Quando acordaram passavam das quinze horas, e para a sorte de felix apenas as crianças e a babá estavam em casa. Achava estranho os pré-adolescentes de quase quatorze anos ainda terem babá, mas levando em conta que o pai vivia viajando, a mãe e o irmão mais velho praticamente moravam na escola e os mais novos ficarem sozinhos, uma babá era mais que essencial.

O ruivo suspirou aliviado ao se lembrar que estavam praticamente a sós. Não que lee não gostasse da diretora Somin, mas não saberia lidar com o constrangimento depois do que ele e hyunjin fizerem na madrugada e ela possivelmente ouviu tudo. E o pai do moreno não pareceu gostar muito de si então queria evitá-lo o máximo que conseguisse.

Pelo menos a mulher já sabia que os dois estavam se envolvendo e tendo algo, mas não chegava a comentar. A única coisa que perguntou ao filho foi quando iriam oficializar o namoro e ele respondeu que os dois já namoravam. Mas era mentira. Afinal, para ser um namoro deveria ter um pedido e esse ainda não aconteceu. Mas daqui há três meses, tudo seria oficializado. E o ruivo não sabia se San já tinha noção de algo, mas provavelmente o moreno já havia dito.

felix também estava um pouco acanhado por não ser tão íntimo da família para fazê-los uma visita, era apenas muito próximo da matriarca da casa por ser um aluno destaque. Aos poucos ele ia conseguindo a confiança e o amor dos gêmeos. Jungmin já estava mais à vontade com ele, enquanto Junghee ainda implicava um pouco. Lembrou-se da discussão que ele e hyunjin tiveram e não pode deixar de soltar um suspiro entristecido ao se recordar de que talvez o motivo maior para o surto do mais novo tenha sido ele.

Nesse momento, felix estava sentado no sofá enquanto esperava o Coelhinho rebelde que havia ido conversar com a babá dos meninos para que a mesma fosse embora, já que a partir dali, ele ficaria com os irmãos. Enquanto o mesmo não chegava, felix passou a observar cada coisinha que tinha ali, cada detalhe que passou despercebido quando chegou no meio da madrugada. Nas paredes haviam dezenas de fotos em família. Uma que chamou sua atenção foi a única em que o senhor hwang aparecia.

Ele estava ao lado da esposa, enquanto hyunjin estava mais à frente e os gêmeos mais para o lado. Ele não sorria nem esboçava nenhuma reação, o que era assustador. Mas para o lado, havia uma sequência de porta-retratos de hyunjin em várias fases da vida, e a que mais chamou a atenção do ruivinho foi uma de quando o tatuado estava na sétima série do ensino fundamental. Estava com uma medalha de ouro no pescoço e um sorriso enorme nos lábios, deixando os dentes de coelho à mostra. No cantinho da fotografia estava escrito: "campeão da XVII olimpíada de basquete". Um sorriso orgulhoso irrompeu dos lábios cheinhos.

Ele continuou olhando mais algumas fotos, quando foi surpreendido por um latido alto. Olhou assustado na mesma direção, e sorriu aliviado ao ver o cachorro sentado com a língua para fora lhe encarando. Era o cachorrinho de hyunjin que mais era dos gêmeos. Ele só havia ouvido falar dele quando o moreno contava sobre, todo sorridente. Nunca tinha o visto antes a não ser por fotos. O ruivo chegou mais perto e se abaixou, fazendo carinho nos pelos curtos.

o cachorro fechou os olhos e ficou ali, aproveitando o carinho que recebia. felix adorava animais fofinhos, os cachorros em específico. Deixou uma risadinha nasalada sair por dentro do nariz ao pensar que facilmente confundiria com um filhote de cavalo devido ao seu tamanho. Às vezes os pensamentos intrusivos o ganhavam.

Ele continuou acariciando o animal, observando-o balançar o rabo e aproveitar bastante dos toques que estava recebendo.

— Parece que ele gostou de você, amor.

Lee levou uma mão até o peito esquerdo e arregalou os luzeiros pelo susto recente. Não percebeu quando hyunjin se aproximava e só agora notou sua respiração quente bater contra sua nuca.

— Que susto, hwang!

O moreno tatuado sorriu e agarrou o menor pela cintura, deixando um beijo longo em seus lábios, podendo ouvir as risadinhas do outro no meio do ósculo. felix apartou o beijo segurando nos ombros firmes do rebelde.

— Nós ainda estamos bem? — hwang perguntou aflito, referindo-se a conversa que tiveram na madrugada.

O ruivo sorriu, beijando seus lábios rapidamente.

— Claro que estamos. — sorriu — melhor do que nunca.

hyunjin abriu um sorriso gigante.

— Ainda sente dor? — perguntou preocupado, deixando mais um beijinho nos lábios chamativos.

— Não.

— Tem certeza?

— Sim. Não precisa se preocupar.

— Mas eu quero ficar preocupado com meu quase namorado.

felix sorriu, uma felicidade imensa cortando seu peito.

— Três meses, hyunjin — falou, mas ainda sorria.

— Eu sei, mas gosto de pensar que serei seu namorado — beijou seu lábios outra vez. — E você será o meu primeiro.

— Tecnicamente você também será o meu primeiro, já que não considero o que tive com o Jaewon um relacionamento sério depois de descobrir a verdade, então ele nunca foi meu namorado.

hyunjin sorriu, o confortando. Ficou feliz em saber daquilo, mais magoado e enraivecido ao lembrar daquele filho da puta.

— Prometo ser o primeiro melhor namorado do mundo. E espero ser o último.

felix gargalhou.

— Eu também espero.

hyunjin voltou a agarrá-lo, o beijando com vontade, sentindo longe o gostinho de melancia do gloss dele que sempre estava em seus lábios.

hwang suspirava em meio ao beijo, deixando-se levar pelo momento. hwang o beijava com mais fome, o deixando molinho em seus braços. Quando a falta de ar se fez presente, o tatuado separou o beijo com uma mordidinha no inferior do menor, o fazendo sorrir. felix recuperou o fôlego, ainda sorrindo.

— Onde estão os meninos? — perguntou, procurando pelos gêmeos.

— Estão tomando banho. Enrolaram a babá para não irem se lavar, e eu os chantagiei falando que não iria jogar basquete com o Junghee nem ir para a piscina com o Jungmin caso eles não ficassem limpos em vinte minutos. — revirou os olhos — Ainda parecem duas crianças.

— Você não presta, hyunjin! — negou sorridente — Isso é atitude de irmão mais velho?

— Sou apenas seis anos mais velho, gatinho. E eles já deveriam saber a hora do banho.

Falou rápido demais, voltando a atacar os lábios gordinhos que já estavam inchados pelas chupadas deixadas. felix outra vez encerrou o beijo e encarou o moreno, tentando falar com ele.

— hyun, ja chega — suspirou quando hyunjin lambeu seu pescoço — E se os meninos chegarem?

— Eles não vão. Demoram pelo menos meia hora no banho.

hwang falou, sorrindo logo após ver o olhar perdido e desejoso do ruivinho. Voltou a deixar chupões na derme pálida. Sem se conter muito, continuou com os beijos, saindo do pescoço, agora marcado por suas chupadas famintas, levando a boca de encontro a do ruivo.

Deslizou a língua habilidosa para dentro da boca bonita, pedindo acesso. felix cedeu, sentindo a bolinha do piercing prateado bater contra seu dente. As bocas dançavam em sintonia, e com um impulso dado pelo mais velho, felix rodeou a sua cintura com as panturrilhas desenhadas.

