Capítulo Trinta e Dois
Evan D'Ávila
Passar o dia com Zoe foi renovador, fazia muito tempo que eu não me sentava e apenas me sentia em paz. Mas ver aquela garotinha me trouxe essa sensação, que é algo um pouco esquecido por mim. Essas últimas semanas foram uma completa bagunça na minha vida e aos poucos estou voltando a caminhar, no sentido literal e figurado dessa palavra. E, apesar das situações diferentes, vejo que Otávio também está nesse mesmo caminho. Ver ele aos poucos se desapegando de coisas que eram da nossa pequena, me faz perceber que ele também quer se ver livre da dor. Claro que não vai sumir, isso é impossível, mas vai amenizar. E Zoe também está sendo importante nesse processo. Não porque ela irá tapar um vazio, mas porque ela vai ser uma fase importante nessa nova história. Otávio tem um dom, e esse é cuidar das pessoas, por isso anseio de todo meu coração que dê tudo certo e Zoe possa entrar de vez em nossa família.
- Quer ir para casa? - Otávio questiona quando já estamos dentro do carro, em movimento.
- Sim, se importa? - Respondo.
- Não, de jeito nenhum. Seus pais e seus irmãos já foram?
- Sim, meus pais tem a fazenda para cuidar, os meninos tem os estudos e a Helena foi junto dessa vez, depois de muito insistir.
- Ela se preocupa com você, amor... todos, na verdade. - Ele diz e me lança um breve sorriso antes de voltar seus olhos para a estrada.
- Eu sei, mas não quero que ela pare a vida por mim. Não quero que ninguém faça isso. John eu ainda aceito, pois nós sempre estivemos grudados e sei que ele não vai embora mesmo, não importa o quanto eu diga que ele pode achar coisa melhor.
- Ninguém está parando nada por você, Evan, só estamos tentando fazer o melhor enquanto você se recupera. Em alguns meses estará independente novamente e ninguém mais irá te incomodar.
- Não é que me incomode, eu só me sinto atrapalhando a vida das pessoas. John, por exemplo, ele é meu agente, mas fará o que a partir de agora? Eu não posso mais subir em um touro, campeonatos estão perdidos para mim. Ele faria muito melhor se voltasse para os EUA e procurasse um competidor melhor. Ele só está parando a vida por mim, e isso me deixa em agonia. - Falo com frustração e ouço Otávio suspirar.
- Já tentou perguntar a ele se isso é da sua vontade? John é além de tudo seu melhor amigo, talvez não faça mais sentido estar em um meio em que você não está. Vocês já são milionários, podem se reinventar. Sua vida não acabou, Evan... vou repetir isso até que entenda de verdade. - Otávio diz por fim e nosso assunto morre ali.
Eu entendo seu ponto, entendo o que todos me falam, mas não posso me impedir de sentir assim. É muito mais forte do que eu. Otávio estaciona em meu prédio minutos mais tarde e subimos juntos, já que combinamos de assistir a um filme, tentando fugir do clima tenso que ficou entre nós dois. Não quero que minha condição nos atrapalhe ainda mais. Não quero que eu nos atrapalhe.
Assim que entramos no apartamento, encontro John deitado no sofá, vendo uma novela na TV. Sim, meu melhor amigo descobriu a teledramaturgia brasileira e agora está viciado em novelas.
- Ei! - Ele diz ao nos ver, tendo um sorriso no rosto. - Posso falar rapidinho com você, Evan? - Pergunta, pausando o capítulo, me deixando curioso.
- Sim, o que foi? - Pergunto e sigo até o sofá, me sentando ao seu lado. Eu ainda me sinto cansado em usar a prótese por muito tempo.
- Vou fazer pipoca para a gente. - Otávio diz, nos deixando à sós em seguida.
Meus olhos analisam John e vejo um pouco de hesitação nele, o que me preocupa e me faz questionar o que está acontecendo para o deixar assim.
- Dois canais de TV, ligados aos campeonatos em touro, me ligaram essa semana, pedindo uma entrevista com você. A princípio neguei todas, não acho que você ainda esteja em condições para isso, e falo psicologicamente. Mas queria te passar sobre e saber sua opinião. Todos do meio querem saber o que será daqui para frente, mas você não deve satisfações a ninguém, Evan. Podemos apenas soltar uma nota sobre todo o ocorrido e tudo bem. - John explica e não me sinto tão surpreso.
