até ele, envolvendo-o em um abraço apertado.
— Eu também vou sentir sua falta. — murmurou contra o ombro dele. — Eu te amo.
Os dois ficaram ali, abraçados, sentindo a dor da separação iminente por mais alguns minutos.
Hyunjin finalmente tomou coragem para soltar o menor e pegou suas roupas de cima da cama dele, deixando apenas as pantufas azuis. Quando felix o questionou o porquê, apenas disse que aquilo pertencia a ele e que não iria levar consigo. O ruivo não refutou e o moreno se foi.
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