Caminhando às cegas, hyunjin foi até o sofá, deitando o copo pequeno no estofado caro para só então deitar por cima. Em nenhum momento parou de beijá-lo ou de apertar a carne descoberta da sua cintura. Já por cima, passou a friccionar o quadril com o do ruivo, causando um tremor gostoso. Os membros semi eretos se roçavam um no outro arrancando suspiros deleitosos de ambos. hyunjin o beijou com desejo, louco para saciar seu carne.

felix apartou o beijo e hwang foi rápido ao levar os lábios finos até o pescoço dele, marcando-o com beijos demorados. Ele abriu a boca querendo gemer baixinho mas não o fez. Seu olhos se reviraram ao sentir o movimento gostoso do quadril do moreno, roçando as intimidades. Levou as mãozinhas até os ombros dele, tentando o fazer parar e retirar a boca de sua tez.

— hyunjin, já chega. Estamos parecendo dois adolescentes cheios de hormônios. — falou, quase sem fôlego.

O moreno rugiu, o olhando no fundo dos olhos.

— Porra, eu facilmente te comeria nesse sofá. — rugiu entredentes.

Voltou a se mover contra ele, com força e rapidez. Dessa vez sons deixam os lábios grossos.

— Amor, para. — tentou falar algo coerente — Prometo te recompensar depois.

hyunjin parou. Seu olhar perdido.

— D-do que você me chamou? — engoliu em seco, com medo de ter ouvido errado.

felix o olhou confuso, mas logo sorriu ao ver a forma afetada que ele parecia ter ficado ao ouvir o apelido carinhoso. Se deu conta que era a primeira vez que o chamava assim.

— Amor. — repetiu.

Os olhos do moreno encheram-se de lágrimas. Ele beijou o ruivinho com calma, sentindo os lábios dançarem juntos. Agora não tinha mais pressa ou fúria, o ósculo era lento e saboroso. Os corpos descansavam e agora apenas o quentinho dos corações aquecidos permaneciam.

— Eu te amo. — sussurrou, grudando as testas.

hwang não esperou que o ruivo dissesse que o amava de volta. Sabia que ele estava tão confuso quanto si mesmo e acima de tudo, ainda não se sentiria preparado. Não o forçaria ou o pressionaria para nada, deixaria que tudo acontecesse no tempo dele.

Quando hyunjin tentou beijá-lo novamente, foi impedido por um latido alto. o cachorro encarava os dois com os olhos brilhantes.

— Acho que ele tem ciúmes de você. — felix sorriu.

hwang não se importou e voltou a beijar os lábios bonitos, cheio de fome, ignorando os latidos do animal. Um barulho de passos foi se aproximando e o ruivinho apartou o ósculo.

— Devem ser os seus irmãos. — falou alarmado.

Novamente os passos foram ouvidos, agora mais próximos.

Os dois se separam e ficaram sentados lado a lado, fingindo que nada aconteceu. Antes que os gêmeos chegassem, hwang não perdeu tempo ao levar a mão tatuada até a coxa branquela e apertar com força, sussurrando no ouvido do ruivo:

— Você não vai se livrar de mim nem tão cedo, gatinho. Vou te comer nem que seja em pensamentos.

felix se arrepiou inteirinho. hwang sorriu safado e ao calar-se, os moreninhos apareceram na sala.

— Oi, felix. — Jungmin cumprimentou o ruivo.

— Olá, meninos!

O gêmeo mais novo foi até ele e o abraçou, o pegando de surpresa.

— Cumprimente o felix, Junghee. — hyunjin falou, ainda machucado pela recente discussão, mesmo que já tivessem se acertado.

O menino apenas deu de ombros sem desviar seus olhos da tela do celular.

— Estou falando com você, moleque.

— Me erra, hyunjin. — falou seco, saindo da sala.

— Mas que pestinha mimado! — passou a mão pelos fios negros.

felix sorriu com suas lamúrias.

— Deixa ele, hyun.

Ele ergueu o olhar para o moreno, que estava com a cara amarrada e o semblante fechado. De braços cruzados, cutucando a carninha interna da bochecha com a língua.

— O que foi, hein? — perguntou Jungmin, soltando o ruivo.

— O Hee não me obedece mais. Ele acha que só porque agora é adolescente pode fazer o que quiser.

— A mamãe disse que você era igualzinho a ele quando adolescente.

hyunjin emburrou-se e fechou a cara.

felix gargalhou fraquinho e foi até ele, o envolvendo com os bracinhos curtos.

— Não fica assim não coelhinho.

hwang o olhou sorridente.

— Hoje você tirou o dia para me surpreender, não foi?

— Por que te chamei de Coelhinho?

hyunjin assentiu e atacou os lábios macios, num beijo afoito. Parecia que sempre que beijava o ruivo tinha pressa, como se a qualquer momento pudesse perdê-lo por dentro de seus braços.

— Para de me beijar, minha boca tá formigando. — interrompeu o beijo.

Antes que pudesse contestar, ouviu um suspirar. Era Junghee que havia retornado.

— Odeio esses beijos desnecessários. — revirou os olhos.

— Para com isso, Hee. Você só tá com inveja porque o hyunjin namora e você não.

— Me erra você também, Jungmin.

O mais velho se jogou no sofá de qualquer jeito.

— Olha os modos, hwang Junghee! — hyunjin o advertiu mas novamente fora ignorado.

— hyunjin, eu tô com fome. — Jungmin falou.

— O que quer comer, pestinha?

— Bolo.

hwang torceu o lábio em desgosto e disse:

— Não temos bolo.

O brilho nos olhos do garoto foram apagando-se aos poucos, e o coração do rebelde fora se apertando. felix sorriu vendo como o moreno baixava a guarda para os irmãos.

Ele então levou a mão até as costas do menino e a acariciou, falando animado:

— Então vamos fazer um!

Jungmin voltou a sorrir, empolgado com a ideia de fazer um bolo do zero.

— Isso, vamos fazer um! Bolo de.. — bateu com a ponta do dedo no queixo querendo pensar no sabor do bolo. Nada veio. — De que?

felix também parou para pensar um pouco e hwang sorriu safado, olhando para o ruivo quando ditou:

— Cenoura.

felix engasgou com a própria saliva, e teve que colocar sua boa e velha atuação em dia para que o mais novo não percebesse o que havia acabado de acontecer.

— Bolo de cenoura! — Jungmin sorriu feliz.

Jungmin seguiu animado para a cozinha e felix e hyunjin levantaram-se do sofá, indo junto. No meio do caminho, o ruivo revirou os olhos, esbarrando no ombro do tatuado proferindo um:

— Idiota.

hwang sorriu e segurou em seu braço o fazendo estancar no lugar, sussurrando em seu ouvido, para que apenas ele pudesse escutar:

— Se não posso comer minha Cenourinha, então comerei o bolo.

Outra vez felix revirou os olhos e fez esforço para se livrar do aperto dele. Assim que conseguiu, rumou até a cozinha, mas antes disse:

— Você nunca muda mesmo. Um dia tá todo romântico, bobinho e apaixonado e em menos de treze horas se transforma em um safado nato. — fingiu uma cara séria.

hyunjin murchou.

— Você não gosta? Me desculpa, amor. Prometo não estragar mais as coisas entre a gente — fez um bico enorme.

felix se sentiu horrível. Grudou as bocas em um beijo rápido.

— Eu não estava falando sério, Hyun. Não faz essa carinha. — o beijou novamente. — Eu gosto desses seus dois lados. Amo a forma que você os usa. E você não estragou nadinha entre a gente. — segredou a última parte.

hyunjin suspirou aliviado.

— Não faz isso, não amor. Eu quase morri. — fez drama.

— Desculpa... — o beijou outra vez — Agora vamos fazer o bolo.

— Vai na frente, eu vou tentar convencer o Junghee a ir junto.

O ruivo assentiu, fazendo assim como ele disse.

O moreno fora onde o irmão mais novo estava e depois de muito custo conseguiu convencê-lo a ir preparar o bolo também. Logo os dois se juntaram aos demais. A cozinha estava virada de cabeça para baixo.

A bancada estava coberta por farinha de trigo e tinha alguns ovos quebrados aqui e acolá. E isso era obra dos dois últimos a chegarem. Enquanto felix e Jungmin faziam tudo com calma e paciência, hyunjin e Junghee jogavam tudo para o ar e se estressavam com frequência.

