4 ✪ Missão: Ser invisível para o alvo

     Os três retornaram rapidamente ao hotel onde estavam hospedados, em uma corrida contra o tempo para estancar o sangramento no nariz da garota. Nick mal conseguia mover os olhos, seu rosto latejava de dor, como se todos os ossos estivessem quebrados ao mesmo tempo, enquanto a ardência nas pontas dos dedos persistia devido aos socos que ela desferiu em Savannah. Pensar nisso era sua maneira de lidar com a dor física e emocional, embora ela optasse por não expressar esses sentimentos em voz alta. Observando Geórgia e Aidan abrir caminho pelo corredor em direção ao elevador, eles se apressaram em alcançar o apartamento e, com cuidado, colocaram a garota no sofá, garantindo que seu rosto permanecesse virado para cima.

     Nick fechou os olhos por um breve instante e se sentiu transportada para uma cena de uma série médica que já assistira na televisão. Isso ocorreu enquanto percebia os passos de seus amigos indo e vindo, cuidadosamente colocando um pano úmido em seu rosto ou ajeitando seus pés no sofá. O silêncio pairava entre eles, nenhum mencionava o ocorrido, mas Nick tinha consciência de que todos esperavam o momento certo para abordar a situação. Ela estava determinada a adiar esse momento o máximo possível, na tentativa de conter a dor dilacerante em seu próprio rosto.

– Acho que quebrou. – ouviu Aidan dizer, com sua voz tão próxima que Nick podia sentir o cheiro de cerveja em seu hálito roçando seu rosto.

– Não pode ter sido tão forte assim. – retrucou Geórgia.

     Ouvir seus amigos discutindo seu estado fez Nick abrir os olhos, encontrando-os observando-a de perto, como médicos examinando um paciente.

– Estou bem. – ela mentiu, apenas para tentar afastá-los.

– Ah! – Aidan exclamou, endireitando suas costas e mostrando-se aliviado após ouvir suas palavras. – O que você estava pensando, Nicollete? Ficou maluca? Você poderia ter quebrado a mão, ou pior, ter começado uma briga naquele bar cheio de homens bêbados. – disse ele, enquanto andava de um lado para o outro na pequena sala anexa ao quarto.

– Pensando bem... – começou ela, voltando a fechar os olhos.

– Não, não. Você foi irresponsável e, acima de tudo, nada profissional. – repreendeu Aidan.

– Aidan, agora não. – Geórgia interveio em sua defesa.

– Agora sim. O que você estava pensando? – ele insistiu.

– Acho que realmente quebrou. – Nick murmurou, atraindo a atenção dos dois para o estado de seu nariz.

     Com dois pedaços de algodão enfiados em suas narinas, Nick foi levada até o hospital mais próximo, onde passou por alguns exames antes de ser liberada pelo médico. Ao encontrar seus dois amigos quase cochilando nas cadeiras da sala de espera, Nick, apesar do olho inchado e roxo devido ao soco que atingiu seu nariz, estava em boa condição. Sentia-se um pouco sonolenta devido aos medicamentos para a dor, mas, no geral, estava bem. Ela ansiava por voltar para casa e poder dormir tranquilamente, sabendo que Savannah estaria em uma situação pior.



     Na noite seguinte, os três estavam se apressando para deixar o apartamento. Aidan ajustava sua gravata ao redor do pescoço, Geórgia pulava de um pé só, tentando calçar o sapato, e Nick checava mais uma vez sua maquiagem no pequeno espelho de bolso, escondendo o olho roxo.

     A viagem a Washington não se resumia apenas ao Memorial Day, representava também uma valiosa oportunidade para o jantar anual do FBI. Nesse evento, agentes de diversos departamentos eram convidados a compartilhar os resultados de todas as missões ao longo do ano. Nick, Geórgia e Aidan já tinham participado de reuniões semelhantes anteriormente e, portanto, sabiam que o traje social era obrigatório, além de que o evento começava pontualmente. Isso os deixava cientes de que estavam atrasados.

– Eu nunca mais acredito em vocês quando dizem que vão comprar só uma coisinha. – Aidan resmungou ao entrar no elevador.

     Ouvindo os suspiros cansados das garotas, que já estavam exaustas de ouvir sermões por terem se atrasado nas compras no Union Market, consequentemente os atrasando para o jantar. Os três conseguiram pegar o primeiro táxi disponível, que parou alguns metros antes do restaurante. Isso os obrigou a caminhar rapidamente, tentando desviar das pessoas igualmente apressadas ao redor. Finalmente, eles pararam diante da porta de vidro, que revelava toda a agitação acontecendo lá dentro. Havia pessoas de terno e gravata, assim como mulheres vestidas com elegância em seus longos trajes. Eles ficaram observando do lado de fora, sem perceber quanto tempo havia passado, mas cientes de que estavam prestes a entrar em uma sala onde a briga de egos poderia levar alguém à loucura um dia.

