PARTE 1:

BAIA DE HOUT--CIDADE DO CABO(ÁFRICA DO SUL)

No cais do porto da baia de Hout um barco de pesquisa marinha está prestes a zarpar para um local trinta e cinco quilômetros mar a dentro. A bordo estava uma equipe composta por uma cinegrafista britânica, três biólogos marinhos e uma engenheira que tinham ordens de investigar um misterioso desaparecimento de baleias na região. Valentim, o líder da expedição e capitão do barco "jacques cousteau" ordenou a Sam, seu imediato, e Thomas, um jovem biólogo que preparassem seus trajes de mergulho e algumas câmeras subaquáticas que seriam instaladas em locais onde as baleias estariam passando. Qualquer que fosse o motivo do sumiço daquelas baleias seria capturado em vídeo.

35 QUILOMETROS DA COSTA--CIDADE DO CABO(ÁFRICA DO SUL)

Após duas horas no mar a equipe chegou até o local onde iniciariam seus trabalhos. Valentin desligou o barco e baixou a ancora, logo depois foi até o convés principal onde os dois mergulhadores estavam sendo entrevistados por Nancy, a cinegrafista que estava ali para filmar um documentário independente sobre tubarões.

Nancy: Me contem, não tem medo de entrar na água? A população de tubarões aqui na costa da África do sul é grande. 

Thomas: Um pouco, esse é meu décimo mergulho, sempre dá medo quando eles se aproximam.

Nancy: Mesmo com o risco de serem comidos vocês ainda vão descer lá?

Nesse momento Sam se meteu na conversa enquanto ajeitava ajeitava seu cilindro de oxigênio.

Sam: Não é que eles gostem de comer a gente, eles não olham para nós e falam "cara... lasanha!". Eles só mordem pra investigar o que é aquilo.

Thomas: Até porque eles nem falam.

Sam: É como se você fosse experimentar fígado pela primeira vez. Você morde, sente que aquilo é horrível e solta.

Thomas: O problema é que se gostarem não sobra nada...

Sam: Mas normalmente eles mordem e soltam. Pouquíssimas pessoas são comidas de fato. A maior parte sai viva.

Valentin estava atrás deles ouvindo a conversa enquanto colocava as câmeras dentro de caixas de proteção junto de Sarah, uma engenheira durona que consertava qualquer coisa e Sol, a bióloga mais jovem da equipe e irmã de Valentin que estava lá fazendo um estágio. Nancy deixou os rapazes se preparando e foi entrevistar os outros membros da equipe começando pelo líder.

Nancy: Então senhor Valentin, como essas câmeras vão ajudar a descobrir o que está fazendo as baleias desaparecerem?

Valentin: Os mergulhadores vão colocar essas câmeras dentro de caixas subaquáticas que a Sarah, nossa belíssima engenheira construiu. Elas vão ficar ancoradas a mais ou menos oitenta metros e vão monitorar qualquer coisa que passar por ali.  

Nancy: E não tem risco de essas caixas quebrarem por conta da pressão ou se algum tubarão morder? 

Sarah: São feitas de feitas de um acrílico ultra resistente, precisaria de um tanque de guerra para quebrar uma dessas.

Valentin terminou de arrumar as câmeras e as levou para Thomas e Sam que já estavam em posição para mergulhar. Eles fizeram um sinal de ok para a equipe e mergulharam na água. Por causa do mar agitado e das correntes fortes ambos estavam amarrados ao barco por um cabo de segurança. Thomas instalou a primeira câmera e avisou no que seguiria para o próximo local, Sam fez o mesmo. No convés Valentin estava monitorando as imagens das câmeras, mas por conta da água turva as imagens não estavam boas 

Valentin: Sol, verifica na ponte se tem algo no sonar por favor? Tá uma bagunça lá embaixo.

Sol: Pode deixar capitão.

Enquanto a mais nova saia em direção a ponte Valentin e Sarah continuavam observando as câmeras sendo ligadas. Após meia hora Thomas e Sam terminaram o serviço e começaram a subir lentamente para descomprimir, Valentin parabenizou o trabalho dos rapazes pelo rádio e  deu a Sarah o tablet que usava para o monitoramento.

Sarah: Sua irmã está fazendo um bom trabalho. Mas por que quis traze-la? Ela ainda é uma novata.

Valentin: Para eu ficar de olho nela e garantir que não se meta em confusão. Também porque desde que meus pais se foram só tenho ela de família aqui na África do Sul. Estou fazendo o possível para ser um bom irmão mais velho.

Enquanto isso, na ponte de comando Sol viu algo grande se aproximando no sonar e avisou Valentin pelo rádio.

Valentin: Repete de novo e devagar, qual o tamanho? 

Sol: Tem pelo menos uns 14 metros, está vindo rápido na nossa direção!

Temendo pela segurança dos mergulhadores Valentin os contatou pelo rádio, mas teve apenas estática seguida de silêncio como resposta.

Valentin: Pessoal? Respondam... Sam? Thomas?

Sarah se aproximou com o tablet e começou a procurar nas câmeras pela coisa que estava no sonar. 