Agora felix picava as cenouras que Jungmin já havia descascado, Junghee media a quantidade de açúcar já sem nenhuma paciência e hyunjin rodava os armários de um lado para o outro em busca do leite para acrescentar na massa, mas não encontrava. Suas bochechas estavam meladas de farinha por antes ter se estressado com o Junghee e lançado trigo nele, o que só fez o mais novo devolver.

— Deve não ter leite, amor. Sai daí. — felix falou para o moreno que ainda seguia acirrado em sua busca pelo leite.

— Tem sim. Eu vi quando minha mãe pegou ontem para tomar com achocolatado. — falou travando, afetado pela forma em que foi chamado.

O ruivo negou sorridente e virou as costas, quase tendo um treco com o que viu.

Os gêmeos estavam escondidos atrás da bancada alta, aparecendo vez ou outra, enquanto brincavam com as mãos sabidas na meleca que tinha se tornado de farinha e ovo. De repente, Jungmin agarrou um punhado de farinha de cima da bancada e arremessou no irmão. felix arregalou os olhos, com medo da reação de Junghee. Mas para sua surpresa, o garoto apenas limpou a farinha do rosto. Com um sorriso travesso, Junghee também pegou um punhado do trigo e lançou no mais novo que sorriu empolgado. Em menos de dois minutos, os dois já tinham feito a sua própria guerra.

felix levou as mãos até os fios de fogo, suspirando. Olhou para hyunjin que continuava na luta em achar o leite e pigarreou.

— Amor...

O moreno virou-se para encarar o menor que apontou com a cabeça na direção dos gêmeos.

— Jesus. — profanou surpreso.

Enquanto os dois mais velhos ainda encaravam os gêmeos perplexos, os pestinhas jogavam farinha e ovos para todos os lados.

— Seus capetas! — gritou hyunjin, chamando a atenção dos mais novos — Parem já com isso!

Os meninos deram de ombros e continuaram com a brincadeira.

hyunjin pensou em repreendê-los outra vez, mas olhando para aquela cena, sorriu ao ver os irmãos se divertirem. Junghee não era capaz de demostrar sentimentos, e nesse momento estava sorrindo como ele nunca o viu sorrir antes. O que estava sentido era bom.

Sentindo sua criança interior ser ativada, ele foi até o saco de farinha e encheu ambas as mãos com ela. Caminhou até os irmãos, derramando o trigo na cabeça dos dois.

— É melhor parar ou iniciaremos uma grande guerra.

Os gêmeos se entreolharam e sorriram sapecas. Cada um pegou um pouco do ovo quebrado em cima da mesa e jogaram no mais velho. hwang ficou indignado ao ver a gosma amarela manchar sua camisa preferida. Logo os três jogavam farinha e ovos uns nos outros.

Porém, em um dado momento, o lance de Junghee foi além e a massa ultrapassou a cabeça de hyunjin.

— Céus! — felix exclamou ao ser atingido.

O dono da bagunça se retraiu. Não queria ter feito aquilo.

Porém, o ruivo sorriu.

— Estão prontos para a batalha? — ele perguntou, erguendo a colher de pau que segurava como se fosse uma espada.

Os gêmeos riram.

— Preparem-se para a derrota, perdedores! — Jungmin esbravejou.

Os quatro se dividiram em dois times. felix e hyunjin formaram uma aliança, enquanto Junghee e Jungmin se uniram do outro lado da cozinha. O objetivo? Cobrir um ao outro com farinha e ovos quebrados. Estavam levando a brincadeira longe demais.

A guerra começou. Farinha voava pelo ar, criando nuvens brancas que se misturavam com os risos. Ovos quebrados explodiram em impactos suaves, deixando manchas pegajosas nas roupas e cabelos. Jungmin, com um sorriso travesso, mergulhou as mãos em um saco de farinha e atirou-a na direção de felix. Ele desviou habilmente, mas não escapou de um ovo quebrado que Junghee lançou com precisão.

O time que estava sendo derrotado contra-atacaram, jogando farinha e ovos em todas as direções. A cozinha se transformou em um campo de batalha caótico, com risadas e gritos ecoando pelas paredes. Mas então, algo mudou. felix olhou para a pilha de farinha no chão, para os ovos quebrados escorrendo pelas bancadas. A diversão diminuiu, e ele percebeu o desperdício que estavam causando. Sua consciência pesou.

— Esperem! — ele chamou, erguendo as mãos. — Talvez tenhamos ido longe demais.

hyunjin assentiu, olhando para os irmãos mais novos.

— Temos que limpar isso tudo agora.

Junghee e Jungmin concordaram, e juntos, eles pegaram panos e começaram a limpar a bagunça que haviam criado. A farinha foi varrida, os ovos enxugados, e a cozinha voltou ao seu estado original. Enquanto os gêmeos terminavam a limpeza, os mais velhos descansavam.

— Isso foi divertido — disse Jungmin, sorrindo. — Mas da próxima vez, talvez possamos fazer uma guerra de travesseiros em vez disso.

— Eu esmagaria os dois — hyunjin sorriu travesso — Agora vocês precisam de outro banho.

Junghee olhou o irmão mais velho dos pés à cabeça. Fez o mesmo com o ruivo.

— Vocês também. — ditou, deixando a cozinha.

Jungmin o acompanhou.

— Ei, e o bolo? — felix gritou.

O gêmeo mais velho voltou um passo, sorrindo sapeca.

— E o Hee limpamos a cozinha sozinhos. Vocês que façam o bolo. — e saiu.

felix ficou chocado.

— Justo — no fim, concordou.

Assim que os gêmeos saíram, felix e hyunjin, com as mãos ainda pegajosas, voltaram sua atenção para a tarefa em mãos: fazer o bolo.

O ruivo colocou as cenouras já estavam picadas em cima do balcão e hyunjin finalmente encontrou o leite na geladeira. Ele o retirou com cuidado, verificando a data de validade. Felizmente, ainda estava fresco. Voltou até onde o mais novo estava, roubando uma rodelinha de cenoura. Jogou na boca

— Gostoso igual você.

— Idiota — sorriu, pegando o leite das mãos dele — Vá pegar mais ovos.

— Claro, minha vida.

O moreno fez assim com lhe foi dito e voltou com três ovos e uma tigela. Sem que o ruivo precisasse pedir, começou a quebrar os ovos, um por um, deixando a clara e a gema escorrerem na tigela. O cheiro doce das cenouras picadas se misturava com o aroma do leite fresco.

— Quantos ovos precisamos? — felix perguntou, olhando para a receita que achou em algum site, procurando pela quantidade exata.

hwang sorriu.

— Três ovos. Já temos todos aqui. Vamos bater tudo junto.

— Você nem olhou para a receita. — comentou.

— Eu tenho dois irmãos mais novos, gatinho — sorriu — Precisei aprender a cozinhar ainda no fundamental para alimentá-los.

felix ficou surpreso. O moreno foi praticamente um pai para os irmãos mais novos. Preferiu não falar mais nada e se empenhou em ler a receita.

Os dois faziam uma parte de cada vez, em silêncio, misturando os ingredientes. felix adicionou as cenouras picadas e o óleo dentro do liquidificador enquanto hyunjin acrescentava o leite, o açúcar e os ovos. A farinha estava pronta, esperando para ser incorporada à massa.

O moreno ligou o liquidificador na velocidade máxima e logo tudo estava sendo triturado rapidamente. Ficou um tempo ali, observando a mistura ficar homogênea.

O ruivo parecia extremamente concentrado em observar todos os ingredientes serem misturados e hyunjin sorriu, passando a mão pelos cabelos bagunçados. Depois de uns minutos, o moreno desligou o liquidificador, desencaixando o copo do motor.