– Droga. – Nick sussurrou enquanto ajustava a barra de seu vestido. – Meu distintivo está me incomodando.

– Quem vai a um jantar do serviço secreto com o distintivo? – Geórgia perguntou, provocando um revirar de olhos da amiga.

– Eu sempre o carrego. Além disso, ele pode até ser útil como arma, imagine só enfiar ele na...

     Um pigarro repentino fez os três se sobressaltarem, fazendo-os se virar na direção da rua. Lá estava o diretor da divisão juvenil do FBI, Ken Roggers, ao lado de um homem alto de cabelos grisalhos, penteado elegantemente para trás e vestindo um terno preto impecável. Aidan foi o primeiro a reconhecê-lo, e ele percebeu o momento em que Nick e Geórgia também o identificaram, cumprimentando-o com um aceno de cabeça quase como se estivessem fazendo uma reverência.

     O homem de cabelos grisalhos era o Procurador Geral do país, e ele os observou minuciosamente dos pés à cabeça, erguendo levemente uma de suas sobrancelhas no processo. Isso criou um silêncio constrangedor entre eles.

– Senhor, permita-me apresentar meus mais destacados agentes jovens do departamento. – Ken começou a falar, na esperança de quebrar o silêncio constrangedor e iniciar uma conversa social.

     As palavras de Ken fizeram Nick olhar para seu chefe, que nem sequer se deu ao trabalho de olhar para seus subordinados enquanto conversava com o homem ao seu lado.

– Os melhores? – o homem perguntou, virando-se para Ken, que encolheu os ombros sutilmente, mantendo o olhar firme de seu superior.

     Sem ter uma resposta na ponta da língua para contradizer seu chefe, Ken observou apenas quando ele caminhou em direção ao restaurante, passando entre os três sem esperar qualquer resposta ou comentário. Ele sequer se deu ao luxo de olhar para os três, que permaneceram em seus lugares como se estivessem aguardando o momento certo e seguro para voltar a respirar.

– Eu gostaria que todos vocês se comportassem como verdadeiros agentes nesta noite. Nada de gracinhas, – Ken falou, olhando diretamente para Geórgia. – Nem brigas, – ele continuou, lançando um olhar duro para Nick. – Ou puxa-saquismo, – disse, dirigindo seu olhar para Aidan. – Vocês representarão o melhor do país esta noite. Nosso superior estará presente, e não posso permitir que estraguem tudo ou me façam lamentar por não ter convidado Savannah e Troy para se juntarem a nós este ano.

     Ao ouvir aquele nome, Nick sentiu como se um gatilho tivesse disparado, fazendo com que suas emoções aflorassem e a obrigando a fechar as mãos em punhos para manter a calma. A sensação fez com que ela sentisse a ardência nos nós dos dedos, o que a obrigou a piscar várias vezes para tentar esquecer. Não podia permitir que isso arruinasse uma noite tão importante, especialmente quando seu futuro estava em jogo.

     Os quatro entraram no restaurante e pararam logo na entrada, observando o local elegantemente decorado, com luzes brancas e mesas redondas cuidadosamente dispostas em todo o espaço. Agentes conversavam entre si, compartilhando experiências e algumas conversas superficiais, enquanto outros estavam sentados, desfrutando dos petiscos servidos pelos garçons que circulavam pelo salão, com a missão de agradar a todos.

     Ken engoliu em seco ao avistar seus antigos companheiros de treinamento no evento, pois ele sabia que todos haviam alcançado posições importantes. Alguns faziam parte da equipe da Casa Branca, e ele sentia como se tivesse ficado para trás, com seu pequeno escritório em Boston, responsável por abrigar a extensão criada pelo FBI para recrutar agentes jovens. Era o mesmo local onde compartilhava espaço com a polícia do condado.

     Ken saiu de seu breve devaneio ao sentir a mão delicada de Nick em seu ombro. Ele virou-se imediatamente na direção da garota, que apontava com o queixo para uma mesa vazia e sorria. Ele seguiu até lá, acompanhado por seus dois amigos. Ken ficou para trás por um momento, observando-os. Nesse instante, ele percebeu o quanto estava orgulhoso dos três, dos quatro, se John estivesse ali com eles. Lembrar da ausência de um de seus melhores pupilos fez Ken abaixar a cabeça por um instante, sentindo uma lágrima deslizar por seu rosto. Rapidamente, ele a enxugou antes que alguém pudesse notar.

     Quando ergueu a cabeça novamente, seus olhos encontraram Nick, que sorria e apontava de forma indiscreta para as pessoas do outro lado do salão, fazendo com que Aidan e Geórgia virassem a cabeça sem muita discrição. Ken sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso breve antes de respirar profundamente e se aproximar para ocupar a cadeira vazia.