Valentin: Sam, Thomas? Respondam, droga!

Para o alivio de Valentin os mergulhadores apareceram na lateral do barco e subiram por uma abertura. Eles tiraram o equipamento e logo Nancy chegou para mais uma entrevista, mas foi interrompida por Valentin. 

Valentin: Onde vocês estavam? Eu chamei pela rádio umas duas vezes. 

De repente algo bateu com força contra a lateral do barco fazendo todos ali caírem no convés. Valentin logo se levantou e verificou se ninguém tinha ido parar no mar. Sol saiu da ponte assustada e foi correndo ajudar os outros enquanto Valentin foi verificar o que os tinha atingido. 

Sol: Estão todos bem? 

Thomas: Sim, só a cabeça que está doendo um pouco.

Sam: Estou bem.

Sarah: Que porcaria foi essa?

Valentin estava cutucando algo na água com um arpão usado para marcar tubarões, nesse momento Nancy se aproximou com sua câmera para filmar aquilo.

Nancy: Céus... Que cheiro horrível. O que é essa coisa?

A equipe começou a se aproximar para observar enquanto Valentin tirava o arpão sujo de sangue da água.

Valentin: É uma baleia jubarte, ou melhor, era. Morreu a pouco tempo, o sangue ainda está quente.

Sol: Coitadinha... O que aconteceu com ela?

A conversa foi interrompida pelo som de várias embarcações pequenas se aproximando, a bordo estavam vários homens armados. Ao verem o jacques cousteau começaram a atirar na direção dos tripulantes que assustados se jogaram no chão e começaram a sair em direção a parte interna do barco.

Thomas: Quem são esses manés?

Sam: Piratas.

Sol: Meu Deus.

Valentin: Fiquem calmos. Sarah, você e o Sam peguem as armas, vou tentar distraí-los. E Nancy, melhor desligar a câmera, as coisas podem ficar um pouco feias por aqui.

Valentin saiu para o convés e foi engatinhando até a lateral do barco, ele pegou um lenço e com o arpão fez uma bandeira improvisada para mostrar aos invasores que estava se rendendo. Dentro do barco Sam e Sarah voltaram do depósito carregando rifles M4, eles deram uma pistola para Thomas e outra para Sol que se levantaram um pouco assustados.

Sarah: Sabem usar? 

Thomas: Sim, acho que sim.

Sol: É só apertar o gatilho, né?

Sam: Vamos sair devagar e ficar abaixados até o Valentin dar o sinal. Já fizemos isso outras vezes antes, né Sarah?

Sarah: Sim, eles fogem e nem precisamos atirar. Agora vamos. 

Nancy: Ei, não tem uma arma pra mim? 

Sarah: Foi mal Nancy, só temos essa. Mas qualquer coisa você joga essa câmera na cabeça deles. 

Sam abriu a porta e os cinco começaram a andar na direção de Valentin que ainda estava em pé tentando falar com os piratas que se aproximavam do corpo da baleia.

Valentin: Nós somos só biólogos. Não temos dinheiro, por favor vão embora e nos deixem em paz.

Os motores de popa das pequenas embarcações foram desligados e um dos piratas começou a falar no rádio com alguém enquanto os outros amarravam a baleia com várias cordas ignorando Valentin. O líder sabia exatamente quem eram aquelas pessoas, caçadores ilegais, estavam ali caçando baleias para vender as partes no mercado negro. Sam e o resto da equipe ficaram abaixados perto de Valentin que fez um sinal de mão para esperarem.

Valentin: Sabem que isso é ilegal, né?

Pirata 1: Não é... Se não tiver ninguém pra denunciar.

Valentin deu outro sinal e sua equipe levantou apontando as armas na direção dos piratas que fizeram o mesmo. De repente um barco pesqueiro apareceu no horizonte, ele tocou seu apito deixando todos da equipe arrepiados. Os piratas ligaram seus motores e fugiram deixando o trabalho de levar a baleia nas mãos do marinheiros do pesqueiro. 

Sam: Caçadores de baleias...

Sarah: Estão mais perto da costa, as coisas em alto mar não devem estar boas.

O pesqueiro se aproximou e alguns marinheiros se preparam para içar a baleia para o convés, mas Valentin não deixaria aquilo barato. Ele acenou com a cabeça para a equipe e Sam e Sarah abriram fogo na direção dos caçadores que correram para a parte interna de seu barco desesperados. Poucos segundos depois eles pararam e Sarah olhou zangada para Sol e Thomas que estavam parados com uma expressão de medo no rosto.

Sarah: Demos essas armas pra vocês atirarem e não ficarem aí com essa cara de idiotas. 

Sam: Ei, pega leve, é a primeira vez deles. Mas fiquem...

De repente tiros foram disparados vindos do pesqueiro, Valentin, Sarah e Sam revidaram até as balas dos pentes acabarem. Do meio dos caçadores um homem apareceu, ele levantou a mão e todos pararam de atirar. Valentin se aproximou da borda do barco vendo o estranho o encarando, ele era alto, forte e tinha uma cicatriz que ia do ombro até o braço direito.