Passou a despejar a massa na fôrma já untada com a ajuda do ruivo que segurava a assadeira redonda para que tudo ficasse certinho. Depois, hyunjin preaqueceu o forno a 180° e esperou por uns minutos até colocar o bolo pra assar. Com tudo pronto, se aproximou do ruivo, segurando a cintura dele. Os narizes se encostaram.

Os lábios se tocaram em um beijo carinhoso, lento. As línguas se enrolavam com harmonia, se embolando. As mãos fortes e tatuadas firmaram o aperto na pele limpa, deixando os nós de seus dedos esbranquiçados. felix estremeceu, apertando o beijo.

— Estamos todos melados, hyunjin. Sai.

— Não vejo problema em te beijar todo enfarinhado.

— E fedendo a ovo?

hwang sorriu, gargalhando baixinho.

— Então vamos tomar um banho.

felix torceu os lábios.

— Juntos?

O moreno voltou a apertar a cintura dele, ouvindo os suspiros baixinhos que ele deixava.

— Não era a minha ideia inicial, mas podemos tomar banho juntos sim.

— Isso não é muito íntimo?

hyunjin arqueou uma sobrancelha, sorrindo.

— Nós fizemos algo bem mais íntimo na madrugada, amor. Um banho não é nada.

Mesmo que não quisesse, felix concordou. Ainda corado, seguiu o moreno pela casa, sem conhecer praticamente nada. E essa confusão se dava por nunca ter estado ali antes e a madrugada foi um tanto quente para perceber.

Os dois andaram por mais mais alguns minutos até chegarem ao banheiro anexo ao quarto do mais velho. Sem demora, já estavam nus dentro do cômodo.

hwang rodeou o corpo pequeno com seus braços grandes e tatuados, o acolhendo em um abraço. A água morna caía sobre os ombros, levando toda a farinha e ovos embora pelo ralo. hyunjin descansou a cabeça no pescoço do ruivo e inalou ali, deixando um beijinho na bochecha dele em seguida.

hyunjin ficou um pouco tenso de repente e por mais que estivesse atracado com o mais novo, mantinha uma distância respeitosa dele.

— Amor, sobre a madrugada...

— Não precisa dizer nada, Hyun.

felix o interrompeu, virando-se para encará-lo. Levou as mãos para o pescoço dele, as descansando ali.

— Eu não queria ter sido tão rápido...

O ruivo sorriu, ficando nas pontas dos pés para beijá-lo. Seus lábios se tocam e um beijo apaixonado nasce.

hyunjin puxa o menor para mais perto, as mãos indo para sua cintura. felix responde ao toque, entrelaçando os dedos em seus cabelos..O beijo se aprofunda, com as línguas deslizando afoitas em uma dança desorganizada mais divertida. Há um sabor indiferente em suas bocas,

Um misto doce e amargo.

Eles se perdem no ritmo da respiração compartilhada. Cada suspiro, um arrepio diferente nas espinhas. Sempre que se beijam sentem coisas diferentes, uma forte onda de calor os atingindo. Os corpos colados e molhados ferviam dentro do banheiro que naquele momento parecia minúsculo. O desenrolar do ósculo não demora muito e quando finalmente se afastam, é apenas por um instante, pois o desejo os chama de volta para mais um beijo apaixonado.

O vapor se eleva ao redor deles, um véu que esconde o mundo lá fora. É um momento suspenso no tempo, onde nada mais existe além do calor que compartilham. Os lábios se encontram, suaves e urgentes, e o mundo se reduz ao espaço entre eles. As mãos exploram, as águas caem, e a paixão os consome, tão intensa quanto o vapor que os rodeia.

Ao se separarem estavam ofegantes, as respirações desreguladas. felix sorriu.

— Não precisa ficar tão preocupado, meu bem. Nós já conversamos sobre isso. — selou os lábios finos brevemente, abrindo um sorriso ainda maior. — Eu te disse que ainda não estou pronto para aceitar seu pedido hoje, mas nós iremos dar pequenos passos e daqui três meses, eu irei chamá-lo de meu namorado.

hyunjin sentiu um calor crescer dentro dele, seu sorriso apareceu assim que escutou aquelas palavras sinceras do mais novo. Sua felicidade naquele momento era tanta que ele não evitou agarrá-lo ainda mais, grudando os corpos quentes. Estava feliz mas ainda havia uma pontada de preocupação.

— Você tem certeza, gatinho? Eu não quero que você se sinta pressionado.

O ruivo o abraçou mais apertado, deixando seu rosto no vão do pescoço dele. Murmurou baixinho;

— Essa é a primeira vez que tenho tanta certeza de algo em minha vida. — beijou o colo bronzeado, arrepiando o moreno. — Eu sei que você se preocupa comigo, hyunjin. E é por isso que eu confio em você.

O moreno sorriu ficando mais tranquilo. Ele não perdeu tempo em beijar os lábios macios.

Dessa vez, o ósculo era apressado não tão carinhoso como antes. As mãos do moreno já desciam sua cintura fina para as nádegas avantajadas, quase como se não pudesse se controlar sem tocá-lo ali. Mas o rouco estava obstinado a iniciar o banho e quebrou o contato.

— hyunjin, nós temos que tomar banho.

— Só mais um pouquinho, amor...

hwang implorava, beijando o pescoço molhado do ruivo.

— N-não, hyun... eu ainda tenho que lavar o cabelo.

— Eu lavo pra você.

Antes que felix pensasse no que falar, o moreno atacou seus lábios novamente o beijando com pressa.

felix levou as mãos aos ombros largos do garoto, pressionando as bocas com mais pressão. Queria continuar naquele beijo bom, mas as horas se passavam e ele precisava se apressar para ir pra casa.

— hyunjin, j-já chega.

O moreno foi afastado com muito custo e descontente, pegou o pote de xampu com um enorme bico nos lábios. A água morna cai suavemente, formando pequenos rios entre os fios de cabelo ruivo. hwang despeja um pouco do conteúdo transparente na palma da mão, a espuma crescendo com o movimento de suas mãos. Ele começa a massagear o couro cabeludo do menor com os dedos deslizando com cuidado e precisão, cada movimento é um gesto de carinho.

felix fecha os olhos, entregando-se à sensação reconfortante. Há um silêncio confortável, apenas o som da água e o ocasional suspiro de contentamento. hyunjin enxágua o xampu dos cabelos laranjas, observando a espuma desaparecer pelo ralo.

O ruivo passa os dedos pelos cabelos agora limpos, e um sorriso compartilhado floresce entre eles. Eles continuaram o banho, um cuidando do outro e evitando os lábios sedentos.

...

Ao terminarem o banho, o casal decidiu ir até a área externa depois de comeram o bolo que por pouco não queimou. Certo, eles se atrasaram um pouco no banho por causa dos beijos afoitos e das mãos bobas no momento em que não era para ser e por conta disso quase tiveram que comer bolo queimado. E passado um tempo com as fatias do bolo fofinho na barriga, todos pularam na piscina.

A tarde estava quente e por muita insistência do gêmeo mais novo, hyunjin permitiu que fossem se refrescar na água geladinha. Junghee, como sempre, se rebelou e não quis entrar na água, mesmo com a insistência dos irmãos e do visitante. Ele permanecia sentado à mesa onde comeram desde então. Jungmin estava animado por finalmente ter o irmão mais velho em casa e queria se divertir junto dele e de seu gêmeo. Já fazia alguns minutos que ele chamava Junghee para a piscina e o garoto se recusava a entrar. Então, sem se importar com a bagunça, Jungmin juntou certa quantidade de água em suas mãos e jogou no irmão sentado, passando a repetir os movimentos incessantemente.

— Para com essa porra, Jungmin! — reclamou, enquanto enxugava o rosto e mais água vinha.

— Entra também, Hee! Por favor!

— Eu não quero me molhar.

Jungmin botou um biquinho nos lábios.

— Mas você já tá todo molhado.

O mais velho revirou os olhos e os outros dois gargalharam.

