capitulo nove: a verdade dói

— Amor, vai ser incrível, só nós dois o fim de semana inteiro.

Jin estava animado, seu sorriso era radiante, havia conseguido um lugar tranquilo para passar o fim de semana com sua amada, o hotel fazenda parecia perfeito, não era agitado demais e tinha diversos entretenimentos. Quem sabe se gostassem poderiam programar para comemorar o aniversário de um ano de seu filho lá.

Seu filho, sua família, o alfa não cabia em si de tanta felicidade, tinha uma esposa que amava, estava próximo a reta final da gravidez, eles tinham sua casinha, um emprego que pagava o suficiente, tudo corria bem.

A viagem estava programada a semanas, mesmo que naquela manhã houvesse amanhecido sem o típico sol da estação, o dia deveria ser perfeito e Jin faria de tudo para que o fosse.

— Amor, tem certeza que quer sair com o tempo assim? Parece que vem chuva.

— Meu anjo, só está nublado, assim ao menos não tem perigo do sol fazendo reflexo, e não se preocupe com nada, eu vou proteger você e nosso bebê.

As últimas malas foram postas no porta malas e Jin entrou no carro, Moonbyul olhou para o horizonte uma última vez antes de seguir o marido, algo em seu peito dizia para não ir, mas não queria decepcionar aquele que tanto amava.

No começo a viagem estava tranquila, nada de trânsito nem de chuva, aos poucos a tensão saia dos ombros da mulher. Mas assim que se afastaram da área urbana tudo mudou, o tempo se fechou até que uma chuva forte desabou, a visibilidade estava baixa, o frio percorria os dois corpos, tanto pela temperatura ambiente quanto pelo medo, era a vida de uma família em jogo naquele veículo.

— Amor, vamos parar.

— Logo em frente tem um posto, vamos até lá.

— Amor, é melhor pararmos aqui.

— Você confia em mim certo? Eu não deixaria nada de ruim acontecer com você ou com o nosso filho.

Mesmo nervoso ele conseguiu dar um sorriso para amenizar a situação, era nítido como o casal estava preocupado. Os caminhões passavam pelo carro a toda velocidade, os limpadores de parabrisa já não venciam limpar tanta água, uma pequena névoa tomava conta da pista deixando cada vez a visibilidade mais comprometida, a única coisa que os guiava eram as luzes de outros veículos e da beirada da pista.

— Amor, por favor vamos parar.

— Moonbyul, eu sei o que eu estou fazendo. Se acalme por favor, isso pode fazer mal ao bebê.

— Jin, eu não me sinto bem, pare o carro por favor.

— Espere só mais um pouco.

— Jin para esse carro!

— Eu já tô vendo a luz do posto calma.

— Aquilo não é a luz do posto Jin!

O som da batida tomou conta da pista, os dois motoristas tentaram tirar seus veículos, mas ainda assim a parte do caroneiro ficou completamente debaixo do caminhão. Jin sentia sua cabeça zonza e ouvia os gritos ao longe, a realidade estava confusa mas quando olhou para o lado sentiu seu mundo ruir.

Mesmo preso entre algumas ferragens ele notou a roda do caminhão ao seu lado, bem onde deveria estar sua esposa, ele começou a gritar enquanto tentava inutilmente abrir caminho com as mãos. O sangue escorria pelos seus dedos mas ele não se importava, apenas pensava em sua esposa e filho, não podia os perder, não imaginava sua vida sem eles.

A última coisa que viu antes de perder a consciência foi a aliança de sua amada entre uma poça de sangue.

Jin acordou com o barulho de aparelhos médicos, ao abrir os olhos a primeira coisa que viu foi o teto branco do hospital, o alfa tentou se levantar mas uma dor terrível o atingiu. Ele virou a cabeça mas estava sozinho naquele quarto, assim que lembrou o que aconteceu sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.

Ele queria que Moonbyul cruzasse aquela porta, com a barriga de fim de gravidez debaixo daquelas camisas largas, cheirando a framboesa, sorrindo e lhe dizendo que foi apenas um sonho ruim.

Mas não havia Moonbyul para sorrir para si, não havia mais bebê. Tudo se fora num piscar de olhos.

Quem apareceu foi apenas a enfermeira, e mais tarde Hoseok e Yoongi, nenhum sabia o que dizer, o clima estava tão pesado e triste que deixava qualquer um deprimido.

O enterro ocorreu com dois caixões lacrados, um para a mulher e outro para o bebê, maior parte por simbolismo já que pouco restara graças a batida. Enquanto deixava o cemitério o alfa sentia que deixara um pedaço de si debaixo da terra.

— Eu me culpei tanto, eu queria morrer, eu implorei para que quem quer que comanda esse universo pudesse me levar no lugar deles, mas foi inútil.

— Eu não sei o que dizer.

— Eu jurei nunca mais me apaixonar. Depois de anos eu decidi adotar uma criança, em memória a eles, eu sei que ela iria querer isso. Eu fiquei meses esperando, mas nada, eu senti que não era meu destino ser pai. Naquele dia que eu te conheci tudo mudou. Eu senti que havia esperança, seu cheiro me fazia sentir coisas que a muito não sentia. Você me fez ter esperança que podia ter um filho. Quando você aceitou minha proposta, quando veio morar comigo, eu me senti no céu. – as lágrimas insistiam em rolar pelo rosto dos dois rapazes, mas Jin levou as mãos para a face do ômega e limpou as gotas que escorriam antes de deixar um selar em sua testa – eu entendo que talvez seja muita pressão para você, mas por favor Namjoon, me deixe ser o pai de seu filho, me deixe criar ele ao seu lado. Por favor não vá embora, deixe eu te fazer meu ômega, meu, meu pra sempre. Você aceita?

— Jin... Eu aceito.

Ainda em meio às lágrimas eles se beijaram, naquele quarto abandonado, onde o berço do bebê já estava comido pelos cupins e o quadro de Moonbyul ornava a parede lhes velando, eles prometeram não abandonar um ao outro.

Pois foi Jin que deu esperança para Namjoon, e foi Namjoon que mostrou para Jin que a esperança não deve morrer.

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