São mais de cinco anos nesse meio e acabei ficando conhecido entre as pessoas desse mundo, então é normal que queiram saber de mim após aquele acidente horrível. Porém é como John mesmo disse, não me sinto pronto psicologicamente para enfrentar pessoas que vão fazer muitas perguntas sobre mim, coisas que eu com certeza não quero e nem sei responder.
- Ok, faça uma nota esclarecendo. Diga que estou bem e que não faço mais parte das competições. - Falo por fim e me levanto, seguindo até meu quarto.
Uma coisa é você saber que não vai mais competir, outra é você dizer isso em voz alta, deixando tudo ainda mais real.
Entro em meu quarto e sigo até minha cama, me sentando em um baque. Eu me sinto um pouco atordoado ainda. Tiro a prótese e me sinto um pouco aliviado por isso, ainda é um incômodo usá-la e não digo fisicamente. Fecho meus olhos e deixo meu corpo tombar para trás, me deitando de costas na cama macia. Ouço a porta ser aberta e fechada minutos depois, mas não abro meus olhos. Apenas continuo do mesmo modo, até que um corpo se deita ao meu lado e me abraça apertado, me transmitindo seu calor.
- Quer falar alguma coisa? - Otávio pergunta após um tempo, sabendo que há algo me incomodando.
- Não, só continua aqui comigo. - Respondo, sendo sincero em meu pedido. Não quero me expressar em palavras, apenas quero ser acolhido pela pessoa que eu amo.
- Ok, posso fazer isso com prazer. - Ele diz e posso sentir o sorriso em sua voz, me levando a sorrir também.
Não faço a mínima ideia de quanto tempo passamos dessa maneira, mas também não me importa. Em certo momento Otávio se coloca em cima de mim e seus lábios procuram os meus, se juntando a eles em um beijo segundos depois. E então eu me esqueço de qualquer coisa que esteja me incomodando e apenas foco na pessoa aqui comigo, que merece toda a minha atenção.
Minhas mãos param em seu quadril e sinto quando Otávio se esfrega contra meu membro, me fazendo gemer em sua boca. E é automático que eu fique duro e excitado apenas com esse toque. E não é pelo fato de estar há alguns meses sem sexo, é pelo fato de ser ele. Ainda me lembro com riqueza de detalhes a nossa última vez, foi tão intensa... com realmente uma despedida. E nesses últimos anos eu senti tanta saudade de apenas tocá-lo, que estar assim com ele é como estar no paraíso, mas então eu me lembro de um detalhe. Antes eu não tinha uma perna faltando, antes eu não era incompleto. E esse pensamento faz qualquer movimento meu parar e nossas bocas se afastar.
Volto a abrir meus olhos e então vejo o questionamento através das irises castanhas de Otávio.
- Acho melhor parar por aqui. - Falo apenas e uma de suas sobrancelhas se levanta, demonstrando sua confusão e curiosidade.
- Evan, se você me disser que parou porque não está com vontade, ok... eu saio de cima de você agora e vamos assistir ao filme que combinamos. Mas se isso for por causa da sua perna, eu me recuso a aceitar. - Ele diz, firme, e eu solto um suspiro.
- Não sei se quero que me veja assim... sem uma parte de mim.
- Como? Eu tenho todas as suas partes bem aqui em meus braços. - Otávio retruca.
- Você entendeu, Tatá...
- Amor, eu sei que está indo devagar, que ainda não é fácil aceitar, mas não há porque ter medo de mim. Sou eu, Evan, o homem que te ama e vai estar ao seu lado em todos os momentos. Te ver de verdade após o acidente não vai ser algo ruim para mim, na verdade, é isso que eu quero. Dentre todas as pessoas, eu não vou te julgar, não vou te olhar diferente... vou olhar apenas para você e tudo aquilo que te faz ser o que é. Nada disso muda os meus sentimentos. - Ele diz e sinto meu coração bater mais forte em meu peito.
Meus olhos ardem e a vontade de chorar é grande, mas eu me seguro. Eu já deveria saber que seria assim, afinal, estamos falando de Otávio Miller e não há como esconder nada dele, nem os meus medos. Um suspiro escapa por meus lábios e aceno em concordância, vendo ele sorrir da forma mais bonita possível.
- Eu te amo, amo tudo em você... cada pequena parte. - Ele diz, voltando a me beijar segundos depois.