Hesitante, ele levantou-se e caminhou lentamente até a borda da piscina. Sem saber como agir, sentou-se ali com os pés dentro da imensidão azulada. Olhou para a água cristalina. O sol do verão dançava sobre as ondas, convidando-o a mergulhar, mas seu corpo se recusava a obedecer. Jungmin estava do outro lado, já imerso na piscina, continuando a incentivá-lo a entrar também.

— Vamos, Junghee! — o mais novo gritou, agitando os braços. — A água está perfeita!

Junghee hesitou. Ele não era fã de água. A sensação fria, o desconhecido abaixo da superfície — tudo isso o fazia tremer. Mas Jungmin era implacável. Eles sempre foram assim: um empurrando o outro para além dos limites.

Ele respirou fundo e deu um passo hesitante. A água envolveu seus tornozelos, arrepiando sua pele.

— Viu? Não é tão ruim!

Junghee olhou para o fundo da piscina. As bolhas subiam, como pequenos segredos escapando. Ele pensou em todas as vezes que o irmão mais novo havia o arrastado para aventuras — algumas divertidas, outras assustadoras. Mas sempre valia a pena. Com um último olhar para o irmão, Junghee se lançou na água. O frio o envolveu, mas ele não desistiu. Mas ele não se moveu, ficou parado no meio da piscina observando o horizonte. hyunjin inclinou a cabeça, olhando o irmão. Ele mergulhou, emergindo com os cabelos molhados e um sorriso travesso.

— Junghee, você vai ficar aí o dia todo? A água não vai te morder!

O mais novo franziu o cenho, mas não se deixou intimidar pelas provocações do irmão.

— Eu não tenho medo de água. — retrucou. — Só estou apreciando a vista.

hyunjin riu, olhando para onde estava o olhar fixo do irmão mais novo, encontrando seus olhos perdidos no ruivo que mergulhava graciosamente.

— Qual vista? Você quer dizer o felix?

O ruivinho corou, mas não pôde deixar de sorrir.

— Não me inclua nisso — disse ele, fingindo indignação. — Estou apenas aqui para nadar.

hyunjin sorriu para o ruivinho e se aproximou de Junghee, com as mãos na cintura.

— Então, Hee, o que você acha? Vai se juntar a nós? Ou vai continuar sendo o único ser humano na Terra com medo de água?

Junghee rolou os olhos.

— Eu não tenho medo — insistiu. — Só estou esperando o momento certo.

— Que momento certo? — hwang arqueou uma sobrancelha, sorrindo travesso. — Você quer que eu te empurre?

— Não, obrigado. Mas talvez eu possa empurrar você.

Antes que hyunjin pudesse reagir, Junghee o empurrou com força, fazendo-o mergulhar na água. felix e Jungmin riram alto. hyunjin emergiu, rindo também.

— Isso foi trapaça!

Junghee encolheu os ombros.

— A influência dos irmãos mais velhos, certo?

O moreno abriu a boca, surpreso. felix sorriu e nadou até eles, passando um braço ao redor de hyunjin.

— Sempre vale a pena — disse ele, olhando para Junghee. — Agora, você vem ou não?

O menino olhou para além da água. Talvez não fosse tão assustador assim. Ele deu um passo hesitante e, com um sorriso, mergulhou na piscina. A água o envolveu. Enquanto Junghee nadava despreocupado, Jungmin olhou para hyunjin com uma expressão intrigada. Depois desviou o olhar para felix e uma incógnita surgiu em sua testa.

— Irmãozão... como você e o felix passaram de inimigos para namorados ou quase isso? Quero dizer, vocês costumavam se odiar.

hyunjin olhou para o irmão, surpreso. Logo riu, os olhos encontrando os de felix, que ainda estava abraçado a si e seu rosto completamente vermelho.

— É uma longa história. — sorriu ardiloso, encarando o ruivo. — Mas acho que tudo começou com um mal entendido.

felix o olhou indignado.

— Não foi um mal entendido coisa nenhuma! Você fez aquilo de propósito!

— Mas o que ele fez? — Jungmin perguntou, curioso.

— Lembro-me da primeira vez que nos encontramos na escola. Eu até que gostava dele, mas logo passei a odiá-lo porque ele era um puxa saco do caralho. — hyunjin sorriu torto.

— Não, você me odiava por eu ser mais inteligente que você.

— Isso é verdade. — Junghee foi até eles. — Lembro quando o hyunjin chegava exatamente possesso de raiva por causa do "ruivinho."

Jungmin sorriu ao lembrar da forma em que o irmão chamava o ruivo. Junghee se juntou à provocação e hyunjin coçou a nuca constrangido quando felix o encarou risonho.

— Eu sempre te chamei assim. — virou o rosto, quase explodindo.

— Mas como vocês começaram a gostar um do outro?

hwang pensou um pouco mas fora felix que respondeu.

— Como exatamente eu não sei, mas posso dizer que tudo isso começou a partir do momento em que ele trocou nossos testes no início do ano. Eu fiquei tão irritado.

O moreno sorriu.

— Em minha defesa, não foi ideia minha trocar os testes.

feelix arqueou a sobrancelha.

— Ah, não? E de quem foi então?

— Minha. — Junghee respondeu sorridente. felix o olhou perplexo. — Que foi? Eu não podia mais aguentar o hyunjin reclamando de você e das notas dele!

hyunjin olhou para Junghee, que agora estava nadando ao lado deles. Ele sorriu para o irmão, trocando olhares cúmplices.

— E aí vocês se apaixonaram? — Jungmin estava encantado com toda a história.

— Eu não sei como, mas ele começou a aparecer nos meus sonhos e de repente uma vontade de beijá-lo me consumia. — respondeu, se aproximando mais do ruivo. — A única coisa que eu queria era beijar o felix até descobrir o sabor da porra do gloss dele. E eu descobri.

felix corou.

— Você age como um idiota.

Junghee revirou os olhos.

— Não acredito que vocês começaram a se gostar por uma bobagem dessas.

— Na verdade eu já gostava do Lixie há muito tempo, Hee. Eu só não sabia ainda.

hyunjin ficou envergonhado, recebendo um beijo carinhoso no pescoço.

Jungmin olhou de um para o outro.

— E agora vocês estão quase namorando?

felix sorriu.

— Sim, quase. Daqui três meses vocês terão oficialmente, alguém para chamar de cunhado.

felix riu e segurou a mão de hyunjin.

— Mas por que só daqui três meses?

O gêmeo mais novo parecia cada vez mais curioso sobre a relação dos dois e cada pergunta era uma reação diferente. E antes que um dos dois pudesse responder o novo questionamento, Junghee olhou para felix com os olhos curiosos e perguntou:

— felix, como você pode amar alguém tão idiota quanto o hyunjin?

hyunjin lançou um olhar mortal para o irmão. Ele deu de ombros. Para quebrar o clima pesado que se instalou, felix riu, brincando com os dedos na água.

— Bem, Junghee, o amor é uma coisa engraçada. Às vezes, as pessoas que parecem idiotas à primeira vista têm muito mais profundidade do que imaginamos. — olhou de relance para hyunjin que estava fazendo caretas para Junghee. — Quando eu o conheci, ele era arrogante e galinha. Eu odiava isso. Mas então, vi além da fachada.

— Além da fachada? — Jungmin franziu o cenho, prestando bastante atenção.

— Sim. Descobri que hyunjin é incrivelmente carinhoso e gentil. Também é muito teimoso. — gargalhou fraquinho — Ah, e ele também é bem romântico quando ninguém está olhando.

Junghee olhou para o irmão mais velho de forma diferente.

— Romântico?

— Uhum.

— E ele já te deu flores? — Jungmin sorriu.

— Já sim. Margaridas.

Hyunjin se aproximou mais do ruivo, os cabelos molhados grudando na testa. O envolveu com os braços quentes.

— Pretendo lhe dar um buquê inteiro agora.

felix sorriu apaixonado, o puxando para um beijo rápido.

— Eu quero.

Junghee fez uma careta.

— Que idiotice.

