"O sinuoso caminho para a paz é sempre o mais digno, apesar das muitas voltas que ele dá."
Star Wars - A Guerra dos Clones

— Brandon! - Minha mãe grita, e eu resmungo, não querendo levantar da cama.
— Você vai se atrasar - Ela diz, entrando no meu quarto com um cesto de roupas sujas, nas mãos.
— Não vou me atrasar.Vou de carro para o colégio.
— Você não tem carteira de habilitação . Nem ouse dirigir o meu carro.
— Eu não tenho, mas o Christian sim, mamãe.
Ela ri e saí do quarto e eu me levanto em seguida.
— Bom dia Brandon - Nathan diz ao passar por mim, ajeitando a gravata no corredor.
— Bom dia - O respondo e sou ignorado.
Encaro o relógio e faltam exatamente 10 minutos para o sinal do Sunrise Mountain High School tocar,e nem sinal do Christian.
— Levy, viu o Chris hoje? - Pergunto a Levy-Anne, que anda sonolenta pela escada.
— Ele saiu. - Ela aponta para a porta.

Droga!

Pego minha mochila rapidamente e minha mãe me encara antes de dizer.
— Eu te levo ao colégio, mas vamos depressa. A Levy-Anne tem uma consulta em Phoenix hoje.
Saímos de casa, entrando no carro e ajeito a cadeirinha da Levy-Anne, presa no banco de trás.
— Mãe?
— Eu?
— Vamos viajar no verão?
— Não planejei nenhum destino, você tem algo em mente?
— Podemos ir a Califórnia. E depois a Disneyland de Los Angeles.
— Vou pensar sobre isso. A Levy-Anne é muito pequena pra uma viagem longa.
— Mãe, Los Angeles está na divisa do Arizona e eu não quero ir para Glendale esse ano, de novo. - Digo e ela ri.
— Ninguém quer, filho. Vou ver o que podemos fazer.
Chegamos ao colégio em instantes, e o sinal toca. Avisto o carro do Christian chegando ao estacionamento e meu desejo é matá-lo, mas deixo para uma outra ocasião.
— Obrigado mãe, Tchau. - Me despeço e saio do carro, as pressas.

— Brandon? - Noah pergunta, me cutucando.
—  Ah, oi Noah. - Respondo
— Estamos atrasados. Você vai ao jogo do Meets sábado?
— Creio que sim, mas preciso ver algumas coisas antes.
— Eu convidei a Amber. - Ele diz
— A Amber que eu estou pensando? - Pergunto e ele da uma risada fraca.
— Se for a Amber Carter, sim.
— Boa sorte então...a Amber,bom...É a Amber.
— Vou precisar de sorte.Te mando uma mensagem pra combinarmos o jogo,certo? Tenho que ir pro laboratório de ciências agora.
— Nos vemos por ai,Noah.

Avisto Christian no corredor e ele ri quando me vê.
— Desculpe.
— Essa não é a primeira vez que você faz isso, Christian.
— Você soube da mudança pra casa dos Johnson? Parece que uma família da Califórnia vai se mudar pra lá. O Nathan me disse isso, hoje de manhã.
— Ele me ignorou hoje de manhã. - Digo
— Garanto que não foi por mal,ele tem aquela reunião de negócios em Sun City hoje.
— Tomara que dê certo,eu não aguento mais ir pra Glendale nas férias. - Digo e ele ri
— Vai dar. Temos que ter esperança. - Christian diz, enquanto pega uma maçã
— Você vai ao jogo do meets sábado? O Noah convidou a Kendra.. Não me deixe sozinho nessa,Christian
— Sinto em te informar que eu convidei a Jade.
— Estou pensando seriamente em desistir desse jogo...
— O Colin e o Gus também vão,eu acho.

O sinal toca pela terceira vez e percebo o quão atrasado estou.
— Mais tarde conversamos.
Ele assente e eu saio em meio ao corredor cheio de alunos,tão atrasados como eu.

*****
Nathan entra pela porta,com papéis em mãos .
— E ai ,como foi a reunião? - Pergunto.
— Deu tudo certo,contrato fechado.
— Parabéns - Digo e ele sorri.
— Nada de férias em Glendale - Christian diz,passando pelo corredor
— Soube dos novos vizinhos?   - Ele pergunta,apontando para a janela.
— O  Chris me contou... Será que vai ser diferente dessa vez?
— Não sei...Mas de qualquer forma,é bom ter vizinhos novos.
Observo enquanto o caminhão de mudança estaciona no jardim da casa da frente, a antiga casa dos Johnson.Continuo  mexendo no meu celular, mas Nathan logo sai pela porta, se prontificando a ajudar os nossos novos vizinhos. 
— Vocês deveriam  ajudar também, sabe como é - ele diz.
— Claro. Eles precisam ter uma boa impressão da nossa família para concluirem que somos ótimos vizinhos - respondo, e ele ri.
— E somos. Não ha vizinhos mais impecáveis que a nossa família.
Minha mãe aparece logo em seguida,observando a rua antes de dizer
— Brandon?
— Oi mãe.
— Vou levar a Levy-Anne a  Glendale daqui a alguns minutos, então não posso ajudar muito. Deem uma forcinha pro Nathan.
— Claro mãe. Vou chamar o Chris. 
Nathan assente com a cabeça, atravessando a rua em seguida. 
Subo lentamente as escadas e encontro Christian, parado no topo delas. 
— Eu já ia chamar você. - digo
— Eu sei disso.A mamãe já me avisou.Daqui  a 2 horas  teremos um relatório completo dos novos vizinhos.
— Angela e suas manias.
— E lá vamos nós sermos os bons vizinhos novamente. 
— Ninguém nunca mora mais de 6 meses naquela casa. A cada 6 meses ajudamos a descarregar caminhões de mudança.
— Fato. Estou até criando músculos de tanto carregar sofás - ele responde. 
— Vamos torcer pra essa vez ser diferente.
— Claro. Carregar sofás não é um hobbie que eu queira levar pra vida.
Dou uma risada e saímos porta a fota, e então eu a vejo. Ela é baixinha, loira e veste um vestido verde abacate, horroroso por sinal. Seus olhos são azuis como o oceano. 
Atravessamos a rua e ela me pega a observando. Desvio o olhar, em vão. 
Ela nos encara alguns minutos antes de se aproximar, se apresentando em seguida.
— Meu nome é Elizabeth Ross, mas me chame de Lizz.
— Certo, Lizz. Eu sou Brandon e esse é o meu irmão, Christian. 
— Prazer.
Eles trocam um aperto de mão rápido, que é cortado quando Nathan o chama.
— Christian, me ajuda com essa mesa aqui? 
Ele assente, indo em direção ao caminhão aberto no jardim.
Não que eu preveja o futuro nem nada do tipo, mas estou certo de que vou me apaixonar por ela. E estou mais certo ainda de que isso será um desastre.