E eu dou o meu máximo para não me apegar em minhas paranoias e medos. Apenas o deixo me beijar e explorar meu corpo com suas mãos, que aos poucos vão tirando minhas peças de roupas, assim como as suas. Nossos corpos estão nus minutos depois, Otávio ainda continua em cima de mim, e seus olhos me analisam, como se pudessem ver minha alma. Eu tento não olhar para minha perna, ou onde ela deveria estar. Ao invés disso meus olhos ficam apenas nele, idolatrando seu corpo que tanto senti saudade. Sua pele negra continua tão lisa e macia como antes, seus lábios carnudos é algo que me tira do eixo, seus olhos são como duas joias, me hipnotizado, e eu amo afundar minhas mãos em seus cabelos, enrolando meus dedos em seus cachos macios e cheirosos.
- Eu estava com tantas saudades. - Otávio sussurra em meu ouvido, fazendo todos os meus pelos se arrepiar no processo. Sinto seus lábios cheios percorrendo minha pele e distribuindo beijos em cada mínimo lugar. Ele está literalmente me amando em cada pequeno detalhe e isso traz aquele frio característico em meu estômago. É como estar fazendo amor com ele pela primeira vez. Sua boca desce e cada vez me sinto mais ansioso em senti-lo em todos os lugares.
Um gemido escapa dos meus lábios quando Otávio coloca meu membro em sua boca, me fazendo arfar pela surpresa do contato. Sua boca quente em contato com minha pele me leva à loucura junto aos movimentos de sucção. E essa tortura se perpétua por bons minutos, até que eu decida mudar as regras do jogo. Eu me afasto dele minimamente, gemendo pelo contato de sua boca ainda meu pênis e quando sua boca deixa seu "brinquedo", eu nos viro na cama, vendo Otávio sorrir pelo gesto inesperado. Coloco suas mãos juntas acima de sua cabeça, as segurando com uma de minhas mãos e então tomo sua boca novamente com a minha, sentindo o gosto tão característico do seu beijo. Minha mão livre segura firme em seu quadril e encaixo nossos membros na mesma altura, começando uma fricção, nos causando gemidos e pedidos silenciosos por mais.
Eu me sinto perto de alcançar meu ápice, mas me contenho, não é assim que eu quero.
- Fica de quatro pra mim. - Peço e Otávio me olha com satisfação, não tardando a realizar meu pedido.
Não há lubrificante ao meu alcance e isso foi a última coisa que pensei comprar após sair do hospital, então improviso. Deixo um beijo na carne de sua bunda e abro suas bandas, podendo ver sua entrada, que parece querer atenção e é isso que lhe dou. Aproximo meu rosto de sua entrada e minha língua circula o músculo que se contrai com o toque. Deixo o local molhado com minha saliva enquanto estendo dois dedos meus para que Otávio os chupe. E sendo feito isso, deixo que um primeiro dedo meu seja penetrado nele, ouvindo seu som de apreciação. O preparo com calma, mesmo que meu nível de vontade de estar dentro dele seja enorme. E quando sinto que ele está pronto, invertemos nossas posições. Ei me coloco sentado na cama, tendo minhas costas apoiadas na cabeceira e Otávio se senta em meu colo. Ele pega meu membro em sua mão e lentamente vai descendo nele, se encaixando em mim.
Nossos olhares estão conectados e não consigo impedir o som de deleite que deixa minha boca ao sentir sua entrada me apertando enquanto vai se encaixando lentamente em mim. Encosto nossas testas e nossas respirações ofegantes se misturam, é algo surreal de se sentir após tantos anos. Otávio começa a se mover minutos depois, estando completando encaixado em mim. Minhas mãos seguram com firmeza em sua cintura, o ajudando com os movimentos e suas mãos estão em meus ombros e nunca, me arranhando lentamente com suas unhas curtas. Nossas bocas voltam a se encontrar e eu experimento uma nova epifania enquanto estamos juntos.
Não há medo enquanto nos amamos, não há inseguranças, não há nosso passado, não há dores. Somos apenas nós dois, Otávio e Evan... dois homens que se amam e que estão aos poucos reconstruindo tudo aquilo que foi perdido. Tendo Otávio em meus braços eu tenho a certeza de que pelo menos isso é certo. Pelo menos em meio todo o caos, eu encontrei o meu porto seguro novamente.
➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖
Meus bebês se amando e fazendo bebês... (modo de falar 🤭)
Gostaram, jujubas???
Bjus da Juh 😘 😘
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top