O ruivo olhou para hyunjin com surpresa escapando em seu rosto e não teve tempo para raciocinar sobre o ocorrido pois Junghee saiu da piscina com pressa, seguindo até uma espreguiçadeira. O ar ficou denso, como se o próprio sol tivesse se escondido atrás das nuvens. felix voltou a olhar para hyunjin, preocupação estampada em seus olhos. O beijo apaixonado que compartilharam momentos atrás agora parecia distante, como uma lembrança fugaz.

A forma que o mais novo saiu da água abruptamente, com os pés fazendo respingos, preocupou a todos. Ele não olhou para trás, mas sua expressão era uma mistura de raiva e tristeza. felix não entendeu o motivo do menino reagir assim. Ele e o moreno trocaram olhares, sem entender o que havia acontecido tão repentinamente. Mas Jungmin sabia o que se passava perfeitamente. Ele observou a cena com uma sobrancelha arqueada. Conhecia Junghee bem o suficiente para saber que ele estava irritado. Mas preferiu não intervir imediatamente.

felix tocou o ombro do moreno, silenciosamente perguntando o que fazer. hyunjin balançou a cabeça, indicando que deixassem Junghee sozinho por um tempo. Talvez ele precisasse processar seus sentimentos, ou talvez houvesse algo mais profundo acontecendo. Já desconfiava disso desde a madrugada com a discussão que teve com ele. Jungmin se aproximou do irmão, sussurrando:

— Ele vai ficar bem?

— Claro que vai. — sorriu, o confortando. — Às vezes ele se fecha quando está magoado, você sabe. Precisamos dar espaço para ele.

O mais novo concordou, chateado com a situação. felix olhava para a água, onde o garoto havia desaparecido, lembrando-se de quando o moreno havia dito que o irmão estava com inveja da relação deles.

— Hyun... você acha que ele está com ciúmes? Porque eu e você...

— Não sei. Mas vou conversar com ele.

felix assentiu e desviou o olhar. Querendo que toda aquela confusão não fosse por sua culpa. Acanhado, pediu licença aos demais e seguiu até o banheiro na área externa para não molhar a casa e causar ainda mais confusão. Naquele horário, Somin e provavelmente seu marido já deveriam estar em casa e ele só queria ir para a sua. Tudo estava indo tão bem e de repente isso acontecia. Talvez nada daquilo tenha sido culpa sua, mas o ódio que o garoto parecia ter de si o fazia pensar que ele era a pessoa culpada pela confusão recente.

Assim que entrou no banheiro seu coração apertou. Abriu a torneira, deixando a água correr na pia enquanto encarava seu próprio reflexo no espelho. Em lapsos de memória, ele se lembrava das primeiras interações com hyunjin, quando as palavras afiadas e os olhares hostis eram a norma. Eles eram como cães rivais, rosnando um para o outro. Mas algo mudou. A relação deles passou a ser algo que se parecia muito com um namoro real. Ele não conseguia apontar exatamente quando, mas o moreno deixou de ser apenas o idiota que o provocava na escola. E então algo parecido com o amor floresceu. felix percebeu que hyunjin era mais do que suas provocações.

Mas também havia Junghee que amava o irmão mais velho, o tinha como uma figura paterna. E agora, felix se sentia culpado pelo recente acontecido. Afinal, como ele poderia ter se apaixonado por alguém que carregava a obrigação de agir como um pai para seus irmãos mais novos? Era tão óbvio que algum deles se sentiriam ameaçados. Já bastava hyunjin só aparecer em casa nos finais de semana, e agora com um namorado sua presença seria quase nula na vida dos mais novos.

Suspirando, felix apoiou as mãos na pia, sentindo o frio da cerâmica contra sua pele. A água continuava a correr, como se sussurrasse segredos que ele não conseguia entender.

— lee felix... — ele murmurou para si mesmo. — O que você fez? Por que está estragando a felicidade de alguém?

Ele não tinha respostas. Apenas perguntas e um nó no estômago. Agora só pensava em como se desculpar com o mais novo e tentar fazê-lo entender que não queria roubar seu irmão. Enquanto a água escorria, felix fechou os olhos e tentou lembrar o momento em que tudo mudou. Do lado de fora do banheiro, hyunjin e Jungmin continuavam na piscina, trocando olhares preocupados.

Depois que o ruivo voltou da ida ao banheiro, seguiu até as espreguiçadeiras. Decidiu conversar com o garoto de expressão mal humorada, fora se aproximando com cuidado e sentou ao lado dele.

— Oi. — o cumprimentou com um sorriso. Fora ignorado. — Não estar a fim de conversar?

Ainda de cara amarrada, Junghee bufou.

— Não. Volta pra piscina.

— Também não estou a fim.

Junghee deu de ombros.

Eles ficaram em silêncio por longos minutos, apenas observando os outros dois que agora pareciam se divertir na água. felix pensou em uma maneira de puxar conversa com o garoto, mas não queria invadir o espaço pessoal dele. Também não queria ficar em maus lençois com ele.

Suspirou.

— Eu sei que o hyunjin é a pessoa mais importante para você e para o Jungmin. — começou cauteloso. — Eu entendo o medo que sente em perdê-lo, mas eu não quero ser um incômodo pra você. Então fique tranquilo em relação a isso.

Junghee o escutou mas não o respondeu. Ele parecia absorto, olhando para além do horizonte, com um olhar perdido.

— Não quero que se abra comigo e fale o que sente com tudo isso. Só quero que você não me odeie sem motivos. — o acalentou. — Se te preocupa tanto eu posso acabar com o que tenho com seu irmão hoje mesmo e nunca mais apareço na vida de vocês.

Junghee olhou para o céu, os raios de sol aquecendo sua pele. As palavras de felix ecoavam em sua mente, como um mantra doloroso. Ele não queria que o namorado de seu irmão se sentisse culpado, mas também não podia ignorar o turbilhão de emoções dentro de si. Os hormônios da adolescência o faziam se sentir dessa forma. Ele não queria ser egoísta ao ponto de não aprovar o relacionamento do irmão mais velho, mas não conseguia evitar. A piscina parecia distante, como se fosse um espelho refletindo suas próprias incertezas. O moreno estava lá, rindo com seu gêmeo, os cabelos molhados grudando na testa.

Ele fechou os olhos, tentando afastar os pensamentos. felix não era seu amigo, mas também nunca o fez nada de mal. Ele estava ali, ao seu lado, tentando entender o que deveria fazer para que toda aquela situação fosse resolvida.

— Não odeio você, felix hyung. — falou pela primeira vez depois de ter refletido. — Não quero que vá embora e deixe o hyunjin. Ele gosta de você. — suspirou. — Eu só tenho medo que ele esqueça de mim...

O ruivo o olhou, afetado.

— Ele não vai te esquecer, Hee.

— O papai esqueceu... — secou uma lágrima. — E ele é um idiota.

— Junghee...

— Você gosta mesmo do hyunjin, felix hyung?

O ruivo engoliu em seco. Ele não esperava ser confrontado dessa forma. Não sabia o que dizer. Seus sentimentos por hyunjin eram complexos, uma mistura de carinho, desejo e medo. Medo de estragar tudo com sua confusão. Mesmo com todos esses conflitos que rodavam em sua mente, ele sabia que sentia algo a mais pelo moreno e que em breve seria seu namorado. Durante os três meses ele se adaptaria a um novo relacionamento para conseguir aceitar o pedido que muito tempo desejou.

Ainda estava confuso sobre o que sentia por hyunjin, mas queria tentar. Ele olhou para Junghee, respirando fundo e soltando o ar logo em seguida.

— Sim. — disse finalmente, sua voz quase um sussurro. — Eu gosto dele. E quero ficar com ele.

Junghee não expressou nenhuma reação, mas felix sabia que ele estava feliz com sua resposta.

— Antes eu não confiava em você. — falou. — Mas agora já tenho um pouco de simpatia. E também acho que vocês dois ficariam bem juntos.

felix piscou, surpreso. Ele não esperava aquela resposta.