– Nicolete! – exclamou ele num sussurro ríspido, repreendendo a garota, que se sentou desconfortavelmente em sua cadeira, como fazia quando era criança.

     Após todos se acomodarem para o jantar, um discurso impressionante foi proferido pelo Procurador Geral da Justiça do país. Todos na sala ouviam com atenção, não perdendo uma única palavra do homem que estava no comando. Thomas Zapata permanecia sério atrás do pódio, com uma mão no bolso de sua calça social e a outra segurando uma taça de champanhe.

     Quando o discurso terminou e uma chuva de aplausos inundou o salão, aos poucos os agentes se levantaram de suas mesas para retomar as conversas sociais, com exceção dos agentes de Ken, é claro. Nick observava Aidan olhar ao redor ansioso por uma conversa, ele era a pessoa que mais gostava de fazer amizades com colegas de trabalho, em busca de mais conhecimento e alianças. Enquanto isso, Geórgia saboreava a champanhe sem se importar com os outros ao redor. Ela olhava para Nick e para quem passava perto da mesa, mas nunca nos olhos de alguém, com medo de que esse gesto fosse interpretado como um convite para se aproximar.

     Ken observava Thomas Zapata conversando animadamente com um grupo de agentes, enquanto sorria e contava piadas. Ele esperava ansiosamente que Zapata desse uma olhada para trás, percebendo o quanto Ken estava ansioso para falar com ele. Enquanto olhava ao seu redor, observando homens e mulheres vestidos elegantemente rindo e conversando como velhos amigos, Nick sentiu uma ponta de saudade de sua casa, onde conhecia todos e podia interagir sem preocupações. Com aquele grupo, ela sabia que não podia simplesmente presumir que uma brincadeira seria bem recebida com descontração.

– Nick, vem. – ouviu Ken chamando-a e levantou-se da mesa, mantendo os olhos fixos no seu chefe, que agora conversava com um homem cercado por cinco seguranças.

     Observando a cena de longe, a ruiva engoliu em seco, segurando um pedaço de seu vestido com medo de tropeçar na frente de todos. Ela seguiu a cabeça loira de seu chefe entre os outros homens e respirou fundo quando viu os seguranças abrirem caminho para os dois entrarem no círculo.

– Senhor, é um prazer. – Ken cumprimentou o homem de pele morena e cabelos castanhos, que destacavam a cor de seus olhos, uma mistura de âmbar com mel.

– Roggers! – exclamou o homem, sorrindo de forma afetuosa, erguendo uma mão em direção a Ken, que apertou em cumprimento.

– Vim lhe apresentar a pessoa que ficará encarregada da segurança de seu filho. – Ken disse, colocando uma mão nas costas de Nick, obrigando-a a ficar em evidência.

     Nick olhou para os dois homens que a encaravam, repetindo milhares de vezes a palavra que seu chefe havia dito: Filho?

– Oh! Então é uma garota. É um prazer, senhorita. Sou Edgar Barker. – falou, erguendo a mesma mão para cumprimentá-la.

     Nick encarou por um segundo, sem ter certeza se apertaria e selaria o acordo que teria feito com Ken. Sabia que ser guarda-costas era um decréscimo em seu trabalho, mas imaginava que seria de alguém importante como o tal senador, não o seu filho.

– É um prazer, senhor. – Nick falou por fim, apertando a mão do senador.

– Ainda acho que é um erro. – o Procurador Geral falou.

– Na verdade, Thomas, é perfeito. – Edgar disse, mantendo o sorriso no rosto ao encarar Nick – Meu filho nunca vai imaginar que pode ser ela. Sempre coloquei homens grandes e mal humorados para protegê-lo.

– Isso seria o ideal. – Thomas disse, interrompendo-o.

– Mas todos eram descobertos. – Edgar falou rapidamente. – O que adianta colocar outros se ele sempre descobre? E dessa vez é diferente, ele pensa que concordei com a liberdade dele. – os dois riram como se compartilhassem uma piada interna, fazendo Nick olhar para Ken em busca de um sinal sobre o que fazer a seguir.

– Eu falei que a agente Morgenstern seria perfeita para a missão. – Ken disse, chamando a atenção de ambos.

– Roggers, vamos nos reunir amanhã antes de voltarem para Boston e conversar melhor sobre o trabalho. Senhorita. – Edgar falou, acenando com um grande sorriso no rosto, olhando para Nick antes de sair acompanhado de Thomas, que não parecia feliz com a situação.

     Assim que o senador Barker e o Procurador Geral se afastaram, Nick virou-se para Ken, uma mistura de surpresa e indignação estampada em seu rosto. Ela não pôde evitar questionar:

– Filho? Você não me disse que era para proteger o filho dele!

     Ken deu de ombros, parecendo não se abalar com a revelação de última hora.