Hércules: Olha... Vocês amantes de peixes sempre me dão dor de cabeça, mas é a primeira vez que revidam. Estou impressionado.

Valentin bufou e continuou apontando sua arma para o chefe daqueles caçadores que parecia não estar com medo.

Valentin: Não me vem com esse papinho. Vamos direto ao ponto... Quem e porquê?

Hércules: Tem razão, onde estão meus modos. Sou Hércules, apenas procuro os melhores produtos do mar para vender por um ótimo preço.

Os demais membros da equipe se aproximaram com os caçadores na mira e Nancy filmando tudo enquanto observava algo grande passando por uma das câmeras subaquáticas. 

Valentin: Então é você que está sumindo com as baleias. Considere-se preso por caça ilegal.

Haviam alguns tubarões se alimentando da baleia, mas de repente todos foram embora deixando a água calma. Isso não passou despercebido por Valentin que mandou a equipe abaixar as armas. Poucos segundos depois um tubarão branco de doze metros com uma cicatriz perto dos olhos surgiu da água depois de abocanhar a lateral da baleia. Os tripulantes dos dois barcos ficaram assustados com aquilo, afinal nunca tinham visto um tubarão daquele tamanho. 

Sarah: Meu Deus!

Thomas: O que foi aquilo?

Sol: Era enorme!

Valentin: Submarino....

Sam: Não queria ver ele de novo...

Nancy: E eu filmei tudo!

Hércules: Atenção! Preparem os arpões, além da baleia vamos levar um baita tubarão para o processamento.

Valentin voltou a atirar contra o pesqueiro para espantar os caçadores, esses por sua vez tiveram que se retirar por conta das investidas do submarino contra o casco do barco cada vez que atacava a baleia. 

Valentin: Eles foram embora! Pessoal! Vamos marcar esse tubarão agora! Thomas vai pro leme, Sol fica de olho no radar e ajuda o Thomas, Sarah prepare a gaiola, Sam vai pegar o rastreador, eu vou marcar ele.

Sam e Valentin largaram as armas e saíram do convés para pegar um arpão e uma etiqueta rastreadora para marcar aquele bicho enquanto o restante da equipe corria para seus postos, com a noite se aproximando a visibilidade ficaria reduzida, então o tempo era crucial. Valentin vestiu seu traje de mergulho e começou a se preparar para entrar na água quando o submarino apareceu na superfície pela segunda vez, Sam chegou com a etiqueta rastreadora e jogou no mar algumas iscas para atrair a atenção do tubarão. Sol olhou o radar e notou que o submarino estava se afastando e imediatamente avisou Valentin.

Sol: Ele tá indo embora! Ouviu? 

Thomas: Não vai mesmo... Melhor se segurar.

Thomas acelerou o barco perseguindo o tubarão e fazendo todos no convés caírem. Sam pegou seu rádio e deu uma bronca em Thomas pela atitude irresponsável. A gaiola batia na lateral do casco fazendo um barulho alto, seria impossível descer nela, mas Valentin não deixaria aquele tubarão fugir. Ele foi até a lateral do barco, segurou o arpão e, em um golpe certeiro, acertou o submarino perto da nadadeira dorsal o marcando. 

Valentin: Consegui! Thomas pode parar!

O barco foi aos poucos desacelerando até que parou, mas os corações de todos estavam a mil. Valentin e os demais no convés correram até a ponte onde tinha um console para monitorar os rastreadores. O sinal do submarino estava ativo, a equipe tinha acabado de marcar e provar a existência de uma criatura que era considerada apenas uma lenda na África do Sul. Valentin sentou em uma cadeira e respirou fundo, mas por dentro estava explodindo de felicidade. Nancy transferiu as imagens de uma das câmeras submersas para seu notebook e notou que a coisa grande que havia visto não era o submarino.

Nancy: Pessoal, olhem isso.

Ela mostrou para o resto da equipe que o submarino apareceu no cantinho da gravação imóvel na vertical e se mexeu apenas quando a outra coisa apareceu maior apareceu.

Sarah: Além de grande esse bicho é esquisito. 

Thomas: Já tinha ouvido falar dele, mas essa é a primeira vez que eu vi.

Nancy: Mas por que ele saiu daquele jeito?

Sam: Estava fugindo... 

Nancy: Fugindo? Do que?

Sam: No reino animal existem hierarquias e os tubarões tem uma... Quando sentem a presença de um predador maior eles se afastam.

Nancy: Mas o que seria maior que o submarino?

Valentin: Um tubarão com mais de doze metros... que foi atraído pela baleia... 

Sam levantou um pouco apreensivo e se aproximou de Valentin.

Sam: Você realmente acha que...

Valentin: Sim... É ele...

Thomas: Ele quem?

Todos se olharam estranhando o comportamento de seu líder que parecia inquieto com a situação. Valentin se levantou e olho pela janela o sol se pondo pintando as águas com um tom alaranjado, ele se virou para sua equipe e em um tom baixo falou:

Valentin: ... O Megalodonte.

_______CONTINUA______

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