— Você acha?

— Sim. E acho que ele também gosta de você. Só não sabe como dizer.

O mais velho sorriu, lembrando-se da madrugada passada.

— Bem, ele já me disse.

Hee o olhou surpreso.

— Ontem, no restaurante, o papai disse coisas horríveis para o hyunjin. Ele sempre diz.

felix olhou para Junghee, seus olhos arregalados pela surpresa com o que acabara de ouvir. Já o mais novo pensava em como o restaurante estava silencioso, com apenas os três ali e as palavras do seu pai ainda ecoavam em sua mente. San sempre tinha algo negativo a dizer sobre hyunjin. Ele suspirou e continuou:

- Eu não entendo por que ele é tão duro com hyunjin. Ele é uma boa pessoa, e felix hyung, você sabe o quanto ele te ama.

O ruivo abriu a boca mas nada dela saiu, Junghee prosseguiu:

— Ontem, o papai disse que o hyunjin estava amando sozinho. Ele falou que você não gostava dele e que no futuro quebraria o coração dele.

Ouvindo aquilo, felix paralisou. As palavras ditas por hyunjin na madrugada ecoavam em sua mente, e ele sentia como se estivesse preso em um redemoinho de emoções conflitantes.

"Eu não estou pronto."

Aquelas palavras saíram da boca de felix quase automaticamente, como um escudo para proteger seu coração. Mas agora, com toda aquela descoberta ele se perguntava se havia feito a escolha certa. Ele gostava de hyunjin, disso não havia dúvida. O sorriso meio cafajeste que ele o lançava na maioria das vezes, os olhos brilhantes quando olhavam para si... tudo isso mexia consigo de uma maneira que ele não conseguia explicar. Mas havia algo dentro dele, uma vozinha insegura que sussurrava:

"Ele não é bom o suficiente para você."

"Você sabe, ele não conseguiu mudar completamente."

"Ele vai te quebrar por inteiro e te deixar em caquinhos."

O ruivo passou a mão pelos cabelos, frustrado consigo mesmo. Ele queria ser corajoso, queria se entregar ao amor que sentia. Mas havia tantas barreiras em seu caminho. Seu antigo relacionamento, Jaewon, o medo de se machucar... tudo isso o impedia de dar o próximo passo.

E se eu magoá-lo? pensou felix, consigo mesmo. E se eu não for capaz de corresponder às expectativas dele?

Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte dele que ansiava por hyunjin. Uma parte que queria se perder nos braços do mais velho, beijá-lo até perder o fôlego, dizer-lhe todas as palavras que havia engolido naquela madrugada. Mas o medo ainda o impedia de seguir em frente.

"Eu não estou pronto."

A frase ainda ecoava em seus ouvidos. Mas talvez, só talvez, ele pudesse estar. Talvez ele pudesse superar suas inseguranças e se entregar ao amor que o consumia. felix fechou os olhos e respirou fundo. Ele não queria perder hyunjin. Não queria deixar o medo controlar sua vida. Talvez fosse hora de enfrentar seus demônios internos e lutar pelo que realmente queria.

"Eu estava errado. Eu estou pronto."

Suspirou cansado.

— felix hyung? Está tudo bem?

Ele só saiu de seus devaneios quando ouviu a voz de Junghee ressoar, um pouco preocupada.

— E-estou. — sorriu fraquinho. — O que estávamos falando mesmo?

— Sobre o que o papai disse para o hyunjin ontem. Você não ficou chateado, ficou?

— Não. Claro que não! Eu não ligo para o que seu pai diz. Eu gosto mesmo do hyunjin.

Junghee franziu o cenho.

— O papai é bem tradicional e tem suas próprias expectativas.

— Expectativas? — felix ficou confuso.

Hee assentiu.

— Ele quer que o hyunjin fique com uma garota. Ele não aceita muito o fato dele também gostar de garotos.

felix suspirou, abaixando a cabeça.

Antes que o ruivo pensasse em falar algo, hyunjin saiu da piscina e caminhou até eles. Logo Jungmin também veio.

— O que conversam tanto? — sorriu. — Vamos jogar basquete agora. Vocês vem?

O gêmeo mais velho levantou-se da espreguiçadeira em um pulo, com um enorme sorriso no rosto. Não esperou por mais nada e correu até a área própria para basquete em sua casa sendo acompanhado pelo irmão mais novo. hwang sorriu da empolgação do garoto.

— Vocês se resolveram? — perguntou a o ruivo.

— Sim. Eu gostei de conversar com ele.

O moreno assentiu.

felix também se levantou e juntos foram ao encontro dos gêmeos e não demoraram a se juntar a eles no "jogo" que já estava para começar.

...

hyunjin estacionou o carro em frente à casa de felix, o motor desligando com um suave ronco. A noite estava fresca, e as luzes da rua lançavam um brilho clarinho sobre a calçada. O ruivo olhou para o garoto ao seu lado, seus olhos ainda sonolentos após a tarde agitada.

O mais novo se movimentou no assento, tirando o cinto de segurança que envolvia seu corpo. Ele voltou a encarar o moreno e sorriu, seus olhos se transformando em dois pequenos risquinhos.

— Obrigado por me trazer para casa, Hyun.

hyunjin sorriu de volta, brincando com a chave do carro com a pontinha dos dedos. Estava abobalhado pela forma carinhosa em que o ruivo se referiu a si.

— Você se divertiu hoje? — de repente ficou preocupado.

felix assentiu, o tranquilizando.

— Muito. E estou feliz por finalmente ter me resolvido com o Junghee.

— Ele pode ser um pouco complicado no início, mas é um bom garoto.

— Eu sei. — sorriu. — Ele só estava com medo de te perder.

O moreno abaixou a cabeça, suspirando.

— Me relacionar por muito tempo com alguém sempre foi muito complicado. Tanto pelo medo de acabar me apaixonando quanto pela relação com os meus irmãos. — sorriu tristonho. — Sabe, os meninos me veem como um pai. Aquele que eles nunca tiveram. O Jungmin nem tanto, mas o Junghee tem muito ciúmes e medo. Ele não suporta a ideia de me perder para um possível namorado.

O ruivo também suspirou, curioso sobre o medo de se apaixonar que hyunjin tinha. Mas também não quis questioná-lo sobre.

— Eu entendo esse medo dele. É normal. — o encarou. — Mas nós conversamos e eu o assegurei de que não irei te roubar.

hwang sorriu fraquinho para quebrar o clima pesado que se formou entre eles e se inclinou para beijá-lo, seus lábios secos encontrando os doces e macios do ruivo. Quando se separaram, felix suspirou.

— Eu realmente não quero ir embora. — disse choramingando. — Se eu pudesse passaria o resto da noite com você, mas tenho que voltar para casa.

O moreno concordou, acariciando o rosto de felix com carinho.

— Eu também gostaria de ficar mais tempo com você, gatinho. Mas se eu te roubar por mais duas horas o seu pai com certeza me mataria. — o beijou novamente. — E além do mais, vamos nos ver amanhã. E pelo resto da semana.

— Mas não podemos ficar a todo momento grudados. Nós vamos ter aulas!

— Prometo passar no seu dormitório todas as noites e te beijar muito.

Lee colocou um belo bico fofo nos lábios cheinhos

— Eu vou lembrar disso.

hyunjin gargalhou contagiante e os dois saíram do carro, caminhando até a porta da frente da casa. felix se virou para o moreno, seus olhos brilhando à luz da lua. Estendeu o mindinho

— Promessas de mindinho não podem ser quebradas.

hyunjin também ergueu seu dedo mindinho, o entrelaçando com o minúsculo do ruivo.

— Eu prometo.

Ele novamente se inclinou para outro beijo, e dessa vez foi mais intenso, mais apaixonado. Quando se separaram, sussurrou:

— Eu vou mesmo te ver amanhã, não vou?