– Às vezes, na vida, é melhor não saber todos os detalhes de antemão, Nick. E, acredite em mim, você está mais do que preparada para essa missão.

     Nick bufou, cruzando os braços em desaprovação.

– Não sei se deveria agradecer ou desistir agora, chefe.

     Ken riu e deu um tapinha no ombro de Nick.

– Agradeça depois que concluirmos com sucesso e você perceber que essa é a oportunidade que estávamos esperando para mostrar do que é capaz. Agora, não fique até tarde, amanhã será um dia longo.

     Nick assentiu, dando meia-volta para voltar à mesa, deixando Ken com um sorriso satisfeito no rosto enquanto ele se preparava para mais conversas de bastidores com outros influentes políticos na festa.



     As lembranças da morte de John continuavam assombrando-a, como fantasmas indesejados que insistiam em voltar. A visão dele caindo no chão, o som ensurdecedor do tiro que ainda ecoava em seus ouvidos, tudo isso a transportava de volta para aquele momento fatídico. Sentada na beira da cama com cuidado para não acordar Geórgia, sua amiga de longa data que dormia tranquilamente ao seu lado, Nick lutava para conter as lágrimas que ameaçavam inundar seus olhos.

     Com passos silenciosos, ela se dirigiu à sala, onde Aidan estava adormecido no sofá. Os roncos suaves dele preenchiam o ambiente. Ao chegar à varanda, Nick finalmente pôde respirar mais aliviada. A vista dos prédios, que se estendiam até onde os olhos podiam alcançar, era uma lembrança constante de como a vida seguia, mesmo quando as feridas emocionais ainda estavam abertas. A angústia que a atormentava desde a morte de John estava sempre presente, mas naquele momento, ao ver o sol nascer, havia uma sensação de esperança.

     Uma esperança frágil, mas ainda assim real.

     Ao perceber a luz da manhã iluminando o rosto de Aidan, ele acordou, surpreso com a presença dela. Nick olhou para ele, lágrimas brilhando em seus olhos, e esboçou um sorriso trêmulo. Ela se aproximou dele e permitiu que seu amigo a abraçasse em silêncio, encontrando consolo na conexão profunda que compartilhavam. Seu abraço foi como um bálsamo para a alma atormentada de Nick, que finalmente encontrou um refúgio temporário na presença reconfortante de seu melhor amigo.

     Depois do café da manhã no hotel, Nick acompanhou Ken até o Capitólio, onde encontrariam o senador Barker para uma conversa formal sobre sua missão. Durante todo o trajeto, ela tentou disfarçar o nervosismo que a consumia, mas à medida que se aproximavam do encontro, sua ansiedade se tornava mais evidente. Finalmente, ao ficar cara a cara com o senador com menos seguranças presentes do que na noite anterior, Nick sentou-se em uma das poltronas em frente à mesa, suas pernas balançando involuntariamente, revelando o nervosismo que tentava conter. Edgar quebrou o gelo, sugerindo que ela o chamasse de forma mais informal, uma oferta de confiança que Nick apreciou, embora ainda mantivesse a guarda alta. Quando ele a chamou de "Nicollete", Nick imediatamente corrigiu para "Nick", enfatizando sua preferência por uma abordagem direta.

    O senador fez questão de explicar a importância da missão e a confiança que estava depositando em Nick, a melhor pessoa para proteger seu filho. A garota olhou rapidamente para Ken, esperando por algum desmentido, mas seu chefe não disse nada. Uma sensação de ironia pairou sobre ela ao lembrar que não conseguiu proteger seu próprio parceiro. Nick não conseguiu evitar interromper a conversa e perguntar sobre o destino dos antigos seguranças que o senador havia enviado para proteger o filho. Edgar explicou a teimosia de seu filho em rejeitar a proteção e sua busca pela liberdade, o que tornava a missão ainda mais crucial. Ken reforçou a importância de Nick ser discreta e invisível, algo que ela afirmou saber fazer.

     As palavras de Edgar sobre a gratidão que sentiria por Nick por assumir esse trabalho e a importância de seus filhos em sua vida tocaram profundamente a agente, mesmo que seu interior ainda estivesse repleto de dúvidas e preocupações. O senador explicou os detalhes da missão, revelando que Diana, sua filha mais nova, já tinha seu segurança pessoal e que Nick seria designada para proteger Travis, o filho mais velho. Ken esclareceu que Nick precisaria assumir uma nova identidade e se matricular na mesma universidade em que Travis estava.

     A informação era esmagadora, e Nick absorveu tudo em silêncio, percebendo que sua vida estava prestes a mudar drasticamente.



É agora que a história começa a ficar mais interessante, o jogo de "preciso proteger a vida dele sem que ele saiba" vai começar. 

Palpites para quem acha que isso vai dar certo?

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