— Claro que vai.

Eles se beijaram mais uma vez antes de felix entrar em casa. hyunjin assistiu até que a porta se fechasse atrás dele, seu coração um forte no peito. Ele sabia que já estava apaixonado pelo ruivo, e não havia nada que pudesse fazer para impedir isso. Sorrindo feito bobo, ele deu meia volta e adentrou o veículo, dando partida no mesmo.

Assim que felix entrou na casa, ele fechou a porta com cuidado. Subiu as escadas com veemência e ao chegar em seu quarto, trancou a porta com certa pressa, o coração acelerado. Estava agindo como um adolescente apaixonado pela primeira vez, mas não se importava.

Ele tomou um banho rápido e vestiu seu pijama preferido; o estampado com cenourinhas e coelhinhos. Ele ainda teria a chance de mostrá-lo para o moreno. Não desceu para jantar pois não tinha fome. Do contrário, permaneceu em seu quarto lendo um livro um pouco duvidoso que comprara recentemente. Estava começando a achar que jogou seu dinheiro no lixo.

Após algumas horas tentando gostar da narrativa do romance, felix suspirou e o deixou de lado, indo apagar as luzes. Assim que estava se preparando para dormir, leves batidas na porta chamaram a sua atenção. Levantou-se, acendeu as luzes novamente e fora vagarosamente até a porta, a abrindo e dando de cara com seu pai.

— Não estava dormindo, papai?

O homem negou.

— Posso entrar?

— Claro.

Ele parecia cansado, os ombros curvados sob o peso das preocupações.

— Filho, eu quero falar sobre o hyunjin. — entrou no quarto, falando de uma vez. — Eu sei que vocês estão se aproximando, mas eu não confio muito nele.

— Por que não confia nele, pai? O senhor não gosta dele?

Hyun-woo suspirou.

— Não é que eu não goste dele. Bem, eu não gostava. É só que ele tem uma reputação não muito boa. Ele é conhecido por ser um pouco... selvagem. E eu não quero te ver machucado outra vez.

felix franziu a testa.

- Selvagem? O que o senhor quer dizer com isso?

— O hyunjin já se envolveu em muitas brigas, felix. E não apenas brigas de escola. Coisas sérias. Eu não quero que você se machuque.

felix balançou a cabeça.

— O hyunjin não é mais assim, pai. Ele mudou. Agora é gentil, carinhoso. Ele me trata bem.

O mais velho apertou os lábios.

— Filho. — Hyun-woo suspirou, olhando para o rostinho afetado dele. — Tem certeza disso? Sabe, se ele é um bom garoto?

Ele olhou o pai sem entender. O mais velho o encarou nos olhos

— Olha, meu amor, não tenho dúvidas de que a senhorita hwang criou muito bem, mas ele é um tantinho encrenqueiro, não é? Vivia em festas e pegando todo mundo, não acredito que ele mudou assim tão rápido só porque entendeu o que sente por você. — prendeu a respiração com medo de deixar o filho chateado — Você me disse que está com medo de ter machucado ele, mas será se ele realmente sente o que diz sentir por você?

felix sentiu seu coração se apertar com aquelas palavras. Começou a pensar em coisas as quais não queria. Outra vez lembrou dos pensamentos negativos e confusos que teve antes do jogo. O medo voltou a tomar conta de si. E se seu pai tivesse razão? E se b só estivesse confuso com seus sentimentos e quisesse o namorar só para saber qual a sensação de namorar alguém? E se ele o traísse ou o humilhasse?

— Papai... — sentiu um nó na garganta.

Hyun-woo se aproximou dele, tocando em seu braço.

— Meu amor, não estou dizendo isso para lhe machucar, eu só me preocupo com você. Sei que já é quase maior de idade e logo logo será um adulto e relacionamentos são essenciais nessa fase da vida. Mas desde que aquela coisinha apareceu em sua vida que você nunca mais foi o mesmo. — se referiu ao seu antigo relacionamento — Não quero que tenha outra desilusão amorosa. Eu fui descuidado ao não perceber o que você estava passando. Demorei a notar o quão machucado estava e não pude matar aquele desgraçado antes que ele fosse embora — sentiu seu sangue ferver ao lembrar do rosto de Jaewon — Eu me preocupo contigo, filhote. Também estou preocupado com o que me disse sobre machucar o hyunjin, então eu quero saber, lixie. Você realmente ama esse garoto?

felix engoliu em seco, sem saber o que falar. Não queria ter conversas assim com seus pais porque sabia no que ia dar. Sabia que principalmente seu pai o encheria de perguntas as quais ele não saberia responder.

— E-Eu não sei, papai. Mas eu sinto que devo estar com ele, entende? É mais forte do que eu! E eu tenho tanto medo de me decepcionar novamente, de decepcioná-lo. — ofegou — O hyunjin realmente mudou, pai. O senhor que não o conhece tão bem não consegue ver isso, mas eu vejo. E eu quero tentar. Não quero mais viver nas sombras, e não vou saber se ele vai me fazer bem, se eu não tentar!

Explodiu de uma vez, sentindo uma lágrima grosseira rolar pelo olho. Hyun-woo preocupou-se e logo limpou o rastro causado pela lágrima.

— M-mas ao mesmo tempo estou tão confuso, pai. Eu quero estar com ele, mas acho que não o amo como ele me ama. Talvez eu o ame em uma pequena parcela. E me sinto um monstro por fazer isso com ele. — o lee mais velho sentiu o filho tremer em seus braços e o apertou mais um pouquinho, deixando um beijinho carinhoso no topo dos cabelos ruivos. — Eu sei que ele realmente me ama porque sentir verdade em sua confissão. Ele até chorou, pai. E foi muito real. Não acho que ele iria chorar como chorou ontem ao menos que seja um ótimo ator ou que não tenha nada para fazer.

— Sua confusão é normal, meu amor.

felix se afastou e sentou-se na beira da cama, olhando para o chão. Seu pai estava ao seu lado, preocupado. A conversa ainda ecoava em sua mente, mas agora havia algo mais urgente que o assombrava.

— Papai... — começou, sua voz um sussurro. — Eu... eu não quero mais viver preso ao passado.

Hyun-woo ficou confuso. Sentou-se ao lado do filho e depositou toda a sua atenção nele.

— O que você quer dizer, felix?

Ele respirou fundo.

— Meu relacionamento anterior, com o Jaewon. Foi tóxico, pai. Eu estava sempre ansioso, com medo de dizer ou fazer algo errado. Ele me manipulava, me fazia se sentir pequeno. E eu deixei isso acontecer por muito tempo. — fungou, afetado pelas lembranças. — E depois como se não bastasse para ele tudo o que já havia feito comigo, ele me traiu. E eu fiquei sabendo que o que nos tínhamos não passava de uma aposta idiota.

— E é por isso que tem medo de se envolver com outra pessoa?

Ele assentiu, balançando a cabeça.

— Eu sei que não posso mudar o passado, mas eu não quero que ele me defina. Eu quero me permitir ser feliz, papai. Eu quero amar outra vez.

— É difícil deixar o passado para trás, filho. Mas você merece ser feliz e vai conseguir esquecer tudo o que viveu ao lado daquele moleque filho da puta.

felix olhou para o pai, os olhos cheios de lágrimas.

— Eu não quero mais me sentir preso, pai. Eu quero me permitir amar novamente.

Seu pai abraçou-o com força.

felix sentiu um peso se levantar de seus ombros. Sabia que não seria fácil, mas estava determinado a seguir em frente. Ele queria se permitir amar, se permitir ser feliz outra vez. E no dia seguinte, ele começaria a fazer exatamente isso.

— Meu bebê. — Hyun-woo o abraçou mais apertado. — Vocês tem meu apoio, uh? Mas quero conversar com o hyunjin para lhe falar que ele está namorando o meu filho e não qualquer um.

O ruivo assentiu e fechou os olhos, descansando nos braços calorosos de seu pai.